Quando todos os recursos falham (última devocional de Davi Wilkerson '1931-2011'')

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Última devocional de David Wilkerson postada no site de seu ministério, hoje, 27 de abril, quando o Senhor levou esse servo para si, falecido num acidente de carro.

Mas como ele mesmo escreveu nessa devocional: "Verás que tudo era parte de meu plano. Não foi um acidente"

O Senhor seja louvado!
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Crer quando todos os recursos fracassam agrada muitíssimo a Deus e é altamente aceito por ele. Jesus disse a Tomé "Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram." João 20:29

Bem aventurados os que crêem quando não existe evidência de uma resposta a sua oração. Bem aventurados aqueles que confiam mais além da esperança quando todos os meios fracassaram.

Alguém chegou a um lugar de desespero, ao final da esperança e ao término de todo recurso. Um ser querido enfrenta a morte, e os médicos não dão esperança. A morte parece inevitável. A esperança se foi. Orou pelo milagre, porem, esse não aconteceu.

É nesse momento quando as legiões de Satanás se dirigem a atacar sua mente com medo, ira e perguntas opressivas como "Onde está teu Deus? Você orou até não lhe restaram lágrimas, jejuou, permaneceu nas promessas e confiou" Pensamentos blasfemos penetraram em sua mente: "A oração falhou, a fé falhou. Não vou abandonar a Deus, porem não confiarei Nele nunca mais. Não vale a pena!" Até mesmo perguntas sobre a existência de Deus acometem sua mente!

Tudo isso foi dispositivos que Satanás empregou durante séculos. Alguns dos homens e mulheres mais piedosos de todas as eras viveram tais ataques demoníacos.

Para aqueles que passam pelo vale da sombra da morte, ouçam essas palavras:

O pranto durará algumas tenebrosas e terríveis noites, mas em meio a essa escuridão logo se ouvirá o sussurro do Pai: "Eu estou contigo. Nesse momento não posso lhe dizer por que, mas um dia tudo terá sentido. Verás que tudo era parte de meu plano. Não foi um acidente. Não foi um fracasso da tua parte. Agarre-se com força. Deixe Eu te abraçar nessa hora de dor".

Amado, Deus nunca deixou de atuar em bondade e amor. Quando todos os recursos falham, Seu amor prevalece: Aferre-se a sua fé. Permaneça firme em Sua Palavra. Não há outra esperança nesse mundo.

tradução: Armando Marcos
Via: [ Projeto Spurgeon ]
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O Rev. David Wilkerson, 79 anos, fundador da Times Square Church, faleceu nesta quarta-feira em um acidente de carro numa rodovia do Texas. Ficou bastante conhecido no Brasil através de seu livro "A Cruz e o Punhal", bem como pelo video publicado no youtube onde ele denuncia os desvios doutrinários chorando em um sermão (veja abaixo).




So o que Deus revelou basta

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Por Charles. H. Spurgeon

Não precisamos de nada mais do que aquilo que Deus achou por bem revelar. Certos espíritos errantes nunca estão em casa até que estejam viajando pelo exterior: têm fome de algo que nunca encontrarão "no céu, na terra, ou nas águas debaixo da terra" (Êx 20.4) enquanto tiverem o pensamento que têm agora. Nunca descansam, porque não querem ter nada que ver com uma revelação infalível, por isso, eles estão fadados a perambular através do tempo e da eternidade e a não encontrar nenhuma cidade em que possam descansar. Pois, no momento, eles se gloriam como se satisfeitos com seu último brinquedo novo, mas em poucos meses o esporte deles será quebrar em pedaços todas as noções que anteriormente prepararam com cuidado e exibiram com deleite. Sobem um morro apenas para descê-lo de novo. De fato, dizem que a busca da verdade é melhor do que a própria verdade. Gostam de pescar mais do que do peixe; o que pode bem ser verdade, visto que seus peixes são muito pequenos e cheios de ossos.

Esses homens são tão profícuos em destruir suas teorias, como certos indigentes em esfarrapar suas roupas. Mais uma vez começam de novo, vezes sem conta; sua casa está sempre com os alicerces expostos. Devem ser bons em inícios, pois desde que os conhecemos sempre estão começando. São como aquilo que roda no redemoinho, ou "como o mar agitado, incapaz de sossegar e cujas águas expelem lama e lodo" (Is 57.20). Embora sua nuvem não seja aquela que indica a presença divina, contudo está sempre andando à frente deles e suas tendas nem estão bem armadas e já é tempo de levantar de novo as estacas. Esses homens nem mesmo procuram certeza; seu céu é evitar toda verdade fixa e seguir toda quimera de especulação; estão sempre aprendendo, mas nunca chegam ao conhecimento da verdade.

