A Necessidade do Novo Nascimento (sermão pregado por Martinho Lutero)


Sermão pregado pelo Reformador Martinho Lutero, para o Domingo da Santíssima Trindade de 11 de junho de 1536:

"Havia um homem dos fariseus que se chamava Nicodemos, um principal entre os judeus. Este veio a Jesus de noite e lhe disse: “Rabi, sabemos que és mestre vindo de Deus, porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes se Deus não estiver com ele. Respondeu-lhe Jesus: “Em verdade, em verdade te digo se o homem não nascer de novo, não poderá ver o reino de Deus”. Nicodemos lhe disse: “Como pode um homem nascer de novo sendo velho? Pode por acaso entrar uma segunda vez no ventre de sua mãe e nascer?”Respondeu-lhe Jesus: “Em verdade, em verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito não poderá entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; o que é nascido do Espírito é Espírito. Não te maravilhes do que eu te disse: é necessário nascer de novo. O vento sopra onde quer e se ouve o seu som; mas ninguém sabe de onde vem e nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito”. Perguntou-lhe Nicodemos: “ Como pode acontecer isso?” Respondeu-lhe Jesus: “Tu és mestre de Israel  e não sabe disso? Em verdade, em verdade te digo que aquilo sabemos falamos, e aquilo que temos visto testificamos, mas vós não recebeis o nosso testemunho. Se eu vos tenho dito coisas terrenas e não acreditastes, como acreditareis se eu vos falar das celestiais? Ninguém subiu ao céu, senão aquele que de lá desceu, o Filho do Homem, que está no céu. E assim como Moisés levantou a serpente do deserto, é necessário que o filho do homem seja levantado para que todo aquele que Nele crer, não se perda, mas tenha vida eterna. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito para que todo aquele que Nele crer não se perda, mas tenha vida eterna”. João 3:1-16

COMO ALCANÇAR A SALVAÇÃO, a pergunta principal da humanidade

Hoje ainda não lhes foi explicado o Evangelho. Escreve o evangelista São João que certo fariseu de nome Nicodemos veio ao Senhor de noite e teve com ele uma conversa, e Cristo, de sua parte, lhe pregou um sermão para aquele homem piedoso que realmente ele não sabia que fazer com ele: quanto mais o ouvia, menos o entendia.

Sobre essa historia se prega todo ano. Mas como hoje o momento novamente é propício, falaremos mais uma vez sobre ela. Desde que o mundo existe, os sábios que existem nele se perguntam: “De que modo se pode alcançar a justiça e a bem-aventurança?” Essa questão se discute desde quando há homens na terra, e continuará sendo discutida até que o mundo chegue a seu fim. Ainda nos nossos dias atuais pode-se ver com quanto ardor debatemos esse assunto. Todos crêem estar em condições de emitir um juízo, porém, com seu juízo, revelam sua ignorância. Esta mesma questão, como nos informa o Evangelho para o dia de hoje, Cristo a tratou com um homem que, falando nos términos da lei judaica, era uma pessoa corretíssima e muito instruída.

Aquele homem quer discutir sobre aquilo que devemos fazer e como devemos viver para sermos salvos, e espera que Cristo lhe dê uma resposta. “Porque tu” ele diz, “és mestre vindo de Deus, pois os sinais que tu fazes vão além da capacidade de qualquer ser humano. Nós os fariseus ensinamos, no campo do espiritual, a lei de Moisés. Opinas tu que há algo melhor que possa nos recomendar?” Surge assim na discussão entre ambos a pergunta sobre as obras, ou seja, a vida perfeita – a pergunta que inquieta aos homens de todas as gerações.

I. O que tenta alcançar a salvação pelos caminhos das obras, não a alcançará

Já os antigos romanos meditavam com muita seriedade sobre qual era o caminho reto a seguir, acerca de como, por exemplo, se devia lidar corretamente com a casa e a família. Seus interesses se dirigiam diante de toda a exata determinação do que exige a “justiça”. Mas com isso se meteram em um problema que não tem solução, como eles mesmos tiveram que admitir: “excesso de justiça, excesso de injustiça.” Por qual motivo? Porque a “justiça” no sentido estrito da palavra está fora de nosso alcance. Por isso que se tem que buscar o caminho do meio e adaptar-se às circunstâncias. Nesse sentido também se costuma dizer: “acertou como os atiradores quando acertam o alvo”, quer dizer, não graças a sua pontaria, senão graças a um impacto fortuito. Pois um bom atirador e até um eventual ganhador é também aquele que chegou mais próximo do alvo. Assim o reconhecem até os juristas. Tem que se dar por satisfeitos se com seu governo e administração da coisa pública conseguem que ninguém inflija a outro injustiças muito grosseiras, ainda quando seja impossível acertar e aplicar rigidamente a justiça em sua forma pura. Porém quando chega ao poder um desses desorientados, só causa alvoroço, distúrbios e dissensões.

Assim toda autoridade secular tem que se ater ao que é possível. Não obstante, a razão gostaria de elevar a salvação ou a uma ordem política perfeita pela via da injustiça. Porém tal coisa é impossível. Que fazer então? Quase se diria que acontece como com aquele que queria subir uma alta montanha e por não poder fazer, exclamou: “Pois bem, ficarei aqui”. No entanto, Cristo nos diz: “Se vossa justiça não for maior que a dos escribas e fariseus, não entrareis no reino dos céus” (Mateus 5:20). Ali no sermão do monte o Senhor explica qual o verdadeiro cumprimento da lei, e o que significa acertar o alvo: não se irar, nem mesmo no recôndito do coração; não cobiçar nem mesmo em pensamentos a mulher ou os bens do nosso próximo. Ali se coloca diante dos nossos olhos a justiça mais perfeita. E, apesar de tudo os homens acreditam poder alcançá-la mediante o cumprimento da lei. “Não queremos nem pretendemos”, dizem, “acertar exatamente o alvo”; se o conseguem com certa aproximação, se têm por desculpados. Nós, porém, atentamos para o que nos ensina Cristo: “Ninguém pode ver o reino de Deus ao menos que tenha acertado o alvo”. E no Apocalipse lemos: “Neste tabernáculo não entrará nenhum imundo”. Que devemos fazer pois? Também exclamaremos: “Temos que ficar aqui embaixo, não podemos subir a montanha”?

Tampouco Nicodemos sabe outra coisa que esta: “Eu sou uma pessoa correta, vivo piedosamente conforme a lei e transito pelo caminho que conduz ao céu”. E agora ele quer que esse Mestre lhe expresse sua aprovação ou desaprovação – ainda que não gostaria de pensar nesta última opção, senão espera que o Senhor lhe responda: “Sim, Nicodemos, és perfeito, e ainda: Já és bem-aventurado e os demais entrariam no reino dos céus se fizessem como tu”. Porém, ocorre justamente o contrário: Cristo o bota a correr do reino dos céus: “Por certo, és um homem bom. Porém se não nasces de novo, tua justiça não te servirá de nada.” O “nascer de novo”: esta é a justiça na qual insistimos tanto em nossa pregação. Ou seja: Cristo não tem a intenção de rechaçar a lei, antes quer que ela seja cumprida. “Porém”, diz “a forma como  vós a cumpríeis não tem validade. Cumpríeis a lei só em vossa imaginação, mas não na realidade. Os Dez Mandamentos são perfeitos, e quero que os cumpra. Quem quiser entrar no céu tem que cumpri-los. Porém, com o vosso conceito do ‘direito’ e com a vossa justiça, não os estais cumprindo”. Não temos outra justiça melhor do que a que resultaria do meu cumprimento de tudo o que se manda nas duas tábuas da lei de Moisés. Então seríamos “justos” – porém só justos conforme a justiça dos fariseus, e não conforme a justiça exigida pela lei.

