Por Martyn Lloyd-Jones (1899 - 1981)
Todos nós gostamos de cantar o hino pátrio “Jerusalém”, de Blake:
Traze-me o meu arco de flamejante ouro!
Traze-me as minhas flechas de desejo!
Traze-me a minha lança! Ó nuvens, clareai!
Traze-me o meu potente carro de fogo!
Não cessarei meu combate mental,
Nem dormirá minha espada em minha mão,
Até que tenhamos construído Jerusalém
Na verde e aprazível terra da Inglaterra.
Bela poesia! Palavras maravilhosas! A melodia de Sir Hubert Parry talvez seja até melhor. Mas, que dizer disso? Lixo e absurdo!
Todavia, nós acreditamos que somos capazes de melhorar as condições; pensamos que podemos dar o devido tratamento às dificuldades. Vamos introduzir uma nova Jerusalém por meio de leis do parlamento e de várias outras maneiras. Mas eis o que diz Deus: Saia! Saia! Por quê? Porque esta terra é uma terra de pecado e de infortúnio, porque estamos vivendo na Cidade da Destruição.
O velho John Bunyan viu isso. Vocês já leram “O Peregrino”. Se não leram, permitam que lhes diga que ele tem mais para dizer à presente geração do que os brilhantes artigos de todos os seus jornais dominicais juntos. O Progresso do Peregrino! Como começa! Havia um homem que vivia numa localidade chamada Cidade da Destruição, e lhe chegou um chamado para que saísse, para que fugisse pra salvar sua vida, para fugir daquela cidade. E, segundo a Bíblia, este mundo é a Cidade da Destruição. Os atos e as atividades do homem jamais produzirão uma nova Jerusalém nesta “verde e aprazível terra”.
Não, a verdade simples e clara que nos é dita é que a Mesopotâmia, a Inglaterra, qualquer lugar que vocês queiram, está debaixo da ira de Deus. É isso que a bíblia diz, é isso que a mensagem cristã diz ao mundo atual. Estamos sob a ira de Deus, meus amigos. Por que tivemos estas duas guerras mundiais? Por que as coisas estão como estão? Segundo este ensino, tudo faz parte da punição de Deus sobre o nosso pecado e rebelião contra Ele. Deus está deixando que colhamos o que nós mesmos semeamos. “O que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6.7). Se você começar adorando ou servindo o homem, logo o matará. Se você disser que pode ir em frente mesmo diante do que Deus diz, sua vida será um caos. Isso faz parte da punição. Todos nós estamos na Cidade da Destruição. “Éramos por natureza filhos da ira, como os outros também” (Ef 2.3). “Do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens” (Rm 1.8).
Quer eu e vocês gostemos disso quer não, essa é a mensagem do evangelho. “O Deus da glória apareceu a nosso pai Abraão”. Este é, num sentido, o início da grande história da redenção, a aliança que Deus fez com Abraão. Mas o primeiro passo é este. “Saia! Você está na Cidade da Destruição. Fuja! Venha!
Por isso eu dou o meu pareceu a vocês, que o juízo de Deus sobre o pecado do homem é a única explicação adequada do estado deste mundo. Vão pedir aos seus filósofos que expliquem isso, peçam-no aos crentes na política; não podem. Bem, eu não estou aqui para dizer que não precisamos de filosofia, de política e de educação; claro está que precisamos. Contudo, o que eu estou dizendo é que, se você firmar nelas a sua fé, como estultamente fazem os que não firmam em Deus a sua fé, o seu mundo irá de mal a pior. O mundo, neste século XX, está falsificando todos os ensinos e os prognósticos dos idealistas, aquela gente confiante do século XIX e depois. Não, não; este mundo está debaixo da ira de Deus, está sob condenação.
Fonte: [ Josemar Bessa ]
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