Quanto a nós, lançamos âncora no abrigo da Palavra de Deus. Eis aí nossa paz, nossa força, nossa vida, nosso motivo, nossa esperança, nossa felicidade. A Palavra de Deus é nosso ultimato. Aqui nós o temos. Nosso entendimento clama: "Encontrei"; nossa consciência afirma que aqui está a verdade; e nosso coração encontra aqui um suporte ao qual toda sua afeição pode se agarrar e, por isso, descansamos contentes.

A revelação de Deus é suficiente para nossa fé

O que poderíamos acrescentar se a revelação de Deus não fosse suficiente para nossa fé? Quem pode responder essa pergunta? O que qualquer pessoa proporia acrescentar à Palavra sagrada? Um momento de reflexão nos levaria a escarnecer das mais atraentes palavras de homens, se fosse proposto acrescentá-las à Palavra de Deus. O tecido não estaria em uma peça única. Você adicionaria remendos a uma veste real? Você guardaria a sujeira das ruas no tesouro do rei? Você juntaria as pedrinhas da praia aos diamantes preciosos da antiga Golconda? Qualquer coisa que não seja a Palavra de Deus posta diante de nós para que creiamos e preguemos como se fosse a vida do homem nos parece totalmente absurda, contudo, enfrentamos uma geração de homens que sempre querem descobrir uma nova força motriz e um novo evangelho para suas igrejas. A manta de sua cama parece não ser suficientemente longa, e eles querem pegar emprestado um metro ou dois de tecido misto e incongruente dos unitaristas, agnósticos ou mesmo dos ateístas.

Bem, se existe qualquer força espiritual ou poder dirigido aos céus, além daquele relatado nesse Livro, acho que podemos passar sem ele. Na verdade, deve ser uma falsificação tão grande que estamos melhor sem ela. As Escrituras em sua própria esfera são como Deus no universo--Todo-suficiente. Nelas estão reveladas toda a luz e poder que a mente do homem pode precisar em relação às coisas espirituais. Ouvimos falar de outra força motriz além daquela encontrada nas Escrituras, mas cremos que tal força é um nada muito pretensioso. Um trem está descarrilado, ou incapaz de prosseguir por outro motivo, quando chega a turma do conserto. Trazem locomotivas para tirar o grande impedimento. A princípio parece que nada se mexe: a força da locomotiva não é suficiente. Escutem! Um garotinho tem uma idéia. Ele grita: "Pai, se eles não têm força suficiente, eu empresto meu cavalo de balanço para ajudá-los". Ultimamente, recebemos a oferta de um considerável número de cavalos de balanço. Pelo que vejo, eles não têm conseguido muito, mas prometeram bastante. Temo que o efeito disso tenha sido mais maléfico que benéfico: eles já levaram pessoas a zombar e as retiraram dos lugares de culto que antes gostavam de freqüentar. Os novos brinquedos foram exibidos, e as pessoas, depois de olhá-los um pouco, foram adiante, à procura de outras lojas de brinquedos. Esses belos e novos nadas não lhes fizeram bem nenhum e nunca farão enquanto o mundo existir.

A Palavra de Deus é suficiente para atrair e abençoar a alma do homem ao longo dos tempos; mas as novidades logo fracassam. Alguém pode bradar: "Certamente, precisamos acrescentar nossos pensamentos a isso". Meu irmão, pense o que quiser, mas os pensamentos de Deus são melhores do que os seus. Você pode ter lindos pensamentos, como as árvores no outono soltam suas folhas, mas há alguém que sabe mais sobre seus pensamentos do que você e os julga de pouco valor. Não é verdade que está escrito: "O Senhor conhece os pensa-mentos do homem, e sabe como são fúteis?" (Sl 94.11). Comparar nossos pensamentos aos grandes pensamentos de Deus, seria total absurdo. Você traria sua vela para mostrá-la ao sol? O seu nada para reabastecer o todo eterno? É melhor calar diante do Senhor, do que sonhar em complementar o que ele falou. A Palavra do Senhor está para a concepção dos homens como um pequeno jardim, para o deserto. Mantenha-se no escopo do livro sagrado e estará na terra que mana leite e mel; por que tentar lhe acrescentar as areias do deserto?

