UMA PERSPECTIVA CESSACIONISTA
DOS DONS REVELACIONAIS
INTRODUÇÃO“Há muito tempo Deus falou muitas vezes e de várias maneiras aos nossos antepassados por meio dos profetas, mas nestes últimos dias falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e por meio de quem fez o universo.” (Hb 1:1-2, NVI – grifos meus).
O propósito deste artigo é apresentar um esclarecimento do que a Fé Reformada, e sob esta herança a Igreja Presbiteriana do Brasil, crê da cessação do dom de línguas. Desnecessária confusão tem se difundido em nossa igreja aceitando que membros, e até mesmo pastores, aleguem exercer o dom de línguas, sem exigir a correta aplicação da Carta Pastoral. Em 2005, o Supremo Concílio da IPB compôs uma Comissão Permanente de Doutrina que produziu uma Carta Pastoral sob o título de “O Espírito Santo Hoje – dons de línguas e profecia” reafirmaram seu compromisso confessional. Na “apresentação” é declarado que eles oferecem
respostas às indagações mais urgentes dos seus pastores e membros em várias áreas da fé e da prática, respostas estas que provenham de uma exegese biblicamente correta e de uma hermenêutica que reflita a teologia dos nossos símbolos de fé e de nossa tradição reformada.[1]
Com esta declaração inicial a Comissão Permanente de Doutrina declara uma tríplice fonte de autoridade. Obviamente a ordem segue o grau de importância:
1 - Exegese biblicamente correta;
2 - A teologia dos nossos símbolos de fé;
3 - A nossa tradição reformada.
A argumentação deste artigo interagirá sob estes três pilares: a exegese bíblica, a teologia dos nossos símbolos de fé e, a nossa tradição reformada.
Apenas uma palavra final nesta introdução. Apesar do texto se encontrar inacabado foi meu desejo compartilhá-lo para que colegas, seminaristas e leitores em geral, possam lê-lo, prover críticas, e remetê-las a mim para que, expondo o resultado de meus estudos e reflexão sobre o assunto, possa aperfeiçoá-lo a partir de questionamentos e críticas relevantes. Assim, há partes deste texto que ainda pretendo desenvolver e muito, mas infelizmente, devido às várias atividades e o fragmentado tempo, luto para produzir algo que valha a pena se ler.
CONSTRUINDO E DISCERNINDO CONCEITOS
O que é Restauracionismo?
O Restauracionismo é a defesa de que alguns dos dons, em especial os revelacionais como línguas, profecias e dons de curas, que antes haviam cessado, ou estado ausentes na Igreja, foram restaurados em tempos recentes. Esta é a defesa da maioria dos adeptos do movimento Pentecostal clássico.[2]
O que é Continuísmo?
Basicamente o Continuísmo afirma a existência contemporânea dos dons extraordinários, como línguas e profecias, sem interrupções desde os dias dos apóstolos até os dias de hoje.[3]
Há diferentes tipos de continuístas o que dificulta uma crítica direcionada ao movimento. O movimento continuísta desde cedo na história da Igreja Cristã. Os primeiros continuístas foram os Montanistas, este grupo surgiu e deve o seu nome ao seu fundador Montano. Na Idade Média surgiram os místicos que alegavam ter visões beatíficas, falar com anjos, realizar curas, além de crerem que milhares de eventos sobrenaturais ocorriam nas e através das relíquias. Na época da Reforma a partir de uma facção anabatista surgiram os fanáticos, que também eram conhecidos por entusiastas, e em desprezo ao princípio Sola Scriptura, alegavam profetizar e falar em línguas e realizar milagres. Edward Irving foi o precursor do pentecostalismo criando uma seita restauracionista. Ele cria que todos os ofícios e dons mencionados no Novo Testamento foram recuperados em seus dias, em sua igreja. O movimento Pentecostal é o maior e mais duradouro movimento, todavia, os seus adeptos se dividem em continuístas e restauracionistas, e não poucas vezes é difícil de classificar coerentemente alguns teólogos pentecostais e carismáticos.
O que é Cessacionismo?
Antes de entendermos a causa da cessação precisamos responder o que é revelação? Evitando contínuas e desnecessárias explicações, iniciaremos definindo o que ela é, a fim de que possamos concluir em que sentido as “revelações” cessaram. Comecemos com uma definição geral de revelação. Robert L. Reymond define a doutrina da revelação como sendo
o ato divino através do qual Deus deliberadamente descobre algo que é desconhecido e incognoscível (incognoscível, ou seja, para a desamparada mente dos seres humanos) compartilhando o seu conhecimento de si mesmo, e/ou do seu propósito para a sua criação.[4]
O Cessacionismo ensina ter cessado as modalidades e os agentes revelacionais, bem como a continuação da comunicação de uma nova revelação especial. As modalidades revelacionais, dentre elas visões, sonhos, o uso do urim e tumim, teofanias, profecias, línguas e etc.. Também cessaram os agentes revelacionais, isto é, profetas e apóstolos. E por fim, o conteúdo revelacional, ou seja, cessou a continuidade da revelação verbal, que outrora foi transmitida por meio de diversos modos no decorrer da história da redenção. Este assunto será esclarecido a seguir.
I. Cessaram as modalidades revelacionais
Lendo as Escrituras somos informados de que na história da redenção nem sempre Deus se revelou do mesmo modo. Houve mudanças na história, de modo que, Deus mudou as maneiras de como Ele se revelou ao seu povo. O autor aos Hebreus escreveu que
há muito tempo Deus falou muitas vezes e de várias maneiras aos nossos antepassados por meio dos profetas, mas nestes últimos dias falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e por meio de quem fez o universo. (Hb 1:1-2, NVI – grifos meus).
A revelação especial é por natureza progressiva.[5] Isto significa que a revelação verbal e pessoal de Deus em nos comunicar a sua vontade foi dada gradativamente. No desenvolvimento da Aliança, Deus acrescenta enriquecendo com novos elementos, transitando e cessando as modalidades dEle se revelar. Podemos adotar a seguinte definição de “revelação progressiva” oferecida por D.A. Carson que diz
Deus progressivamente revelou-Se em acontecimentos e nas Escrituras, culminando tais eventos com a morte-ressurreição-exaltação de Jesus Cristo, e culminando as Escrituras com o fechamento do cânon. O resultado é que os caminhos e propósitos de Deus foram progressivamente cumpridos não apenas nos eventos redentivos, mas também na explanação registrada nas Escrituras.[6]
A revelação foi progressivamente manifestada na histórica da redenção sendo adaptada a cada período em que foi entregue. Por exemplo, sabemos que de Adão até Moisés, Deus falou “viva voz”, de modo que, todos publicamente pudessem ouvi-lo, mas a partir da entrega dos Dez Mandamentos, o Senhor Deus passou a revelar a sua vontade somente pela mediação de Moisés (Êx 20:1-21; 33:11; Dt 34:10). Entretanto, após as suas manifestações à revelação especial também cessou em cada período, até que atingiu o seu auge em Cristo, e sob a sua autoridade com os apóstolos no registro do Novo Testamento. Quanto a esta relação de desenvolvimento, Gerard Van Groningen esclarece que
quando o progresso em revelação é observado, então, vê-se e considera-se revelação expandida e adicional. Não se deve pensar na revelação expandida e/ou como completamente nova. De certo modo, nada pertencente ao original estava presente. Como ficará evidente em estudo adicional, há avanço; há desenvolvimento; há crescimento; há riqueza crescente na medida em que a revelação continua de uma fase para outra ou de um cenário para outro, ou de uma situação ativa para outra.[7]
Em cada estágio de desenvolvimento a revelação passou por um processo de transição entre os distintos períodos da história da redenção. Charles Hodge comenta que “sem nenhuma transição violenta, as mais antigas revelações deste mistério foram gradualmente desvendadas, até que o Deus Triuno, o Pai, o Filho e o Espírito, surge no Novo Testamento como o Deus universalmente reconhecido de todos os crentes.”[8] A revelação posterior desenvolveu-se a partir da anterior, sendo complementar. A continuidade da mensagem envolve o seu cumprimento e também, o fim dos agentes e modos revelacionais.
II. Cessaram os agentes revelacionais
Hoje não há mais profetas nem apóstolos. Misael Nascimento diz que “os dons devem ser entendidos dentro da moldura do pacto e à luz da doutrina dos ofícios.”[9]
III. Cessou a comunicação de novas revelações
A Escritura Sagrada é a preservação da Palavra de Deus, registrando todos os modos da revelação de Deus, sendo ela mesma a revelação o seu estado final, bem como, ela é a interpretação dos atos revelacionais de Deus. Cremos que somente a Escritura Sagrada é a Palavra de Deus!