II.  Só a regeneração nos torna participantes da salvação eterna

É-nos dito, pois: “lhe é necessário nascer pela segunda vez”. Para Nicodemos isso é chocante. Ele pensa em outras leis, alem do ponto das leis mosaicas, tais como as que achamos no papado e no judaísmo farisaico; espera que Cristo estabeleça artigos novos, leis novas, todo um código novo. Porém, nada disso: Cristo não diz uma palavra quanto a leis e estatutos novos. “Pois o que possuis em matéria de leis já é mais do que podeis cumprir. Eu, em troca, os prego assim: Vós, vós mesmos precisam chegar ser outras pessoas. Eu não falo de fazer ou não fazer, senão de chegar a ser. Tu tens que chegar a ser outro homem, tens que nascer de novo. Isso será então a justiça que acerta o alvo, a justiça sem mancha nem ruga, a justiça que conseguirá entrar no céu”. Para Nicodemos, ao ouvir Jesus falar dessa maneira, lhe vem certas duvidas. Essas são palavras novas para ele. “Entrar eu pela segunda vez no ventre de minha mãe? Tolice!” Porém a essas tolices Cristo acrescenta outras piores: “não te digo que tenhas de nascer de novo de pai e mãe humanos, senão da água e do Espírito Santo”. Agora, Nicodemos fica totalmente confundido. “Que homem e mulher são esses: água e Espírito?” E como se ainda não fosse suficiente, Cristo lhe pergunta: “Tu és mestre de Israel e não sabes disso?”, o que soa como zombaria manifesta. E sem dúvida, Cristo tem que falar assim porque o assunto é totalmente novo para Nicodemos. Para explicá-lo Cristo recorre a uma ilustração como se quisesse dizer a Nicodemos: “queres que eu desenhe para que tu entendas? Digo-te porém: se não podes captar com a razão, capta-a com a fé. Pois se não acreditaste quando te falei coisas terrenas, como crerás se eu te falasse das coisas espirituais? Nós falamos o que sabemos, e o que sabemos é a verdade e vós não acreditais Pois bem: se alguém não quer crer, deixe-se!”

A nossa pregação, iniciada naquelas condições por Cristo, se apoia exclusivamente na fé. Só com a fé se pode compreender da “regeneração pela água e pelo Espírito”. O Espírito é o homem e a água a mulher. O que isso implica, não o podes medir com a tua razão. Daí o tema que pregamos seja artigo de boas obras ou de fé. E já os papistas aprenderam algo de nós ao dizer que com a fé e a graça começa a vida verdadeiramente cristã. Antes só se falava da missa privada e da invocação dos santos; agora, em troca, dizem que a fé, efetivamente, salva, porém não só a fé, senão a fé em cooperação com nossas obras. E essa cooperação, apóiam, é imprescindível. E a nós criticam duramente afirmando que proibimos as  obras e induzimos os homens à preguiça. Todavia lhes falta bastante para serem tão piedosos e estarem tão próximos da verdade como Nicodemos. Nós nunca proibimos as boas obras; mais ainda: se dizemos algo a respeito das boas obras, nossa própria gente fica logo com raiva, o qual é um claro sinal de que realmente pregamos sobre esse tema.

E apesar disso os papistas seguem blasfemando de nós. Eles ensinam: “as boas obras têm quer vir com a ajuda da fé – vãs palavras que demonstram que esses mestres não têm noção do que é fé, boas obras, nascer do Espírito, nascer de Deus. É por isso que é necessário que estudemos com cuidado o nosso presente texto (João 3:5) e outros iguais. Aqui se fala de “nascer de novo”, não de “fazer algo novo”. Primeiro deves plantar uma arvore, e logo terás também os frutos. Segundo seja boa ou mal a arvore, serão também bons ou maus os frutos. O mesmo ocorre aqui. Nós chamamos um novo nascimento, quer dizer, uma nova maneira de ser, uma nova pessoa, não somente um novo vestido ou novas obras. Quando eu era monge, minha vestimenta era distinta e também minhas obras eram; as sete horas para as orações, a missa, o crisma, o celibato – todas essas eram outras obras, muito dessemelhantes de minhas obras anteriores. Porém a simples mudança das obras não é o que vale; que mude a pessoa, que mudem os pensamentos e o ânimo: esse é o novo nascimento. Portanto não se pode sobrepor as obras à fé. Em que uma criança contribui para que seja concebida e venha à luz? Isso é obra dos pais; a criança não faz nada para que suas perninhas e todos os seus membros cresçam; não é  parte ativa nesse processo de crescimento, senão parte meramente passiva. Qual foi, nesse sentido, a nossa contribuição? Onde estão as obras cooperantes? Queria saber então de onde vem essa insistência de que se deve agregar também obras , e logo obras próprias nossas!

É verdade: a mãe leva a criatura em suas entranhas e lhe dá o calor materno; no entanto, não é obra dela que essa criatura se origine. De igual maneira quem pregamos e batizamos somos nós, no entanto, a palavra e o batismo não são nossos; somente pomos à disposição nossa boca e nossas mãos. Na realidade a palavra e o batismo são de Deus, no entanto somos chamados colaboradores de Deus (1 Coríntios 3:9). É, por certo, uma colaboração bastante modesta a nossa. Não que contribuamos com obra ou a palavra; o único com que contribuo ao batizar e pregar é com a voz, os dedos, a boca. Assim, na geração de uma criança, o pai e a mãe só contribuem com a carne e o sangue como fatores seus; a criatura concebida não contribui absolutamente em nada, senão que “se deixa criar” por Deus todos os seus membros, e a mãe a leva em seu seio. Há alguma razão então para que eu retire a honra de Deus e diga que eu mesmo me gerei e que minha própria atuação contribuiu para que eu nascesse? Isso não significaria um agravo a Deus? Por acaso não somos chamados seus filhos, obras de suas mãos? Se é verdade que as obras colaboram na regeneração, vejo-me obrigado também a achar que eu colaborei com Deus – e isso é uma blasfêmia contra Ele. Mas se é verdade que eu sou nascido de novo, como diz Cristo, não tenho que colaborar com nada, senão que tenho que permanecer quieto e passivo para aquele que é meu Pai e Criador me faça nascer de novo como filho seu. Nesse sentido o apostolo Paulo declara que “nós somos uma nova criação, criados em Cristo para boas obras”. Como se vê, Paulo não se esquece das boas obras, mas as menciona não por que tenham contribuído em algo, não por que sejam elas que produzem a nova criação, mas “para que andássemos nelas”. Se é certo que minhas próprias obras contribuem para que eu seja uma nova criação, bem posso me gloriar de ser meu próprio Deus; porque o criar é obra exclusiva de Deus. Se eu colaboro, então Deus não é meu único Deus, senão que eu também o sou. Por outro lado, se Ele é o único, não o posso ser eu também, como se afirma muito claramente no Salmo: “Ele nos fez e não nós a nós mesmos; somos seu povo e ovelhas de seu pasto”. E não obstante, certa gente incorre em tremenda tolice de sustentar que a fé cria homens novos, mas com a ajuda das obras. Mas precisa de toda lógica dizer que eu me crio a mim mesmo e sou Deus junto com Deus, de modo que Ele me tem a seu lado como um Deus adjunto. Assim como eu não me formei a mim mesmo no corpo de minha mãe, senão que foi Deus quem me formou, valendo-se dos meus membros e do calor de minha mãe, assim tampouco na regeneração somos convencidos mediante nossas próprias forças e obras, senão unicamente pelas mãos e o Espírito de Deus. Em consequência, é ilícito acrescentar obras à fé; do contrário, não é Deus só o que me cria, senão que eu sou simultaneamente com ele meu próprio criador. Ao fogo do inferno com um criador que se cria a si mesmo! A Escritura me chama de uma nova criação de Deus e, não obstante, eu haveria de atribuir a nova criação a mim mesmo? De esse modo eu seria criação e criador, obra e obrador em uma mesma pessoa. A toda luz, esses são pensamentos diabólicos e ensinos de homens cegos. Devemos observar estritamente ao que aqui nos ensina o evangelista São João. Também Paulo nos chama “novas criaturas”. Da mesma maneira, pois, como não contribuo para meu nascimento corporal e pela minha concepção, senão que sou parte meramente passiva e ‘me faço’ gerar e criar, da mesma maneira tampouco as obras contribuem em nada para que o homem seja regenerado. Se não for assim, Deus já não será apenas Deus, senão que nós seremos Deus junto com Ele e seremos nossos próprios progenitores. Mas quando a criatura já está gerada, e quando a criancinha já está formada no seio materno com todos seus membros, a mãe diz: “Sinto que o nenezinho faz as obras que em seu estado pode fazer”. Porem, só o já criado dá esses sinais de sua existência, e só quando foi dado à luz move seus membros, e fica com vida, aprende a caminhar e a cantar. Mas se não tivesse sido criada previamente, agora não se moveria.

