O Estupro dos Cânticos de Salomão - 4/4

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Por John MacArthur

Antes de encerrarmos esta breve série, prometi responder tantas perguntas quanto possível daquelas pessoas que têm comentado aqui, via e-mail, através do Twitter e no Challies.com.

Primeiramente, gostaria de agradecer a Tim Challies pela coragem em hospedar uma discussão acerca deste tópico. A simples menção de boas maneiras e linguagem, obviamente suscita paixões no evangelicalismo contemporâneo – e não necessariamente de uma maneira que seja útil. Não é fácil encontrar fóruns na internet onde uma questão tão volátil pode ser discutida abertamente com lucro. E, devido a alguns dos vários problemas que esta série tem abordado, mesmo fóruns Cristãos não são sempre um paraíso a salvo da profanação e do comportamento grosseiro e carnal. Sou grato ao Tim por assegurar um nível mais digno de diálogo.

Faço eco ao choque total que Tim expressou quando foi exposto a algo do material do sermão de Driscoll na Escócia (a mensagem que disparou esta série neste blog). Após ler algumas das declarações ultrajantes de Driscoll, Tim reagiu da mesma maneira que qualquer Cristão de mente pura reagiria:

Eu tenho um verdadeiro problema com qualquer um que interprete os Cânticos de Salomão deste jeito... Para ser honesto, as palavras me faltam quando eu sequer tento me explicar – quando eu tento explicar como eu simplesmente não posso sequer conceber os Cânticos de Salmão assim. A natureza poética dos Cânticos é inteiramente corroída quando atribuímos tal significado a eles: tal significado específico. E eu fico pensando qual o bem que pode fazer a um casal estar apto a dizer “Veja, este ato sexual específico é obrigatório na Escritura. Portanto, vamos praticá-lo”. Isso pode ser dito a um cônjuge que não tem desejo de fazer este ato, ou que até mesmo o considera de mau gosto. E ainda, com nossa interpretação dos Cânticos de Salomão, a qual realmente não temos meios de provar (pelo menos, não para além de qualquer dúvida razoável), estamos potencialmente forçando um parceiro relutante a fazer algo. Eu apenas... novamente, as palavras realmente me faltam aqui.

Tim, você estava certo em ficar chocado. A coisa mais chocante para mim é que algumas pessoas não parecem estar chocadas de maneira alguma. O que facilmente receberia do mundo uma classificação NC-171, está sendo divulgado e defendido por alguns na igreja.

Devo explicar que não uso a internet diretamente; Eu nem sequer possuo um computador ou uma conexão a internet em minha casa. Sou totalmente dependente da equipe e dos estagiários no ministério pastoral que imprimem o material que preciso para ler e garantem que eu o consiga.

Portanto, para aqueles que talvez esperassem que eu interagiria com seus comentários em tempo real no blog, simplesmente não tenho meios fáceis de fazer isto. Faço uma varredura nos comentários quando os recebo – que usualmente não é até o dia seguinte – mas não posso responder os comentários do blog diretamente, nem seria capaz de devotar meu tempo aos fóruns de internet mesmo se estivesse conectado.

Mas, quero aproveitar esta oportunidade para responder as perguntas mais freqüentes dos últimos dias. Praticamente todos os questionamentos e críticas que têm sido levantados podem ser agrupados em duas categorias. Alguns poucos são questionamentos e observações sobre a interpretação adequada dos Cânticos de Salomão. Praticamente todo o restante tem a ver com minhas críticas a Mark Driscoll.

Responderei muitos questionamentos da primeira categoria e sumariarei minhas respostas a segunda categoria em duas respostas finais.

1. Podemos “dar o sentido” quando pregamos a poesia sem fazer uma exposição versículo por versículo, preceito por preceito? Ou é melhor deixá-lo “cuidadosamente velado” como MacArthur escreve?

A pergunta interpreta erroneamente o que eu disse. Nunca sugeri que o claro significado de qualquer texto deva ser “cuidadosamente velado”. Eu apontei para o fato de que algumas coisas na Escritura estão cuidadosamente veladas, e nós não devemos impor nossas próprias interpretações especulativas sobre elas.

Em outras palavras, estou incitando os pastores a lidar com o que o texto diz, e se afastar de impor um estilo gnóstico de significados secretos sobre as idéias que são deliberadamente deixadas obscurecidas ou totalmente escondidas pelo Espírito Santo.

Não estou dizendo nada além do que diria sobre interpretações especulativas de qualquer parte da Escritura: isto é insensato. Não, isto é seriamente perigoso. “As coisas encobertas pertencem ao SENHOR nosso Deus, mas as reveladas nos pertencem a nós...” (Deut. 29:29).

