Uma pequena nota sobre a Perseverança dos Santos

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A DOUTRINA DA PERSEVERANÇA DOS SANTOS diz respeito à preservação da salvação do eleito. Trata-se de uma afirmação de que o que Deus começa, ele completa. Louis Berkhof definiu a perseverança dos santos como segue: "A perseverança pode ser definida como a contínua operação do Espírito Santo no crente, pela qual a obra da graça divina que é iniciada no coração, é continuada e levada à conclusão" (Systematic Theology).

Registre-se que tal perseverança é na graça de Deus e na fé, e fé definida em termos de fiducia, de confiança na suficiência dos méritos de Cristo, de descanso quanto à perfeição do seu poder para levar a salvação da pessoa à sua plena realização. A Confissão de Fé de Westminster, Padrão doutrinário presbiteriano, no capítulo 17.1, afirma de maneira suficientemente clara: "Aqueles a quem Deus aceitou em seu Amado, chamou eficazmente, e santificou por seu Espírito, nunca podem cair total nem finalmente DO ESTADO DE GRAÇA, mas, certamente perseverarão até ao fim, e serão eternamente salvos". James Montgomery Boice e Philip Graham Ryken definem a perseverança dos santos da seguinte maneira: "Ela é a verdade de que aqueles que foram levados à fé em Jesus Cristo - conhecidos de antemão e predestinados à fé por Deus desde a eternidade passada, tendo sido chamados, regenerados e justificados nesta vida e de tal modo colocados no caminho para a glorificação final que se pode falar nessa glorificação como algo já concluído - nunca serão e jamais poderão ser perdidos" (As Doutrinas da Graça. p. 177).

A doutrina da perseverança trata da imperecibilidade do relacionamento de amor, iniciado pela livre graça, entre Jesus Cristo e a pessoa. A doutrina da perseverança dos santos não ensina que, por causa da obra do Espírito Santo no coração do pecador, este está isento ou imune a cometer pecados específicos. A bem da verdade, o único pecado do qual o eleito é preservado e, por essa razão, jamais o cometerá, é a blasfêmia contra o Espírito Santo, definido pelo próprio Jesus como o único pecado, a única blasfêmia sem perdão (Mateus 12.31). Mais uma vez citando Boice e Ryken, eles fazem algumas observações a respeito do que a perseverança dos santos não significa: "1. Perseverança não significa que os cristãos são imunes a todo perigo espiritual só por serem cristãos [...] 2. Perseverança não significa que os cristãos são sempre impedidos de cair em pecado, só por serem cristãos" (op. cit., p. 178). Dessa maneira, é preciso compreender que "perseverança não significa que os cristãos não cairão, mas apenas que eles não se perderão" (op. cit., p. 178).

A perseverança dos santos não imuniza o crente de cometer determinados pecados nem estabelece um index de causa mortis inaplicáveis aos crentes. Esta bendita e gloriosa doutrina ensina que o pecado não terá a vitória final sobre o crente, a saber, quebrar a sua comunhão, o seu vínculo de amor com o doce Redentor. Jesus afirmou algo belo, em João 10.27-29: "As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar". Algumas expressões nesse texto precisam saltar aos nossos olhos: "JAMAIS perecerão", "NINGUÉM as arrebatará da minha mão", "aquilo que o Pai me deu é maior do que TUDO" e "e da mão do Pai NINGUÉM pode arrebatar". A metáfora utilizada nos proporciona uma terna imagem pastoral da verdade de que o próprio Cristo, que nos salvou, assume a responsabilidade de me guardar da danação eterna. Ninguém pode me arrebatar da sua mão. Nem mesmo eu. Ainda que eu abra as minhas mãos, na tentativa de me soltar, ele me sustentará firme. Eu nunca me apartarei definitiva e completamente do meu Salvador. E mais, a segurança retratada na passagem é dupla, por assim dizer. Somos agarrados pelo Pai e pelo Filho.

A mesma verdade é afirmada pelo apóstolo Paulo numa passagem clássica sobre a segurança da salvação e o caráter absoluto da justificação pela fé: "Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós" (Romanos 8.32-34). Nos versículos seguintes, o apóstolo assevera, de maneira enfática, que ninguém, absolutamente ninguém, pode separar um eleito do amor de Deus em Cristo Jesus: "Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor" (vv. 8.35-39). Chamo a atenção para dois detalhes importantes dessa passagem.

