A Confissão de Fé de Westminster nega explicitamente que Deus é "o autor ou aprova o pecado", contudo, ela também afirma explicitamente que Deus predestina todos os eventos, incluindo atos humanos pecaminosos. Segundo a doutrina da providência calvinista, tudo o que existe ou acontece está decretado por Deus. Nada acontece ou existe à parte da ordem de Deus de que isso aconteça ou exista.
Dado essa compreensão acerca da soberania de Deus, os críticos objetam dizendo que o calvinismo torna Deus o autor do mal. A questão não é se Deus é todo-bondoso e todo-poderoso, como pode haver mal no mundo. Mas como pode Deus causar pelo seu decreto tudo o que acontece e não ser culpado pelas ações malignas de suas criaturas? A ação de Deus, dessa maneira, estaria sendo contaminada pelo pecado. Porém, isso é uma conclusão teologicamente inaceitável, e, portanto, o calvinismo é falso.
Uma resposta proeminente a este tipo de objeção que os calvinistas têm oferecido é o que eu irei chamar de Modelo de Autoria. A estratégia basilar é entender o que se quer dizer por “causa”. Quando Deus decreta algo, ele causa a ocorrência deste algo. Entretanto, o modo de causar de Deus é único e diferente do modo de causar de suas criaturas.
À luz da distinção Criador-criatura em que há dois níveis de realidade completamente diferentes, o do Criador e da criatura, devemos reconhecer que a causalidade divina é de uma ordem totalmente diferente da causalidade das criaturas.
A causalidade de Deus não é como se fosse um tipo de efeito dominó. Em que Deus cria o organiza um sistema complexo de dominós e inicia seu plano providencial com um peteleco. Conforme demonstrado na imagem a seguir. Esse modelo dominó da providência falha em refletir a realidade de que a causalidade divina opera em um nível fundamentalmente diferente da causalidade intramundana.
O modelo de autoria ensina que Deus é o autor de toda a história, incluindo das ações malignas de suas criaturas. Porém, ele é autor em um sentido moralmente inofensivo. Pois o autor desaprova e não prática atos malignos. A verdadeira questão é se o calvinismo implica que Deus é "o autor do pecado" em qualquer sentido moralmente condenável.
A partir das nossas distinções, podemos dizer que as criaturas, no sentido intramundano, causam o mal, mas Deus nunca, no sentido intramundano, causa o mal. Deus, no entanto, no sentido autoral, causa as criaturas que, no sentido intramundano, são causadoras do mal.
Mesmo que seja errado no sentido intramundano causar o mal ou causar outras pessoas causarem o mal, tal princípio não se aplica à causalidade divina. A causalidade divina é sui generis. Ela opera em um nível diferente da causalidade intramundana. Ela é única em vários aspectos. A causalidade divina cria coisas do nada, sustenta e destrói as coisas da existência. Além de serem atemporais e não-espaciais. Propriedades que a causalidade intramundana não exibe. Até que algum argumento seja dado contra isso, o calvinista está justificado a acreditar que a culpabilidade moral é mais um ponto de diferença entre causalidade intramundana e divina. Em que Deus, mesmo causando tudo o que acontece, a sua causalidade é de tal tipo que não o torna culpado num sentido moralmente condenável pelas ações malignas de suas criaturas.
Confira neste vídeo uma explicação mais abrangente:
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Autor:Gabriel Reis
Divulgação: Bereianos
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