Também estou dizendo que o modo como o Espírito discursa sobre a santa intimidade e privacidade do amor conjugal é a antítese do tipo grosseiro das pseudo-interpretações gráficas que alguns evangélicos contemporâneos parecem almejar.

2. Os Cânticos de Salomão são um livro explicitamente erótico. Como pode você possivelmente argumentar que este livro da Bíblia, o qual é a Santa Palavra de Deus, é qualquer coisa, menos “completamente explícito”? Não é uma negação do óbvio afirmar que os Cânticos de Salomão não são uma bela descrição gráfica de sexo?

Explícito – ek • SPLIS • isto – Expressar distintamente tudo o que se entende; não deixando nada meramente implícito ou sugerido; sem ambigüidades.

Desde que não há nenhuma menção de uma parte reprodutiva do corpo ou ato sexual nos Cânticos de Salomão, nenhum comentarista dos Cânticos que se preze jamais faria sequer tal afirmação acerca deste livro. Além do mais (e este é o ponto chave de toda a discussão), os Cânticos de Salomão não são literatura “erótica” em qualquer sentido que seja – i. é., não se destina a despertar os leitores sexualmente. Claramente, ele nunca deveria ser pregado de uma maneira que tenha este efeito. Este é um ponto tão óbvio que apenas um explorador do livro o ignoraria por interesses lascivos.

3. Você não vê a distinção entre metáfora e eufemismo?

É claro. Mas as vezes uma metáfora é também um eufemismo, e este é claramente o caso de algumas das disputadas imagens dos Cânticos de Salomão. Não há meio exegético para decidir o que as várias jóias, flores, aromas, óleos e outros prazeres sensuais nomeados no poema representam na mente do autor. Ele propositalmente os deixa vagos. Portanto, não significa necessariamente que os símbolos devam ter qualquer relação de um-para-um com as realidades correspondentes; ao contrário, eles são emblemas gerais da beleza e do desejo. Salomão usa o simbolismo ao invés de dizer qualquer coisa explícita – o que (por definição) torna aquelas metáforas eufemísticas também.

Ao longo daquelas linhas, Richard Hess, nas páginas 34-35 de seu Baker Old Testament Commentary, observa os perigos da leitura demasiada das belas metáforas dos Cânticos:

As metáforas dos Cânticos são as mais ricas de qualquer dos livros da Bíblia. De qualquer modo, não pretendem prover uma simples correspondência do tipo um-para-um. De fato, os intérpretes são mais susceptíveis a perderem-se em absurdos quando se esforçam para igualar as coisas onde elas não são explícitas... A melhor interpretação deve manter-se sensível à linguagem das imagens e tentar seguir seus contornos sem impor demasiada exigência sobre os detalhes de interpretação... Os cânticos não apresentam entretenimento a seus leitores através de exposições lascivas, nem os educa como um manual de sexo.

4. Será que seus escrúpulos acerca de descrições gráficas de atos sexuais não são culturais e produtos de uma geração? Talvez a cultura na qual você ministra não seja tão desinibida quanto as sub-culturas que outros pregadores estão tentando alcançar.

Sexo não é algo novo na era pós-moderna. Cada cultura e cada geração tem lidado com as mesmas obsessões e perversões que lidamos hoje – embora nem sempre com a mesma auto-indulgência desenfreada que nossa cultura tem encorajado. Cada cristão tem sempre encarado os mesmos desejos e tentações que nos assaltam: “Não vos sobreveio nenhuma tentação, senão a que é comum ao homem” (1 Coríntios 10:13). Aqueles que pensam que a pornografia e a libertinagem desenfreada não eram comuns na era pré-internet devem visitar as ruínas de Pompéia e ver como era a vida na cultura de Roma durante a geração do apóstolo Paulo.

Paulo ministrou em culturas muito menos “inibidas” que a nossa. No entanto, quando ele achou necessário lidar com tópicos sexuais – seja para dar instruções positivas sobre a relação no casamento ou exortações negativas acerca de pecados sexuais – ele nunca falou em termos sexualmente gráficos.

Além disso, o que era pecaminoso na era de Paulo ainda é pecaminoso em nossa cultura saturada de pornografia. E a estratégia de Paulo para alcançar os Coríntios (uma das sub-culturas mais pervertidas sexualmente já conhecida) é a mesma estratégia que devemos usar hoje. Isto inclui alguns cuidados, dignidades e ensino autenticamente bíblico sobre questões de sexo (cf. 1 Coríntios 7). Santidade, e não um método de como aconselhar sobre sexo, é o coração do que os pastores deveriam estar ensinando sobre sexo (especialmente em uma cultura viciada em sexo). E nosso ensino sobre o assunto deve ser feito com graça, dignidade e santificação, não na forma de uma comédia erótica.

