A Armadura de Deus
Ao descrever a armas espirituais do crente, Paulo, em Efésios 6:13, diz o propósito: “...para que possais resistir no dia mau.” Este vocábulo, “resistir”, é um verbo: (Gr.) "anqisthmi". Ele exprime a idéia de opor-se, defender-se, fazer face a, colocar-se contra, permanecer firme. A idéia que exprime este vocábulo é a de não retroceder diante dos ataques do inimigo, para não lhe conceder nenhuma vantagem ou vitória. Ele aparece, também, em passagens como Tg 4:7 e I Pe 5:9.
A pergunta é: como resistir, opor-se, fazer face ao diabo? Em Efésios 6: 14-17, Paulo passa a dizer que o crente deve resistir ao diabo revestindo-se da armadura de Deus.
Quando Paulo cita a armadura, ele tinha em mente o soldado romano preparado para a guerra. Ele usa esta figura para exemplificar a luta do crente e como, este, pode vencer. A metáfora denota o revestimento do Senhor Jesus que o crente deve ter. Todas as partes da armadura são pertencentes ao caráter de Cristo e são adquiridas pelo crente através do Espírito Santo.
Alguns vestem a armadura como algo místico de eficácia instantânea, ao proferir algumas orações. No entanto, não cremos que seja isso que Paulo tinha em mente. É certo que o apóstolo, quando advertia os crentes a vestirem a armadura de Deus, estava pensando no revestir-se da natureza moral de Cristo; revestir-se do próprio Cristo.
Portanto, essa é a arma que Deus nos oferece para resistir no dia mau. A seguir, veremos as armas de defesa que as Escrituras nos oferecem:
A Verdade - O cinto, ou cinturão, era posto em torno da cintura, usado com a finalidade de apertar a armadura em volta do corpo e sustentar a adaga e a espada.
Esta verdade poderia, muito bem, significar a verdade moral, o oposto da mentira - o que seria lógico, pois satanás é o pai da mentira. No entanto, é certo que o significado desta verdade, exposta por Paulo, vai muito além do significado de verdade ética. Considera-se que esta verdade é a verdade de Deus; ou seja, a verdade cristã, o conjunto das doutrinas cristãs, que é o que sustenta tudo o mais - segundo o mesmo uso que palavra denota em Ef 4: 15.
A justiça - A couraça era uma peça da armadura romana que constituía-se em duas partes: a primeira, cobria a região do tórax, e a outra parte cobria a região das costas. Esta peça tinha a finalidade de proteger as regiões vitais do corpo.
Paulo, ao usar esta peça, como metáfora, para exemplificar a justiça, tinha em mente a justificação. Em Rm 8, Paulo comenta que nada poderá condenar o crente, pois é Deus quem o justifica. Isso quer dizer que (1) não podemos confiar em nossa própria justiça, ou santidade, para vencer o inimigo, mas confiar na justiça que vem de Deus, através do sacrifício de Jesus; por isso, é que nada, nem anjos nem potestades, poderá nos separar do amor de Deus. (2) Quando somos justificados, o Espírito Santo opera em nós a obra da santificação; uma obra conjunta com o crente, no qual, este, assume, de forma gradual, o caráter de Cristo, em particular, o caráter justo, íntegro - Paulo aplica este termo, desta forma, em Ef 4:24 e 5:9.
O Evangelho da paz - A sandália romana, usada como figura pelo apóstolo Paulo, era feita de couro e possuía vários cravos, formando uma camada espessa. Esta peça tinha a finalidade de proteger os pés do soldado, onde quer que ele fosse.
Para esta peça, são usadas algumas interpretações, como a que diz que Paulo está referindo-se ao evangelismo. No entanto, é preferível a interpretação de que Paulo refere-se à paz com Deus, consigo mesmo e com o próximo, que o Evangelho proporciona. Esta paz é a tranqüilidade mental e emocional - oriunda da consciência da plena aceitação da parte de Deus - que o crente tem por onde vai, e em toda e qualquer situação.
A fé - O escudo, usado como ilustração pelo apóstolo, era grande o bastante para proteger o corpo inteiro do soldado. Ele era formado de duas partes de madeira, recobertas de lona e, depois, de couro.
Aqui, o apóstolo Paulo, refere-se a fé salvífica, de acordo com o contexto de Ef 1:15, 2:8; 3:12, que produz entrega total da alma do crente a Cristo. É a crença que Cristo, como Senhor, domina, controla e dirige todos os aspectos da vida do crente. Esta fé tem a eficácia de anular os dardos inflamados o maligno.
Salvação - O capacete, usado por Paulo para exemplificar a salvação, era formado de couro grosso ou metal. Era usado para proteger o soldado de golpes de espada, proferidos em sua cabeça.
A salvação do crente, recebida pela graça divina, mediante a fé, é o que o livra dos ataques aterradores do diabo. Ela é uma proteção divina para o guerreiro que é crente. Quando a pessoa é salva da morte e do pecado através de Cristo, ela está escondida em Cristo e o diabo não a toca.
A Palavra de Deus - Poder-se-ia pensar que a espada é uma arma de ataque, e realmente o é; no entanto, ela, também, pode ser usada como defesa, e o contexto do texto de Efésios, nos da o subsídio necessário para pensar que aqui, ela é usada para defesa.
O que Paulo queria dizer usando a espada como ilustração? Certamente ele estava falando da atuação do Espírito na vida do crente, de tal forma, que torna a Palavra de Deus uma força viva na vida diária, a torna eficaz em nós e torna vigoroso o uso que fazemos dela.
Assim como a espada é morta quando não manuseada assim é a Palavra sem o atuar do Espírito na vida de quem a lê. A Palavra de Deus respaldada pelo Espírito Santo, da vida é mais cortante do que qualquer espada de dois gumes e é apta para discernir as intenções do coração (Hb 4:12).
Alguns interpretam este texto como se dissesse para usar a declaração de versículos contra o diabo. No entanto, o diabo não corre da mera declaração de versículos, mas, sim, da eficácia que a operação das Escrituras, através do Espírito Santo, obtém na vida do crente.
Fontes: “4 Princípios Básicos da Batalha Espiritual”, Augusto Nocodemus Lopes, http://solascriptura-tt.org/ e “Movimento de Batalha Espiritual”, Nelson Leite Galvão, www.cacp.org.br.
Pesquisa e organização: Clériston Andrade - Juazeiro-BA
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