A questão toda se detém numa única questão: a Igreja Presbiteriana do Brasil é cessacionista em sua herança doutrinária reformada? Para responder precisamos nos deter em cinco pontos:
I. A IPB como herdeira da Reforma
II. O Cessacionismo nas Confissões Reformadas
III. A interpretação da CFW
IV. Aspecto litúgico: os votos de ordenação
V. Uma análise da “Pastoral dos dons do Espírito Santo”
A IPB COMO HERDEIRA DA REFORMA
O propósito desta parte é apresentar que como herdeiros da Reforma recebemos e preservamos o legado do princípio sola Scriptura. Este é o pilar fundamental para todos os outros, e ao mesmo tempo norteador essencial da nossa identidade reformada. O presbiterianismo possui o seu sistema doutrinário centrado na Escritura Sagrada. Desde a Reforma do século XVI foi ensinada a doutrina da sola Scriptura – ou seja, que a Escritura é a única fonte e regra de autoridade. Isto significa que a base da nossa doutrina, forma de governo, culto e práticas eclesiásticas não está no tradicionalismo, racionalismo, subjetivismo, relativismo, pragmatismo, ou no pluralismo, mas extraída e fundamentada somente na Escritura Sagrada, porque cremos que ela é a verdade absoluta revelando a vontade de Deus.
I. O que é sola Scriptura?
O princípio da sola Scriptura não exclui outras referências de autoridade. Isto significa que
só a Bíblia tem autoridade de obrigar a consciência dos crentes. Os protestantes reconheciam outras formas de autoridade, como cargos da igreja, magistrados civis, credos e confissões eclesiásticas. Mas viam essas autoridades como sendo derivadas de e subordinadas à autoridade de Deus. Nenhuma dessas autoridades menores era considerada absoluta, porque todas elas eram capazes de erro. Somente Deus é infalível. Autoridades falíveis não podem constranger a consciência de modo absoluto; este direito é reservado somente a Deus e à sua Palavra.[10]
A Escritura Sagrada é a autoridade suprema em que todas as questões doutrinárias e eclesiásticas devem ser decididas (Dt 4:2). Esta doutrina é importantíssima para a purificação da Igreja. Tudo o que nela não se lê, nem por ela se pode provar, não deve ser exigido de pessoa alguma que seja crido como artigo de Fé ou, julgado como exigência ou, necessário para a salvação. Na Bíblia o homem encontra tudo o que precisa saber, e tudo o que necessita fazer a fim de que seja salvo, e viva de modo agradável a Deus, servindo e adorando-O (2 Tm 3:16-17; 1 Jo 4:1; Ap 22:18). Somente a Escritura Sagrada é autoridade absoluta para definir as nossas convicções, porque apenas nela encontramos a verdadeira sabedoria do alto. Ela rege as nossas decisões e molda o nosso comportamento, como também determina a qualidade dos nossos relacionamentos.
I. A reação sola Scriptura dos reformadores contra a Igreja Católica Romana
Os reformadores positivamente afirmavam a suficiência das Escrituras nas matérias de fé e prática e negavam a veracidade das revelações, a legitimidade da ICAR como reguladora de autoridade, bem como os meios apresentados pelos papistas como instrumentos de graça ou de revelação da vontade de Deus.
O CESSACIONISMO NAS CONFISSÕES REFORMADAS
A interpretação da CFW
O especialista em história da teologia Garnet H. Milne argumentou que “uma análise dos teólogos de Westminster revela o seu completo compromisso com um cessacionismo de um tipo bastante abrangente.”[11] Eles afirmaram que “a possibilidade de mais revelações cessou, ambos com o propósito de visão doutrinária e para orientação ética.”[12] Assim, “inspiradas mensagens do céu com o propósito de abrir o sentido da Escritura, para garantia da redenção pessoal, ou para qualquer outra finalidade, foram consideradas como não sendo mais possíveis.”[13]
O contexto histórico em que os teólogos de Westminster viviam exigia uma resposta a dois grupos. Eles lutavam contra as doutrinas católicas, de um lado, e os desvios anabatistas, de outro. Derek Thomas esclarece que
duas questões estão por detrás desta afirmação: primeiro, a posição de Roma em reclamar a autoridade da Igreja em matéria de fé e vida; segundo, a tendência dos anabatistas de citar novas revelações do Espírito como algo normativo da fé e comportamento cristãos. A implicação desta afirmação para o fenômeno carismático moderno dificilmente poderia ser mais relevante. Reivindicações de revelações diretas e imediatas do Espírito não têm lugar no pensamento dos teólogos de Westminster.[14]
E, isto pode ser comprovado com base em três preposições:
1 - A cessação da revelação especial pelos antigos modos – CFW I.1
2 - A declaração da suficiência das Escrituras: “nada se acrescentará” – CFW I.6
3 - O Espírito Santo fala por meio da Escritura Sagrada – CFW I.10
I. A cessação da revelação especial pelos antigos modos – CFW I.1
O texto original da CFW declara que a fonte de todo o conhecimento de Deus, das suas obras e, da sua vontade na história da redenção se registra na Escritura Sagrada. A CFW I.1 inicia afirmando a insuficiência da revelação geral para o conhecimento salvador, menciona a revelação progressivamente comunicada e a preservação da revelação especial pelo seu registro inspirado, culminando na solene declaração de que este processo revelacional cessou com o fechamento do cânon das Escrituras.
Embora à luz da natureza, e das obras da criação e da providência, de tal modo, a manifestar a bondade, a sabedoria e o poder de Deus, a ponto de deixar todos os homens indesculpáveis (Rm 2:1, 14-15; 1:19-20, 32; Sl 19:1-3), ainda assim, [esta luz da revelação geral] não é suficiente para dar aquele conhecimento de Deus e da sua vontade, que é necessário para a salvação (1 Co 1:21, 2:13-14). Por isso, o Senhor serviu-se, em diversos tempos e de diversas maneiras, revelar-se, e declarar aquela sua vontade para a sua Igreja (Hb 1:1), e, depois para a melhor preservação e propagação da verdade, e para o mais seguro estabelecimento e conforto da Igreja contra a corrupção da carne e malícia de Satanás e do mundo, a fez escrevê-la (Pv 22:19-20;. Lc 1:3-4; Rm 15:04; Mt 4:4,7,10; Is 8:19-20); o que torna a Sagrada Escritura para ser mais necessário (2 Tm 3:15, 2 Pe 1:19); e, aqueles antigos modos de Deus revelar a sua vontade ao seu povo, cessaram (Hb 1:1-2). [15]
II. A declaração da suficiência das Escrituras: “nada se acrescentará” – CFW I.6
O argumento em favor do princípio sola Scriptura no primeiro capítulo da CFW é fundamentado de modo duplo. Primeiro, é declarado que cessaram os antigos modos de Deus revelar, porque a Escritura é o processo final da revelação de modo completo. Agora a ideia se complementa afirmando que nada deve ser acrescentado à Escritura Sagrada por causa da sua suficiência.
A CFW I.6 declara que
Todo o conselho de Deus, concernente a todas as coisas indispensáveis à sua glória, à salvação, fé e vida do ser humano, ou está expressamente registrado na Escritura, ou pode ser lógica e claramente deduzido dela; à qual nada, e em tempo algum, se acrescentará, seja por novas revelações do Espírito, seja por tradições humanas. Não obstante, reconhecem ser indispensável à iluminação interior do Espírito de Deus para o salvífico discernimento de tais coisas como se encontram reveladas na Palavra; e que há certas circunstâncias concernentes ao culto divino e ao governo da Igreja, comuns às ações e sociedades humanas, as quais têm de ser ordenadas pela luz da natureza e da prudência cristã, segundo as regras gerais da Palavra, as quais sempre devem ser observadas.
É necessário observar que os teólogos da Assembleia de Westminster não se referiam a um acréscimo textual nas Escrituras. Em CFW I.6 eles não se referiram a uma continuação da escrita de novos livros, porque esta possibilidade eles negaram em CFW I.1. Agora eles condenavam qualquer ensino que insinuasse a insuficiência da autoridade da Escritura, ou a tentativa de oferecer ou promover outra fonte além de autoridade além das Escrituras. A conclusão segue que é algo reprovado acrescentar lado a lado da Escritura novas revelações ou tradições humanas.