III. O regenerado se manifesta como crente mediante a prática de boas obras.

Nossa pregação quanto à nova criação é, pois, uma vez que fomos regenerados, devemos andar em boas obras. Nesse sentido fazemos algo: pregamos; aqueles, todavia, que são convertidos não fazem nada para chegar a sê-lo, já que somos criação e obra de Deus, “criados para que andássemos em boas obras” (Efésios 2:10). Essas palavras nos falam com inteira claridade. A semelhança com uma criatura humana é evidente. A criatura deve se separar do corpo materno; antes de estar completamente formada, não contribui em nada para esse fato. Por que Deus a beneficiou de membros? Para se mover; uma vez nascida deve caminhar, ficar de pé, comer, beber, trabalhar, mandar, pois para isso nasceu. Se não fizesse nada, seria um tronco ou uma pedra. Porém deve fazer algo, para isso foi criada. A isso se refere Cristo quando disse ao fariseu Nicodemos: “Todos vós quereis ser vossos próprios criadores. Possuíeis a lei de Moisés e esforçai-vos para cumpri-la. Porem não obtereis êxito, uma vez que ainda não nascestes de novo; não possuíeis o Espírito Santo. Por conseguinte todas as vossas obras são obras do velho homem. Podeis, por exemplo, construir uma casa ou fabricar um sapato, porém tais obras não têm nada haver com o céu. Não são obras que conferem justiça a quem as faz. Também os gentios são capazes de fazê-las. Ademais trazeis oferendas, circuncidais a vossos filhos, usais as vestiduras sagradas – também isso está ao alcance de qualquer pagão.  Por isso digo que são obras do homem velho, nascido uma só vez, a saber, do seio de sua mãe. Mas se quereis fazer obras que sejam de valor diante de Deus e que tragam proveito ao próximo, precisais nascer de novo. Vós por sua vez acreditam que o fazer obras que exteriormente parecem ser boas já está assegurada a vossa entrada no céu, ainda mesmo o coração não se achando no estado devido. Porem não façais as coisas ao contrário, não comeceis pelas obras!”

Também os papistas são da opinião de que se pode merecer o céu com suas obras que acompanham a graça. É um engano. As boas obras não podem ajudar de nenhuma forma, nem como obras que precedem a graça, nem como obras que lhe correm paralelas, nem tampouco como obras que seguem a graça, senão que tudo tem que proceder do Espírito Santo e da água. “No lugar de pai e mãe vos darei água e o Espírito Santo”, reza a pregação de Cristo. Onde isso é assim, posso dizer: “minhas próprias obras não me criaram, nem me geraram como nova criação, nem tampouco poderão fazê-lo, posto que fui criado e gerado da água e do Espírito”. Também resulta agora fácil provar e julgar os espíritos fanáticos. Pois o que nasceu, o que já foi feito e criado, não tem necessidade de ser feito e criado. Como podem dizer então que as obras subsequentes à graça me geram e me criam? Fazer boas obras é necessário; correto – porém não para chegar a ser por meio delas uma nova criação. Portanto há de se diferenciar entre fé e obras; assim, aqui o Senhor nos ensina. As obras feitas antes da fé são condenadas como pecado. Em contrapartida, as obras feitas por quem já tem fé são obras preciosas e boas. Todavia, tampouco essas servem para nos converter em homens justos, senão para louvar e glorificar a nosso Pai que está nos céus (Mateus 5:16) e para causar alegria aos anjos. Pois quem por meio de boas obras e de uma pregação frutífera honra ao Pai, receberá também dele a recompensa correspondente. Se não andas em boas obras, tampouco nasceu ainda para elas (Efésios 2:10).

Onde se ensina e se vive dessa maneira, a verdade aqui ensinada por Cristo permanece vigente em toda a pureza. Cristo diz que temos que nascer, Paulo reforça que temos que ser criados por Deus. Falando em termos de comparação com uma criatura: a criatura não se gera nem se faz nascer a si mesma, senão que depois de ser criada pode fazer obras. Analogamente, a árvore frutífera depois de plantada dá frutos. Não se diz: “Se não tiver peras na árvore, essa não é uma árvore”, senão o inverso. Por isso cresce a pereira, para que dê peras, para glória e louvor de Deus o Criador, e para que nós as comamos. Assim, a obra de Deus é a que precede, e a nossa obra é a que segue. Igualmente: se não existisse ferreiro, não existiria machado, pois para que machado corte, previamente precisa ser fabricado. Só um perfeito idiota poderia dizer: “Faz-me um machado que colabore na sua fabricação, de maneira que mediante seu despedaçar e cortar se transforme em machado”. Primeiro se fabrica o machado, e só então se pode empregá-lo nos trabalhos aos quais a ele se destinam.

Sobre esse tema se discute de modo por demais obstinado desde os primórdios da humanidade. E esse é o nosso ensino no qual insistimos com toda energia, afim de que conserve o lugar correspondente na igreja e para evitar que penetrem nela pessoas que atribuem um efeito também às obras precedentes ou concomitantes. Primeiro deve estar a criação, o nascimento: logo pode seguir a obra. Nicodemos não pode compreender isso porque ele vive na crença equivocada de que obterá êxito para entrar no céu graças as suas obras precedentes. Cristo se opõe a ele com um sonoro NÃO: “o que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”. Todos aqueles que ensinam algo que contrarie esse artigo são falsos mestres. Nós, todavia, cremos e damos graças a Deus pelo fato de que ao fim foi trago a luz e posto ao conhecimento de todos qual é o verdadeiro caminho da vida: “Faz com que eu seja regenerado sem a colaboração de nenhuma obra minha, mas apenas pela palavra e pela fé”. Se tal é o caso, sou filho de Deus, tenho livre acesso a casa de meu Pai, e tudo quanto faço é bom e aceito diante de seus olhos. Se meu pé escorrega, Ele me castiga.  Se eu sou uma arvore boa, levo frutos bons. Se a árvore é tomada por vermes nocivos, o Pai os extermina. Se eu sou um bom machado, sirvo para cortar; se no machado se produz uma falha, também esse mal poderá ser sanado pelo Pai. Por isso vós os fariseus estais muito distantes do alvo com vossas obras precedentes; porque dessas resulta não mais que uma justiça válida diante dos olhos do mundo e para ela vale o que acabo de dizer quanto ao atirador. A justiça proveniente da fé acerta o alvo: aponta ao centro mesmo e penetra até a vida eterna – não por nossos próprios meios, senão em união com aquele que é o Mediador, do qual se fala na parte final do evangelho (João 3:14 e similares). Fomos criados por Ele e somos recriados por Ele; por meio Dele somos uma criação perfeita, apesar de ainda não estarmos livres de faltas e debilidades.

