Porque devo orar?

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Então Jesus contou aos seus discípulos uma parábola,
para mostrar-lhes que eles deviam orar sempre
e nunca desanimar
” (Lucas 18.1)

Por que não oramos se a Bíblia insiste em dizer que nós, filhos de Deus, devemos orar? Com tantos exemplos maravilhosos de oração nas Escrituras por que será que nosso coração não é atingido ou afetado por eles? Onde é que estamos falhando quando não oramos?

Há muitas coisas que nos afastam da oração como, depressão espiritual, falta de disciplina, insensatez na organização do tempo. Porém, quero falar sobre um motivo que tem atrapalhado, e muito, a nossa vida de oração, a saber: o raciocínio equivocado sobre a soberania de Deus. É comum encontrarmos alguém que, sem conseguir discernir a responsabilidade que nos cabe neste mundo de Deus, diz: “Deus não sabe nossas necessidades antes mesmo de pedirmos? Ele não faz todas as coisas segundo o propósito de sua vontade soberana (Ef 1.11) ? Então por que devo orar se Ele já sabe tudo e fará tudo segundo sua vontade?”

Os que raciocinam assim não consideram o fim para o qual o Senhor ordenou a oração. Porém, antes de analisarmos algumas razões pelas quais devemos orar, cumpre dizer que algo está muito errado em nosso raciocínio teológico se ele nos leva para longe da oração. D. A. Carson tem razão: “O crente levemente ingênuo mas entusiástico, pode ter mais experiência na oração do que o teólogo que pensa muito sobre a oração”.

Obviamente, a saída não é parar de pensar sobre a oração ou sobre a soberania de Deus, mas pensar corretamente, considerando de antemão pelo menos duas coisas básicas. A primeira é que a soberania de Deus não foi revelada para produzir cristãos fatalistas que nunca oram. A segunda é que Deus, de fato, causa notáveis mudanças em nós e no mundo em resposta à oração. Nas palavras do teólogo Wayne Grudem: “Deus determinou que a oração fosse um meio bastante importante de gerar resultados no mundo. Quando sinceramente intercedemos por uma pessoa ou situação, muitas vezes descobrimos que nossa oração serio o meio que ele usaria para gerar as mudanças no mundo”. Cf. Tiago 4.2, João 16.24

Não podendo considerar todas as razões para orarmos, por ora apresentarei pelo menos quatro. Todas foram dadas pelo teólogo João Calvino (1509 – 1564) nas Institutas da Religião Cristã, em um longo capítulo em que o teólogo de Genebra aborda especificamente a questão da oração (o maior capítulo das Institutas, diga-se de passagem). O título do capítulo é bem sugestivo: “Da oração, que é o principal exercício da fé, por meio da qual recebemos a cada dia os benefícios de Deus”. Escolhi Calvino propositalmente: é que alguns acreditam, ingenuamente, que um cristão que enfatiza a soberania de Deus não teria nada a dizer sobre a oração. A palavra está com o reformador:
“Portanto, embora Deus vele e esteja atento para conservar-nos, mesmo quanto estamos distraídos e não sentimos nossas misérias, e se bem que às vezes nos socorre sem que lhe roguemos, não obstante nos importa muito invoca-lo de contínuo”.

1) Inflamar nosso coração.

“A fim de nosso coração inflamar-se num constante desejo de buscá-lo, amá-lo e honrá-lo sempre, acostumando-nos a acolher-nos somente nele, em todas as nossas necessidades, como em um porto seguríssimo”.

2) Desenvolver o espírito de gratidão.

“A fim de nos preparar para receber seus benefícios e favores com verdadeira gratidão de coração e com ações de graça, já que, pela oração, damo-nos conta de que todas essas coisas vêm de sua mão”.

3) Desfrutar com alegria os favores de Deus.

“Da mesma forma, para, uma vez que alcançamos o que lhe pedimos, convencermo-nos de que ouviu nossos desejos, e por eles sermos mais fervorosos em meditar em sua liberalidade, e ao mesmo tempo desfrutarmos com maior alegria dos favores que nos fez”.

4) Confirma a providência divina.

“A fim de que a contínua experiência confirmem em nós sua providência, compreendendo que não somente promete que jamais nos faltará, que por sua própria vontade nos abre a porta para que, no momento da necessidade, possamos apresentar-lhe nossa petição, e que não nos enleva com vãs palavras, mas nos socorre e ajuda realmente”.
É isso galera! Espero que vocês consigam, pela graça de Deus, desenvolver uma vida de oração e busca pelo Deus que veio ao nosso encontro em Jesus Cristo. Não deixe de orar, pois como alguém pode negligenciar um tesouro, deixando-o enterrado e escondido na terra?

Autor: Daniel Grubba
Fonte: [ Soli Deo Gloria ]
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3 comentários

Anônimo mod

Acho que seria importante lembrar da passagem:"Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis. A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos." (Tiago 5:16)

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Por mais sábio ou por mais espiritual que seja o crente, se tem falta de oração tem falta de conhecimento, a oração não é só um caminho de petições, mas uma relação um dialogo, o crente que não ora não conhece Deus. Se alguém pensa que não precisa de orar, deixe-me dizer que esse tal é louco e nada sabe. Aliás temos grande exemplo no próprio Jesus Cristo, podemos ver pela Palavra que Ele usava muito tempo na oração. Claro que tinha-mos muito que falar sobre isto, mas o amigo irmão já tratou disso. Obrigado que a Paz de Jesus seja consigo.

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Jorge L. Ferreira da Silva mod

Achei muito relevante!Como Calvinista vejo que as sábias palavras do Reformador desmente os falsos comentários ignorantes a seu respeito sobre a oração, tendo em vista que é o maior capítulo das institutas desse servo de Deus. Vejo que ele foi muito sábio nas posições mesmo acreditando que Deus não sofre alterações com nossas renvindiçações. estarei amanhã pregando sobre o tema e pegarei o gancho desta breve introdução desenvolvendo-a e invertendo a ordem dos tópicos ficando assim. 4, 2,3,1. Graça e paz!

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