III. O Espírito Santo fala por meio da Escritura Sagrada – CFW I.10
10. O Juiz Supremo, pelo qual todas as controvérsias religiosas têm de ser determinadas e por quem serão examinados todos os decretos de concílios, todas as opiniões dos antigos escritores, todas as doutrinas de homens e opiniões particulares, o Juiz Supremo em cuja sentença nos devemos firmar não pode ser outro senão o Espírito Santo falando na Escritura (Mt 22:29, 31; At 28:25; Gl 1:10).
Os teólogos de Westminster concluíram que cessaram as novas comunicações da revelação especial como também os seus agentes e os seus modos. Deus fala somente através da Escritura Sagrada.
Não há dúvidas de que a Confissão de Fé de Westminster adota a posição cessacionista quanto à revelação especial. Assim, negar que a posição oficial adotada majoritariamente pelos que escreveram os Padrões de Westminster não é cessacionista seria equivalente que duvidar do seu Calvinismo e Presbiterianismo, bem como das doutrinas essenciais neles contidos.
O TESTEMUNHO DOS TEÓLOGOS REFORMADOS
O testemunho majoritário dos teólogos reformados foi à favor da cessação dos dons extraordinários, dentre eles o dom de línguas. A seguir teremos citações objetivas a respeito deste assunto.
I. Martinho Lutero
Martinho Lutero, Pelo evangelho de Cristo, pp. 163-170
Lutero nota que
na Igreja primitiva, o Espírito Santo foi enviado de forma visível. Ele desceu sobre Cristo na forma de uma pomba (Mt. 3:16), e à semelhança de fogo sobre os apóstolos e outros crentes. (Atos 2:3) Esse derramamento visível do Espírito Santo foi necessário para o estabelecimento da Igreja primitiva, como também foram necessários os milagres que acompanharam o dom do Espírito Santo. Paulo explicou o propósito destes dons miraculosos do Espírito em I Coríntios 14:22, “as línguas são um sinal, não para os que creem, mas para os que não creem.” Uma vez que a Igreja tinha sido estabelecida e devidamente anunciada por estes milagres, a aparência visível do Espírito Santo cessou.[16]
II. João Calvino
João Calvino reprova um grupo dentre os anabatistas, que ele chama de fanáticos, que alegavam receberem revelações sem a mediação das Escrituras. Ele afirma que “recentemente surgiu pessoas de mau caráter, que com muito orgulho, jactando-se de ensinar em nome do Espírito, depreciam a Escritura e, zombam da simplicidade dos que ainda seguem o que esses, de mau caráter, chamam de letra morta e que mata.”[17]
Noutro lugar ele afirma que “entretanto, isto permanece estabelecido: com esta perfeição da doutrina, que Cristo trouxe, pôs-se um fim a todas as profecias, de tal sorte que violam sua autoridade quantos, não contentes com o evangelho, o remendam de algo estranho.”[18]
Ele segue questionando da veracidade da fonte de onde estas alegadas novas revelações procedem. Ele exige que
esses fanáticos me respondam também o seguinte: terão eles bebido de outro Espírito e não daquele que o Senhor prometeu aos seus discípulos? Ainda que estejam possuídos de loucura tão extrema, não os considero, contudo, arrebatados de tão furiosa demência a ponto de terem a ousadia de gabar-se disso. Mas, ao prometer o Espírito, de que natureza declarou ele haver de ser esse Espírito? Na verdade, era um Espírito que não falaria por si mesmo, mas, ao contrário, sugeriria a mente deles e nela instilaria aquilo que ele mesmo, Jesus, havia transmitido por meio da Palavra (Jo 16:13). Portanto, não é função do Espírito que Cristo nos prometeu desvendar novas e indizíveis revelações, ou forjar novos tipos de doutrina, pelos quais sejamos desviados do ensino do Evangelho já recebido. Ao contrário, a função do Espírito é a de selar, na nossa mente, a mesma doutrina que o Evangelho nos recomenda.[19]
O seguinte argumento de Calvino é que a Escritura e o Espírito não se separam, de modo que, tudo o que o Espírito quer revelar, Ele o faz por meio da Escritura. Ele esclarece que no texto de 2 Co 3:8, Paulo reconhece que
o seu ministério de pregação era sob o Espírito, querendo dizer com isso, sem dúvida, que o Espírito Santo de tal modo se prende à sua verdade expressa na Escritura, nela manifestando e patenteando o seu poder, que nos leva a reconhecer na Palavra a devida reverência e dignidade. E isto não contradiz o que foi dito pouco atrás quando afirmamos que a Palavra não é absolutamente certa para nós, se não for confirmada pelo testemunho do Espírito, visto que o Senhor uniu entre si - como se fosse por mútua ligação -, a certeza de sua Palavra e a certeza do seu Espírito, de maneira que a firme religião da Palavra seja implantada em nossa alma, quando brilha o Espírito, fazendo-nos contemplar a face de Deus. Do mesmo modo, reciprocamente, abraçamos ao Espírito sem nenhum temor ou engano, quando o reconhecemos na sua imagem, ou seja, na Palavra! E, de fato, é assim! [20]
Calvino explica que “o dom de cura, como o resto dos milagres, os quais o Senhor quis que fossem trazidos à luz por um tempo, desapareceu, a fim de tornar a pregação do Evangelho maravilhosa para sempre.”[21] Ainda quanto ao dom de operação de milagres, Calvino comenta que, embora
Cristo não declare expressamente se Ele pretende que esse dom [de milagres] seja temporário ou a permaneça perpetuamente na Igreja, é mais provável que os milagres tenham sido prometidos apenas por um tempo, para dar brilho ao evangelho enquanto ele era novo ou em estado de obscuridade.[22]
III. John Owen (1616-1683)
O príncipe dos puritanos John Owen em seu estudo sobre os dons do Espírito declarou que
os dons que em sua própria natureza excedem a plenitude do poder de todas as nossas faculdades, essa dispensação do Espírito há muito tempo cessou, e onde quer que alguém hoje tenha a pretensão dos mesmos, tal pretensão justamente pode ser considerada como suspeita de um engano farsante.[23]
Os editores do manual de Teologia Bíblica acresceram um apêndice em que Owen crítica o movimento dos fanáticos de seus dias.
IV. Thomas Watson (1620-1686)
O puritano Thomas Watson contemporâneo da Assembleia de Westminster afirmou “com plena certeza, há tanta necessidade de ordenação hoje, como nos tempos de Cristo e dos apóstolos, ainda mais porque naqueles tempos haviam os dons extraordinários na igreja, que agora cessaram.”[24]
V. David Dickson (1583-1663)
David Dickson viveu nos anos da realização da Assembleia de Westminster e foi renomado professor de teologia na Universidade de Edimburgo, na Escócia. A sua importância é porque o seu pensamento reflete o contexto de seus contemporâneos. Ele mesmo foi um fiel docente dos Padrões de Westminster e os usou como livro-texto de suas aulas, preservando uma subscrição estrita.
Em seu comentário da CFW, que recebeu o nome de Truth’s Victory Over Error[25] ele escreveu:
Questão 3 [26]
Aqueles modos de Deus revelar a sua vontade ao seu povo cessaram?
Sim.
Deste modo, então, não estariam os Entusiastas e os Quakers errados, ao afirmarem que o Senhor não cessou de revelar a sua vontade, como ele o fez na antiguidade?
Sim.
Por quais razões eles devem ser rejeitados?
Porque Deus, que muitas vezes e de muitas maneiras, falou em tempos passados aos pais, por meio dos profetas, nestes últimos tem nos falado por meio de seu Filho (Hb 1:1-2). O apóstolo chamou o tempo do Novo Testamento de últimos dias, por que sob o mesmo período nenhuma alteração deveria ser esperada, senão que todas as coisas estavam completas e deveriam permanecer sem adição ou mudança, como ensinadas e ordenadas por Cristo, até o último dia (veja também Jl 2:28; At 2:27). Os modos e maneiras da antiguidade eram: primeiro, pela inspiração (2 Cr 15:1; Is 59:21; 2 Pe 1:21); segundo, por visões (Nm 12:6); terceiro, por sonhos (Jó 33:14-16; Gn 40:8); quarto, pelo Urim e Tumim (Nm 27:21; 1 Sm 30:7-8); quinto, por sinais (Gn 32:24-32; Êx 12:21); sexto, por voz audível (Êx 20:1; Gn 22:15). Todos findaram com a escrita (Êx 17:14), que é o mais seguro e infalível modo do Senhor revelar a sua vontade ao seu povo.
