Todas as crianças que morrem estão salvas?

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Por Gabriel Brasileiro Costa


“Pois todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus.” (Romanos 3:23)

Toda a humanidade é corrompida pelo pecado original. Isto é, todos nós nascemos com o pecado original herdado de Adão. Então, precisamos nos arrepender e confessar Jesus Cristo como nosso Senhor e Salvador, do fundo de nosso coração. Obviamente, as crianças também são corrompidas pelo pecado original e também estão destituídas da glória de Deus. Mas, elas não têm a capacidade de compreender isso e não sabem que precisam se arrepender e confessar verdadeiramente a fé em Jesus Cristo. Entretanto, a Sagrada Escritura deixa claro que de alguma forma a redenção por intermédio de Cristo abrange as crianças, permitindo a salvação delas; como podemos ver abaixo:

Vale esclarecer que a definição de “criança” que será usada no texto é referente à mentalidade do indivíduo, e não à sua idade. Pois, pode haver crianças precoces que sabem discernir o bem do mal, e que já possuem a capacidade de saber o que é o pecado e arrependimento. Da mesma forma que pode haver adultos com sérios problemas mentais, possuindo a inocência e a mentalidade infantil.

“Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis; porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e o coração insensato deles obscureceu-se.” (Romanos 1:20-21)

Paulo nos fala que aqueles que tem conhecimento da glória de Deus são indesculpáveis em não glorificá-lo. Isto é aqueles que obtiveram um grau de revelação adequado de Deus, não tem desculpa de não adorá-lo e glorificá-lo. Porém, há alguns que estão em um grau de inocência e não tem esse conhecimento de Deus. Se for o conhecimento da glória de Deus que faz alguém ser indesculpável de não glorificá-lo, então, podemos concluir que o não conhecimento da glória Deus não faz alguém ser culpado por não glorificá-lo. Portanto, as crianças não são culpadas de não honrar a Deus. Pois, elas não têm o conhecimento do mesmo. Logo, conclui-se que Deus não poderia mandar elas ao inferno, pois, elas têm a justificativa de não ter tido o conhecimento de Deus, e não ter tido a capacidade de adorá-lo e glorificá-lo.

“Depois trouxeram crianças a Jesus, para que lhes impusesse as mãos e orasse por elas. Mas os discípulos os repreendiam. Então disse Jesus: ‘Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas’.” (Mateus 19:13-15)

Cristo fala abertamente que os que são semelhantes às crianças, são deles o Reino dos Céus. Logo, conclui-se que todos aqueles que têm o mesmo nível de inocência das crianças, incluindo as próprias crianças, ou que tentam por em sua conduta moral essa característica [por amor a Jesus Cristo], serão salvos.

“Naquele momento os discípulos chegaram a Jesus e perguntaram: ‘Quem é o maior no Reino dos céus? ’. Chamando uma criança, colocou-a no meio deles; e disse: ‘Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos céus. Portanto, quem se faz humilde como esta criança, este é o maior no Reino dos céus’.” (Mateus 18:1-4)

Podemos ver que Jesus fala sobre quem é o maior no Reino dos Céus. Ele fala que aquele que aplicar à sua conduta moral a humildade de uma criança será o maior no Reino dos Céus. Portanto, aqueles que tiverem uma conduta moral semelhante ou igual à de uma criança, incluindo as próprias crianças, serão salvos.

"Quem recebe uma destas crianças em meu nome, está me recebendo. Mas se alguém fizer tropeçar um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe seria amarrar uma pedra de moinho no pescoço e se afogar nas profundezas do mar."

Jesus utiliza uma hipérbole para demonstrar como as crianças são benditas. Portanto, podemos ter uma noção de como são as crianças aos olhos de Deus. Se Deus vê as crianças dessa forma maravilhosa, é razoável supor que crianças ao morrerem serão salvas.

Visto os argumentos apresentados, podemos concluir que as crianças são o modelo que todos nós devemos seguir para que possamos verdadeiramente trilhar o caminho preparado por Deus, e para que nossa fé seja justificada entre homens, como a verdadeira fé em Nosso Senhor Jesus Cristo. Se elas são um modelo a ser seguido, elas tem um lugar guardado no Céu, da mesma forma que aqueles que tentam ser como elas [por amor a Jesus Cristo] também possuem. 

“A criança é um por natureza um ser do encantamento, um ser que experimenta a leveza, e que não retém a dor." (Cris Griscon)

“As crianças são os pequenos eleitos de Deus que desde toda a eternidade o encantam”  

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Contatos com o autor: elzinhobc@gmail.com
Divulgação: Bereianos
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12 comentários

Não, nem todas as que morrem na infância são salvas.

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Olá Ruy Marinho,
Antes de fazer qualquer comentário quero dizer que não estou aqui encaminhando nenhuma criança pro inferno! Estou apenas questionando as premissas de uma tese teológica que visa defender o entendimento de que a salvação das tais está garantida. Dito isto, seguem meus questionamentos sobre o assunto.

