Sobre a resposta de um arminiano ao Granconato

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Anda circulando na internet a resposta de um arminiano ao Granconato, sobre o texto de Mt 11:21-24. Não vou tratar sobre esse texto. Deixo os comentários para os exegetas de plantão. Quero falar sobre a presciência divina como a solução mágica para explicar o caráter divino.

Para o arminiano, não existe qualquer possibilidade de coexistência da eleição incondicional, vulgo predestinação, com o amor, misericórdia e justiça divinos. Ou Deus é estas três últimas coisas ou ele predestina. Na percepção de muitos respeitáveis e dedicados teólogos, Deus eleger de acordo unicamente com a sua vontade o tornaria um cruel e desamoroso tirano, pois estaria impedindo que alguns fossem ao céu, ao mesmo tempo que a outros concederia  esse privilégio de “mão beijada”. Está bem, então, vamos trabalhar com a mesma lógica, mas em sentido oposto.

Ora, sendo Deus bom, amoroso, misericordioso e justo, ele deveria conceder, pela lógica arminiana, a todos os homens iguais oportunidades de conversão e “acesso” a sua graça. Mas nós sabemos que isso não acontece. Deus não dá a todos os homens a mesma chance de conversão. Alguns ouvem o evangelho uma vez, outros uma centena. Há quem se converta somente na centésima. E então, como é que fica a justiça divina nesse caso?

Seguindo em frente, vamos considerar agora que Deus prevê quem irá se converter e quem não, e partir para uma ilustração. José e João têm, hoje, dez anos. Deus já viu que José se converterá, e que João não. Imaginemos agora que você tivesse acesso a essa informação. Você até poderia pregar para João, mas saberia que ele sempre permaneceria na incredulidade. “Sim, claro, por escolha dele”, objeta o arminiano. Mas seja sincero: não lhe parece o destino de João tão determinado quanto o de um não predestinado? Para se livrar dessa pedra no sapato, alguns arminianos e(in)voluíram para a Teologia do Processo ou Teísmo Aberto. Pronto, problema resolvido. Ninguém está mais com o destino selado, nem por você mesmo, nem por Deus. 

Mas o ponto chave é este: não estaria Deus sendo cruel ao mandar para o inferno uma pessoa, quem quer que seja? Se Deus é amor, misericordioso e justo, não haveria um modo diferente de resolver o problema que não enviando pecadores insensatos para o inferno? Afinal, Deus é Deus, e não seria difícil para ele achar outra solução.

Você enxerga o problema nessa argumentação? Se não, eu deixarei mais claro aqui. Sempre que tentamos encaixotar o amor, a bondade, a misericórdia e justiça de Deus, impondo limites ao que é ou não bom e justo, nós nos tornamos juízes de Deus. A ânsia de servir a um deus politicamente correto tem levado muitos a tentar explicar a participação divina nas tragédias de uma maneira mais adocicada, boazinha.

Falta ao arminiano aceitar que Deus é tudo isso que vivem repetindo dentro de Seu próprio padrão de conduta, que não é igual ao nosso. Ele não está sujeito ao tempo, espaço e à matéria como nós. Por que, então, estaria sujeito às mesmas regras morais? Deus mandou dizimar povos, matou “inocentes” criancinhas primogênitas no Egito, e Ele manda para o inferno pessoas boas aos nossos olhos. Mas aí está o problema. Tudo isso que entendemos como bom ou ruim, espiritualmente falando, está distorcido. É por isso que pessoas boas (aos nossos olhos) vão para o inferno. As pessoas boas de verdade vão para o Paraíso.

O calvinista verdadeiro aceita o que a Bíblia diz. Deus é amor, é justo e todo aquele leque de qualidades que podemos enumerar, ao mesmo tempo que reconhece que Deus também elege segundo bem quer e endurece o coração de alguns para recusarem sua vontade.

A verdade é que não dá para um calvinista discutir com um arminiano, porque o arminiano quer entender e explicar Deus, enquanto o calvinista se limita a aceitar Deus como Ele é, mesmo que não possa, é claro, compreender todos os mistérios.

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Autor: Renato César
Divulgação: Bereianos
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