VI. Matthew Henry (1662-1714)
O conhecido comentarista bíblico e pastor presbiteriano Matthew Henry, em 13 de Julho de 1712, afirmou que
o dom de línguas foi um novo produto do espírito de profecia, e era outorgado por uma razão particular, para que a barreira judaica fosse removida, e todas as nações pudessem ser inclusas na igreja. Estes e outros dons de profecia sendo sinal, há muito tempo cessaram e foram postos de lado; e não temos motivo algum para esperar que revivam; senão que, pelo contrário, como nos ordena as Escrituras que é a palavra profética mais segura, mais segura que as vozes do céu; e a elas é que nos exorta a estar atentos, a examinar e retê-las (2 Pe 1:19). [27]
Quanto aos dons sobrenaturais ao comentar 1 Co 12, Henry afirma que “o que eram esses dons nos é largamente dito no corpo do capítulo, ou seja, ofícios e poderes extraordinários, concedidos a ministros e cristãos nos primeiros séculos, para a convicção dos descrentes, e propagação do evangelho.” [28]
Em relação do dom de línguas ele declara que este dom
foi um novo produto do espírito de profecia e dado por uma razão particular, retirar o judeu e demonstrar que todas as nações podem ser conduzidas à igreja. Estes e outros sinais da profecia, começaram como sinais, e há muito cessaram e foram deixados para trás, e nós não temos nenhum incentivo para esperar um avivamento deles; mas, pelo contrário, somos direcionados para o chamado das Escrituras a mais certa palavra de profecia, mais certa que vozes dos céus, e ela nos orienta a tomar cuidado, a busca-la e se firmar nela.[29]
VII. John Gill (1697-1771)
“agora esses dons foram concedidos naqueles primeiros tempos comumente, pelo Espírito, aos apóstolos, profetas e pastores, ou presbíteros da igreja: a cópia de Alexandria, e a versão Latina da Vulgata, dizem, ‘por um só Espírito.’” [30]
VIII. Jonathan Edwards (1703-1758)
Jonathan Edwards é conhecido dentre outros feitos de produzir uma sadia teologia em tempos de avivamento nos Estados Unidos da América. Examinando as experiências e supostas manifestações do Espírito, ele preserva o pensamento de que os dons extraordinários foram dados “para fundamentar e estabelecer a Igreja no mundo. Mas já que o cânon da Escritura se encontra completo e a Igreja Cristã plenamente fundada e estabelecida estes dons extraordinários cessaram.” [31]
IX. George Whitefield (1714-1770)
George Whitefield em resposta ao Bispo de Londres declarou que “nunca pretendi ter estas operações extraordinárias de fazer milagres, nem falar em línguas.” [32]
X. James Buchanan (1791-1868)
James Buchanan, um dos principais líderes da Igreja Presbiteriana da Escócia, escreveu um importante livro sobre o ofício e obra do Espírito Santo. Ele afirmou que “os dons miraculosos do Espírito há muito tempo foram retirados. Foram usados para cumprir com um propósito temporal. Foram usados como um andaime que Deus usou para a construção de um templo espiritual.”[33]
XI. Robert Shaw (1795-1863)
Robert Shaw produziu um comentário da CFW que é referência para os estudiosos do assunto. Acerca do capítulo I ele declara
Ele falou aos pais por meio dos profetas “várias vezes e de muitas maneiras” (Hb 1:1). A expressão “várias vezes” pode ser entendida “como se referindo ao conteúdo da antiga revelação, dada em diferentes partes, e em diferentes tempos, assim convém a ideia de um gradual desenvolvimento da verdade em diferentes épocas, e por diferentes pessoas;” e o termo “diferentes modos” pode ser entendido “como indicando os vários modos em que aquelas revelações foram comunicadas, isto é, por meio de sonhos, visões, símbolos, Urim e Tumim, êxtases proféticos, e etc.. Durante a nova dispensação, Deus completou toda a revelação de sua vontade em seu Filho, e nenhuma nova revelação deveria ser esperada até o fim do mundo. [34]
XII. William Shedd ()
Escreve também, em 1888, que
os dons sobrenaturais de inspiração e milagres que os Apóstolos possuíram não continuaram com os teus sucessores ministeriais, posto que já não eram mais necessários. Todas as Doutrinas do Cristianismo haviam sido reveladas aos Apóstolos e entregue á Igreja de forma Escrita. Não havia mais a necessidade de uma inspiração infalível posterior. E as credenciais e autoridade conferidas aos primeiros pregadores do cristianismo através de atos milagrosos devidamente autenticados é suficiente para estabelecer a origem divina do Evangelho. Num tribunal humano, não é necessário uma serie indefinida de testemunhas. 'Por boca de duas ou três testemunhas," Os fatos se estabelecem. O caso que foi decidido não será reaberto. [35]
XIII. Archibald A. Hodge (1823-1886)
A.A. Hodge teve por motivo escrever um comentário da CFW por causa do seu interesse de treinar líderes. Ele relata que após visitar classe de estudo da CFW na Igreja Presbiteriana da Rua do Estado, na cidade Albany, que objetiva “um conhecimento mais elevado das coisas divinas e uma apreciação mais solícita e inteligente das Doutrinas e dos Padrões Doutrinais da nossa própria denominação, bem como para educar seus melhores elementos de cada época.” [36]
Limitando o nosso assunto, podemos citá-lo em seus comentários da CFW I.1:
3. Que, consequentemente, aprouve a Deus, por sua soberana graça, de várias formas e diferentes épocas, fazer de si mesmo e de seu propósito uma revelação supernatural a uma porção escolhida da família humana.
4. E que, subsequentemente, aprouve a Deus fazer que essa revelação fosse escrita e ser exclusivamente confinada nas Sagradas Escrituras. [37]
Noutro lugar ele interpreta o significado dos antigos modos da revelação:
4.3. Como matéria de fato, Deus fez tal revelação. Aliás, em certo período da história ele se manteve sem testemunha. Suas comunicações ao gênero humano, ao longo dos primeiros três milênios, foram feitas de “diversas maneiras” – por meio de teofanias e de vozes audíveis, sonhos, visões, o urim e tumim e a inspiração profética; e os resultados dessas comunicações se difundiram e se perpetuaram por meio da tradição. [38]
A interpretação de A.A. Hodge da expressão “nada se acrescentará” da CFW I.6, envolve que:
2. Nada, ao longo da presente dispensação, se deve acrescentar a esta perfeita regra de fé, seja por novas revelações do Espírito, seja pelas tradições humanas.
Nenhuma nova revelação do Espírito se deve esperar agora:
2.1. Porque ele já nos deu uma regra completa e todo-suficiente.
2.2. Porque, enquanto o Velho Testamento prediz a nova dispensação, o Novo Testamento não faz referência a alguma revelação adicional a ser esperada antes do segundo advento de Cristo: eles sempre se referem à “vinda” ou “aparecimento” de Cristo como o próximo evento supernatural a ser antecipado.
2.3. Como matéria de fato, nenhuma pretensa revelação do Espírito, desde os dias dos apóstolos, tem levado as marcas ou sido acompanhada com os “sinais” de uma revelação supernatural; ao contrário, todas se têm revelado – como as de Swedenborg e dos mórmons – como inconsistentes com a verdade bíblica, diretamente opostas à autoridade da Escritura e ensinam maus costumes; tais revelações particulares têm sido professadas somente por entusiastas presunçosos, e são impossíveis de averiguação. [39]
XIV. Abraham Kuyper (1837-1920)
Aguarde atualização do autor em breve...