Isso se chama falar de forma cristã sobre a regeneração, da qual os papistas, os turcos e os judeus não têm o menor conhecimento. Estou seguro, portanto, que no Concílio[1] dos papistas rejeitarão esse artigo, já que a norma deles é julgar a obra de Deus segundo eles mesmos a entendem. Cristo, porém, sustenta invariavelmente: “O que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”. É preciso, pois, deixar de lado os pensamentos próprios, a sabedoria própria, as opiniões próprias e ouvir somente a palavra por meio da qual é criado em ti um coração novo sem a tua contribuição, como o novo ser no corpo da mãe. Este texto soluciona a questão que se vem debatendo no mundo inteiro sobre como é possível uma vida bem-aventurada e feliz. Não há outro meio que a justiça efetuada pela regeneração não atinja o alvo.

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Original em espanhol: Nos Es Necesario Nacer De Nuevo.
Convertido para o formato digital por Andrés San Martín Arrizaga, 27 de Fevereiro de 2007
Tradução: Luciano de Oliveira
Revisão: Armando Marcos Pinto
18 de outubro de 2012
Baixe em PDF aqui!
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Reforma protestante: Será que precisamos de uma?

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Por Renato Vargens

O Romanismo possui similaridades interessantíssimas com o neopentecostalismo brasileiro, até porque, ambos fundamentam suas doutrinas e comportamentos em três pilares, as Escrituras Sagradas, a tradição e autoridade apostólica papal. 

Na verdade, tanto católicos como neopentecostais não consideram na prática (ainda que neopentecostais afirmem o contrário) a Bíblia como única e exclusiva regra de fé. Isto porque, para ambos os movimentos, a tradição bem como a experiência adquirida com o sagrado, possuem um enorme peso na consolidação de suas doutrinas. Junta-se a isso, o fato de que as duas correntes possuem em suas estruturas eclesiásticas lideres papais, cuja autoridade apostólica é inquestionável. Além disso, ambos mercantilizam a fé, comercializando as benesses divinas, oferecendo aos fiéis objetos sagrados que possuem em si poder suficiente para operar milagres. Quanto à práxis litúrgica o neopentecostalismo faze-nos por um momento pensar que regressamos aos tenebrosos dias da idade média, onde como no século XVI, (veja o vídeo abaixo) a manipulação religiosa se faz presente mediante os pseudo-apóstolos que em nome de Deus estabelecem doutrinas que se contrapõem a Palavra revelada do Senhor. 

Tanto o Romanismo como o neopentecostalismo brasileiro entendem que as bênçãos de Deus não são frutos de sua maravilhosa graça, mais sim, conseqüência diretas de uma relação baseada na troca ou no toma-lá-dá-cá. Neste contexto, tudo é feito em nome de Deus e para se conseguir a benção é absolutamente necessário pagar e pagar alto! Por favor, responda sinceramente: Qual a diferença da oferta extorquida do povo sofrido nos dias atuais pra venda das indulgências da idade média? Qual a diferença dos utensílios vendidos no século XVI, para os que comercializados em nossos templos nos dias de hoje?

 O que me chama atenção, é que a igreja evangélica brasileira diante de tanta sandice ainda advoga a causa de que estamos vivendo momentos de um genuíno avivamento. Outra vez lhe pergunto: Será? Que avivamento é esse, que não produz frutos de arrependimento? Que avivamento é esse que não muda o comportamento do crente? Que avivamento é esse que não converte o coração do marido a esposa e vice-versa? Que avivamento é esse que dicotomiza a relação entre pais e filhos? Que avivamento é esse que relativiza a ética? 

Amados, acredito piamente que os conceitos pregados pelos reformadores precisam ser resgatados e proclamados a quantos pudermos. Sem sombra de dúvidas necessitamos desesperadamente de uma nova reforma, por que caso contrário a vaca vai para o brejo. 

Soli Deo Gloria, 

Renato Vargens




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Poesia "Dia feliz, dia da Reforma Protestante"

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No dia 31/10 os cristãos protestantes não devem promover o Halloween. Pelo contrário, precisam rememorar o Dia da Reforma Protestante, um movimento iniciado por Martinho Lutero (sem desabonar os pré-reformadores) no início do século XVI. Foi neste dia, no ano de 1517, que o sacerdote agostiniano afixou suas 95 teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg protestando contra diversos pontos da doutrina romana, propondo uma reforma no catolicismo.

Em 2008 fiz a poesia abaixo para relembrar a importante data da Reforma Protestante. Leia. Espero que goste. Louvado seja o Nome do Senhor.


Em tempos sem a Bíblia e grande pesar,
Se viam os homens que traziam um clamor
Brado que liberta e que traz a paz:
“É tua viva Palavra que nos satisfaz”!

Súplica que emergiu de um coração
Monge da fé, da justificação,
Seu nome é Lutero, que cria e relia:
“O justo só viverá é pela fé”!

Dia feliz é o dia das piedosas teses
Das noventa e cinco em Wittenberg
Porta de proposições profundas e de fé
Reforma protestante, é o que o clamor quer.

“Igreja reformada sempre reformando”
Lema de vida dos protestantes;
Cristo, a Palavra e os sacramentos:
Nossos tesouros mais importantes.

Igreja pós-moderna lembre-se bem,
Deste dia feliz, da reforma que se fez,
Valorize esta história que tem muito a ensinar
E a vida de seus líderes, exemplos para imitar.

Agradecemos-te, Deus, pelo o intervir do Senhor,
Providência divina que transforma o pecador,
Faça de nós, Igreja de Cristo,
Povo que segue as teses do amor.

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Rev. Ângelo Vieira da Silva
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Halloween: Inofensiva Brincadeira Americana?

image from google

Por - Jáder Borges

Chegamos na cidade de Minneapolis no mês de outubro e o final do outono anunciava que um rigoroso inverno viria pela frente, com possibilidades de tempestades de neve. À medida que o mês ia passando, casas e lojas iam intensificando as decorações do "Halloween", o tradicional "dia das bruxas", quando pregar peças nos outros em forma de sustos e festinhas embaladas com vampiros dançando com múmias, fica liberado. Crianças percorrem casas perguntando algo como "travessuras ou doces?", e assim, todos esperam a noite cair, para que monstros e abóboras desfiguradas comandem a festa, ao som de muito agito, "Halloween". O que esta palavra significa? A Funk and Wagnalls New Encyclopedia informa que este termo é aplicado à noite que precede o "dia de todos os santos", uma espécie de abreviação-referência de "Allhallows Evening" (uma tradução mais literal de "Allhallows Evening" seria: "Noite de todos os consagrados"...).

Estão brincando com coisa séria...

