A Confissão de Fé de Westminster e o valor supremo das Escrituras Sagradas

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Por Rodrigo Ribeiro


De forma extremamente coerente a Confissão de Fé Westminster inicia o primeiro capítulo tratando das questões relativas à bibliologia, em perfeita consonância com o principio formal da reforma protestante, o Sola Scriptura. Se um dos lemas mais preciosos dos reformadores dizia respeito justamente à autoridade exclusiva das Escrituras como regra de fé e prática, é natural que a confissão de Fé iniciasse sua jornada teológica a partir deste ponto de partida: a doutrina das escrituras sagradas.

Neste sentido destaca-se o seguinte artigo que trata exatamente da doutrina da revelação: Ainda que a luz da natureza e as obras da criação e da providência manifestam de tal modo a bondade, a sabedoria e o poder de Deus, que os homens ficam inescusáveis, todavia não são suficientes para dar aquele conhecimento de Deus e da sua vontade, necessário à salvação; por isso foi o Senhor servido, em diversos tempos e diferentes modos revelar-se e declarar à sua Igreja aquela sua vontade; e depois, para melhor preservação e propagação da verdade, para o mais seguro estabelecimento e conforto da Igreja contra a corrupção da carne e malícia de Satanás e do mundo, foi igualmente servido fazê-la escrever toda. Isto torna a Escritura Sagrada indispensável, tendo cessado aqueles antigos modos de Deus revelar a sua vontade ao seu povo (Confissão de Fé de Westminster, 1:1).

Posteriormente a Confissão trata dos seguintes temas: Doutrina da Revelação (parágrafo I; O Cânon e a Inspiração das Escrituras (parágrafos II e III); Autoridade das Escrituras (parágrafos IV e V); Suficiência das Escrituras (parágrafo VI); Clareza das Escrituras (parágrafo VII); Preservação e Tradução das Escrituras (parágrafo VIII); Interpretação das Escrituras (parágrafo IX) e O Juiz Supremo das Controvérsias Religiosas (parágrafo X).

No tocante à doutrina da revelação, a CFW professa a doutrina da revelação natural, afirmando que a natureza, seja o macrocosmos (estrelas, plantas e etc) ou o cosmo (terra, os mares, o próprio homem e etc) consistem em uma pregação acerca da existência de Deus. Mesmo o homem pós-queda, nasce com uma versão da lei de Deus em si, impulsionando-o à adoração, e consequente idolatria para naqueles que não foram regenerados. Este doutrina tem como fundamentos diversas passagens das Escrituras, como por exemplo Sl 19:1-4 e Rm 2:14-15. Esta revelação torna o homem indesculpável diante de Deus.

Ao compreender esta doutrina somos inclinados a observar as ciências sob uma nova ótica, não mais como inimiga dos cristãos, mas sim como uma forma de descobrir a glória de Deus mediante o estudo de suas obras, pois como afirma Paulo Anglada: “As ciências podem até ser consideradas departamentos da teologia, especializações que estudam a criação e a providência. O estudo da química, da física, da matemática, da biologia, da geografia, da política, da antropologia, da história, etc., deve ter por fim último a glória de Deus. Não é sem razão que muitos dos primeiros cientistas dignos do nome eram cristãos sinceros, como Isaac Newton e Faraday.

O direcionamento materialista e ateísta percebido nas academias só atestam a ação do pecado na vida de muitos cientistas, que se esmeram em compreender a criação, mas são absolutamente cegos e rebeldes diante do Criador de todas as coisas. Estes homens são indesculpáveis.

Diante da insuficiência da revelação natural para salvar os homens, haja vista que a cegueira causada pelo pecado o faz distorcer completamente o testemunho da criação, aprouve a Deus revelar-se de maneira especial e graciosa a sua igreja.

O Senhor do universo escolheu um povo para si e passou a se revelar de forma gradual e progressivamente, primeiramente através dos patriarcas, profetas e por fim através do seu próprio filho encarnado, Cristo Jesus (Hb 1:1-2). Esta revelação entregue à igreja é único meio eficaz do homem alcançar o caminho que o leva a salvação, restaurando sua comunhão com o Criador.

A fim de resguardar este imenso tesouro de valor imensurável, Deus instruiu seu povo para escrever sua revelação, e assim preservá-la de posteriores adições e deturpações. Ainda que esta processo tenha sido efetuado pelos homens, cremos que o próprio Deus esteve por trás destes atos, resguardando o conteúdo de nossa fé, o caminho para a salvação e a piedade.

Diante deste breve mais profundo relato presente nas Escrituras e organizando na Confissão de Fé de Westminster devemos nutrir um apreço intenso pela Palavra de Deus, dando a esta graça que nos foi dada toda a honra merecida, e nos esforçando para permanecer puros e firmes em seus preceitos pois ela é a orientação que vem dos céus para nos levar para junto de nosso Deus.

Nenhuma tradição deve tomar o seu lugar de honra, e nenhuma outra revelação deve suplantar ou concorrer com seu poder normativo. Seu valor é inestimável pois se não fosse esta preciosa revelação todos nós seríamos condenados. Que esta seja nossa Confissão, mas que também seja a nossa verdade. Sola Scriptura!

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Este texto é fruto de um trabalho feito do módulo de BIBLIOLOGIA da Especialização em Estudos Teológicos do Andrew Jumper, ministrado pelo Prof. LEANDRO LIMA, e que teve como base um resumo feito de um trecho do livro de Paulo R. B. Anglada, Sola Scriptura: A Doutrina Reformada das Escrituras (São Paulo: Editora Os Puritanos, 1998), 25-31.

Fonte: UMP da quarta
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