XV. Benjamin B. Warfield (1851-1921)
B.B. Warfield em sua obra de história da teologia constatou que as línguas e profecia pertenceram exclusivamente ao período apostólico. Comentando a relação dos dons em 1 Co 12 ele conclui que
a igreja apostólica foi marcada como sendo um dom de Deus, evidenciando a possessão do Espírito e condicionada a obra do Espírito – milagres de curas e milagres de poder, milagres de conhecimento, na forma de profecia ou de discernimento de espíritos, milagres de discurso, em que o dom de línguas, ou a sua interpretação. A igreja apostólica foi caracteristicamente uma igreja de operações de milagres. Até quando perduraria este estado de coisas? Isto foi uma característica peculiarmente da igreja apostólica, e deste modo, pertencente exclusivamente à era apostólica – todavia, sem dúvida esta designação pode ser recebida com alguma abertura.[40]
Afirmando a necessidade descansa na insuficiência da revelação natural e a cessação da revelação supernatural.[41]
XVI. Arthur W. Pink (1886-1952)
A.W. Pink que foi um reconhecido teólogo reformado escreveu que
assim como houve ofícios extraordinários (apóstolos e profetas) no começo de nossa dispensação, também houve dons extraordinários; e como não houve sucessores designados para estes ofícios extraordinários, também não houve intenção de que continuasse esses dons extraordinários. Os dons dependiam dos ofícios. Não temos mais os apóstolos conosco, e consequentemente muito menos os dons sobrenaturais, a comunicação dos quais constituiu parte essencial dos sinais de um apóstolo agora estão ausentes (2 Co 12:12).[42]
XVII. Derek Thomas
Derek Thomas num estudo sobre a concepção puritana das Escrituras apresenta que a convicção deles era cessacionista.[43] Ele comenta que
a afirmação de abertura contém uma negação da continuação de revelações da parte de Deus. Tudo que precisamos saber foi escrito na Bíblia, e todas as assim chamadas revelações privadas cessaram. Isto tem relevância para um problema contemporâneo: o fenômeno do falar em línguas e a profecia. Se profecia e línguas são novas revelações – como elas sem dúvida são no NT – elas são rejeitadas e não admitidas até o ponto que concerne esta afirmação da confissão.[44]
Noutro lugar ele comentando a CFW I.6, afirma que
é uma mensagem dirigida contra Roma, mas ela pode ser igualmente aplicada às tendências correntes no ensino evangélico. Como já notamos, clamores de que os dons de profecia e línguas existem hoje, devem ser confrontados com o fato de que estes dons eram formas de revelação, acompanhadas de toda autoridade de tais revelações.[45]
XVIII. W. Gary Crampton
W. Gary Crampton em seu livro, que é um comentário da CFW capítulo I, interpreta o parágrafo 1 da seguinte forma
assim, quando os apóstolos morreram, ou “baixaram a sua pena”, a entrega da revelação especial cessou. O texto de 2 Tm 3:16-17 atesta para este fato, onde eles reivindicam que a Escritura está completa (os 66 livros da Bíblia) pela qual nos equipa “para toda boa obra.” Por implicação, então, não há nem pode existir divina revelação especial extrabíblica. O cânon do Escritura está fechado: “cessaram aqueles antigos modos [milagres, línguas, profecias faladas, visões, teofanias, sonhos, visitas angelicais] de Deus revelar a sua vontade ao seu povo.”[46]
XIX. Wayne R. Spear
Wayne R. Spear afirma que
a Confissão também adverte contra “novas revelações do Espírito,” porque os que apelam a elas, implica que a revelação de Deus na Escritura é menos do que completa. A doutrina da suficiência da Escritura é resguardada contra o ensino perturbador e não-bíblico de muitos que são chamados de “Terceira Onda” no Cristianismo atual.[47]
ASPECTO LITÚRGICO: OS VOTOS DE ORDENAÇÃO
I. A subscrição da Confissão de Fé de Westminster
Todos os participantes da Assembleia de Westminster subscreveram estritamente a CFW aceitando a sua forma cessacionista.[48] O que é adotar a subscrição estrita?
Ao subscrevermos os Padrões de Westminster em nossos votos de ordenação damos continuidade a esta tradição doutrinária.
Para estudo sobre a prática da subscrição estrita da CFW recomendo:
1. A.A. Hodge, Confissão de Fé de Westminster Comentada (Editora Os Puritanos).
2. Morton H. Smith, The Case for Full Subscription to the Westminster Standards in the Presbyterian Church in America (GPTS Press).
3. David , ed., The Practice of Confessional Subscription (The Covenant Foundation).
4. Ulisses H. Simões, A Subscrição Confessional – necessidade, relevância e extensão (Efrata Pubicações).
5. Heber, Fides Reformata, vol. 2, 1997
IV.2. A subscrição no processo de ordenação
A identidade doutrinária e legal da IPB e dos seus oficiais é definida:
CI-IPB - Art. 1 – A Igreja Presbiteriana do Brasil é uma federação de Igrejas locais, que adota como única regra de fé e prática as Escrituras Sagradas do Antigo e Novo Testamentos e como sistema expositivo de doutrina e prática a sua Confissão de Fé e os Catecismos Maior e Breve; rege-se pela presente Constituição; é pessoa jurídica, de acordo com as leis do Brasil, sempre representada civilmente pela sua Comissão Executiva e exerce o seu governo por meio de concílios e indivíduos, regularmente instalados.
CI-IPB - Art. 28 – A admissão a qualquer ofício depende:
b) da ordenação e investidura solenes, conforme a liturgia.
No artigo 1 pressupõe que os que se tornam membros devem aceitar a doutrina, o governo e a disciplina da IPB, e isto é declarado em sua pública profissão de fé, quando responde solenemente às perguntas e se compromete com juramento. Àqueles que recebem são chamados para exercerem ofício de liderança ordenados e instalados em seu cargo também deverão publicamente responder às perguntas e comprometerem-se solenemente diante do concílio local, no caso de presbíteros regentes e diáconos, ou, do presbitério no caso de presbíteros regentes, e a ordenação deve seguir a liturgia da IPB conforme Manual de Culto.
No caso de pastores a ordenação é antecipada pela licenciatura. Nas perguntas realizadas ao candidato, em culto solene, sob convocação específica, reza:
1. Credes que as Escrituras do Antigo e Novo Testamento são a Palavra de Deus, e a única regra infalível de fé e prática?
2. Recebeis e adotais sinceramente a Confissão de Fé e os Catecismos desta Igreja, como fiel exposição do sistema de doutrina, ensinado nas Santas Escrituras?
3. Prometeis submeter-vos no Senhor, ao governo deste Presbitério, ou ao de qualquer outro para dentro de cujas divisas possais ser chamados?
No culto de ordenação o dirigente deve usar o Manual de Culto. Na sua liturgia, no item “instruções” se lê a seguinte argumentação
O Senhor Jesus Cristo sobre cujos ombros está o principado; que é chamado Maravilhoso, Conselheiro, Deus forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz; ele que é Rei e Cabeça da Igreja, havendo subido ao alto e recebido dons para os homens, dotou a Igreja com oficiais extraordinários e permanentes, para reuni-la e edificá-la. Os apóstolos, os profetas e os que possuíam o dom de línguas, de curar e fazer milagres foram oficiais extraordinários empregados, a princípio, por nosso Senhor e Salvador para reunir seu povo de entre as nações, conduzindo-o à família da fé. Esses oficiais e dotes miraculosos cessaram há muito tempo.[49]
Terminada a leitura das “instruções” serão feitas as perguntas de ordenação [vide Manual Litúrgico]:
Deve-se observar que o vínculo institucional com a IPB, quer primeiramente como membros, ou nos diferentes ritos de ordenação e oficialato, em todas as perguntas doutrinariamente se estabelecem em duas questões:
1. O princípio fundamental da Reforma sola Scriptura: a submissão à Escritura Sagrada como única regra de fé e prática.
2. Os Padrões de Westminster como sendo fiel exposição do sistema de doutrina, ensinado nas Santas Escrituras.
Por implicação precisa ser concluído que:
1. Aqui precisa ser reafirmado que o princípio fundamental da Reforma: sola Scriptura é essencialmente cessacionista, como demonstrado no início deste texto, tendo a Escritura Sagrada como única fonte de revelação especial reconhecida, ou seja, somente a Bíblia é a revelada Palavra de Deus.
2. A Confissão de Fé de Westminster é cessacionista conforme testificado.
Assim, subscrever por voto e juramento solene, diante de um concílio da IPB, por meio desta liturgia, é aceitar uma doutrina cessacionista quanto à revelação especial, negação qualquer outra manifestação além das Escrituras.
Robert L. Reymond apresenta a incoerência sobre oficiais presbiterianos carismáticos em declararem-se como subscrevendo a CFW. Ele diz que
se esses carismáticos modernos estão corretos em sua compreensão acerca dos dons do Espírito Santo, então aquelas Igrejas Presbiterianas confessionalmente comprometidas com a Confissão de Fé de Westminster com o seu ensinamento da cessação dos dons revelacionais (I.1,6) estão erradas. Entretanto, se a Confissão de Fé de Westminster está correta quando ensina que os dons revelacionais cessaram, então, tais carismáticos estão em erro, e os homens entre eles não podem, apenas sobre este fundamento, ser oficiais destas igrejas com seu compromisso confessional na medida em que eles serão obrigados, por ocasião da sua ordenação, a subscrever o sistema de doutrina ensinado na Confissão.[50]
UMA BREVE ANÁLISE DA “PASTORAL DOS DONS DO ESPÍRITO SANTO”
O Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil criou uma Comissão Permanente de Doutrina. Esta comissão funcionou provisoriamente e produziu uma “Carta Pastoral endereçada aos Concílios e Ministros da Igreja Presbiteriana do Brasil” com o título de “O Espírito Santo Hoje – Dons de Línguas e Profecia”, este documento adota a posição Cessacionista Histórico-teológica e será analisado.
