Objeções ao conceito da Cessação da Revelação – Parte II

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Por O. Palmer Robertson

Podem-se suscitar diversas objeções de natureza teológica contra a afirmação de que a revelação e os dons relativos à nova revelação cessaram. Tais objeções podem ser amplamente colocadas nestas três categorias:

1) Objeta-se que uma asseveração geral de que a revelação, hoje, cessou tem o efeito de limitar à Deus. É justo restringir a Deus, dizendo que Ele não pode comunicar-se com alguém por meio de revelação direta, caso Ele assim o queira? Não seria porventura uma atitude de presunção, sob quaisquer circunstâncias, limitar a Deus? Naturalmente que sim. Seria uma completa presunção por parte de alguém pressupor que poderia limitar a Deus. Ninguém tem o poder nem a autoridade de restringir a Deus em qualquer aspecto. No entanto, um antigo instrumento para instruir crianças pode oferecer um importante discernimento nesta matéria. O catecismo para as crianças em seu primeiro período de instrução pergunta: "Deus pode fazer alguma coisa?" A resposta contém certa profundidade que nem mesmo o mais sofisticado adulto deixaria de apreciar: "Sim, Deus pode fazer tudo segundo sua santa vontade."? Se Deus decidiu revelar-se de acordo com certo padrão, não significa limitar a Deus afirmar o que o próprio Senhor determina a esse respeito. Se Ele determina que o melhor para manter seu povo unido é requerendo dEle que busque fazer a vontade divina a partir de uma única fonte objetivamente conhecida, para o bem de todos, não seria para que o homem se proponha fazer a vontade divina, conhecida através de milhares de diferentes fontes individuais separadas pelo tempo e o espaço umas das outras?

Não significa limitar a Deus afirmar que a operação de milagres, como retratada no Novo Testamento, não ocorre hoje, se Deus mesmo determinou que esses sinais, atestando Cristo e seus apóstolos, têm servido seu propósito, ao confirmar uma vez por todas a verdade fundamenta necessária para o avanço da vida da igreja de Cristo. Suas poderosas obras realizadas entre os homens hoje são óbvias em todos os aspectos. Mas sua operação contínua no mundo de hoje não implica necessariamente que Ele pretenda dar prosseguimento às atividades miraculosas relativas a novas revelações. Ninguém pode limitar a Deus. Seria tanto blasfemo quanto presunçoso tentar restringir o Onipotente. A fé nEle, porém, não hesitará em afirmar que Ele agirá consistentemente em consonância com suas próprias intenções declaradas.

2) Objeta-se que os pagãos de hoje carecem do poder confirmador de sinais, maravilhas, profecia e línguas, justamente como o fizeram os pagãos do primeiro século. Por que seriam os homens de hoje negados as experiências revelacionais que poderiam ser instrumento para trazê-los à fé salvífica? Uma vez mais, porém, o padrão estabelecido na própria Palavra do Senhor deve ter precedência sobre as suposições hipotéticas engendradas pelas imaginações humanas. Seria de acordo com a Escritura afirmar que os dons extraordinários de profecia, línguas e milagres tiveram sua principal manifestação entre os pagãos que jamais ouviram? Ou não seria mais conclusivo, à luz dos fatos como registrados na Escritura, que os sinais miraculosos ocorreram, antes, entre aqueles que já haviam sido identificados como povo de Deus?

Sim, os pagãos ficaram amedrontados quando Paulo lançou ao fogo a peçonhenta serpente sem que a mesma lhe fizesse qualquer mal com sua mordedura (At 28.3-6). Sim, a igreja de Corinto pode ser caracterizada como uma Igreja predominantemente gentílica, na qual as línguas serviram de sinal para os incrédulos que acorriam às reuniões (1 Co 14.22). Mas era nas assembléias do povo de Deus que esses dons se manifestavam, não entre os pagãos que nada haviam ouvido. A esmagadora evidência aponta para o fato de que os dons de natureza revelacionaI funcionaram mais extensivamente entre as igrejas estabelecidas, confirmando a vontade de Deus entre seu povo, e não maravilhas operadas ante os olhos do mundo.

3) É a proclamação da verdade que toma os pecadores livres. Uma geração má e perversa busca basear sua fé no miraculoso, em vez de baseá-la na verdade de Deus claramente expressa (Lc 11.29). O Espírito Santo não necessita de milagres para convencer os homens em seus corações quanto à veracidade da Palavra de Deus, e nem devemos imaginar que Ele o faça. Uma fé vigorosa no poder da verdade do evangelho valerá muito mais para a salvação dos pecadores do que confiança nas obras miraculosamente deslumbrantes. O padrão estabelecido e o ensino explícito da Escritura consistem em que a clara proclamação da verdade é o método mais eficaz para a difusão do evangelho do que a operação de maravilhas.

O. Palmer Robertson Em: A Palavra Final - Resposta Bíblica à Questão das Línguas e Profecias Hoje, Ed. Os Puritanos, pág. 86-89.

Via: [ Blog dos Eleitos ]

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