A Doutrina da Eleição na História de Jó

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Por Thiago Azevedo


Não é de se esconder de ninguém que estes temas, Livre-Arbítrio e Eleição têm andado juntos por longas décadas. Mas, o que é notório, é que estes temas são muito mais antigos do que se pensa. Analisando de forma atenta a história de Jó, nota-se que a realidade acerca dos dois temas já estava presente ali. Acerca do Livro de Jó em si, há um consenso entre os estudiosos, que os relatos ali apresentados são os mais antigos das Escrituras Sagradas. Por sinal, a Bíblia não segue uma ordem cronológica e sim uma ordem teológica. É por isso que o livro de Jó não encabeça a ordem dos livros canônicos. Também é um consenso entre os estudiosos que a história do Livro de Jó tenha ocorrido numa datação bem próxima do Pentateuco. Assim, este livro possui algo peculiar, os fatos ali narrados não foram contemporâneos ao autor. Ou seja, quem escreveu Jó escreveu coisas que haviam ocorrido muito antes daquele período em que fora escrito. Diferentemente dos livros proféticos que possuem – em grande parte – fatos contemporâneos ao período de seu registro. O estilo literário de Jó é muito próximo do estilo literário do Pentateuco, paralelo a isso, a antiga ocorrência dos fatos ali narrados faz com que as suspeitas de sua autoria recaiam sobre Moisés – a cidade de Uz ficava bem próxima de Midiã, cidade onde Moisés passou boa parte de sua vida, a saber, 40 anos.

Explorando alguns textos do Livro de Jó, é nítido que a Eleição predomina sobre a falácia do livre-arbítrio: 

PRIMEIRO TEXTO - Disse então o Senhor a Satanás: Reparou em meu servo Jó? Não há ninguém na terra como ele, irrepreensível, íntegro, homem que teme a Deus e evita o mal. Jó 1:8

Deus começa falando de Jó e o adjetiva como Seu servo. Aqui Deus faz questão de dizer que Jó é dEle. Não foi ninguém que escolheu Jó para Deus, e sim o próprio Deus. Aspectos da soberania divina são vistos em todo o livro e principalmente quando Deus interroga Jó perguntando onde ele estava quando Ele lançou os fundamentos da terra e do mundo (Jó 38). Outros textos da Sagrada Escritura corroboram com esta ideia (veja Jo 5:19 e 1º Jo 4:19). Deus ainda diz que não há ninguém como Jó em toda a terra. Evidentemente que Deus fala de Jó, mas o diferencia sobre toda a terra. É assim que os eleitos aos céus devem ser notados – distintos – e não se assemelham com os néscios e os ignóbeis – destinados ao inferno. É preciso que se entenda que há dois grupos de eleitos, um ao céu e outro ao inferno. Cada grupo evidencia as características de seus senhores. No texto, ainda é possível ver que os eleitos ao céu possuem algumas características marcantes – integridade, retidão, temor a Deus e se desviam do mal – Estas são as características de um verdadeiro eleito ao céu.

SEGUNDO TEXTO - Porventura tu não cercaste de sebe, a ele, e a sua casa, e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste e o seu gado se tem aumentado na terra. Mas estende a tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face.” Jó 1:10-11

A alegria do eleito não está nos seus bens materiais e nem nas bênçãos, e sim, na certeza e na convicção de sua salvação. Satanás se engana, pois pensa que a ausência de bens materiais é motivo para abdicar da fé. Por sinal, não há nada que faça o eleito abdicar de sua fé (Rm 8:37-39). Aqui é possível enxergar que Satanás traz o conceito do livre arbítrio para dentro de sua lógica, pois ele diz a Deus que se Jó perder seus bens ele se arrependerá de ser fiel e escolherá blasfemar. O eleito aos céus não comete blasfêmia, não se arrepende de ser fiel, o eleito ao inferno faz isso numa constante.

TERCEIRO TEXTO - E disse o Senhor a Satanás: Eis que tudo quanto ele tem está na tua mão; somente contra ele não estendas a tua mão. E Satanás saiu da presença do Senhor. Jó 1:12. / E disse o Senhor a Satanás: Eis que ele está na tua mão; porém guarda a sua vida. Jó 2:6

Os textos selecionados mostram que há limites na ação satânica, ou seja, isso mostra que nossas histórias foram confeccionadas sob medida e que as vicissitudes que por ventura venhamos passar na vida já estão sob os cuidados divinos, e Este, aprouve em seus decretos. Não há nada mais confortável que isso – ter a plena convicção que Deus já planejou e moldou nossas vidas e tudo que vamos enfrentar no plano terreno. Com isso, nota-se que nossas histórias têm um autor cuidadoso e justo. 