A onda do Halloween vem crescendo no Brasil, levantada por centenas de cursos de inglês, escolas com fortes influências americanas, seriados de TV e por muitos jovens que tiveram contato com a América, seja através de estudo ou intercâmbio, e que têm fascínio pela cultura norte-americana. Na comemoração do Halloween, o que se escuta como justificativa é que este é um dos meios mais divertidos de se passar um pouquinho mais a cultura daquele país para os interessados e que tudo não passa de uma divertida e diferente aula de inglês, ou de sociologia, simplesmente carregada na maquiagem e nas sombras. Seria "brincadeira" mesmo? De onde vem o Halloween?

A "brincadeira" do Halloween não tem nada de brincadeira na sua origem. Quando se busca no tempo e na história, nesta época do calendário, os druidas (espécie de feiticeiros, antigos sacerdotes entre os gauleses e bretões), costumavam erguer fogueiras para invocação de Saman, o senhor da morte! Pelo menos outros quatro espíritos também eram invocados, com a finalidade de se consultar sobre o futuro ou sobre coisas ocultas. O povo celta também acreditava que nesta data os espíritos dos mortos voltavam à terra para visitar os lares durante a noite. Os romanos, após conquistarem a Grã-Bretanha, adotaram para si as crenças do Halloween, num de seus festivais rituais, em honra à deusa Pomona, senhora das frutas e das árvores.

Como podemos ver, a fonte dessa "brincadeira" traz consigo rituais e invocações a espíritos, tanto de demônios, como de mortos, coisas estas que a Palavra de Deus, a Bíblia, enfaticamente recomenda para não serem feitas, sob grande risco de tremendos distúrbios emocionais e espirituais. A Bíblia diz para não brincarmos e nem mexermos com o oculto, exatamente porque não existe nada de divertido nas densas trevas espirituais, de onde o Halloween se origina (veja Dt.18.9-14; 20.17,18; Is. 8.19; etc). Todos nós sabemos que quem brinca ao volante de um carro, pode se machucar seriamente; que quem brinca com fogo, pode se queimar... e, que quem brinca com uma arma, pode tombar, vítima de um disparo avassalador. Portanto, não brinque com práticas e representações que se aproximam daquilo que Deus avisou para não ser copiado, ou ridicularizado. As penas poderão ser muito duras.

Ora, irmão, deixe de exagero...

Vampiros, múmias, duendes travessos, fantasmas, feiticeiras e diabinhos; muitos diabinhos.... tudo infernalmente e "divertidamente" fantasiado... Que mal há nisto? Estes e muitos outros ícones do mal estão deixando de assustar as pessoas hoje em dia, e nem o velho diabo assusta mais. Evolução dos tempos? Não. Involução espiritual. O povo se distanciou da Palavra de Deus e penetrou por muitos caminhos, grande parte deles escuros e perigosos. Hoje, brinca-se com o diabo, porque não se acredita mais nele. Jesus Cristo sempre acreditou no diabo e teve com ele e suas hostes, grandes batalhas. O Filho de Deus sempre considerou sua astúcia e terrível maldade, sendo a única Autoridade a quem o diabo teme. Por que brincaria eu com o diabo, se nas páginas da Bíblia ele não tem nada de divertido? Ridicularizaria eu uma cascavel prestes a dar o bote?! Cutucaria uma onça com vara curta, estando a jaula aberta? Rapaz e moça... não brinquem com o diabo, pois ele não brinca com vocês. O que ele quer é devorar vidas! (1a Pe.5.8). Não se aproxime de qualquer ícone do mal nem se fantasie dele, sob o risco de sofrer terríveis perturbações espirituais, de origens demoníacas. Nem Jesus desacreditou da existência do diabo, e nem os anjos o fazem, por que faríamos nós? "Contudo, o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo... não se atreveu a proferir juízo infamatório contra ele; pelo contrário, disse: O Senhor te repreenda!" (Jd. v9). Quem nos informa isto é a Bíblia, a Palavra de Deus. E a Palavra de Deus não mente.

Depressões profundas, ideias suicidas, afundamento nos vícios, bárbaros assassinatos cometidos por jovens, escutar sons de gargalhadas horripilantes e vozes do além pela casa, tudo isso vem acontecendo com milhares de jovens em todo o mundo, que um dia ousaram "brincar" com o diabo ou com ícones a ele associados, e caíram, vítimas de seus laços mortais. Perderia Saman, tido como o senhor da morte, a primeira oportunidade de matar? Acredito que não. ("Saman" é um dos nomes com os quais Satanás se disfarça).

Finalizando, o meu conselho e incentivo é para que você não embarque nesta onda de "Halloween", só porque a sua escola, ou a sua turma está fazendo tal festa. Professores, lembrem-se que também compete a vocês zelaram pelo bem-estar dos alunos. Não os empurre para iniciações com o mundo das trevas, nem por brincadeira! Desistam de qualquer "brincadeira" do Halloween enquanto ainda é tempo, pois ninguém precisa de Halloween para se divertir, exatamente por não haver diversão em maldições. O que todos nós precisamos é de seguir Jesus Cristo, para sermos verdadeiramente felizes.

Portanto, não vá com os outros, nem que os outros formem multidão. A história está repleta de casos em que a multidão estava completamente desnorteada, pagando um alto preço por causa disso. No caso específico do Halloween, muitos adolescentes e jovens entraram nessa "brincadeira" sem saber das profundas armadilhas espirituais escondidas por trás da "diversão" e hoje sofrem grandes tristezas. Jovens, não deem ouvidos à voz do povo, pois isso nem é bíblico, e trata-se de uma tremenda armação. A voz do povo nunca será a voz de Deus, ainda mais quando empurra pessoas para práticas que Deus condena! A Bíblia é que é a Voz de Deus! Escute o que ela diz: "Não seguirás a multidão para fazeres o mal"... (Êx.23.2a). "Então, perguntou Jesus aos doze: Porventura, quereis também vós outros retirar-vos? Respondeu-Lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna" (Jo 6:68).

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- Sobre o autor: Jáder Borges Filho é pastor da Igreja Presbiteriana do Jardim Satélite, em São José dos Campos (SP), e foi secretário geral do Trabalho com a Infância da IPB (2006-2010). Estudou no Seminário do Recife e na Theologisches Seminar Ewersbach, na Alemanha. Promove o Congresso Infantil Primeiros Passos, voltado para quem trabalha com crianças, EBD e departamentos infantis.

Fonte: Editora Fiel
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Sua igreja talvez não seja uma igreja se…

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Por - Jared C. Wilson

Queremos ir a um lugar com estacionamento amplo, que nos dê um café de graça assim que entremos. Queremos sentar em uma cadeira confortável que vibra. Queremos uma banda bombante. Queremos ver fumaça. E um laser que desenhe uma cruz na fumaça. Queremos um bom cantor para cantar coisas confortadoras enquanto ouvimos admirados. Queremos um palestrante enérgico para aliviar nosso medo da economia e que nos inspire em não mais que 20 a 22 minutos. Então queremos ir embora sem ser incomodados, ter nossas retinas scanneadas para pegar nossos filhos, e vê-los descer do parquinho, depois de terem ouvido uma lição de ninguém menos que o próprio Bob Esponja Calças Quadradas, sobre obedecer aos pais e não mentir. E, se nos sentimos assim, queremos tudo isso novamente na próxima semana. Isso é o evangelicalismo.

Essa é minha paráfrase de um sermão recente de Matt Chandler na Village Church.

Um pastor de louvor e adoração visitou uma igreja local esses dias, uma pela qual até tenho certo respeito. Ele disse que não ouviu o nome de Jesus na mensagem. Já sabemos que muito do que se passa por evangelicalismo tem pouquíssimo, se é que tem, evangelho. É possível que muito do que se passa por “igreja”… não seja uma?