O primeiro deles é que é muito interessante a referência à "morte" no versículo 38. O apóstolo Paulo fala de morte (thánatos) de modo generalizado, ou seja, a morte, em suas mais variadas formas, não é capaz de nos apartar do amor de Deus em Cristo Jesus. O segundo detalhe é a afirmação de Paulo, no sentido de que ninguém pode nos condenar, uma vez que Jesus morreu por nós, ressuscitou por nós e está à direita de Deus intercedendo por nós (v. 34). Precisamos dar o devido peso, a devida importância à continuidade da obra sacerdotal de Jesus no céu. Ele não apenas morreu por nós na cruz do Calvário. Ele não apenas levantou da sepultura para a nossa justificação, mas ascendeu aos céus e, como coloca o autor aos Hebreus: "também pode SALVAR TOTALMENTE os que por ele se chegam a Deus, vivendo SEMPRE PARA INTERCEDER POR ELES" (7.25). Podemos contar com a intercessão do nosso precioso Redentor, inclusive no momento em que, à semelhança de Cristão, tivermos que atravessar o caudaloso rio da morte. Não podemos fazer outra coisa, senão bradar juntamente com o apóstolo Paulo: "Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?" (1Coríntios 15.55).

Você que lê esta nota precisa se firmar nesta verdade: "O Salvador que ordenou a tua salvação antes da fundação do mundo, que enviou seu Filho para viver e morrer por você na cruz do Calvário, que enviou o seu Espírito reivindicar você como seu filho, nunca deixará você. E nem mesmo a aproximação da morte pode agora apartar você de Cristo, pois é Cristo quem te sustenta. Ele manterá você seguro no caminho para casa" (Michael A. Milton. What Is Perseverance of the Saints? p. 31).

Ah, como precisamos resgatar a devida compreensão desta bendita verdade. Na verdade, a saúde das nossas igrejas passa pela recuperação das antigas doutrinas da graça. O puritano Thomas Watson percebeu a importância dessa bendita doutrina: "O principal conforto de um cristão depende dessa doutrina da perseverança" (A Body of Divinity. p. 279).

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Autor: Rev. Alan Rennê Alexandrino Lima
Fonte: Perfil do autor no Facebook
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O que você faz quando seu casamento azeda?

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Phil e Emily não vieram para encontrar ajuda na resolução dos problemas no casamento deles, embora tenham ligado para capelão para pedir aconselhamento matrimonial. Realmente, suas mentes já estavam feitas – eles tinham decidido obter o divórcio. Todavia, eles eram Cristãos e sabiam que o divórcio era errado visto que eles não tinham fundamentos bíblicos para ele. Não tinha havido nenhum adultério, nenhuma deserção; somente “um enorme sofrimento”. “Se pudermos apenas fazê-lo concordar que continuar neste casamento é uma impossibilidade”, eles pensaram, “então talvez ele seja capaz de nos mostrar como em nosso caso Deus fará uma exceção à Sua lei”. Era assim que eles estavam raciocinando internamente quando no primeiro encontro contaram suas estórias para o Capelão Cunningham.

Quatro promessas para cristãos que sentem atração homossexual

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Sou casado, pai e pastor e desde que eu possa me lembrar, tenho experimentado desejos por pessoas do mesmo sexo. Embora eu sempre tenha sido atraído, tanto fisicamente, quanto romanticamente, por mulheres, eu também nunca deixei de sentir profundas atrações, tanto sexuais, quanto emocionais, por homens.

Muitos em nossa cultura iriam querer rotular pessoas como eu como “bissexuais”, mas eu acredito que Jesus tenha dito algo melhor.

“Sinto, logo...”

A ética sexual, em geral, de nossos dias é “Sinto, logo existo”. Vemos isso claramente nas discussões atuais sobre “identidade de gênero”. Os proponentes das chamadas “identidades de gênero não-binárias” sugerem que, se alguém se sente de um gênero contrário ao do seu sexo biológico, ele pertence à uma identidade que se correlaciona melhor com os seus sentimentos. Da mesma forma, muitos na nossa cultura pensariam em pessoas como eu a partir da ideia de que se você sente desejos homossexuais, logo você é homossexual.

Muitas vezes, ouvimos declarações como: “Você não pode escolher quem você ama; seja verdadeiro consigo mesmo”. Ou, “Pare de esconder seus sentimentos e abrace quem você realmente é”. Essas declarações significam que seus desejos sexuais realmente o definem. Seus desejos determinam sua definição. Suas atrações sexuais são quem você realmente é no cerne do seu ser.

A Bíblia, no entanto, não ensina: “Sinto, logo existo”, mas sim, “Sinto, logo careço”. Como resultado da queda, nossos corações estão fora de ordem e são sombrios (Romanos 1.21). Ao invés de amar a luz e odiar as trevas, amamos as trevas e odiamos a luz (João 3.19). E quando nos apaixonamos pelas trevas, pecamos e escolhemos o caminho da morte (Tiago 1.14-15, Provérbios 14.12).

Em resumo, ser humano em um mundo caído significa ser atraído por coisas que são contrárias ao crescimento do homem em Deus, coisas que são contrárias ao bom plano de Deus para nós, coisas que conduzem à morte. Sinto essas atrações pelo pecado, logo, eu careço de um Salvador.
        
Como tenho lutado diariamente contra a atração por pessoas do mesmo sexo, quatro promessas particulares têm sido como “tiros certeiros da graça” em minha luta pela alegria.