1) Quando Paulo diz que aqueles que tiveram o conhecimento são indesculpáveis, não implica dizer que os que não têm sejam desculpáveis. Até mesmo porque a revelação natural não parece ser suficiente. Dada a leitura reformada, a regeneração precisa vir antes de qualquer impacto da revelação. Por mais que a revelação geral aponte para Deus, o homem em sua rebelião vira as costas para tudo isso. O cerne da questão em Romanos 1:20-21 não está em enxergar a revelação geral, mas em rebelar-se... o que Paulo diz é: ...tendo conhecido, não o glorificaram...

O que faz o homem não glorificar a Deus ao ter contato com a revelação geral? Somente o pecado. Deus condena o homem pela causa ou pelo resultado? Se dissermos que Deus condena o homem por não glorificá-lo, estamos excluindo a causa e focando apenas no sintoma. Como John McArthur pergunta: somos pecadores porque pecamos, ou pecamos porque somos pecadores?

John Piper também diz que ele demonstra a corrupção do pecado que habita em sua carne desde a concepção quando ele se rebela à vontade dos pais com 3 dias de idade. Eu conheço um garotinho que muito antes de falar já demonstrava um índole de perversidade. Por que as crianças custam a aprender tantas coisas, menos aquele palavrão que descuidadamente é falado apenas uma única vez ao lado dela?

Continua...

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A condenação não parece estar no sintoma, mas na causa: ser pecador, filhos da ira por natureza.

2) Os textos nos quais crianças são colocadas por Cristo como modelo do caráter de quem faz parte do reino dos céus é comumente usado. Mas questiono a validade da aplicação. Vejamos o porquê:

Tomam a acepção da expressão "reino dos céus" como "paraíso". Mas isso não parece ser aceitável. Todas as comparações e parábolas que Cristo utiliza para demonstrar o "reino dos céus" são relacionados com este mundo. Transportar alguns destes modelos/comparativos com o mundo por vir simplesmente não harmoniza.

Cristo utiliza diversos "símbolos" para representar, ilustrar o reino dos céus. Mas isso não quer dizer que o elemento comparado seja verdadeiro além da comparação de um único aspecto do elemento. Utilizar o caráter de dependência e humildade de uma criança para ilustrar, não faz da criança o fim em si dentro da comparação. O fim da comparação é uma característica particular da criança e não a criança.

O texto não diz: O reino dos céus pertence a elas... mas a pessoas semelhantes a elas. Dá uma olhada no grego e você vai ver que é uma comparação com elas e não elas mesmas.

Tomando a compreensão que reino dos céus não é o mesmo que mundo por vir, dizer que esse ou aquele indivíduo faz parte dos reino dos céus não é o mesmo que dizer salvo. Nesse sentido Judas fazia parte do reino dos céus, ou não? Decide aí!

Continua...

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É até perigosa as conclusões do autor do texto quando ele diz que "aqueles que tiverem uma conduta moral semelhante ou igual à de uma criança, incluindo as próprias crianças, serão salvas."

Estamos quase que admitindo a salvação por uma justiça própria. Somos salvos por graça, ou por conduta moral? Mas, André, não podemos excluir a conduta moral como característica do salvo... sim, mas a conduta moral, que faz o crente ser semelhante a uma criança, é desenvolvida pela regeneração! O ponto de partida é a justificação e a regeneração em sua santificação que trabalhada resultará nessas característica que Jesus aponta e utiliza a criança como "figura" comparativa assim como utilizou vários outros elementos inclusive inanimados.

Quem fizer um desses pequeninos tropeçar... de novo a aplicação é questionável. Se não me engano, a maioria dos estudiosos concordam com a referência aos neófitos ou os crentes com as semelhanças dos pequeninos por força da própria comparação, mas não a crianças necessariamente.

As crianças são pequenos eleitos de Deus... e depois que crescem perdem a eleição? Complicado, não?

Em Cristo,
André R. Fonseca

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Olá André.

Muito obrigado pelas suas colocações.

Vou pedir ao autor do artigo responder os seus questionamentos, ok?

Infelizmente, por conta de problemas pessoais estou completamente sem tempo para colocar as minhas convicções teológicas sobre o assunto, mas creio que o debate está em boas mãos.

Grande abraço, em Cristo!

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Danilo Ribeiro mod

ótima explicação - assunto bastante "complicado" para resolver - sendo que o senhor Gabriel explicou com um bom argumento bíblico -
Graça e Paz

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Queria saber como se deve entender esta colocação de Paulo (1ª Coríntios 7:14 Porque o marido incrédulo é santificado no convívio da esposa, e a esposa incrédula é santificada no convívio do marido crente. ""Doutra sorte, os vossos filhos seriam impuros""; porém, agora, são santos.), dentro dessa ótica "...de alguma forma a redenção por intermédio de Cristo abrange as crianças, permitindo a salvação delas"

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André R. Fonseca mod

Olá A.A,
O interessante é que se atribui uma univocidade da palavra "santificar" à criança, mas o cônjuge é ignorado. Se a criança é contemplada o cônjuge deveria receber o mesmo. Ou não? Por que se salta logo para a criança, mas no caso do adulto a gente prefere ficar quietinho?