Aqui vão alguns sinais de que sua igreja talvez não seja realmente uma igreja.

Sua igreja talvez não seja uma igreja se…

  • Seu pastor raramente fala sobre Jesus. (Essa é fácil).
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  • Seu pastor fala sobre Jesus, mas somente no estilo “siga seu exemplo”. (Você poderia ser um Mórmon ou mesmo muçulmano e pregar desse jeito).
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  • As músicas de “adoração” são mais sobre como você se sente e o que você pode fazer, em oposição a quem Deus é e o que Ele fez.
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  • A extensão do envolvimento de quase todos na igreja está limitada ao culto semanal.
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  • Seu pastor não pastoreia as pessoas cara a cara, mas gerencia “sistemas” em seu escritório, 40 horas por semana.
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  • Alguns desses sistemas são projetados para que o pastor interaja com o menor número de pessoas possível.
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  • Você não se lembra da última vez que participou da Ceia do Senhor.
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  • Muito do planejamento e foco na organização gira em torno de fazer um culto sensacional.
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  • Você nunca ouve a palavra “pecado” por lá.
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  • Você ouve a palavra “pecado”, mas apenas brevemente ou redefinida como “falhas”.
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  • Você não se lembra a última vez que ouviu o nome de Jesus em uma mensagem.
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  • A mensagem de Páscoa não é sobre a ressurreição, mas “novas oportunidades” na sua vida ou virar uma nova página.
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  • Em feriados patrióticos, a mensagem é sobre quão grande nosso país é.
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  • Nos outros fins de semana, a mensagem é sobre quão grande você é.
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  • Há mais vídeos que orações.
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  • Pessoas não cantam durante o culto de “adoração”, mas assistem.
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  • As responsabilidades principais do pastor são coisas estranhas à Escritura.
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  • Existe mais dinheiro investido em propaganda que em missões.
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  • A maioria dos pequenos grupos gira em torno de esportes ou lazer, e não estudo ou serviço.
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  • Você sempre se sente confortável lá.
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  • Ser membro da igreja parece apenas um sistema de recrutamento de voluntários.
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  • Você só encontra outras pessoas da igreja nos cultos de domingo.

Se sua igreja parece com uma ou mais dessas coisas, talvez seja uma torcida espiritual, um teatro religioso, um clube social cristão, ou alguma coisa totalmente diferente, mas, provavelmente, biblicamente falando, não é uma reunião da igreja bíblica.

Traduzido por Josaías Jr | iPródigo | Originais aqui e aqui
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Por que prefiro o Método Gramático-Histórico de Interpretação?

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Por - Augustus Nicodemus Lopes

O motivo principal é a atitude que os aderentes do método gramático-histórico têm para com a Bíblia. Os que adotam esse método geralmente seguem pressupostos para com as Escrituras, no todo ou em parte, que estão ligadas ao Cristianismo histórico e à Reforma protestante. Como reformado, por definição me inclino para esse método. Para os que não estão familiarizados com essa nomenclatura, o método gramático-histórico é o nome que se dá ao sistema de interpretação oriundo da Reforma, cujos proponentes se caracterizam pelas seguintes atitudes (entre outras) para com a Bíblia:

1) Recebem-na como Palavra de Deus, inspirada, autoritativa, infalível, suficiente e única regra de fé e prática. Assim, desejam submeter-se a ela, pois a consideram como estando acima de suas tradições e confissões.

2) Entendem que ela, como texto, tem somente um sentido, que é aquele pretendido pelo autor humano inspirado. Esse sentido é geralmente o sentido natural e óbvio do texto. E para descobri-lo, acreditam que ela é a sua melhor intérprete. Por conseguinte, dedicam-se a estudá-la, pois também reconhecem que ela foi escrita por homens de cultura e língua diferentes vivendo em momento histórico também diferente.

3) Professam que a mensagem central das Escrituras é clara a todos, e que seus pontos essenciais são suficientemente revelados, de forma que, pelo uso dos meios normais, qualquer pessoa, sob a iluminação do Espírito, pode ter conhecimento salvador dessa mensagem.

4) Reconhecem que as diferenças doutrinárias que existem entre si próprios são decorrentes, não de erros ou contradições das Escrituras, mas da incapacidade deles, causada pelo pecado e pelas limitações humanas, de compreender perfeitamente a revelação perfeita de Deus.

5) Esforçam-se para continuamente rever seus pressupostos teológicos e características denominacionais à luz das Escrituras. Entretanto, não rejeitam o legado hermenêutico das gerações anteriores.

Essa atitude interpretativa para com a Bíblia tem sido chamada de gramático-histórica porque considera importante para seu entendimento tanto a pesquisa do sentido das palavras (gramma, em grego) quanto a compreensão das condições históricas em que foram escritas. Apesar de sua idade avançada e das críticas que tem recebido, ainda prefiro esse método de interpretação, por várias razões.

Primeira, mais que qualquer outro sistema hermenêutico, ele honra as Escrituras. Ele parte de um alto apreço pelas Escrituras e seus atributos, como inspiração, autoridade, infalibilidade, coerência e suficiência. As escolas alegóricas de interpretação sempre consideraram, em alguma medida, irrelevante a historicidade das narrativas bíblicas, e se interessaram pelo pretenso sentido oculto atrás delas. O método histórico-crítico, surgido ao final do século 17, partindo de suas pressuposições racionalistas, reduziu a Bíblia ao registro da fé de Israel e dos primeiros cristãos, negando sua inspiração e infalibilidade. As novas hermenêuticas centradas no leitor, com seu relativismo, negam a autoridade e infalibilidade das Escrituras e transformam o leitor em autor, pois é ele que determina o sentido.

A hermenêutica do neo-misticismo evangélico desonra as Escrituras submetendo-a à autoridade dos espirituais e iluminados.

Segundo, mantém em equilíbrio a tensão entre oração e labuta no estudo da Bíblia. Os praticantes do método gramático-histórico sempre procuraram manter em equilíbrio a espiritualidade e a erudição no labor teológico, especialmente aqueles comprometidos com o método gramático-histórico, adotando o binômio orare et labutare: Orare, porque a Bíblia é divina, porque somos pecadores, porque Deus é muito diferente de nós. Pela oração buscamos a iluminação do Espírito. Labutare, porque a Bíblia, como literatura produzida por seres humanos num determinado contexto, numa outra cultura e numa outra época, é humana, e está distante de nós, o que provoca a necessidade de estudo. A interpretação alegórica neo-mística descuida do labutare – tudo o que o intérprete precisa é ser homem de oração, jejuar e aguardar iluminação do Espírito – provocando interpretações absurdas, cabalísticas e místicas. O método histórico-crítico tende a esquecer o orare – tudo o que o intérprete precisa é ser um especialista nas diversas críticas literárias – provocando intelectualismo árido e seco. As novas hermenêuticas tendem a esquecer as duas coisas. Por que orar e estudar, já que a interpretação é resultado da fusão de horizontes entre o leitor e o texto e se o sentido é determinado inexoravelmente pelas estruturas da linguagem? Ou, se não há um único sentido, mas muitos e diferentes e todos igualmente válidos?