A verdade é que a Palavra de Deus nunca dá instruções específicas sobre os detalhes das preferências sexuais de um casal em sua vida sexual. Sermões que pretendem encontrar tais instruções, como a preocupação sexual demonstrada nesses assaltos aos Cânticos de Salomão, são mais prejudiciais que úteis – porque erguem a imaginação do pregador a uma posição mais elevada de proeminência e autoridade do que a verdadeira revelação de Deus.

Nem Paulo ou qualquer outro legítimo líder da igreja em 2000 anos têm sequer achado necessário (ou mesmo útil) utilizar a sabedoria das ruas para a educação sexual – nem como uma estratégia evangelística, e certamente nem como um meio de santificação para as pessoas já dominadas pela conversação sobre sexo de uma cultura corrompida. Adotar a obsessão do mundo por conversação sexual e suja não pode possibilitar um efeito santificador, porque a própria estratégia é profana.

A noção de que sub-culturas degeneradas e pessoas sexualmente viciadas não podem ser alcançadas sem o “aprender a falar a língua deles”, é uma falácia absoluta. A Grace Church está a sete milhas de Hollywood, no coração do Sul da Califórnia, em uma cultura carnal de prazer doentio, bem conhecida no mundo todo por tudo, menos por valores espirituais saudáveis. Nenhuma cidade na América é mais “desigrejada” que nosso vale, o qual abriga mais de três milhões de pessoas. O povo da Grace Church está alcançando amigos e vizinhos em todas as sub-culturas imagináveis – dos ex-presidiários aos ex-católicos e as pessoas na indústria do entretenimento. Batizamos novos convertidos praticamente todo domingo a noite. Não é necessário nem útil injetar referências sexuais explícitas nas conversas a fim de alcançar pessoas de tais culturas. Deus os traz a Cristo através do Evangelho.

5. Você intitulou seus artigos de “O estupro dos Cânticos de Salomão”. Se você discorda tanto da linguagem forte e de temas sexuais, não parece ser sobre isto o tópico?

Um dos problemas fundamentais em toda essa discussão é a recusa por parte de muitos em reconhecer a distinção crucial (e fundamental) entre linguagem forte e linguagem obscena. O próprio Mark Driscoll contribuiu para esta confusão ao misturar e obscurecer os dois assuntos em sua mensagem ano passado na Conferência Desiring God. A Escritura condena hereges em termos vigorosos, as vezes indelicados, (por exemplo, Gálatas 5:12). Mas a Bíblia nunca é indecente, e a linguagem forte na Escritura certamente não faz da linguagem profana ou suja uma piada aceitável (Efésios 5:4).

No primeiro artigo da série, expliquei por que o título é apropriado. Se alguém acha que é um exemplo do que tenho condenado, esta pessoa não entendeu nada do que falei. O estupro é um ato de violação forçada; e este tratamento dos Cânticos de Salomão é um abuso do livro, arrancando-lhe o véu designado por Deus, contaminando publicamente sua pureza, e mantendo-o a vista para olhares e sorrisos maliciosos.

6. O sermão de Driscoll foi realmente tão ruim quanto você diz? Você não está exagerando o que, em última análise, foi apenas uma diferença no estilo?

Durante a Controvérsia Downgrade, Charles Spurgeon foi essencialmente acusado da mesma coisa – uma deturpação dos fatos e uma reação exagerada as questões. Aqui está o que Spurgeon disse em resposta aos seus críticos:

A controvérsia que tem se levantado de nossos artigos anteriores é muito ampla em seu alcance. Mentes diferentes terão suas próprias opiniões quanto a maneira com a qual os combatentes têm se portado; de nossa parte estamos satisfeitos em deixar milhares de assuntos pessoais passarem desapercebidos. O que importa quais sarcasmos e gracejos possam ter sido proferidos às nossas custas? A poeira da batalha baixará no devido tempo; pois, no presente, o interesse principal é manter o estandarte em seu lugar, e preparar-se contra as arremetidas do adversário.
Nosso alerta tinha a intenção de chamar atenção para um mal que pensávamos ser aparente a todos: nunca imaginamos que “a questão precedente” seria levantada, e que uma companhia de estimados amigos arremeteria em meio aos combatentes, e declararia que não havia motivo para a guerra, mas que nosso moto poderia continuar a ser “Paz, paz!” No entanto, tal tem sido o caso, e em muitos lugares a pergunta principal não é o “Como podemos remover o mal?”, mas “Existe algum mal para ser removido?” Nenhum fim de carta tem sido escrito com isto como seu tema – “As acusações feitas pelo Sr. Spurgeon são realmente verdadeiras?” Deixando de lado a questão de nossa própria veracidade, não poderíamos ter qualquer objeção a uma discussão mais aprofundada do assunto. Por todos os meios, deixe a verdade ser conhecida.

