.
Não é de hoje que os arminianos, buscando se esquivar das consequências negativas de sua soteriologia, reivindicam aos brados que sua teologia jamais ensinou salvação por graça e também por obras. Esses arminianos argumentam que "a salvação na soteriologia arminiana decorre, como ponto de partida, da ação da graça de Deus que capacita os homens para que estes se tornem aptos a responder positivamente a ordem do evangelho no que tange ao arrependimento". E acrescentam que "é falso afirmar que a fé (não-resistir a graça), seja uma obra para salvação". Considerando tais argumentos, buscaremos respondê-los demostrando que, de acordo com a Escritura, a fé ou a não-resistência não são obras PARA a salvação, mas que ao mesmo tempo, tais ações são boas por definição, e que estas boas ações, no arminianismo, tornam-se a causa da eleição e salvação, e não a consequência.
É necessário primeiramente enfatizar a verdade de que a fé é um dom de Deus (Ef 2:8). Colocar a confiança em Cristo é uma capacidade dada por Deus, visto que o homem natural não pode exercer nenhuma boa ação para a salvação sem que antes o próprio Deus o capacite para tal. Esta verdade é crida não somente por calvinistas, mas é também aceita e defendida por arminianos. O que vai diferenciar os primeiros destes últimos é que, enquanto os primeiros (calvinistas) defendem que a aplicação da graça é irresistível naqueles que foram eleitos por Deus, estes últimos (arminianos) irão defender uma graça preveniente que pode ser resistida por todos. Já demostramos a incoerência da graça preveniente arminiana no texto "A incoerência da graça preveniente e da regeneração parcial no arminianismo". E já fizemos uma breve defesa da graça irresistível e sua aplicação no ato salvífico no texto "Respostas à algumas objeções contrárias à doutrina da graça irresistível".
Dirá o arminiano: "o ato de não resistir à graça não é uma obra para a salvação".
Resposta: A primeira coisa que devemos entender é que a ação de "não resistir a graça" é, por definição, uma boa obra, então quando se crê que somos salvos pelo fato de "não termos resistido" estamos colocando a causa de nossa salvação a essa boa ação que é "não resistir a graça". Desta forma, a salvação na cosmovisão arminiana é por graça e por boa obra, pois o não resistir é uma boa obra, e não uma má obra. É no calvinismo que de fato a fé bíblica e a ação de não resistir não são obras PARA alcançar a salvação. No arminianismo, a não-resistência e a fé tornam-se boas ações PARA se obter a salvação, e não boas ações como EFEITOS da eleição para a salvação. Ademais, a salvação no arminianismo sendo uma ação a priori de Deus, não muda o fato de que ainda assim a efetivação dela dependa totalmente da decisão do homem. Neste sentido, podemos entender que Deus precisa da ajuda do homem para que a salvação se torne efetiva.
No calvinismo é diferente, a "não resistência" é consequência da eleição. Logo, quaisquer atitudes do homem (capacitado pela graça) tais como fé, arrependimento, e não-resistência, não são tidas como as CAUSAS da salvação. A CAUSA única seria a SOBERANIA DE DEUS quando elegeu certos homens para a fé, a não-resistência e o arrependimento. De forma que, no calvinismo, a causa da salvação não é a boa ação da não-resistência, mas sim A ETERNA DECISÃO DE DEUS de eleger para a boa ação da não-resistência. Como também, as ações de não-resistir, o arrependimento e a fé, distinguem eleitos de não-eleitos. Estas ações demostram a eleição, o que é diferente de dizer que são CAUSAS DA ELEIÇÃO E SALVAÇÃO. Logo, não há salvação por boas ações no calvinismo. Já no arminianismo, essas boas ações CAUSAM A ELEIÇÃO de forma que a salvação é alcançada por graça e boas ações.
Dirá o arminiano: "mas a fé nunca é vista na escritura como uma obra, mas sempre em oposição às obras".
Resposta: Claro, mas ela é sempre posta em oposição às boas obras que eram tidas por alguns (em especial judeus) da igreja primitiva como as CAUSAS da salvação. Estas obras seriam o que o Apóstolo Paulo denomina de "obras da Lei" (Gl 3:10). Era da preocupação dos Apóstolos, em especial do Apóstolo Paulo, demostrar que a salvação não era confirmada pelo guardar da Lei, mas sim pela fé como dom e fruto da eleição (At 13:48, Ef 2:8). Entretanto, a fé salvífica é, por definição, uma boa ação que leva inevitavelmente a outras BOAS ações as quais Deus também preparou para que, desde a fundação do mundo, andássemos nelas (Ef 2:10). Como já frisado aqui e em outros textos nossos, é preciso notar que tais boas ações são resultados da ação prévia de Deus, o que se conhece por eleição. De forma que os arminianos jamais poderão acusar a soteriologia calvinista de defender salvação por boa obra, visto que essas boas ações, na soteriologia calvinista, não são CAUSAS, mas efeitos da eleição .