Atingindo o objetivo de nosso artigo, basta-nos citar que repetidas vezes a Carta Pastoral declara que cessou o dom de línguas:
1. “segundo At 1:8, e pertenceram, assim, como sinal de cumprimento da promessa do Espírito, àquele período específico da história da redenção” [p.8].
2. “Podemos concluir que, como evidência do cumprimento das diferentes etapas do Pentecostes, as línguas cessaram” [p. 11].
3. “Assim, podemos concluir que, sob o prisma de sinal do juízo de Deus, as línguas cessaram” [p. 12].
4. “A História da Igreja registra que as línguas cessaram algum tempo após a era apostólica. [...] Assim, através dos séculos, a Igreja vem servindo a Deus, evangelizando o mundo e sendo edificada sem o pretenso auxílio das mesmas” [p. 13].
5. “A Igreja não se sente compelida a aceitar como genuínas quaisquer manifestações contemporâneas de ‘línguas’ que não se conformem ao precedente estabelecido pelo Espírito Santo nas Sagradas Escrituras. Cabe aos que acreditam e têm ensinado que Deus tem renovado esse dom na Igreja Contemporânea, o ônus de fornecer evidências claras e inequívocas de que estas coisas são assim. Afirmações ousadas nesta área, que não podem ser substanciadas pelas Escrituras, e experiências pessoais cuja genuinidade não pode ser comprovada, têm antes semeado confusão e discórdia do que promovido a paz, a unidade e a edificação da Igreja” [p. 14].
O fechamento da Carta Pastoral é claro: aqueles que alegam possuir o dom de línguas hoje, devem fornecer provas claras e inequívocas de sua legitimidade. O “ônus da prova” é termo jurídico, e deve ser usado em seu sentido forense, que por definição se refere ao “encargo, atribuído pela lei a cada uma das partes, de demonstrar a ocorrência dos fatos de seu próprio interesse para as decisões a serem proferidas no processo”.[51] Não há irrefutável evidência de que existem manifestações do dom de línguas nos dias de hoje. Este é o desafio dos que reivindicam ter o dom de línguas, devem provar tê-lo, de modo claro e inequívoco, segundo as Escrituras.
RESPOSTA A ATUAL PRÁTICA DE “FALAR EM LÍNGUAS”
Para que possamos responder aos argumentos mais comumente usados pelos que alegam falar em línguas devemos recorrer ao ensino das Escrituras. Uma análise nos textos de Atos e 1 Coríntios será indispensável para conferirmos se a prática é compatível com o ensino da imutável Palavra de Deus.
VI.1. A manifestação de línguas no livro de Atos
Quanto à transitoriedade da manifestação das línguas no livro de Atos, Max Turner observa que
Ele menciona o fenômeno somente com referência ao momento do recebimento do Espírito, mas não há nenhuma evidência clara de que Lucas pensasse que as línguas fossem normativas desse acontecimento; pelo contrário, concordando com o judaísmo, Lucas parece crer que uma “evidência inicial” é dada principalmente quando alguma forma de “legitimação” pública de recepção do Espírito é esperada, por exemplo, para confirmar a concessão do Espírito não para meros judeus piedosos, mas para samaritanos “estrangeiros” (8:17-18), para gentios (10:46) e para os 12 “discípulos” efésios (19:6). Contudo, Lucas não se pronuncia sobre se a maioria (ou algum) desses receptores continuou experimentando falar em línguas, e que papel isso teve em sua vida, serviço e testemunho.[52]
No silêncio das Escrituras a melhor opção é calarmos.
VI.2. A manifestação de línguas no livro de 1 Coríntios
1. O dom de línguas de 1 Co eram idiomas. Usando o texto que diz “porque se eu orar em língua, o meu espírito ora, sim, mas o meu entendimento fica infrutífero” (1 Co 14:14), alega-se que este texto ensina que há uma expressão das profundezas do espírito do crente, algo ininteligível, ou sub-racional, algo que não pode, ou não precisa ser desenvolvido pelo entendimento; entretanto, parece que não é esta a linha de pensamento de Paulo em sua argumentação.
Mesmo quando se usa o argumento de que as línguas eram ininteligíveis apelando para a tradução da “Almeida Revista Corrigida” percebe-se pela comparação de outras versões que a ideia não se sustenta. A equipe de revisores da ARC acrescentou o termo “estranhas” às línguas faladas na Igreja de Corinto, e esta adição causa distorção para os leitores que desconhecem a língua original.
1 Co 14.5:
Gostaria que todos vocês falassem em línguas, mas prefiro que profetizem. Quem profetiza é maior do que aquele que fala em línguas, a não ser que as interprete, para que a igreja seja edificada. (NVI)
Eu quisera que todos vós falásseis em outras línguas; muito mais, porém, que profetizásseis; pois quem profetiza é superior ao que fala em outras línguas, salvo se as interpretar, para que a igreja receba edificação. (ARA)
E eu quero que todos vós faleis línguas estranhas; mas muito mais que profetizeis, porque o que profetiza é maior do que o que fala em línguas estranhas, a não ser que também interprete, para que a igreja receba edificação. (ARC)
1 Co 14.6:
Agora, irmãos, se eu for visitá-los e falar em línguas, em que lhes serei útil, a não ser que lhes leve alguma revelação, ou conhecimento, ou profecia, ou doutrina? (NVI)
Agora, porém, irmãos, se eu for ter convosco falando em outras línguas, em que vos aproveitarei, se vos não falar por meio de revelação, ou de ciência, ou de profecia, ou de doutrina? (ARA)
E, agora, irmãos, se eu for ter convosco falando em línguas estranhas, que vos aproveitaria, se vos não falasse ou por meio da revelação, ou da ciência, ou da profecia, ou da doutrina? (ARC)
1 Co 14.23:
Assim, se toda a igreja se reunir e todos falarem em línguas, e entrarem alguns não instruídos ou descrentes não dirão que vocês estão loucos? (NVI)
Se, pois, toda a igreja se reunir no mesmo lugar, e todos se puserem a falar em outras línguas, no caso de entrarem indoutos ou incrédulos, não dirão, porventura, que estais loucos? (ARA)
Se, pois, toda a igreja se congregar num lugar, e todos falarem línguas estranhas, e entrarem indoutos ou infiéis, não dirão, porventura, que estais loucos? (ARC)
2. O dom de línguas de 1 Co eram revelacionais. A interpretação de que o dom de línguas que ocorria na Igreja de Corinto era apenas a capacidade de falar o evangelho conhecido em outro idioma, não reflete o argumento de Paulo. Estas línguas eram revelacionais, indo além da mensagem conhecida até então. Devemos lembrar que o cânon do Novo Testamento ainda estava em processo de escrita, e que nem mesmo todas as igrejas de diferentes regiões possuíam os livros escritos até aquele momento. Era necessário que o Espírito Santo comunicasse a vontade de Deus guiando a Igreja.
3. O dom de línguas em 1 Co eram de uso público. A corrente opinião de que se não houvesse interpretação o que falava em línguas deveria praticá-lo em particular, não reflete o objetivo dos dons que visavam à edificação de toda a igreja.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste breve artigo a minha tese é de que a CFW é cessacionista quanto à novas comunicações verbais procedentes de Deus, de modo que, somente a Escritura Sagrada é a Palavra, a revelação final. Entretanto, o nosso padrão confessional também nega a continuidade das antigas modalidades revelacionais, como por exemplo, o dom de línguas. Se nós subscrevemos a CFW em nossa ordenação, então, devemos ser coerentes em negar que há contemporaneamente manifestações das antigas modalidades revelacionais, como o dom de línguas e profecias, porque o Espírito Santo nos fala seguramente somente pela sua inspirada Palavra - a Escritura Sagrada. Não há qualquer evidência bíblica que o dom de línguas seria usado a parte de seu uso revelacional.
Os teólogos da Assembleia de Westminster e seus contemporâneos embora discordassem quanto a assuntos secundários em matéria de doutrina, eram coerentes em aceitar a cessação dos dons extraordinários.
A tradição reformada sustenta majoritariamente que o dom de línguas cessou definitivamente. Alguns teólogos foram citados, e muitos outros que se alinham com a teologia reformada mantém a identidade cessacionista quantos ao dom de línguas.
