Seis formas de debater teologia para a glória de Deus

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Por Felipe Cruz e Yago Martins


Debates teológicos se tornaram comuns com o advento da World Wide Web, tão comuns que se tornou inevitável muitos de nós estarmos envolvidos em algum debate com temas controversos. Por isso, decidimos catalogar seis maneiras de debater teologia para a glória de Deus. Nem de longe somos perfeitos nestas dicas, mas são nortes que tentamos alcançar sempre que estamos em uma nova conversa sobre a Palavra de Deus.

1. DEBATA PARA ENSINAR. A mensagem da Grande Comissão não acaba em fazei discípulos (Mt 28:19), mas continua com ensinar a obedecer tudo o que Cristo ordenou (Mt 28:20). Assim sendo, parte da Missão é ensinar a respeito das coisas que Cristo falou, o que inclui vários trechos sobre o modo como a salvação se dá. Todo debate que decorre do ensino da sã doutrina de Cristo faz parte da obediência à Grande Comissão, uma vez que estamos definindo e entendendo a respeito do que Jesus ordenou. Opor o debate teológico à prática missional é tentar separar o que nosso Deus sempre uniu. Ademais, perceber que um irmão está enganado por um erro teológico em um aspecto fundamental à fé Cristã e não fazer absolutamente nada é um ato de pecado (Tg 4:17). Muitos dizem ainda que teologia é desimportante porque a conversão é mais importante que ela, mas isso é o equivalente a dizer que crianças podem morrer de fome, uma vez que o parto é o que há de mais fundamental para elas. Tal afirmação é uma falsa dicotomia. Jesus, na Grande Comissão, ordena ambos e negar um dos dois é desonroso. Debater sem ter como expectativa edificar ao outro (Ef 4:29), não é debate, é bate-boca.

2. DEBATA PARA APRENDER. Todo debate é um ato recíproco e dialético. Se você debate sem nenhuma perspectiva de aprendizado, você está debatendo pelos princípios errados. Paulo recomendou que o ensino e o aconselhamento entre os irmãos acontecesse de forma mútua (Cl 3:16), o que significa que todos nós podemos aprender um pouco com aquele a quem estamos debatendo, por mais errado que ele pareça. Alguém disse certa vez que sempre podemos aprender algo novo com alguém, nem que seja colocando ao contrário tudo o que ele diz.

3. DEBATA PARA EVANGELIZAR. Um dos argumentos mais utilizados contra os debates é de que “ninguém vem a Deus por argumentos”. Esta afirmação é, no mínimo, prepotente em relação ao agir do Espírito Santo, uma vez que a apresentação do Evangelho possui argumentos. Além disto, é ignorante quanto a função de debates éticos e teológicos com aqueles que não conhecem a Cristo. Vários homens de Deus hoje foram salvos porque alguém se propôs a tirar suas dúvidas e arrazoar sobre questões difíceis da fé cristã. Em um ambiente universitário, por exemplo, este tipo de debate é útil para que o evangelho encontre um espaço propício para sua apresentação. Se considerarmos que Jesus constantemente estava pregando e lidando com as dúvidas das pessoas a respeito de vários temas (Reino de Deus, vida eterna, inferno, Lei, Sábado etc), ele estava debatendo enquanto buscava o perdido e debatendo com os que arrazoavam contra ele. Ao mesmo passo que Jesus pregava para as multidões Ele também debatia com os seus opositores, numa nítida demonstração de que uma coisa não exclui a outra, antes, se complementam. Ao debater de forma sincera não estamos fazendo outra coisa senão respondendo a todo aquele que nos pergunta qual a razão da nossa esperança (1Pe 3:15).

4. DEBATA PARA GERAR FRUTOS. Se os frutos representam o valor da árvore, os debates teológicos, como aqueles sobre “calvinismo e arminianismo”, são algumas das melhores árvores que já surgiram nos últimos anos em nossa nação. O número de vidas transformadas e avivadas em seus corações por ter começado a atentar à Palavra de Deus tendo como contato inicial um estudo mais profundo da Escritura neste tema, é incontável. Foi o que aconteceu conosco e com grande parte dos nossos familiares, amigos e conhecidos, além de um número tão grande de irmãos por todo o país que nem dá pra contar. De fato, muitos homens resolveram se dedicar às missões tendo como primeiro motivador desses debates. Estas discussões acabaram por salvar muitas almas, uma vez que levam muitos homens a estudar mais a Bíblia, logo a amar mais a Bíblia, logo amar mais levar a mensagem da Bíblia.

5. DEBATA PARA OBEDECER A BÍBLIA. A Bíblia está repleta de exemplos de homens que debateram: Jesus contra os fariseus, escribas e mestres da lei; Paulo contra os gentios e os judeus; Pedro contra os judeus que se opunham à mensagem da sã doutrina; Tiago, que escreve uma carta inteira para debater contra aqueles que estavam tentando judaizar a fé cristã, etc. Debater e declarar a verdade bíblica aos quatro ventos é condição sine qua non à pregação da sã doutrina. É inevitável que volta e meia o cristão se veja envolvido em algum debate, portanto, você não precisa se esquivar de todos eles. Apenas pratique-os de modo a glorificar o Cristo.

6. DEBATA PARA PROMOVER O AMOR. Ainda que a linguagem firme e as imprecações sejam até necessárias no trato com os piores hereges, nenhum debate deve ser motivo de maldições mútuas ou brigas entre irmãos em Cristo. Todo aquele que debate deve fazê-lo de acordo com o modo bíblico: com amor e longe de conversas inúteis, até mesmo quando refutam duramente as serpentes modernas. Se você vê que atualmente esse é um campo árido, seja você o primeiro a estar lá para colocar esse amor no devido lugar. Igrejas ruins ficarão piores se os bons membros saírem delas. A cultura de debate que está sendo construída na comunidade cristã brasileira só será cada vez mais desamorosa se os que vivem o amor bíblico se absterem das controvérsias. Para tanto: ame ao seu próximo como a si mesmo (Mt 22:39). Ainda que sejamos capazes de debater sobre todos os mistérios e sejamos dotados de todo o conhecimento, se não tivermos amor, nada seremos.

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