Liberdade da Punição da Atração Homossexual
       
Os cristãos que lutam contra desejos por pessoas do mesmo sexo muitas vezes se sentem especialmente embaraçados e envergonhados por causa desses desejos. Sentimos a perversão de nossas vontades e desejos distorcidos e, como resultado, muitas vezes nos sentimos muito sujos para estar em comunidade com os outros, ou para estar em comunhão com Deus.
       
Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.” (Romanos 8.1). Cristãos, Deus nunca usará sua atração por pessoas do mesmo sexo contra você. Visto que Cristo tomou o cálice cheio da ira de Deus em seu favor (Romanos 5. 8-9; 1 Pedro 3:.8), você nunca experimentará em nenhum momento o juízo de Deus sobre seus desejos homossexuais, ou sobre qualquer outra coisa.

Liberdade do Poder da Atração Homossexual
       
Muitas vezes, os cristãos que experimentam desejos homossexuais sentem-se desamparados e desesperados com o poder desses desejos. À medida que as atrações se intensificam, as tentações se aprofundam e as fantasias - como uma miragem de água fria em um deserto - parecem cada vez mais atraentes, o desejo por uma relação com alguém do mesmo sexo pode ser tão potente que parece quase impossível de ser vencido. 
       
Cristão, por causa da obra realizada por Cristo na cruz, suas atrações por pessoas do mesmo sexo não têm mais domínio sobre você (Romanos 6.14); Cristo tem domínio sobre você agora (Romanos 6.22; Efésios 6.6). Visto que você foi crucificado com Cristo (Gálatas 2.20), você não é mais escravo dos seus desejos, você é totalmente livre para rejeitar seus desejos e torná-los impotentes em sua vida (Romanos 6.6-7). 
       
Mesmo em seus momentos de maior tentação, considere-se morto para os desejos homossexuais e viva para Deus através da fé em Jesus Cristo (Romanos 6.11).

Liberdade do Prazer da Atração Homossexual
        
A principal mentira que a atração homossexual nos diz é que uma experiência com alguém do mesmo sexo será mais prazerosa e mais satisfatória do que o que você está experimentando aqui e agora. Mas Deus promete que o próprio Cristo é infinitamente mais prazeroso e satisfatório do que qualquer coisa que este mundo tenha a oferecer (Salmo 16.11; Salmos 107.9), incluindo a falsa salvação da experiência homossexual.
       
Cristão, não acredite nas mentiras que a atração homossexual te diz. Nossas atrações homossexuais podem resultar de bons desejos de intimidade e amor, mas o pecado distorceu esses desejos em uma direção mortal. Assim como um espelho distorcido remodela a realidade e convence o olho de que as coisas parecem diferentes do que realmente são, o pecado remodela nossos desejos e vontades, e convence o coração de que a mentira é, na realidade, a verdade. Não acredite no espelho divertido da atração homossexual.
       
Os desejos que Deus te deu por satisfação profunda e íntima só podem ser cumpridos na pessoa de Jesus Cristo (João 6.35; Salmos 22.26).

Liberdade da Presença da Atração Homossexual
        
Talvez a coisa mais difícil para os cristãos que experimentam desejos homossexuais seja o fato de que esses sentimentos não desaparecem da noite para o dia, ou ao longo de meses, ou, muitas das vezes, nem mesmo durante toda a vida. Embora Deus tenha nos dado armas poderosas para combater o pecado - como a oração e o jejum - ainda devemos viver em nossos corpos caídos com nossas vontades e desejos perversos como nossa realidade sempre presente. Mas essas vontades e desejos têm um prazo de validade.
       
O crente, seu corpo, incluindo suas atrações e desejos pelo pecado, um dia serão finalmente e totalmente redimidos (Romanos 8.23). Quando essa redenção acontecer, em um instante, você nunca mais terá uma atração errada novamente, porque todos os seus desejos de intimidade e amor serão completamente cumpridos em Jesus Cristo.
       
Se você é um cristão lutando contra atrações por pessoas do mesmo sexo, saiba que você não é definido pelo seu pecado. Sua identidade não é determinada pelas suas tentações. “Abrace quem você realmente é” abraçando a Jesus Cristo e sua nova vida encontrada nele (2 Coríntios 5.17). “Seja verdadeiro consigo mesmo”, agarrando-se à própria verdade (João 14.6) e desfrutando das liberdades que Cristo, por meio de seu sangue, comprou para você.