No espírito de Charles Spurgeon, então, sinto que não há outro curso de ação, a não ser deixar que a verdade seja conhecida. Este link (o qual alguém me enviou por e-mail ontem) o levará a algumas das coisas que Mark Driscoll tem dito sobre os Cânticos de Salomão. Minha preferência seria não “linkar” aquelas coisas de maneira alguma (de fato, há muito mais que eu poderia “linkar”), e gostaria de avisar que o conteúdo é altamente ofensivo (especialmente por ter sido pregado em um culto de Domingo onde crianças, adolescentes e jovens solteiros estavam presentes). Mas, como Paulo disse aos Coríntios, as vezes é necessário suportar uma pequena tolice a fim de que a verdade seja conhecida.

O Novo Testamento não poderia ser mais claro. A boca fala do que o coração está cheio (Mateus 12:34). E aqueles que ensinam publicamente são levados a um nível mais alto de responsabilidades (Tiago 3:1). Pastores, em particular, devem ser modelos de pureza (1 Tim. 4:12), acima de qualquer reprovação, tanto dentro da igreja como fora dela (1 Tim. 3:2-7). Pureza na doutrina, pureza na vida e pureza no falar fazem parte das qualificações bíblicas para aqueles que serão porta-vozes de Deus.

Efésios 4:29 Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que seja boa para a necessária edificação, a fim de que ministre graça aos que a ouvem.

Efésios 5:4–5 Nem baixeza, nem conversa tola, nem gracejos indecentes, coisas essas que não convêm; mas antes ações de graças. Porque bem sabeis isto: que nenhum devasso, ou impuro, ou avarento, o qual é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus.

1 Tessalonicenses 4:7 Porque Deus não nos chamou para a imundícia, mas para a santificação. Portanto, quem rejeita isso não rejeita ao homem, mas sim a Deus, que vos dá o seu Espírito Santo.

Tito 2:6–8 Exorta semelhantemente os moços a que sejam moderados. Em tudo te dá por exemplo de boas obras; na doutrina mostra integridade, sobriedade, linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se confunda, não tendo nenhum mal que dizer de nós.

É por isso que estou fazendo uma discussão tal como esta. Porque o Novo Testamento faz uma discussão assim. Não é simplesmente uma diferença de opinião, geração, preferência, estilo ou metodologia. É uma discussão que se levanta dos claros mandatos do Novo Testamento relacionados ao caráter de um presbítero. De qualquer modo, não acho que tenha reagido com força suficiente.

7. Por que você escolheu Driscoll e o conectou com os “desafios sexuais”? Por que levá-lo a público? Ele já se arrependeu de seu discurso underground, e está sendo discipulado de maneira particular por homens como John Piper e C. J. Mahaney, que o fazem prestar contas. Você os consultou antes de chamar Driscoll pelo nome? Se o problema é tão sério como você alega, por que eles não disseram nada publicamente acerca disto?

No sermão que motivou esta série, Mark Driscoll (falando especificamente as esposas na congregação) fez vários comentários que foram muito, mas muito piores do que sórdidos desafios sexuais. Além do mais, os editos de Driscoll às mulheres casadas não eram meros “desafios”, mas diretivas reforçadas com a alegação de que “Jesus Cristo ordena que você faça [isto]”. Este material tem estado online e circulado livremente por mais de um ano. Mas você terá muita dificuldade para encontrar um único fórum sequer na Web onde alguém tenha exigido que Driscoll explicasse porque ele se sentia livre para dizer tais coisas publicamente.

Estou apontando algo que não deve ser nenhum pouco controverso: pastores não são livres para falar assim. Em resposta, uma enchente de jovens revoltados, incluindo muitos pastores e seminaristas – nenhum dos quais tenha sequer tentado uma conversa em particular comigo sobre este tópico – têm se sentido livres para postar insultos e públicas reprovações em um fórum público, declarando enfaticamente (sem a óbvia consciência da ironia) que eles não crêem que tais coisas devam ser tratadas em fóruns públicos.

(Para ser claro: não estou sugerindo que alguém precisa me contatar em particular sobre declarações públicas que eu tenha feito. Muito pelo contrário. Mas aqueles que insistem que tais desacordos devam ser tratados privadamente revelam a hipocrisia do que alegam quando usam fóruns públicos para censurar e acusar um pastor de quem eles discordam.)