O arminiano ainda poderá dizer: "Na teologia de Armínio, a graça preveniente é a causa última da resposta positiva ao evangelho".
Resposta: Não. A causa última se encontra na volição positiva deste homem como resposta à ação capacitadora da graça preveniente. O papel da graça no arminianismo é capacitador. A graça preveniente é derramada sobre todos os homens para que estes se tornem capazes de crer em Cristo. Mas, a causa final da salvação se encontra na resposta destes homens, isto é, na não-resistência (obediência) ao evangelho. Na visão arminiana o homem é senhor de seu destino e eleição. Nesta visão, Deus não pode ser o Senhor da história, pois é apenas um sujeito que atua preso às decisões destes homens. Que tipo de Senhor da história é este que se encontra preso àquilo que os homens decidem? Que tipo de soberania é esta que encontra-se algemada ao querer humano? E não adianta usar o argumento de que Deus limitou a sua soberania, pois não há nenhuma passagem bíblica que confirme isto; muito pelo contrário, existem várias passagens bíblicas que confirmam o governo soberano de Deus sobre todas as coisas (Is 46:10, Sl 115:3, Dn 4:35, Pv 21:1, 16:33 etc)
Conclusão
Desta maneira entendemos que: em um sentido a fé não é obra, mas em outro sentido ela é sim uma obra. Ela é uma boa obra no sentido de que não é uma má ação crer que Cristo é o Salvador; porém não é uma boa obra no sentido de ser uma ação humana e CAUSATIVA da salvação, mas sim uma boa atitude como um dom dado por Deus aos seus eleitos (Ef 2:8, At 13:48). Entendemos também que: sendo a ação de "não resistir a graça", por definição, uma boa obra, e ainda assim crermos que somos salvos pelo fato de "não termos resistido", estamos, desta forma, colocando a causa de nossa salvação a essa boa obra que é "não resistir a graça". De forma que, diante de tudo o que foi esclarecido, podemos logicamente concluir que a salvação na cosmovisão arminiana é POR GRAÇA E POR BOA OBRA.
Soli Deo Gloria!
***Não é de hoje que os arminianos, buscando se esquivar das consequências negativas de sua soteriologia, reivindicam aos brados que sua teologia jamais ensinou salvação por graça e também por obras. Esses arminianos argumentam que "a salvação na soteriologia arminiana decorre, como ponto de partida, da ação da graça de Deus que capacita os homens para que estes se tornem aptos a responder positivamente a ordem do evangelho no que tange ao arrependimento". E acrescentam que "é falso afirmar que a fé (não-resistir a graça), seja uma obra para salvação". Considerando tais argumentos, buscaremos respondê-los demostrando que, de acordo com a Escritura, a fé ou a não-resistência não são obras PARA a salvação, mas que ao mesmo tempo, tais ações são boas por definição, e que estas boas ações, no arminianismo, tornam-se a causa da eleição e salvação, e não a consequência.
É necessário primeiramente enfatizar a verdade de que a fé é um dom de Deus (Ef 2:8). Colocar a confiança em Cristo é uma capacidade dada por Deus, visto que o homem natural não pode exercer nenhuma boa ação para a salvação sem que antes o próprio Deus o capacite para tal. Esta verdade é crida não somente por calvinistas, mas é também aceita e defendida por arminianos. O que vai diferenciar os primeiros destes últimos é que, enquanto os primeiros (calvinistas) defendem que a aplicação da graça é irresistível naqueles que foram eleitos por Deus, estes últimos (arminianos) irão defender uma graça preveniente que pode ser resistida por todos. Já demostramos a incoerência da graça preveniente arminiana no texto "A incoerência da graça preveniente e da regeneração parcial no arminianismo". E já fizemos uma breve defesa da graça irresistível e sua aplicação no ato salvífico no texto "Respostas à algumas objeções contrárias à doutrina da graça irresistível".
Dirá o arminiano: "o ato de não resistir à graça não é uma obra para a salvação".
Resposta: A primeira coisa que devemos entender é que a ação de "não resistir a graça" é, por definição, uma boa obra, então quando se crê que somos salvos pelo fato de "não termos resistido" estamos colocando a causa de nossa salvação a essa boa ação que é "não resistir a graça". Desta forma, a salvação na cosmovisão arminiana é por graça e por boa obra, pois o não resistir é uma boa obra, e não uma má obra. É no calvinismo que de fato a fé bíblica e a ação de não resistir não são obras PARA alcançar a salvação. No arminianismo, a não-resistência e a fé tornam-se boas ações PARA se obter a salvação, e não boas ações como EFEITOS da eleição para a salvação. Ademais, a salvação no arminianismo sendo uma ação a priori de Deus, não muda o fato de que ainda assim a efetivação dela dependa totalmente da decisão do homem. Neste sentido, podemos entender que Deus precisa da ajuda do homem para que a salvação se torne efetiva.