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Autor: Christopher Asmus (Twitter: @ChrisAsmus) é pastor na Vertical Church St. Paul, uma nova igreja em St. Paul, MN. Christopher tem uma família feliz: é casado com Alexandria, com quem tem um filho chamado Haddon. 
Fonte: desiringGod
Tradução: Bruno dos Santos Queiroz
Divulgação: Bereianos
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O palhaço e o profeta: uma indefinição contemporânea

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“Não pode haver missão sem mensagem, nem mensagem sem definição da mesma.”[1] Fazendo uma pequena digressão, podemos observar que a afirmação feita acima, está de acordo com a compreensão de Condillac (1715-1780), que disse: “A necessidade de definir é apenas a necessidade de ver as coisas sobre as quais se quer raciocinar e, se fosse possível ver sem definir, as definições se tornariam inúteis.”[2] De forma complementar, parece-nos extremamente pertinente a concepção aristotélica de definição; ele diz: “Uma definição é uma frase que significa a essência de uma coisa.”[3]

Quando falamos do conteúdo do Evangelho, devemos definir o significado deste termo. Compreendemos ser o Evangelho o próprio Cristo. Ele é a personificação do Reino; Cristo é o centro para onde tudo converge. O Evangelho é Cristocêntrico, porque sem Cristocentricidade não há “Boa Nova”. Cristo é o autor e o conteúdo do Evangelho. Pregar o evangelho significa pregar a Cristo bem como tudo aquilo que tem relação com Ele (Rm 15.20), já que sem Cristo não haveria Evangelho (Lc 2.9-11).

“Eu sigo Cristo e não religião!” Como assim?

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O ser humano adora clichês – e falar em relacionamento com Cristo e em não ter religião é um dos que mais encontrou eco na nossa geração. Mas esse é um clichê vazio de significado. Na verdade é uma tolice que virou mantra.

A igreja, pastor, cristão... que oferece aos homens “um relacionamento com Cristo” – estão atrasados e fora da realidade.

A palavra religião se tornou completamente pejorativa na boca de muitos pregadores de hoje, e como se era óbvio de esperar, se espalhou pelos bancos das igrejas e redes sociais. Pregadores, bem intencionados ou não – sei lá – se dispuseram a fazer um trabalho duro e muito longo para retratar religião como uma roupa negra de regulamentos e regras. Então, Cristo é apresentado como uma alternativa completamente nova a tudo o que a vilania da religião representa. Então, um clichê quase virou um versículo bíblico: “Cristianismo não é religião, é relacionamento!”

Toda a ideia é um tanto superficial. Você não tem que fazer rituais estranhos, raspar a cabeça, se vestir estranho, usar gravata... para ser “religioso” – Um grupo de pessoas – não importa como eles sejam, abraçando um determinado conjunto de crenças qualifica-se como religião. Na verdade, todas as pessoas são religiosas de alguma maneira.

Ateus, por exemplo, são muito mais religiosos do que supostamente “racionais – em sua fé obstinada de incredulidade em algo, quando abraçam a fé em outras determinadas coisas e pressupostos – insistindo no nada racional – “o nada criou tudo!”

Não se engane, você é religioso quando repete a crença de um grupo que inventou um clichê, e que repete junto que não é religioso, mas que tem um relacionamento. Você é religioso, mesmo quando nega enfaticamente que é religioso. Na verdade, Paulo diz em Romanos 1 que todos os homens estão adorando e cultuando algo.

A questão primordial, na verdade, é se a religião – não importa se agora você odeia o nome – que você abraça é verdadeira ou falsa. Se ela glorifica a Deus ou o ofende. Se lhe dá glória ou “rouba” Sua glória.

A Bíblia lança luz sobre isso o tempo todo – definindo uma religião pura que reflete o correto relacionamento com Deus. A Bíblia não se furta em dizer: “A religião pura e imaculada é esta...

O Cristianismo bíblico, ou a religião divina, é uma questão de tendo sido regenerado e levado a Cristo pelo Espírito, ser levado a uma vida de santa obediência à Palavra de Deus – que é refletida em um enfrentamento com honestidade do que nós somos – moralmente falidos e dependentes da Graça soberana, que chama, regenera, dá o arrependimento, santifica... nosso interesse pela igreja de Cristo e pelo próximo é uma posição espiritual e moral intransigente em relação ao mundo e sua cultura que religiosamente adora a tantos deuses quanto é possível o homem criar.

A religião pura – que Tiago descreve, por exemplo – é o transbordar de um coração humano regenerado e por isso, em correta relação com o Deus único e Verdadeiro, Pai, Filho e Espírito Santo. Portando, sendo levado pelo amor que esse novo coração tem pela Nova Aliança, a obediência alegre e cheia de deleite à Sua Palavra.

A ideia de que o cristianismo não é religião, mais um relacionamento – essa frase – não faz nenhum sentido. É vazia.

A religião que um homem pratica (e todo homem pratica) depende, e é um reflexo do nosso relacionamento com o Deus verdadeiro. (E todo homem tem um).

Como dissemos no início, a igreja, pastor, cristão... que oferece aos homens “um relacionamento com Cristo” – estão atrasados demais e fora da realidade.

O ponto claro e evidente que parece que os repetidores de clichês evangélicos perderam, é que todos os homens estão num relacionamento com Deus, com Jesus... A questão apenas é se é um relacionamento bom ou ruim... todas as criaturas estão num relacionamento com Deus para o bem ou para o mal.