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Extraído de: [ Blog dos Eleitos ]
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Porque podemos ter certeza da salvação

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Os estudiosos dizem que a Carta de Paulo aos Romanos é a cordilheira do Himalaia de toda a revelação bíblica. Se Romanos é a cordilheira do Himalaia, então, Romanos 8 é o pico do Everest. Em Romanos 8.29,30 Paulo faz cinco afirmações gloriosas, que são o fundamento da certeza da nossa salvação.
1. Deus nos conhece de antemão (Rm 8.29). Antes de Deus lançar os fundamentos da terra, acender as estrelas no firmamento e chamar à existência as coisas que não existiam, Deus já havia colocado o seu amor em nós, e nos conhecido como seu povo amado. O verbo conhecer tem o mesmo significado de “amar”. O amor de Deus é eterno, imutável e incondicional. Ele nos amou em Cristo, seu Filho amado, desde toda a eternidade.
2. Deus nos predestina para a salvação (Rm 8.30). Não fomos nós que escolhemos a Deus, foi ele quem nos escolheu. Nós amamos a Deus porque ele nos amou primeiro. Deus nos predestinou não porque previu que iríamos crer em Cristo, cremos em Cristo porque ele nos predestinou. A fé não é causa da eleição divina, é sua consequência. Eu não fui eleito porque cri, eu cri porque fui eleito. Deus não nos predestinou porque previu que iríamos ser santos. Nós fomos eleitos não por causa da santidade, mas para sermos santos e irrepreensíveis. A santidade não é a causa da eleição, mas seu resultado. Deus não nos elegeu para a salvação porque previu nossas boas obras, mas fomos criados em Cristo Jesus para as boas obras. As boas obras não são a causa da predestinação, mas sua consequência. A nossa salvação é obra exclusiva de Deus para que toda a glória pertença a Deus.
3. Deus nos chama com santa vocação (Rm 8.30). Aqueles a quem Deus conhece e predestina, a esses também Deus chama e chama eficazmente. Há dois chamados: um externo e outro interno; um geral e outro específicio; um dirigido aos ouvidos e outro dirigido ao coração. Jesus diz que as suas ovelhas ouvem a sua voz e o seguem. A voz de Deus é poderosa. Os eleitos de Deus podem até resistir a essa voz temporariamente, mas não finalmente. O mesmo Deus que nos elege na eternidade, tira as vendas dos nossos olhos, o tampão dos nossos ouvidos, retira o nosso coração de pedra e nos dá um coração de carne. Ele mesmo opera em nós o querer e o realizar, abrindo nosso coração, dando-nos o arrependimento para a vida e a fé salvadora.
4. Deus nos justifica conforme sua graça (Rm 8.30). Aos que Deus conhece, predestina e chama, também justifica. A justificação é um ato e não um processo. Acontece fora de nós, no tribunal de Deus, e não em nós. A justificação não tem graus, todos os que creem em Cristo estão justificados de igual modo diante do tribunal de Deus, por causa do sacrifício substitutivo de Cristo. Aqueles que estão justificados estão quites com a justiça de Deus e com as demandas da lei de Deus. Não pesa sobre eles mais nenhuma condenação. Toda a infinita justiça de Cristo é deposita em sua conta.
5. Deus nos glorifica para a bem-aventurança eterna (Rm 8.30). Aqueles que são amados e predestinados na eternidade e salvos no tempo desfrutarão da bem-aventurança eterna. Embora, a glorificação dos salvos seja um fato futuro, que se dará na segunda vinda de Cristo, na mente de Deus e nos decretos de Deus já é um fato consumado. Aqueles que crêem em Cristo e estão guardados nele têm a garantia do céu. Nada nem ninguém poderá nos separar do amor de Deus que está em Cristo. O apóstolo Paulo diz que aquele que começou a boa obra em nós, há de completá-la até o dia de Cristo Jesus. Que Deus seja louvado por tão grande salvação!
Autor: Hernandes Dias Lopes
Fonte: [ Hospital da Alma ]
Via: [ Cinco Solas ]

[Morte por Amor] Filme – Sexta Santa: Quem matou Deus?

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O Blog Voltemos ao Evangelho publicou um vídeo feito pela Mars Hill, igreja pastoreada pelo Mark Driscoll. Na minha opinião este é o melhor vídeo produzido sobre a paixão e morte de Cristo. Vale a pena assisti-lo!

Pr. Renato Vargens

Informações sobre o Video:

INTRODUÇÃO
Antes de celebrarmos Jesus Cristo ressurreto na Páscoa, nos reunimos como igreja para lembrar sua morte sangrenta e sacrificial na cruz da Sexta-Feira Santa. “Sexta Santa” é um filme fascinante e curto, descrevendo as horas finais da vida de Jesus, e é mostrado no culto da Mars Hill Church para essa lembrança. Este mês, estamos lançando o filme de 30 minutos online pela primeira vez como um download gratuito para as igrejas que desejam usá-lo nos seus cultos de Sexta-Feira Santa. A nossa oração é que seja benéfico para os pastores e para as congregações em todo o mundo, enquanto nós, cristãos, preparamos os nossos corações de forma fúnebre para lembrar a morte de nosso Jesus.
Nota: O filme contém cenas fortes e não é recomendado para menores de dez anos de idade. Por favor, considere, em oração, a permanência de seus filhos nas classes bíblicas durante a exibição.
Importante:Por favor, sinta-se incentivado a compartilhar e exibir em sua igreja. Só pedimos que siga as permissões abaixo:
Permissões: Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que adicione as informações supracitadas, não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.




