“...ressuscitou no
terceiro dia, subiu ao céu, e está sentado à direita de Deus Pai,
todo-poderoso, de onde virá para julgar os vivos e os mortos”.
Chegamos à última lição
acerca do Cristo, vendo após o seu padecimento, a sua grandiosíssima vitória.
Vitória esta que começa quando ele venceu a morte e ressuscitou corporalmente.
A ressurreição e a ascensão de Cristo são pilares da fé cristã: Jesus Cristo
vive. Logicamente, os inimigos da cristandade não aceitam tal fato e fazem
troça do nosso credo. Mas seria tão improvável mesmo que Cristo tenha
ressuscitado? Teríamos argumentos que validassem a ressurreição? E acerca da
ascensão? O que será que a subida corpórea do Cristo aos céus tem a dizer para
nós hoje?
Além disso, o Credo nos
lembra sobre a segunda vinda de Jesus, no qual virá para julgar as nações e
estabelecer o seu Reino de forma definitiva. Novamente é preciso frisar que não
crer em algum destes postulados é não crer naquilo que ensina a Escritura,
portanto, não podemos considerar um autêntico cristão alguém que nega a
veracidade destes fatos. Assim como o nascimento e a morte de Cristo se deu na
História, o que se seguiu após o seu sepultamento, segundo nos diz as
Escrituras, também foram acontecimentos históricos.
O
TÚMULO VAZIO
A principal forma de
desmentir a ressurreição de Cristo seria abrir o seu túmulo e nele ver o seu
cadáver ou a sua ossada. Bastava isso e pronto, o cristianismo teria seus dias
contados e seus discípulos seriam desmascarados como farsantes. Jesus foi
sepultado e isso é inegável, pois documentos históricos atestam isso. Os
próprios evangelhos, incluindo os apócrifos, relatam que Cristo foi sepultado
na tumba de José de Arimatéia, um membro do Sinédrio. Devemos lembrar que o
Sinédrio condenou o Messias e seus líderes não tinham a simpatia dos cristãos.
Sendo assim, porque raios iriam inventar que uma pessoa que participou do
julgamento condenatório de Cristo, cedeu-lhe um túmulo?
Ademais, o registro do
túmulo vazio também se faz presente nos evangelhos e em discursos apostólicos
(Atos 2.29 e 13.36). E quem descobriu que a tumba estava vazia? Um grupo de
mulheres. É sabido que na cultura judaica, o testemunho feminino não tinha
validade. Se os evangelistas intencionassem inventar que Cristo havia
ressuscitado dentre os mortos, com certeza, iriam relatar que os apóstolos,
talvez Pedro ou João, foram as primeiras testemunhas da ressurreição. Os
fariseus, os saduceus e até Roma poderiam facilmente desmentir a ressurreição,
e até aparecer com o corpo do Nazareno, no entanto, mediante ao fato
inconteste, apenas inventaram que o corpo havia sido roubado.
A
NOVA RELIGIÃO
A adesão ao Cristianismo
foi crescente, e isso implica numa troca de religião de judeus devotos. A
unidade cultural e religiosa do judaísmo é tão forte, que mesmo na diáspora,
eles conseguiram manter sua identidade como povo. Paulo, um fariseu renomado e
zeloso pela tradição judaica não iria abandonar seu status para viver, padecer
e morrer, senão tivesse plena certeza de seu chamado. Ele viu a Jesus
ressuscitado, como nos diz o texto de 1 Coríntios 15. Ele e muitos outros foram
testemunhas oculares da ressurreição. Um judeu do primeiro século não iria trair
a revelação de Iavé, pois isso acarretaria em arriscar a sua salvação. Seria o
equivalente a mentir contra o Deus de Israel.
A ideia de um corpo
ressuscitado era tão absurda para a cultura judaica como a cultura helenística
(1Coríntios 1:23). Era um conceito novo, não tão bem compreendido e tinha tudo
para ser impopular, como foi para muitos e ainda é. Mas, este é um fundamento
do cristianismo e importa ser pregado.
COM
CRISTO VENCEREMOS
Embora tenhamos esses e
outros argumentos em defesa da ressureição de Cristo, devemos ter ciência de
que é a fé e não a razão que nos inclina para reconhecermos, e aceitarmos, essa
verdade contida nas Escrituras. Por ser a fé um dom divino, faz-se necessário
que o Salvador primeiramente se revele ao homem, para que este possa adorá-lo e
afirmar tal como disse o apóstolo Pedro: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”
(Mateus 16:16).
A fé é necessária para
compreendermos que a ressurreição foi um ato da Trindade, e esta demonstração
de poder atesta a veracidade do ministério de Cristo. Ele de fato é o Filho de
Deus. Sua vitória sobre a morte assegura para todo o que nele deposita a sua fé
que com ele viveremos. Sua ressurreição indica que também ressuscitaremos e
teremos este nosso corpo corruptível transformado. Vejamos o que diz a
Confissão de Fé de Westminster:
“No último dia, os que estiverem vivos não morrerão, mas serão mudados; todos os mortos serão ressuscitados com os seus mesmos corpos e não outros, posto que com qualidades diferentes, e ficarão reunidos às suas almas para sempre”.
I Tess. 4:17; I Cor. 15:51-52, e 15:42-44.