Quando 1 Timóteo 5:20 diz: “Aqueles que continuam em pecado, repreenda-os na presença de todos”, ele está falando aos presbíteros em particular. Aqueles em um ministério público devem ser repreendidos publicamente quando seus pecados se repetem, em público, e são confirmados por várias testemunhas.

No entanto, tenho escrito para Mark em particular sobre minhas preocupações. Ele rejeitou meu conselho. Com relação a este fato, ele pregou o sermão que venho citando, sete semanas após receber minha carta privada onde o encorajava a levar a sério o padrão de Santidade que as Escrituras impõem aos pastores. Aqui está uma pequena seleção da carta de seis páginas que o enviei:

Você [não] pode fazer cristãos adotarem modismos mundanos como se fossem um caso bíblico – especialmente quando aqueles modismos estão diametralmente em oposição ao discurso saudável, mente pura e comportamento casto que Deus nos conclama a exibir. Em sua essência, trata-se de ideologia. Não importa o quanto a cultura possa mudar, a verdade nunca muda. Quanto mais a igreja se acomoda as bases elementares da cultura, mais ela comprometerá inevitavelmente sua mensagem. Não devemos trair nossas palavras através de nossas ações; devemos estar no mundo, mas não ser do mundo... É vital que você não envie uma mensagem sobre a importância da sã doutrina e uma mensagem totalmente diferente sobre a importância do discurso são e da pureza de mente irrepreensível.

A resposta de Mark Driscoll a esta admoestação e as coisas que ele tem dito desde então só têm aumentado minha preocupação.

Mark Driscoll realmente expressou arrependimento sobre a reputação que sua língua o rendeu a alguns anos atrás. No entanto, nenhuma mudança substancial é observável. Apenas a algumas semanas, em uma diatribe raivosa dirigida a homens de sua congregação, Driscoll mais uma vez lançou um palavrão totalmente desnecessário. Algumas semanas antes disto, ele fez um escárnio público de Eclesiastes 9:10 (algo que ele tem feito repetidamente), fazendo piada disto em cadeia nacional. Então, aqui estão mais dois vídeos inapropriados de Driscoll que estão circulando entre jovens e estudantes universitários por quem tenho alguma responsabilidade pastoral. Em sua imaturidade, eles geralmente pensam que é maravilhosamente legal e transparente para um pastor falar assim. E eles se sentem a vontade para xingar e fazer piadas de forma semelhante em ambientes mais casuais.

Já passou da hora da questão ser tratada publicamente.

Finalmente, é seriamente exagerado dizer do envolvimento de John Piper e C. J. Mahaney que eles estão “discipulando” Mark Driscoll. Em primeiro lugar, a idéia de que um homem crescido, já em ministério público e sob os holofotes da TV nacional, necessita de espaço para “receber a instrução de mentores” antes que seja justo sujeitar suas atitudes públicas ao escrutínio bíblico parece inverter todo o processo. Estes problemas têm sido discutidos em ambos os contextos, público e privado, por pelo menos três ou quatro anos. Em algum ponto, o argumento de que esta é uma questão de maturidade e que Mark Driscoll apenas precisa de tempo para amadurecer perdeu a eficácia. Neste ínterim, a mídia está tendo um festival para escrever histórias que sugerem que conversação desprezível é uma das marcas registradas do “Novo Calvinismo”; e inúmeros estudantes a quem amo e conheço pessoalmente estão sendo conduzidos a um comportamento carnal semelhante ao imitarem o discurso e estilo de vida de Mark Driscoll. Para tudo há um limite.

Sim, eu informei John Piper e C. J. Mahaney das minhas preocupações sobre este material a várias semanas atrás. Discriminei todas estas questões em detalhes muito mais minuciosos do que tenho escrito aqui, e disse-lhes expressamente que estava preparando esta série de artigos para o blog.

Para aqueles que perguntam por que os pastores Piper e Mahaney (e outros em posições chaves de liderança) não têm expressado publicamente suas próprias preocupações similares, esta não é uma pergunta para mim. Espero que você escreva e pergunte a eles.

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1 É uma espécie de classificação de conteúdo para que os pais americanos tenham uma idéia daquilo com que seus filhos estão tendo contato. NC-17 seria, por exemplo, um filme contendo senas de sexo explícito ou violência excessiva. Poderia ainda conter obscenidades, pornografias, linguagem sexual ou violenta [N. do T.].

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Fonte: Grace to you
Tradução: Nelson Ávila
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