A Carta Pastoral deixa claro que apesar de haver a possibilidade de Deus conceder eventualmente o dom de línguas hoje, por causa da sua soberania, não há evidências de que isto tenha ocorrido desde o fim da era apostólica. Ainda caberia o ônus da prova àqueles que defendem a contemporaneidade do dom de línguas. O que a Carta Pastoral continuamente enfatiza é a cessação deste dom.
A IPB em seu Digesto – corpo de decisões do Supremo Concílio – rejeita em termos conceitos, práticos, litúrgicos tanto o Pentecostalismo como o Neopentecostalismo. Assim, qualquer movimento ou doutrina que tenha nascedouro nestes terrenos já nascem reprovados.
Se a comunicação da revelação especial cessou, então, a crença e a sua prática devem ser rejeitadas. Não somos uma denominação pentecostal, nem carismática que discordam da cessação da revelação especial. Estamos alinhados com a ortodoxia reformada, negamos a disponibilidade de novas revelações imediatas de qualquer ordem, que não seja a Escritura Sagrada.
Algumas conclusões cessacionistas:
1. Deus revelou o seu ser, vontade e propósito na história da redenção, em diversos períodos e de diferentes modos, sendo que estas modalidades tiveram início, transição e cessação, até que atingissem a modalidade completa e mais segura, que é a Escritura Sagrada (Êx 20:1-21; Dt 34:10; Hb 1:1-4).
2. Deus não se revela pelos antigos modos, e torna a Escritura Sagrada a preservação de toda a revelação como testemunho, história, mensagem e manifestação de sua vontade para a sua Igreja até a vinda física de Cristo.
3. Os dons que são para o serviço de toda Igreja em todas as épocas, e seus correspondentes descritos no Novo Testamento são ordinários e perpétuos. Entretanto houve outros dons que por serem revelacionais eram extraordinários e foram paulatinamente desaparecendo da vida da igreja a partir do fim da era apostólica.
4. Estamos vivendo os últimos dias, e a revelação especial está completa, de modo, que esta norteará de modo suficiente a Igreja de Cristo, em tudo que se refere à fé e a prática, até o último dia.
5. Somente a Escritura Sagrada, em seus 66 livros, é a Palavra de Deus, e isto, significa que, apenas ela é a nossa única regra de fé e prática. Nenhuma nova mensagem vinda de Deus é concedida imediatamente, sem a iluminação da Escritura. Deus fala com o seu povo somente pela sua inspirada Palavra, ou seja, a Bíblia (Sl 119; 1 Tm 4:6-16; 2 Tm 2:15; 3:16-17; ).
A questão não é se o Cessacionismo aceita ou, rejeita a realidade da obra do Espírito Santo na vida dos crentes. A discussão é se há ainda hoje novas comunicações da revelação, ou seja, se a Palavra de Deus continua sendo entregue à Igreja. Deus tem o propósito de que aquelas antigas modalidades continuem, mesmo sem conteúdo revelacional, como nos dias dos apóstolos? A nossa conclusão é um evidente não!
“Quanto à antiga maneira de viver, vocês foram ensinados a despir-se do velho homem, que se corrompe por desejos enganosos, a serem renovados no modo de pensar e a revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade. Portanto, cada um de vocês deve abandonar a mentira e falar a verdade ao seu próximo, pois todos somos membros de um mesmo corpo.” (Ef 4:22-25, NVI – grifos meus)
APÊNDICE I - CESSACIONISMO NOS PAIS DA IGREJA
João Crisóstomo (344–407)
Crisóstomo está comentando 1 Co. 12:1-2 como introdução ao capítulo inteiro “A passagem inteira é muito obscura, mas a obscuridade é produzida por nossa ignorância dos fatos referidos e por sua cessação, fatos que ocorriam, mas agora não tem mais lugar.[53]
Agostinho (354-430)
Nos tempos antigos o Espírito Santo veio sobre os crentes e eles falaram em línguas, que não haviam aprendido, conforme o Espírito concedia que falassem. Estes foram sinais adaptados ao tempo. Pois aquilo foi o sinal do Espírito Santo em todas as línguas [idiomas] para mostrar que o Evangelho de Deus era para ser espalhado a todas as línguas sobre a terra. Isto foi feito por um sinal, e o sinal findou.[54]
Teodoreto de Ciro (393-466)
Em tempos antigos, aqueles que aceitaram a divina pregação e que foram batizados para a sua salvação, receberam sinais visíveis da graça do Espírito Santo trabalhando neles. Alguns falaram em línguas que eles não sabiam e que ninguém lhes havia ensinado, enquanto outros realizaram milagres ou profetizaram. Os coríntios também fizeram essas coisas, mas não usaram os dons como deveriam ter usado. Eles estavam mais interessados em se mostrar do que em usar os dons para a edificação da igreja. Mesmo no nosso tempo a graça é dada para aqueles que são julgados dignos do santo batismo, mas não pode assumir a mesma forma que possuía naqueles dias.[55]
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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2. O Espírito Santo Hoje – Dons de Línguas e Profecia - Carta Pastoral endereçada aos Concílios e Ministros da Igreja Presbiteriana do Brasil (São Paulo, 2ª.ed., 1996).
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5. CAMPOS, Heber C. de, Fides Reformata, (São Paulo, Editora Mackenzie, 1997), vol. 2.
6. CARSON, D.A., Teologia Bíblica ou Teologia Sistemática, (São Paulo, Edições Vida nova, 2004).
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8. CRAMPTON, W. Gary, By Scripture Alone – the sufficiency of Scripture (Unicoi, The Trinity Foundation, 2002).
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10. DINAMARCO, Cândido Rangel, Instituições de Direito Processual Civil (4ª ed., 2009), vol. 3.
11. FRAME, John M., “Confissão de Fé de Westminster” in: Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, Walter A. Elwell, ed., (São Paulo, Edições Vida Nova, 1993), vol. 1.
12. HETHERINGTON, William M., History of the Westminster – Assembly of Divines (Elgin, Puritan Publications, 2006).
13. HODGE, Archibald Alexander, Confissão de Fé de Westminster Comentada (São Paulo, Editora Os Puritanos, 1999).
14. HODGE, Charles, Teologia Sistemática (São Paulo, Editora Hagnos, 2001).
15. KERR, Guilherme, A Assembleia de Westminster (São José dos Campos, Editora Fiel, 1992).
16. LETHAM, Robert, The Westminster Assembly – reading its theology in historical context (Phillipsburg, P&R Publishing, 2009).
17. MARRA, Claúdio A., ed., A Confissão de Fé de Westminster (São Paulo, Editora Cultura Cristã, ).
18. _______________ , ed., Manual de Culto (São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2000).
19. MILNE, Garnet H., The Westminster Confession of Faith and the Cessation of Special Revelation – Studies in Christian History and Thought (Eugene, Wipf & Stock, 2008).
20. OWEN, John, The work of the Spirit in: The works of John Owen (Edinburgh, The Banner of Truth, 1995), vol. IV.
21. REYMOND, Robert L., A New Systematic Theology of the Christian Faith (Nashville, Thomas Nelson Publishers, 2a.ed.rev., 2001).
22. SHAW, Robert, The Reformed Faith – an exposition of the Westminster Confession of Faith (Inverness, Christian Focus Publications, 1974).
23. SHEDD, William J.T. Calvinism: Pure and Mixed, A Defense of the Westminster Standards. Edinburgh: Banner of Truth Trust, 1986.
24. SPEAR, Wayne R., Faith of Our Fathers: A Commentary on the Westminster Confession of Faith (Pittsburgh, PA: Crown & Covenant Publications, 2006).
25. SPROUL, R.C., O que é teologia reformada – seus fundamentos e pontos principais de sua soteriologia (São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2009).
26. THOMAS, Derek, A visão puritana das Escrituras – uma análise do capítulo de abertura da Confissão de Fé de Westminster (São Paulo, Editora Os Puritanos, 1998),
27. VOS, Geerhardus, Teologia Bíblica – Antigo e Novo Testamento (São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2010).
28. WARFIELD, Benjamin B., Counterfeit miracles (Unicoi, The Trinity Foundation, 2007).
29. ___________________ , The Westminster Assembly and Its Work in: The Works of Benjamin B. Warfield (Grand Rapids, Baker Book House Company, 2003), vol. 6.
30. WATSON, Thomas, The Beatitudes (Edinburgh, The Banner of Truth, 1971).
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NOTAS
[1] O Espírito Santo Hoje – Dons de Línguas e Profecia - Carta Pastoral endereçada aos Concílios e Ministros da Igreja Presbiteriana do Brasil (São Paulo, 2ª ed., 1996), p. 1.