Terceiro, o método gramático-histórico preserva a objetividade na interpretação. Os seus proponentes, mesmo admitindo que haja partes difíceis de entender na Bíblia, sempre afirmaram que a sua mensagem central é clara. Assim, foram capazes de elaborar confissões, credos e teologias. O método gramático-histórico parte do princípio que Deus se revelou proposicionalmente nas Escrituras e que esta revelação pode ser entendida, sintetizada e transmitida. Quando digo que Deus se revelou proposicionalmente, refiro-me ao fato de ele nos fala através de declarações, sentenças, frases. Setores do método histórico-crítico e das novas hermenêuticas defendem que Deus não se revelou de forma proposicional, mas através de histórias, poesias, experiências. Para eles, não existe um sistema doutrinário revelado na Bíblia, e conseqüentemente, não se pode sintetizar os resultados da interpretação – não se pode ter teologia.Toda interpretação é subjetiva, provisória, contextual e temporária. Nunca se pode afirmar que sabemos a verdade que a Bíblia ensina.

Por último, a escola gramático-histórica de interpretação produziu grandes pregadores e grandes expositores bíblicos, mais que as outras. O método histórico-crítico, por exemplo, costuma produzir mais professores acadêmicos do que grandes pregadores. Já o método alegórico e as novas hermenêuticas produzem contadores de experiências, visto que não lhes interessa o conteúdo teológico, doutrinário e práticos das Escrituras.

Em conclusão, eu diria que um retorno ao uso coerente do método gramático-histórico pode ser crucial para uma reforma no protestantismo brasileiro, como foi na igreja do século XVI. A ferramenta principal dos reformadores foi uma postura para com a Bíblia e uma leitura que rompeu com os métodos alegóricos medievais. Foi esta atitude para com a Bíblia que consolidou a Reforma. Acredito que a crise de identidade que vive o evangelicalismo brasileiro tem como uma das principais causas a falta de consistência e coerência no emprego do método de interpretação que sempre acompanhou o Cristianismo histórico.

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Conselhos para quem deseja ter um blog/site cristão apologético

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Por Ruy Marinho

Estes são alguns conselhos para quem almeja ter (e quem já tem) um blog Cristão na internet, principalmente de cunho apologético:

Antes de tudo, analise como está a sua vida cristã fazendo as seguintes perguntas: você conhece e pratica o que se propõe a defender? Você está aliançado em uma igreja local e sob discipulado? Se a resposta for não, nem abra um blog! Como você vai defender o evangelho sem ao menos, de fato, viver o cristianismo e ter comunhão com o corpo de Cristo? A centralidade bíblica sempre vai apontar para a aliança e comunhão com outros irmãos em Cristo. Se você anda sozinho, sua apologia se transformará em uma falácia contra o próprio evangelho! Resolva a sua vida eclesiástica primeiro para depois desenvolver algum trabalho produtivo para a obra de Deus. 

Aprenda o que é apologética cristã, para que serve, para quem é direcionada, porque e como deve ser aplicada. Vejo que a realidade democrática e gratuita da internet possibilitou a abertura de alguns blogs onde seus autores não demonstraram este conhecimento básico, talvez pelo anseio de expressar suas mágoas contraídas de experiências eclesiásticas negativas e pela necessidade urgente de denunciar algum erro. Isto causou a negligência de alguns no aspecto ético e prático. É preciso ter muita responsabilidade com a Palavra de Deus, buscando a orientação e preparação adequada antes de qualquer atitude que envolva o evangelho, inclusive na internet.

Compreenda que a base fundamental e o objetivo final da apologética cristã é o evangelho. A apologética é uma ponte que conduz ao caminho do verdadeiro evangelho de Cristo. O objetivo da apologética é ser um agente facilitador para o evangelismo e/ou correção para as questões que ferem as doutrinas cristãs fundamentais, mostrando o caminho correto, com o comportamento correto e expondo a mensagem Bíblica correta. Como eu costumo analogicamente frisar: "A apologética cristã deve ser semelhante a criação de filhos: devemos repreender os erros e mostrar o caminho certo." Não adianta você repreender os erros doutrinários ou a incredulidade de um não-cristão sem apontar o caminho para o evangelho. Não se esqueça: a nossa obrigação é pregar a Palavra, mas o convencimento no coração de um pecador é obra exclusiva do Espírito Santo, segundo a vontade soberana de Deus.

Entenda que o amor cristão é a base de todo e qualquer serviço. A apologética cristã não tem sentido quando este amor não é exprimido em seus textos e ações. Não há espaço para sarcasmo, orgulho, ofensas e vaidades pessoais, mas sim para mansidão e temor, além da esperança de que Deus será glorificado através do arrependimento de quem recebe a mensagem apologética. Como você espera ser usado para trazer alguém para a fé cristã utilizando de tom agressivo e humilhante? A apologética não é um time de competição que visa a vitória nos argumentos para satisfazer vaidades pessoais, mas sim um facilitador para conduzir o pecador ao evangelho. 

A ética cristã é consequência do amor transformador de Deus que é transbordado em nós através do Espírito Santo pelo conhecimento de Sua Palavra. É impossível desenvolver uma defesa do evangelho sem piedade. O Apóstolo Pedro foi categórico quanto a isto: "antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós, fazendo-o, todavia, com mansidão e temor, com boa consciência, de modo que, naquilo que falam contra vós outros, fiquem envergonhados os que difamam o vosso bom procedimento em Cristo" (1Pe 3:15-16, negrito meu). Note que uma vida em santidade e oração é fundamental, além do preparo adequado e um testemunho íntegro. Ter sabedoria para dialogar corretamente é um ponto importante para todo cristão: "Portai-vos com sabedoria para com os que estão de fora; aproveitai as oportunidades. A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um." (Cl 4:6; leia também Tiago 3), pois o espírito contencioso do orgulho não pode fazer parte do comportamento de um Cristão (Pv 13:10). 

Prepare-se com afinco, dedicando-se exaustivamente aos estudos para adquirir maturidade e experiência teológica suficiente, ao ponto de fazer uma exposição bíblica coerente, correta e equilibrada. Procure ler bons livros de autores confiáveis (algumas indicações aqui). Faça cursos de capacitação teológica e se possível comece um seminário teológico. 

A igreja brasileira passa por um período de várias ameaças liberais, tais como: o relativismo teológico, o teísmo aberto, a teologia da libertação, a teologia gay, a teologia feminista, o "evangelho progressista" e suas ideologias marxistas, o aborto, a liberação das drogas, o casamento gay, etc., além do neo-ateísmo, neopentecostalismo, das seitas e heresias clássicas e contemporâneas. 

Portanto, é imprescindível preparar-se para defender a fé. "Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade." (2Tm 2:15)

Basicamente é o que eu enxergo de forma resumida. Claro que os pontos apresentados podem e devem ser aprofundados. 

Soli Deo Gloria!

Fonte: Bereianos
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Como deveriam ser os debates sobre homossexualidade

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Por - Trevin Wax

Apenas uma vez, eu gostaria de ver uma entrevista na TV mais ou menos assim:


Apresentador: Você é um pastor cristão, e diz que acredita na Bíblia, o que significa que você deveria amar todas as pessoas.

Pastor: É isso mesmo.

Apresentador: Mas me parece que você e a sua igreja têm uma posição um tanto quanto sem amor, quando se trata dos gays. Os homossexuais são bem vindos em sua igreja?

Pastor: É claro. Nós cremos que o evangelho é uma mensagem relevante para cada pessoa desse planeta, e nós queremos que todos ouçam o evangelho e encontrem a salvação em Jesus Cristo. Então, em nossa igreja, nossos braços estão estendidos para pessoas com qualquer tipo de histórico, todo tipo de raça, todo tipo de etnia e cultura. Somos um lugar para todos os tipos de pecadores, e pessoas com todos os tipos de problemas.

Apresentador: Mas você disse “somos um lugar para pecadores”. Então você acredita que a homossexualidade é pecado, certo?

Pastor: Sim, acredito.