No que diz respeito aos homens, a Bíblia define o relacionamento do homem com Deus em duas categorias:
  1. Aqueles que são seu inimigos.
  2. Aqueles que eram inimigos e foram reconciliados por Graça Soberana.

Alguém me perguntou: “Como alguém pode ter um relacionamento com alguém que não conhece?” - Paulo responde: “Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu.” - Romanos 1:19-21 - (Deus! Pai, Filho e Espírito Santo!)

A Regeneração, Chamado Eficaz, arrependimento e conversão é a transição entre estar num relacionamento com Ele ou no outro.

Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua vida. E não somente isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual agora alcançamos a reconciliação.” - Romanos 5:10,11

Você vê – antes de sermos chamados, não estávamos sem um “relacionamento” com Deus... vivendo uma vida neutra... estávamos nos relacionando com Ele... como inimigos. E sendo religiosos, como todo ser humano, de forma errada – expressando nossa inimizade e desprezo a Ele.

Em Adão todos nascemos rebeldes contra Deus – nos relacionamos com Ele como Caim se relacionava... e todos os homens que já nasceram. Essa relação pessoal era tal, que estávamos debaixo da Ira infinita de Deus. Cada coisa que você fazia em toda a sua vida fora de Cristo se relacionava a Deus e era feita num relacionamento de inimizade contra Ele. Toda a obra de salvação cai num vazio, quando a reduzimos a um convite simplesmente a um “relacionamento”.

O problema humano JAMAIS FOI UMA FALTA DE RELACIONAMENTO COM DEUS! O problema era um relacionamento hostil – de nossa parte, e da parte d'Ele em relação a nós. É isso que torna a Graça Soberana tão surpreendente: “Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também.” - Efésios 2:3

Então o problema era o tipo de relacionamento pessoal que tínhamos com Ele – inimigos e hostis! – E esse é o estado ainda de todo homem que está fora de Cristo – debaixo da Ira infinita, neste relacionamento inevitável com Deus.

É por isso que a pregação não é descrita como formar um relacionamento, mas como uma mudança de relacionamento. Nosso ministério não é o ministério de relacionamento – pois relacionamento já existe – nosso ministério é “o ministério da reconciliação” ( 2 Co 5.18 ) – Através da expiação e propiciação o status do relacionamento pode ser mudado.

Se você falar que o cristianismo não é uma religião, mas um relacionamento, você criou uma dicotomia totalmente falsa e enganadora. Porque o que você está oferecendo é a escolha entre religião ou um relacionamento. Mas a divisão que existe é entre falsa e verdadeira religião, e um relacionamento reconciliado pela expiação e propiciação e um relacionamento de inimigos debaixo da Ira.

Quando o homem é reconciliado pela obra soberana de Cristo, então a religião pura e imaculada começa.

Essa é a tragédia em andarmos por clichês, eles obscurecem a verdade. Para diferenciar coisas, precisamos de profundas raízes bíblicas e perspicaz discernimento da Palavra. Clichês são “boas ideias” (assim achamos quando os inventamos) – que soa tão bem exatamente por seu distanciamento da verdade – a mente natural logo os começa a reproduzir – enquanto que normalmente acha difícil e não gosta das profundas definições bíblicas.

Os clichês se tornam populares da mesma forma que as falsas promessas de políticos, falsos pregadores, falsos profetas... não são verdade, mas nós já queríamos acreditar naquilo... então acreditamos quando alguém diz o que queríamos que fosse dito.

Precisamos pensar tão somente e claramente em termos bíblicos – Sem novos insights, clichês ou frases de efeito. A Palavra basta. Sola Scriptura!!

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Autor: Josemar Bessa
Fonte: Site do autor
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O que é masculinidade biblicamente qualificada?

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Vivemos numa época em que a noção de masculinidade é completamente ignorada e terrivelmente distorcida. Não são poucas as vezes em que vemos na TV, os homens, especialmente os pais, como tolos, incompetentes e fracos, enquanto seus filhos parecem fontes de sabedoria. Ou então, os homens são vistos como valentões que usam de sua força para ameaçar e intimidar. Na verdade, as estrelas masculinas de Hollywood no esporte e na música, não são diferentes disso na vida real. A maioria destes famosos não parece ter o desejo de cuidar de sua mulher nem de suas próprias crianças. São abusivos, imaturos; adolescentes presos em corpos de homens-feitos; são efeminados e fracos – física, psicológica e espiritualmente. Hoje em dia, infelizmente, modelos de masculinidade são raros na sociedade em geral.

Acaso Apenas Provas Explícitas na Escritura são Válidas?

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Um Tratado sobre Múltiplas Questões, cap. 20.

Estas deduções imprescindíveis da Palavra escrita de Deus provam, de forma sólida e forte, um parecer ou uma conclusão jure divino [do direito Divino]. Se esta for teórica, será uma verdade Divina infalível, devendo ser crida. E, se for prática, será um dever necessário, ao qual somos obrigados a cumprir.

