A igreja de Utópolis – Testemunho
A igreja de Utópolis é extraordinária. Não são tanto os seus membros que o afirmam. O fato é atestado pela comunidade na qual está inserida. No domingo, quem se aproxima do templo, modesto mas acolhedor, entra num ambiente de festa. A cordialidade e a transparência das pessoas é cativante. Quando rompi o espaço que parecia ser um setor de relações públicas e adentrei no santuário, fiquei ainda mais estupefato. Não haviam olhares interrogantes ou apatia. Senti que todos se conheciam, se amavam, se sentiam responsáveis uns pelos outros.
A comunhão que tinham com Deus marcava a comunhão que mantinham entre si. Pude observar que o evangelho funciona e é verdade. A nova humanidade, fruto da redenção, da conversão e da dinâmica do Espírito Santo, ali aparecia com plena exuberância. E como é agradável viver a bênção da reconciliação com intensidade e autenticidade.
Logo que o culto começou, pensei que a atmosfera existente desapareceria na passiva assistência a um culto formal. Qual nada. O que aconteceu jamais me esquecerei. Participei de um louvor que me colocou na presença de Deus. Mas nada de músicas repetitivas e cheia de expressões como “chuva, fogo, noiva ou noivo”. Era um louvor com compromisso. A confissão de pecados chegou a me arrepiar. Consegui me livrar de algumas coisas que já estava carregando a tempos. A intercessão era uma luta com Deus contra o diabo, a dor, a morte. A pregação sem rodeios ou soberba, falava das coisas de Deus e do viver um cristianismo autêntico. A palavra calava no coração. A graça e o Espírito aplicavam-na. O verbo se fazia carne. Senti a transformação de Deus em minha vida. Aliás não conheci o pastor antes do culto porque estivera em oração com outros irmãos. Quando a figura inexpressiva apareceu, fiquei um tanto desalentado. Mas quando o homem – digo melhor, o homem de Deus – liderou o culto, tive que pedir perdão a Deus.
Foi um culto com muita participação. No final, houve um apelo sem nenhuma apelação para aqueles que não haviam recebido a Cristo com Salvador de suas vidas. Grande foi a minha surpresa e alegria quando contemplei dezenas de vidas se entregando a Jesus. Ao perguntar ao pastor como isso era possível, ele relatou-me que toda a igreja evangelizava. Ele só sacudia a árvore e os frutos caiam. Que igreja evangelística!
Ao término do culto havia no ar um sentimento de que o Espírito Santo havia se manifestado e muita alegria entre os presentes. Numa igreja assim eu posso ficar quatro horas sem consultar o relógio. Por isso mesmo, participei da reunião de uma comissão que se chamava “diaconia”, após o culto.
A recessão e o desemprego trouxeram alguns problemas sérios para algumas famílias da vizinhança. No entanto, a igreja não queria se ocupar tanto com o céu, a ponto de se despreocupar com a terra. Quando entrei na sala da reunião diacônica, vi coisas as quais já sonhara, mas nunca vira. É que os irmãos que tinham emprego, traziam arroz, feijão, açúcar, e enlatados. O líder da reunião tinha a lista das famílias desempregadas. Antes de se fazer a distribuição dos alimentos, todos oravam pela necessidade de emprego e justiça social no mundo, mas também pela orientação de Deus para com a distribuição dos alimentos trazidos. Metade dos víveres foi para as famílias necessitadas da igreja. A outra para as famílias pobres da comunidade. O que foi espantoso é que ninguém no culto alardeou este ministério da igreja.
Finalmente encontrei a igreja que eu sempre sonhei!
Então o relógio despertou e eu acordei...
jerry_acr@yahoo.com.br
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