Eu sei que você deve estar ávido para defender as crianças, mas que não fique cego para a falácia que está construindo. Defender as crianças por esses termos, há de defender também a salvação do cônjuge incrédulo!

O que a gente precisa entender é que o linguajar da teologia que temos desenvolvido é diferente do linguajar bíblico. Não dá pra defender uma univocidade das palavras como termos teológicos e os textos bíblicos!

O termo santificado no contexto bíblico é o de separado, como aqueles dedicados e que de alguma forma gozam de um privilégio pela proximidade com Deus e seu povo. Veja o que aconteceu no êxodo, muitos saíram com o povo e ao longo da jornada foram sendo os incrédulos peneirados. Não é esta a leitura de Judas e Pedro do mesmo evento quando falam dos falsos profetas?

Não é a santificação que salva o indivíduo, mas a justificação. Defender a salvação da criança nesses termos é colocar a santificação na frente da justificação! É dizer que o incrédulo será salvo pelo crédulo... muita incoerência na leitura do texto.

O consenso nos estudiosos é que trata-se de uma passagem obscura, de difícil interpretação. Fundamentar uma teologia num texto obscuro é tudo o que a boa hermenêutica NÃO recomenda! Por tanto, vamos tentar outro texto... a não ser que você admita pelo menos que todos os incrédulo da família estejam salvos graças ao único membro crédulo!

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Obrigado André, por sua resposta. creio que vc me entendeu mal, concordo com seu posicionamento! Dirigia-me ao autor do texto em destaque.^^ Agora vejamos as considerações sobre este vs (1ª Cor.7:14) o nível de santificação que um cônjuge pode conferir a outro limita-se em tornar mais saudável a convivência, principalmente porque seu cônjuge ja tem "idade racional", diferente das crianças que contam com esta única forma de tornarem -se participantes da família de Deus, até que tenham idade para decidirem-se, ou não, por Cristo. No demais este vs não foi colocado aqui como sustentáculo de doutrina, até porque nenhum vs isolado deve ter esta função, os diversos vs que sustentam a percepção que as crianças (filhos de incrédulos) estão contadas na sorte da natureza Adâmica do homem caído, até que tenham idade e se convertam a Cristo, ou não, Eu diria até mais que vs selecionados, mas o contexto bíblico devidamente articulado para que conheçamos o que nos cabe dos desígnios de Deus, conforme muito apropriadamente vc msm colocou —Sobre vs que recordo agora, bastante significativos neste contexto e que não podemos deixar de levar em conta estão: Romanos 3:10,Romanos 5:12, Salmos 51:5,..etc. Precisamos ,antes de tudo entender que quem está indo para a perdição hoje, está indo pela conta de Adão, por descender dele, essa é nossa culpa inata, a proposta de Cristo é a reconciliação com Deus quem não aceita a proposta segue seu destino já determinado para a humanidade por Adão. Ou seja, Jesus colocou-se como via alternativa para o homem que aceitá-lo; o caminho de jesus para nós não é o natural! É graça. Simples assim, nossa tendencia de "moralizar" Deus, segundo nossa imagem e semelhança que nos faz ir além da "*desumana" objetividade (*com todo o peso da palavra) em questões como esta.

Responder
André R. Fonseca mod

Olá Ruy Marinho,
Tenho voltado à página diariamente para ver se o autor do texto teria respondido os comentários. Até agora nada! Acho que perdi as esperanças e não vou mais me preocupar de voltar ao post para procurar pela resposta dele. Vou dar o assunto como fechado. Fica você me devendo sua opinião. ;)

Na paz,
André R. Fonseca

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Anônimo mod

Não concordo com essa conclusao. Se assim fosse, Deus não destruiria as crianças no Dilúvio, nem em Sodoma e Gomorra, nem entre os cananitas. Qdo se usa a analogia de q devemos ser como crianças p/ sermos salvos é na nossa perpectiva, não na de Deus. Explicando melhor: nós temos as crianças por inocentes. Msm qdo fazem algo errado, elas não sabem o q estão fazendo e não o fazem por serem moralmente más. Nós devemos agir praticando ações q n sejam moralmente más. Essa é a lógica. Mas, para Deus, do alto de Sua onisciência, ele já conhece todas as escolhas q uma crança faria na vida e pode conden´-la com base nessa pré-ciência.

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Anônimo mod

Me parece bem ilucidativo (Mateus:19 13-15) em sodorra e gomorra ou mesmo na arca de Noe ja estavam salvas pela pureza de seus pensamentos e pela inoscencia de seus atos. Puros igualmente a Adao e Eva quando nao conheciam a nudez.

Abraços
Pecador buscando

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