No calvinismo é diferente, a "não resistência" é consequência da eleição. Logo, quaisquer atitudes do homem (capacitado pela graça) tais como fé, arrependimento, e não-resistência, não são tidas como as CAUSAS da salvação. A CAUSA única seria a SOBERANIA DE DEUS quando elegeu certos homens para a fé, a não-resistência e o arrependimento. De forma que, no calvinismo, a causa da salvação não é a boa ação da não-resistência, mas sim A ETERNA DECISÃO DE DEUS de eleger para a boa ação da não-resistência. Como também, as ações de não-resistir, o arrependimento e a fé, distinguem eleitos de não-eleitos. Estas ações demostram a eleição, o que é diferente de dizer que são CAUSAS DA ELEIÇÃO E SALVAÇÃO. Logo, não há salvação por boas ações no calvinismo. Já no arminianismo, essas boas ações CAUSAM A ELEIÇÃO de forma que a salvação é alcançada por graça e boas ações.
Dirá o arminiano: "mas a fé nunca é vista na escritura como uma obra, mas sempre em oposição às obras".
Resposta: Claro, mas ela é sempre posta em oposição às boas obras que eram tidas por alguns (em especial judeus) da igreja primitiva como as CAUSAS da salvação. Estas obras seriam o que o Apóstolo Paulo denomina de "obras da Lei" (Gl 3:10). Era da preocupação dos Apóstolos, em especial do Apóstolo Paulo, demostrar que a salvação não era confirmada pelo guardar da Lei, mas sim pela fé como dom e fruto da eleição (At 13:48, Ef 2:8). Entretanto, a fé salvífica é, por definição, uma boa ação que leva inevitavelmente a outras BOAS ações as quais Deus também preparou para que, desde a fundação do mundo, andássemos nelas (Ef 2:10). Como já frisado aqui e em outros textos nossos, é preciso notar que tais boas ações são resultados da ação prévia de Deus, o que se conhece por eleição. De forma que os arminianos jamais poderão acusar a soteriologia calvinista de defender salvação por boa obra, visto que essas boas ações, na soteriologia calvinista, não são CAUSAS, mas efeitos da eleição .
O arminiano ainda poderá dizer: "Na teologia de Armínio, a graça preveniente é a causa última da resposta positiva ao evangelho".
Resposta: Não. A causa última se encontra na volição positiva deste homem como resposta à ação capacitadora da graça preveniente. O papel da graça no arminianismo é capacitador. A graça preveniente é derramada sobre todos os homens para que estes se tornem capazes de crer em Cristo. Mas, a causa final da salvação se encontra na resposta destes homens, isto é, na não-resistência (obediência) ao evangelho. Na visão arminiana o homem é senhor de seu destino e eleição. Nesta visão, Deus não pode ser o Senhor da história, pois é apenas um sujeito que atua preso às decisões destes homens. Que tipo de Senhor da história é este que se encontra preso àquilo que os homens decidem? Que tipo de soberania é esta que encontra-se algemada ao querer humano? E não adianta usar o argumento de que Deus limitou a sua soberania, pois não há nenhuma passagem bíblica que confirme isto; muito pelo contrário, existem várias passagens bíblicas que confirmam o governo soberano de Deus sobre todas as coisas (Is 46:10, Sl 115:3, Dn 4:35, Pv 21:1, 16:33 etc)
Conclusão
Desta maneira entendemos que: em um sentido a fé não é obra, mas em outro sentido ela é sim uma obra. Ela é uma boa obra no sentido de que não é uma má ação crer que Cristo é o Salvador; porém não é uma boa obra no sentido de ser uma ação humana e CAUSATIVA da salvação, mas sim uma boa atitude como um dom dado por Deus aos seus eleitos (Ef 2:8, At 13:48). Entendemos também que: sendo a ação de "não resistir a graça", por definição, uma boa obra, e ainda assim crermos que somos salvos pelo fato de "não termos resistido", estamos, desta forma, colocando a causa de nossa salvação a essa boa obra que é "não resistir a graça". De forma que, diante de tudo o que foi esclarecido, podemos logicamente concluir que a salvação na cosmovisão arminiana é POR GRAÇA E POR BOA OBRA.
Soli Deo Gloria!
Fonte: A Suficiência das Escrituras
1 comentários:
Muito bom, parabéns!!
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