[2] Gary B. McGee, “Panorama Histórico” in: Teologia Sistemática – Uma Perspectiva Pentecostal (Rio de Janeiro, CPAD, 1996), pp. 11-18.
[3] Jack Deere, Supreendido pelo poder do Espírito (Rio de Janeiro, CPAD, 1995) e noutro livro Jack Deere, Supreendido com a voz de Deus (São Paulo, Editora Vida, 1998).
[4] Robert L. Reymond, A New Systematic Theology of the Christian Faith (Nashville, Thomas Nelson Publishers, 2a.ed.rev., 2001), p. 4, na nota 3.
[5] O teólogo reformado Geerhardus Vos oferece um excelente estudo da perspectiva da “revelação progressiva” abrangendo desde a revelação pré-redentora até o ministério de Jesus. Vide Geerhardus Vos, Teologia Bíblica – Antigo e Novo Testamento (São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2010), pp. 33-481.
[6] D.A. Carson, Teologia Bíblica ou Teologia Sistemática, (São Paulo, Edições Vida nova, 2004), . 60.
[7] Gerard Van Groningen, O progresso da revelação no Antigo Testamento (São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2006), pp. 18-19.
[8] Charles Hodge, Teologia Sistemática (São Paulo, Editora Hagnos, 2001), p.. 337.
[9] Misael Nascimento, “Porque sou cessacionista” in: http://www.misaelbn.com/2011/12/porque-sou-cessacionista/ acessado às 14:59 do dia 21 de Dezembro de 2011.
[10] R.C. Sproul, O que é teologia reformada – seus fundamentos e pontos principais de sua soteriologia (São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2009), p. 35.
[11] Garnet H. Milne, The Westminster Confession of Faith and the Cessation of Special Revelation – Studies in Christian History and Thought (Eugene, Wipf & Stock, 2008), p. 145.
[12] Garnet H. Milne, The Westminster Confession of Faith and the Cessation of Special Revelation – Studies in Christian History and Thought, p. 145.
[13] Garnet H. Milne, The Westminster Confession of Faith and the Cessation of Special Revelation – Studies in Christian History and Thought, p. 123.
[14] Derek Thomas, A visão puritana das Escrituras – uma análise do capítulo de abertura da Confissão de Fé de Westminster (São Paulo, Editora Os Puritanos, 1998), p. 20.
[15] Ofereço aqui uma tradução mais literal, comparado ao texto publicado pela Editora Cultura Cristã. O texto original: Chapter I. Of the Holy Scripture.
1. Although the light of nature, and the works of creation and providence, do so far manifest the goodness, wisdom, and power of God, as to leave men (8) inexcusable;a yet (9) are they not sufficient to give that knowledge of God, and of his will, which is necessary unto salvation;b therefore it pleased the Lord, at sundry times, and in divers manners, to reveal himself, and to declare that his will unto his Church;c and afterwards, for the better preserving and propagating of the truth, and for the more sure establishment and comfort of the Church against the corruption of the flesh, and the malice of Satan and of the world, to commit the same wholly unto writing;d which maketh the holy Scripture to be most necessary;e those former ways of God's revealing his will unto his people being now ceased.f [a. Psa 19:1-3; Rom 1:19-20; 1:32 with 2:1; 2:14-15. • b. 1 Cor 1:21; 2:13-14. • c. Heb 1:1. • d. Prov 22:19-21; Isa 8:19-20; Mat 4:4, 7, 10; Luke 1:3-4; Rom 15:4. • e. 2 Tim 3:15; 2 Pet 1:19. • f. Heb 1:1-2].
[16] Martinho Lutero, traduzido por Theodore Graebner [Grand Rapids, Michigan: Zondervan, 1949], pp 150-172. A respeito do comentário de Lutero sobre Gálatas 4:6.
[17] Juan Calvino, Institución de la Religión Cristiana (Barcelona, FeLire, 4ª ed., 1994), I.9.1, p. 44. Será citada apenas como Institutas.
[18] João Calvino. As Institutas da Religião Cristã: Edição Clássica. II.15.2. São Paulo: Cultura Cristã, 2006. p. 249.
[19] Juan Calvino, Institutas, I.9.1, p. 45.
[20] João Calvino, Institutas, I.9.3, p. 46.
[21] João Calvino, Institutas da Religião Cristã, IV: 19, 18.
[22] John Calvin, Comentário sobre os Evangelhos Sinóticos, III:389.
[23] John Owen, The work of the Spirit in: The works of John Owen (Edinburgh, The Banner of Truth, 1995), vol. IV, p. 518.
[24] Thomas Watson, The Beatitudes (Edinburgh, The Banner of Truth, 1971), p. 14.
[25] David Dickson, Truth’s Victory Over Error – A Commentary on the Westminster Confession of Truth (Edinburgh, The Banner of Truth, 2007), pp. 3-4.
[26] Nesta questão 3 David Dickson comenta apenas a CFW I.1.
[27] Matthew Henry, (), vol. 4, p. vii.
[28] Matthew Henry, Comentário Completo, em referência a 1 Coríntios 12.
[29] Matthew Henry, Prefácio ao Vol IV de sua Exposição do At e NT, vii.
[30] Comentário de John Gill de 1 Coríntios 12:9.
[31] Jonathan Edwards, , vol. p. 29.
[32] George Whitefield, Works, vol. 4, p. 9.
[33] James Bunachan, The work of Holy Spirit (), p. 34.
[34] Robert Shaw, The Reformed Faith – an exposition of the Westminster Confession of Faith (Inverness, Christian Focus Publications, 1974), p. 6.
[35] William G.T. Shedd, Dogmatic Theology, p. 2, p. 369
[36] A.A. Hodge, Confissão de Fé Westminster – Comentada (São Paulo, Editora Os Puritanos, 2ªed., 1999), p. 5.
[37] A.A. Hodge, Confissão de Fé Westminster – Comentada, p. 50. Hodge repete o mesmo argumento desdobrando-o em contraste com a insuficiência da revelação natural nas pp. 53-54.
[38] A.A. Hodge, Confissão de Fé Westminster – Comentada, p. 54.
[39] A.A. Hodge, Confissão de Fé Westminster – Comentada, p. 65.
[40] Benjamin B. Warfield, Counterfeit miracles (Unicoi, The Trinity Foundation, 2007), pp. 26-27.
[41] B.B. Warfield, The Westminster Assembly and Its Work in: The Works of B.B. Warfield, vol. 6, pp. 195-196.
[42] A.W. Pink, The Holy Spirit (1970), p. 179.
[43] Apenas lembrando que os teólogos da Assembleia de Westminster eram puritanos.
[44] Derek Thomas, A visão puritana das Escrituras – uma análise do capítulo de abertura da Confissão de Fé de Westminster, pp. 14-15.
[45] Derek Thomas, A visão puritana das Escrituras – uma análise do capítulo de abertura da Confissão de Fé de Westminster, p. 27.
[46] W. Gary Crampton, By Scripture Alone – the sufficiency of Scripture (Unicoi, The Trinity Foundation, 2002), p. 46.
[47] Wayne R. Spear, Faith of our father – a commentary on the Westminster Confession of Faith (Pittsbrugh, Crown & Covenant Publications, 2006), p. 15.
[48] Garnet H. Milne, The Westminster Confession of Faith and the Cessation of Special Revelation – Studies in Christian History and Thought, p. 260-261, 284.
[49] Claúdio A. Marra, ed., Manual de Culto (São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2000), pp. 78-79. Grifos meus.
[50] Robert L. Reymond, What About Continuing Revelations and Miracles in the Presbyterian Church Today? (Phillipsburg, P&R Publishing, 1977), pp.1-2.
[51] Cândido Rangel Dinamarco, Instituições de Direito Processual Civil (4ª Edição, 2009), vol. 3, p. 71.
[52] Max Turner, “línguas” in: Novo Dicionário de Teologia Bíblica, T. Desmond Alexander & Brian S. Rosner, org. (São Paulo, Editora Vida, 2009), p. 929.
[53] João Crisóstomo, Homilias em 1 Coríntios.
[54] Agostinho. Homilias sobre a Primeira Epístola de João, 6.10. Cf. Schaff, NPNF, First Series, 7:497-98.
[55] Teodoreto de Ciro. Comentário sobra a primeira epístola aos Coríntios, 240, 43; em referência à 1Co 12:1,7. Citado de 1-2 Coríntios, ACCS, 117.
Autor: Rev. Ewerton B. Tokashiki
Fonte: Academia.edu
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