Essa afirmação não deve ser tão ampla, a ponto de envolver raciocínios errados e deduções da Escritura que algum homem, ou alguma igreja, esteja convicto e acredite ser forte e imprescindível. Falo do que é, e não do que se pensa ser uma dedução imprescindível. Também não deve ser reduzida e estreitada; como fazem os arminianos, que não admitem outras provas da Escritura, além de textos simples e explícitos, de consequências nulli non obviae [não contestadas por ninguém] ou que possam que ser contestado por qualquer homem rationis compos [dotado de razão]. Por este princípio, caso seja abraçado, devemos renunciar muitas verdades necessárias que as Igrejas Reformadas mantêm contra os arianos, anti-Trinitários, socinianos e papistas; pois as deduções e os argumentos da Escritura que trazemos para prová-los não são admitidos, como bons, pelos adversários. 

Em segundo lugar, também devo ressaltar que essa afirmação não quer dizer que uma dedução da Escritura que é criada pela mente humana possa servir como fundamento de nossa crença ou consciência. Pois, embora a dedução ou argumentação seja feita por mentes humanas; ainda assim, uma dedução ou conclusão não é crida, nem abraçada pela força da razão, mas porque é verdade e vontade de Deus.

Em terceiro lugar, vejamos com Gerhard, uma distinção entre a mente corrupta e a mente renovada ou restaurada. Ou entre a mente natural, que argumenta sobre as coisas Divinas em princípios naturais e carnais (sensações, experiências e coisas semelhantes), e a mente cativa e subjugada à obediência a Cristo (2 Coríntios 10:4-5), que julga as coisas Divinas não pelo homem, mas pelas regras Divinas, e de acordo com princípios das Escrituras, visto o quão opostos são à sabedoria da carne. É a última, não a primeira, mente que será convencida e ficará satisfeita com as deduções e conclusões extraídas da Escritura, nas coisas que dizem respeito à glória de Deus, bem como de questões Espirituais ou Divinas.

Em quarto lugar, existem dois tipos de deduções que Aquino distingue:

a. A evidência sólida e forte, ou imprescindível e certa. Como por exemplo (diz ele), quando a lógica é extraída da ciência natural para provar que o movimento do céu tem sempre uma velocidade constante, não sendo mais lento ou mais rápido de acordo com o momento. 
b. A que é feita por ser agradável ou por conveniência. Como na astrologia (diz ele), esta lógica é extraída dos excêntricos ou epiciclos. Em que os movimentos celetiais são (supostamente) entendidos por phenomena ou apparentia sensibila (experiências sensíveis): O que se pensa que não é uma prova necessária, porque os phenomena podem ser entendidos de outra maneira, por outra suposição.

Portanto, também há dois tipos de deduções da Escritura. Algumas são imprescindíveis, fortes e confiáveis; é destas que falo nesta afirmação. Outros que são deduções boas para provar uma adequação ou conveniência de algo ou de parte da Escritura, mesmo que outra coisa também possa ser provada ser aceitável para a Escritura naquele ou em outro lugar. Este último tipo, em diversos assuntos, é de grande utilidade; Mas, no momento, me refiro às deduções imprescindíveis.

Agora que expliquei a afirmação, vou prova-la pelos seguintes argumentos:

I. O Exemplo de Cristo e Seus Apóstolos

Cristo, contra os saduceus, provou a ressurreição dos mortos no Pentateuco (a única Escritura reconhecida por eles, como muitos pensam, embora outros defendam que não há garantia para afirmar isso).

"Agora sobre a ressurreição dos mortos, até mesmo Moisés mostrou isso no arbusto, quando diz que O Senhor é O Deus de Abraão, O Deus de Isaque e O Deus de Jacó. Ele não é um Deus de mortos, mas de vivos; portanto todos vivem" (Lucas 20:37-38, Mateus 22:31-32).

Mais uma vez, Cristo usou uma dedução boa e necessária em João 10:34-36: "Acaso não está escrito na Lei de vocês, Eu disse: ‘Vocês são deuses’? Se Ele chama de deuses, aqueles a quem veio a Palavra de Deus, e a Escritura não pode ser anulada. Então por que chamam Àquele a quem O Pai santificou e enviou ao mundo de ‘blasfemo’; por ter dito, ‘Sou O Filho de Deus’?".

O apóstolo Paulo provou a ressurreição de Cristo, por dedução da Escritura em Atos 13:33-34: "Ele ressuscitou Jesus; como está escrito no Segundo Salmo, ‘Você és meu Filho, hoje a você gerei’. Assim, Ele O ressuscitou dentre os mortos, para não mais retornar à corrupção; Ele disse, ‘Eu darei as bênçãos seguras de Davi a Você’.”.

A Divindade Dele é provada por estas palavras: "Que todos os anjos de Deus O adorem" (Hebreus 1:6). O culto Divino não pode ser nulo, e não deve ser dado a nenhum que não seja Deus. 