QUARTO TEXTO - E disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o Senhor o deu, e o Senhor o tomou: bendito seja o nome do Senhor. Jó 1:21

Estas palavras foram proferidas por Jó quando começou a ser assolado por todas as setas inflamadas propostas pelo diabo, mas sob a autorização divina. Nesta passagem é notório que o eleito não se atormenta com as perdas e prejuízos, pois Deus é quem dá e Deus é quem tira. Jó usa a nudez – sua situação atual por conta das chagas –chegando a mencionar seu nascimento e sua vinda do ventre da mãe de forma despida, e é assim que voltará ao pó da terra. Aqui Jó demonstra outra característica do eleito – simplicidade e não apego as coisas materiais. 

QUINTO TEXTO - Então sua mulher lhe disse: Ainda reténs a tua sinceridade? Amaldiçoa a Deus, e morre. Jó 2:9

Em resposta a sua esposa, Jó considera como sendo louca e diz que ela aceitou o bem de Deus, mas não aceita o mal Jó 2:10. Aqui repousa outra característica da ideia do livre arbítrio. A mulher de Jó, ao analisar a situação, acredita que não há mais motivos para Jó se manter íntegro em relação a Deus. Ela acredita que só deve haver integridade se houver riquezas e bênçãos – motivações – como não há, Jó deve escolher blasfemar contra Deus. A mulher de Jó não compreende que não é uma questão de escolhas e sim de decretos divinos – o eleito ao céu entende que não tem escolhas quanto aos decretos divinos e somente deve aceita-los. Aqui Jó demonstra uma lição eterna de que a fidelidade não deve ser só em tempos de fartura e de riquezas, mas em todas as circunstâncias. Paulo nos ensina algo parecido em Fp 4:13. O eleito ao céu não se deixa levar pela correnteza da maré herética, não se ilude com as influências nem com as propostas fajutas e ilusórias dos adeptos da ideia do livre arbítrio ou de quaisquer outros ventos de doutrinas. Os amigos de Jó também são adeptos dessa corrente – a ideia do livre arbítrio ¬– um deles avalia que o que Jó está passando não passa de um pecado cometido possivelmente em oculto Jó 11:14. Estas pessoas que se aproximavam de Jó com diagnósticos falsos e sem conhecimento desapertaram a ira de Deus Jó 38:1-2.

Será que na atualidade Deus também não se ira com falsos profetas que querem resolver os problemas dos outros de forma simples e com palavras sem conhecimento? Qualquer semelhança com o pano de fundo evangelical das igrejas no Brasil não é mera coincidência! 

O fato é que o eleito ao céu não precisa cometer algo para sofrer, basta apenas Deus ter decretado isso. Este eleito não escolhe a Deus, Deus é quem o escolhe. O eleito ao céu não rejeita Deus sob hipótese alguma, mesmo que esteja mergulhado em um transe agudo. Não se ilude com doutrinas frouxas, além disso, é integro, anda em retidão, é temente a Deus e se afasta do mal. Enfim, evidenciam as características de seu Senhor. O eleito ao céu não perverte a graça divina como fizeram os Nicolaítas, mas se apresenta apenas como um mero mordomo de Deus no plano terreno. O outro grupo de eleitos – eleitos ao inferno – faz justamente o oposto. Há de fato uma grande confusão com a palavra livre arbítrio e é preciso que se entenda o real sentido da mesma. 

Teologicamente falando, livre arbítrio é quem tem a capacidade e o poder de cometer e de não cometer pecados. Logo, como todos são pecadores e ninguém pode não pecar (Rm 3:23), logo, ninguém detém o livre arbítrio. Por sinal, esta foi a reportagem capa da revista Galileu de Abril de 2013 nº 261 que trazia o seguinte tema: “Você não decide - Cientistas dizem que livre arbítrio não existe. Uma parte de seu cérebro fora de seu controle é quem escolhe por você”. Esta parte do cérebro pende para o mal – bem como um carro desalinhado – e é esta parte quem decide por todos. Portanto, não só teologicamente, mas também cientificamente, não existe a possibilidade da existência do tão famoso e conhecido livre arbítrio. 

Muitos confundem o poder de tomar decisões e a livre agência que cada ser humano possui com o livre arbítrio, todavia, não são a mesma coisa. É por isso que neste pequeno insight, considera-se que este tão falado livre arbítrio não passa de uma mosca branca! Ou seja, ninguém vê, só se ouve falar!

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Divulgação: Bereianos
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