Apresentador: Então como você concilia o mandamento de amar todas as pessoas com uma posição sobre o homossexualismo que alguns diriam ser radicalmente intolerante?

Pastor (sorrindo): Se você acha que a minha posição sobre homossexualismo é radical, espere até ouvir no que mais eu acredito! Eu creio que um casal de adolescentes que fazem sexo no banco de trás do carro estão pecando. O casal heterossexual que não é casado mas moram juntos ali na esquina, para mim, está pecando. De fato, qualquer atividade sexual que ocorre fora da aliança do casamento entre um marido e sua esposa é pecado. Mais ainda, Jesus leva essa ética sexual um passo além e vai ao cerne do assunto. Isso significa que cada vez que eu simplesmente desejo sexualmente outra pessoa, estou pecando. A visão radical de Jesus sobre o sexo nos mostra todos como pecadores sexuais, e foi por isso que ele veio morrer. Jesus veio para salvar pecadores, homo e heterossexuais, e transformar nossos corações, mentes e comportamentos. Porque ele morreu por mim, eu devo tudo a ele. E como seguidor de Jesus, procuro obedecer tudo que ele diz sobre sexo e moralidade.

Apresentador: Mas Jesus não condenou o homossexualismo diretamente, não é mesmo?

Pastor: Ele não precisava. Ele foi diretamente à questão do coração e intensificou os mandamentos contrários a comportamentos imorais do Antigo Testamento. Assim, Jesus não condenou o adultério, por exemplo, da mesma forma que um dos Dez Mandamentos. Jesus condena até mesmo o desejo que leva ao adultério, com o propósito de nos oferecer corações transformados que começam a bater no ritmo de seus mandamento radicais.

Apresentador: Você diz que ele condenou o adultério, mas ele decidiu não condenar aquela mulher que foi pega em adultério.

Pastor: Sim, mas ele disse a ela “vá, e não peques mais”.

Apresentador: Mas quem é você para condenar alguém que não se alinha com as suas crenças pessoais sobre sexualidade?

Pastor: Quem sou eu? Ninguém. Não é de importância alguma o que eu penso sobre essas coisas. Essa conversa sobre homossexualismo não tem nada a ver com as minhas crenças pessoais. É sobre Jesus e o que ele diz. Eu não tenho direito de condenar ou julgar o mundo. Esse direito pertence a Jesus. Minha esperança é segui-lo fielmente. Isso significa que tudo que ele diz em relação a práticas sexuais é o que eu creio ser verdadeiro, amável e muito melhor para a felicidade do ser humano – mesmo quando parece estar longe das murmurações da cultura atual.

Apresentador: Mas você está julgando. Você está dizendo para todos os gays que estão nos assistindo que eles são pecadores.

Pastor: Eu não estou falando apenas dos gays. Estou apontando Jesus como resposta para toda pecaminosidade sexual.

Apresentador: Mas você está se referindo aos gays. Por que você está tão focado assim nos homossexuais?

Pastor (sorrindo): Com todo o respeito, foi você quem trouxe esse assunto.

Apresentador: Você está dizendo que não é possível ser gay e cristão?

Pastor: Não. Estou dizendo que você não pode ser um cristão genuíno sem arrependimento. Todos – incluindo eu – são culpados de pecar, mas o cristianismo se baseia no arrependimento. Concordamos com Deus sobre nosso pecado, deixamos essa prática para trás e corremos para Jesus. Quando se trata de cristianismo, esse debate não é sobre homossexualismo contra outros pecados. É se o arrependimento é ou não integral para a vida cristã.

Apresentador: Mas você enxerga porque um homossexual nos assistindo pode pensar que você está o atacando pessoalmente? Você está dizendo que há algo de errado com ele.

Pastor: Eu penso que o ensinamento de Jesus sobre sexualidade nos mostra que há algo de errado com todos nós – algo que só pode ser consertado pelo que Jesus fez por nós na cruz, em sua ressurreição. Dito isso, eu entendo porque as pessoas podem pensar que estou atacando-as pessoalmente. A maioria das pessoas que se sentem atraídas pelo mesmo sexo acreditam que nascem com essas tendências. É por isso que elas normalmente veem essa atração como algo central em suas existências, e assim se identificam com o rótulo de “gay”. Então quando alguém questiona seu comportamento ou desejo, eles entendem como um ataque ao que há de mais central em si mesmos. Isso normalmente não é a intenção da pessoa que discorda do comportamento homossexual. Mas é assim que se entende. Eu compreendo isso.

Apresentador: Se é verdade que uma pessoa nasce com uma ou outra orientação sexual, então como é possível ser amável condenar a orientação de alguém?

Pastor: Bem, nós realmente não sabemos com certeza sobre a atração sexual ser inata e decidida desde o nascimento. Tudo que temos é o testemunho de pessoas que dizem ter experimentado desejos homossexuais desde a infância. O cristianismo ensina que todas as pessoas nascem com uma inclinação para o pecado. É possível que algumas pessoas terão uma propensão ao abuso do álcool ou ataques de ira, enquanto outros uma propensão a outros pecados. De qualquer forma, cristãos acreditam que as pessoas são mais do que seus instintos sexuais. Nós acreditamos que a dignidade humana é diminuída sempre que definimos nós mesmos por comportamentos e desejos sexuais. Pense nisso: homens casados, às vezes, são atraídos por muitas mulheres que não são sua esposa. Isso significa que eles devem se auto-intitular como polígamos? De forma alguma. E você certamente não consideraria agressivo por parte dos cristãos encorajar homens casado a não agirem conforme seus desejos, em um esforço para permanecerem fieis às suas esposas. Esse é o cristianismo, afinal de contas.

Apresentador: Não, ainda parece que você está dizendo para as pessoas não serem honestas com quem elas são.

Pastor: Só parece assim porque você acredita que o desejo sexual reflete o centro da identidade de alguém. Ajudaria se você e outros que concordam com você entendessem que, ao me pressionar para aceitar o comportamento homossexual como normal e virtuoso, vocês estão indo contra o próprio centro da minha identidade como seguidor de Jesus. O rótulo mais importante para mim é “cristão”. Minha identidade – em Cristo – é central para quem eu sou. Então eu poderia dizer a mesma coisa e chamar você de intolerante, preconceituoso e agressivo por tentar mudar uma convicção que está no cerne de quem eu sou, como cristão. Eu não digo isso porque eu não acredito que seja a sua intenção. Mas você também não deveria pensar que a minha intenção é atacar um homossexual ou causar danos a ele simplesmente porque eu discordo.

Apresentador: Mas o problema é: sua posição cultiva o ódio e encoraja o bullying.

Pastor: Eu reconheço que algumas pessoas trataram de forma equivocada os homossexuais no passado. É um vergonha que qualquer um faça chacota, provoque ou agrida outro humano feito a imagem de Deus. Dito isso, eu penso que devemos deixar mais uma coisa clara, no que tange o discurso civil: discordar não é odiar. Eu espero que ainda possamos ter uma conversa de verdade nesse país sobre pontos de vista diferentes sem retratar um ao outro da pior forma possível. A ideia de que discordar do comportamento homossexual necessariamente resulta em perigo aos gays é elaborada para encerrar as conversas e imediatamente definir um ponto de vista (nesse caso, o ponto de vista cristão) como fora dos limites. Como cristão, eu devo amar meu próximo e buscar o bem dele, mesmo quando não concordo 100% com ele. Mais ainda, a figura de Cristo morrendo na cruz por seus inimigos necessariamente afeta a forma como eu penso sobre essa e outras questões.

Traduzido por Filipe Schulz | iPródigo | original aqui
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