II. O Antigo Testamento

Embora Hooker em sua Política Eclesiástica, e outros escritores episcopais, tenham sustentado a diferença entre o Antigo e o Novo Testamento; que Cristo e Seus apóstolos não se prenderam a tantos detalhes conosco, como fez Moisés com os judeus. Mas, após um exame, descobre-se que todas as ordenanças e coisas Sagradas para a Igreja Cristã não estão menos claras e contidas no Novo Testamento, do que as ordenanças para a Igreja Judaica determinadas no Antigo, e que há algumas coisas essenciais a serem extraídas por dedução imprescindível da Lei de Moisés, bem como agora do Novo Testamento.

Se consultarmos o Talmud, veremos que a lei relativa às almas a serem eliminadas por desprezarem a Palavra Do Senhor (Números 15:31) é aplicada aos que negaram as deduções imprescindíveis da Lei. Diz o Talmud: "Se um homem reconhece toda a Lei como sendo do Céu, praeter istam collectionem a majori aut minori, istamve, a pari, is notatur illâ sententiâ, quia verbum Domini aspernatus est" ["exceto alguma explicação, seja uma conclusão fortiori, seja uma expressão análoga, pode-se considerar que este despreza a Palavra Do Senhor"]. 

Assim, há dois tipos de deduções imprescindíveis da Lei, uma é a majori aut minori [da maior para a menor] ou fortiori [da mais forte] se você preferir; a outro é a pari [de paridade ou igualdade]. Se qualquer uma destas for rejeirada, a própria Lei é desprezada. É preciso observar com o Sr. Selden que até os Karaei ou Judaei Scripturarii, que rejeitam as adições ou tradições dos mestres do Talmud e professam aderir à interpretação literal e simples da Lei, sem acrescentar ou diminuí -la, não exigem palavras expressas da Escritura para toda instituição Divina; o que eles tomam como ordem ou proibição pela lei de Deus, eles extraem da Lei três maneiras: Pelas próprias palavras da Escritura, pela argumentação da Escritura e pela transmissão hereditária das interpretações, quanto às interpretações da Escritura anteriormente recebidas, as seguintes gerações foram autorizadas a corrigir e alterar estas após descobertas ou raciocínios melhores.

Um segundo caminho, dado por argumentação, era pelo princípio dos próprios Karaei sobre os dois grupos, pari ou fortiori. Que concorda com a passagem do Talmud citada anteriormente. Aqui, nossos escritores concordam com os Karaei , que todos os tipos de casamentos ilegais e proibidos não estão expressamente mencionados na lei, mas diversos deles serão coletados por dedução, ou seja, por paridade de razão [pari], ou por maior força de razão [fortiori]; Por exemplo, Levítico 18:10: "Seja a nudez da filha de seu filho, ou da filha de sua filha, a nudez deles você não descobrirá; porque é a nudez deles é sua própria nudez". Daí a dedução frita por pari [igualdade]. Portanto, um homem não pode descobrir a nudez de sua bisavó, ou daquela filha da filha de seu filho. Pois aquela também é sua própria nudez, sendo uma descendência in linea recta [direta] de si mesmo. O mesmo texto visto por fortiori, muito menos um homem pode descobrir a nudez de sua própria filha, ainda não esteja expressamente proibido na Lei, mas é deixado assim para compreensão por dedução imprescindível do mesmo texto. É também uma dedução imprescindível que um homem não descubra a nudez daquela que é filha do filho de sua esposa ou da filha de sua esposa. Pois a mesma lógica é válida: É sua própria nudez, a esposa dele e ele sendo uma só carne, o que dá lugar a essa regra geral revelada, para que um homem não se case com um sangue mais próximo de sua esposa do que o dele, tampouco que uma esposa se case com um sangue mais próximo de seu marido do que dela [CFW XXIV.IV]. Mais uma vez, Levítico 18:14: "Não descubra a nudez do irmão de seu pai, nem se aproxime da sua mulher: Ela é a sua tia". Dito isso, segue-se o pari que um homem não pode descobrir a nudez do irmão de sua mãe, e pela igualdade de lógica (que essa lei foi feita), também é ilegal que uma mulher case com aquele que foi marido da irmã de seu pai ou da irmã de sua mãe, visto à proximidade por sangue semelhante entre tio e sobrinha, bem como entre tia e sobrinho.

Podem ser dadas outras situações, mas estas devem bastar para comprovar que o que, por dedução imprescindível , decorre da Lei, deve ser entendido como sendo ordenado ou proibido por Deus, assim como o que é expressamente ordenado ou proibido no texto da Escritura.