Se não cremos nisso, nossa
pregação é vã, como disse o apóstolo Paulo aos coríntios (1 Co 15.12-20). Mas o
mesmo apóstolo testifica que Cristo ressurgiu dos mortos, e ao vencer a morte,
como o segundo Adão, nos legou o direito a vida. Como o próprio Jesus disse a
irmã de Lázaro:
“Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim, não morrerá eternamente. Você crê nisso?” - João 11:25,26
A
DESTRA DE DEUS
A ascensão de Cristo é o
cumprimento da profecia de Daniel 7.13-14. O próprio Jesus falou acerca dela
(Mt 26. 64). Este evento é a última etapa da sua primeira vinda, onde exaltado
acima de todo o nome após sua humilhação e padecimento (Fl 2. 5-11), Ele agora
se encontra a destra do Pai, numa posição de autoridade, sendo o regente que o
mundo reconhecerá e se curvará após o seu eminente retorno.
O fato de Cristo ter sido
assunto aos céus é de vital importância para nós. Como dito aos doze, Ele foi
preparar o nosso lugar no seu Reino de Glória. E quando voltar nos levará, isto
é, seu povo, para habitar com Ele em sua eterna morada. (Jo 14. 1-3). E
enquanto Ele não vem, ficamos na companhia do Espírito Santo, o consolador
enviado pelo Pai em nome de Cristo, que ilumina nossos corações nos fazendo
entender e crer no Evangelho (Jo 14.26). Logo, esta partida de Cristo é também
boa-nova e foi idealizada para o bem dos seus seguidores.
Na revelação que Deus
concedeu ao apóstolo João, que viu o Senhor exaltado em seu trono (Ap 1.13-18),
há um capítulo que resume a história da redenção. Este capítulo fala do
nascimento do Messias e revela que Deus-Pai o arrebatou para si, colocando
junto ao seu trono (Ap 12.5). A partir desse evento, desencadeia-se uma guerra
celestial na qual o Diabo, que tinha o papel de ser nosso acusador, é lançado
fora, tendo Cristo vencido o seu oponente. Com a autoridade que lhe cabe, foi
declarado seu senhorio sobre o Reino de Deus (Ap 12.10).
O papel que Cristo ocupa
no céu é o de Senhor absoluto do cosmos. O cordeiro imolado é também um leão
que ruge com poder e glória, reivindicando para si todas as coisas que estão na
terra e no céu. Com sua força vence os seus adversários e subjuga a todos
debaixo dos seus pés. Além disso, Cristo nos céus é o nosso intercessor, que
por nós roga diante de seu Pai. Ele é o sacerdote que entrou no tabernáculo
celestial (Hb 4.14) uma vez por todas, nos redimindo em definitivo, para que
entremos no seu descanso. O autor de Hebreus conclui dizendo:
“Assim sendo, aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade”. - Hebreus 4:16
CONCLUSÃO
Ao findar a seção que
trata de Cristo, o Credo nos lembra de que Ele irá voltar. A segunda vinda do
Messias é o desfecho da História, o fim do concurso dos nossos dias num mundo
caído. Estamos nos “últimos dias” que são aqueles vividos entre a primeira e a
segunda vinda de Jesus, e devemos aguardar o seu retorno, vivendo como se fôssemos
a última geração da terra - mesmo que não sejamos e o Senhor se prolongue por
mais algumas gerações.
É verdade que muitos
zombam da segunda vinda do Cristo e dizem que Ele está se demorando. Afinal,
passaram-se 20 séculos e nada dele ter voltado. Mas como diz o apóstolo Pedro:
“Não se esqueçam disto, amados: para o Senhor um dia é como mil anos, e mil anos como um dia. O Senhor não demora em cumprir a sua promessa, como julgam alguns. Pelo contrário, ele é paciente com vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento”. - 2 Pedro 3:8,9
Cristo retornará e virá
para os que o esperam e para os que não o esperam. O dia e a hora ninguém sabe,
mas devemos viver de maneira santa e piedosa esperando o grande dia (2 Pedro
3.11,12). Como soldados em uma trincheira, devemos estar sempre vigilantes e
preparados. E a nossa pregação não deve omitir que acreditamos no retorno de
Jesus que virá buscar a sua igreja.
No Dia do Juízo, Cristo vem como Rei e em seu trono julgará todas as nações. Este dia será de
alegria para os que creram em seu nome e por Ele foram redimidos pelo sangue
vertido na cruz do calvário. Mas, os incrédulos serão declarados culpados por
todos os seus pecados e terão que pagar pelos mesmos. Aos que não creem, este
dia será de dor e de remorso.
Mas saber que o Rei dos
Reis julgará com equidade e justiça é um alívio para quem nele deposita a
esperança. Toda injustiça não ficará impune. Toda opressão se desfará. As
mazelas deste mundo não serão mais vistas na consumação do Reino e com o
ausente efeito do pecado sobre nós, poderemos gozar de paz perfeita na presença
do Deus triúno. Louvado seja Cristo, que encarnou, foi crucificado, sepultado,
ressurreto, assunto aos Céus e que em breve voltará trazendo consigo – em definitivo
– o seu Reino.
Soli
Deo Gloria
Autor: Pr. Thiago Oliveira
Divulgação: Bereianos
Leia também:
Série Credo Apostólico - Parte 1: Um Símbolo da Fé Cristã
Série Credo Apostólico - Parte 2: Pai, Todo Poderoso, Criador
Série Credo Apostólico - Parte 3: Jesus Cristo é o Senhor
Série Credo Apostólico - Parte 4: O Redentor no Espaço-Tempo
Série Credo Apostólico - Parte 5: O Padecimento do Cristo
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