III. A Sabedoria Infinita de Deus

Se dissermos que as deduções imprescindíveis das Escrituras não são jus divinum [direito Divino], dizemos algo que é inconsistente com a infinita sabedoria de Deus. Pois, embora as deduções imprescindíveis possam ser extraídas da palavra de um homem que não concorda com mente e intenção Dele, sendo os homens muitas vezes iludidos por tais palavras; todavia (como Camero observou bem), com Deus sendo infinitamente sábio, esta seria uma opinião blasfema, por sustentar que qualquer coisa que não seja Sua vontade possa ser classificada como uma dedução confiável e imprescindível de Sua Santa Palavra. Isso tornaria O único Deus tão sábio quanto um homem tolo, que não pode prever todas as coisas que seguirão de suas palavras. Portan to, devemos ter certeza de que é a mente de Deus que está por trás da Palavra de
Deus.

IV. Os Absurdos 

Diversos outros grandes absurdos devem seguir se esta verdade não for admitida. Como pode se provar que as mulheres podem participar do Sacramento da Ceia do Senhor, a menos que provemos isto por dedução imprescindível da Escritura? Como provar que esta ou aquela igreja é uma igreja verdadeira, se seu ministério é um ministério verdadeiro, se batismo ministrado nela é o verdadeiro batismo? Claro que nenhuma Escritura irá provar isso expressamente, mas a dedução imprescindível provará. Como algum indivíduo pode, sequer, compreender a partir da Escritura que a Aliança de Graça e suas promessas pertencem a ele?

Acaso a Escritura irá provar isso de outra maneira que não seja por uma dedução imprecindível? Como será provado pelas Escrituras que a última guerra contra o partido papista e episcopal, em def esa de nossa Religião e nossa liberdade, era lícita; que a Liga e Aliança Solene foi algo aceitável a Deus? A dedução imprescindível das Escrituras prova tudo isso, mas as Escrituras de forma explícita não o farão. Assim como quando eu falo de jejum e ação de graças por ocosião, se é nesse ou naquele momento que Deus nos chama a esses deveres, e se é da vontade Dele que os realizamos; isso não pode ser provado pelas Escrituras, exceto por deduções imprescindíveis destas.

Este quarto argumento servirá para a extensão da presente afirmação (que agora comprovo) ao seu alcance correto; isto é, que os argumentos da Escritura por deduções imprescindíveis não só ajudam a provar e fortalecer as coisas que de outra forma seriam provadas das Escrituras de forma clara e simples, mas que é são bons e suficientes para prova coisas pela vontade e pelo desígnio de Deus (jure divino, como costumamos dizer) o que não pode ser provado como qualquer texto explícito na Escritura.

V. Os Oponentes das Deduções Imprescindíveis as Usam

Vou agora destacar a concessão de Theophilus Nicolaides, o sociniano. Embora ele tenha professado sua dissidência, até agora tanto das igrejas reformadas quanto das igrejas romanas, ele não acredita que as coisas retiradas da Escritura sejam igualmente necessárias para a salvação como as coisas que estão explicitamente contidas na Escritura, contudo ele cede às coisas retiradas por dedução como sendo tão certas quanto as outras. Ele diz: Quantumuis aeque certa sint quae ex sacris literis de ducuntur atque ea quae in illis expresse et ρητώς habentur [Quanto às coisas claramente confiáveis que estão fora dos Escritos Sagrados, sendo extraídos destes com alguma lógica, elas são igualmente confiáveis quanto as coisas explícitas e contidas neles].

Em geral, pode-se observar que mesmo aqueles que mais reclamam de deduções da Escritura e exigem as Escrituras de forma explícita as usam quando tentam a provar seus princípios particulares pelas Escrituras, não obstante não trazem nada além de provas circunstanciais. Agora esta sabedoria é justificada, não só por seus filhos, mas também por seus inimigos. Não é possível que qualquer sociniano, erastiano, etc... Consiga debater as Escrituras contra um Cristão, que reconhece e acredita que a Escritura é a Palavra de Deus, mas deve ele levar a provas circunstanciais: Nenhum Cristão negará o que é Ρητώς [explicitamente] literalmente e claro na Escritura; Mas todas as controvérsias de fé ou religião no mundo Cristão foram, e são, relativas à lógica da Escritura, e ás deduções retiradas da Escritura.

VI. A Justiça Humana

Se não admitimos deduções imprescindíveis da Escritura para provar o que é jus divinum, negaremos Ao Grande Deus que favorece pequenos deuses, ou magistrados. Não precisa ver mais de uma situação contemporânea: Quando o Earle de Strafford foi acusado de alta traição, uma de suas defesas era que nenhuma lei da terra determinava que qualquer uma das particularidades provadas contra eles deveria ser considerada alta traição. Em defesa deles não havia violação de nenhuma lei, de modo que as muitas particularidades do caso fossem considerados uma alta traição literal e clara. Mas, comparando várias leis e fatos, observando-se deduções imprescindíveis de uma coisa em relação a outra, constituiu-se uma traição construtiva contra eles. Se houve um jus humanum construtivo ou dedutivo, antes deve haver um jus divinum construtivo ou dedutivo (pelas considerações anteriormente mencionadas).

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Autor: Rev. George Gillespie (1613-1648)
Fonte: Purely Presbyterian
Tradução: Caio Leite
Divulgação: Bereianos

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