Fonte: [ Voltemos ao Evangelho ]
Via: [ Púlpito Cristão ]

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Qual a diferença entre o batismo e o ser cheio do Espírito?

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Por John MacArthur Jr.

À medida que mantenho o diálogo com os carismáticos e estudo seus escritos, torna-se mais evidente que eles estão confusos a respeito do batismo do Espírito, que insere o cristão no corpo de Cristo, e da plenitude do Espírito, que produz a vida cristã eficaz (ver Ef 5.18 — 6.11).

Charles e Frances Hunter, por exemplo, dirigem estudos que ensinam as pessoas a serem batizadas com o Espírito Santo. Charles Hunter escreveu:

Imagine-se na posição de alguém a quem ministramos. Eis como levamos as pessoas ao batismo: “Vocês estão a ponto de receber o que a Bíblia designa batismo com o Espírito Santo ou o dom do Espírito Santo. Seu espírito, do mesmo tamanho de seu corpo, está prestes e ser enchido completamente com o Espírito de Deus; e, como Jesus ensinou, vocês falarão uma língua espiritual, quando o Espírito Santo lhes conceder”[1].

Em primeiro lugar, o conceito de que o espírito de uma pessoa possui o mesmo tamanho do corpo é absurdo. O espírito, por ser imaterial, não possui tamanho.[2] Em segundo lugar, e mais importante, Hunter menciona o batismo com o Espírito Santo e a plenitude do Espírito Santo como se fossem idênticos. Eles não são iguais.

A revista Pentecostal Evangel (Evangelho Pentecostal), das Assembléias de Deus (nos Estados Unidos), têm publicado, há décadas,um credo junto ao expediente semanal que afirma, em parte: “Cremos... [que] o batismo no Espírito Santo, de acordo com Atos 2.4, é outorgado aos crentes que o pedem”. No entanto, Atos 2.4 simplesmente diz: “Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem”. Em todo o capítulo 2 de Ato, nada sugere que os crentes pediam o Espírito Santo.

Atos 2.1-4 ensina duas verdades diferentes. No Pentecostes, os cristãos foram batizados com o Espírito Santo no corpo de Cristo. Em seguida, o Espírito Santo encheu os crentes para que dessem um testemunho miraculoso — a capacidade de falar em outras línguas. Desde aquele momento, os crentes têm sido batizados com o Espírito Santo, pelo Senhor Jesus Cristo, no momento da conversão. Como somos enchidos? Quando nos rendemos ao Espírito, que já está em nós, temos acesso ao poder e à plenitude do Espírito. Paulo disse aos crentes de Éfeso que se mantivessem cheios do Espírito como um padrão de vida (Ef 5.18).

Em nenhuma passagem da Escritura, o cristão é ensinado a ficar quieto e esperar o batismo. Também não encontramos na Bíblia a ordem para nos reunirmos com um grupo de pessoas que nos ensinem a falar em línguas. Os cristãos são admoestados a manterem-se cheios do Espírito, mas isso não é o mesmo que esperar o batismo no Espírito. Existe um método simples para você conhecer a plenitude e poder do espírito Santo em sua vida: obedecer ao Senhor. À medida que crescemos na obediência à palavra de Deus, o Espírito de Deus o enche e energiza nossa vida (v. Gl 5.25).

Os crentes não foram apenas colocados em Alguém (Cristo), eles são habitados por Alguém (o Espírito Santo). Por sermos cristãos, temos o Espírito Santo; nosso corpo é o tempo dEle (1 Co 6.19). O próprio Deus vive em nós (2 Co 6.16). Todos os recursos necessários encontram-se em nós. A promessa do Espírito Santo já nos foi cumprida. A Bíblia é totalmente clara nesse ponto. Não existe nada mais pelo que devemos esperar. A vida cristã consiste em render-nos ao controle do Espírito, que já se encontra em nós. Fazemos isso por meio da obediência à Palavra (Cl 3.16).

É significativo que os escritores carismáticos não são todos unânimes a respeito de como os crentes devem receber o batismo do Espírito. Por que essa confusão e contradição? Por que os escritores carismáticos não citam a Bíblia com clareza e permanecem no que ela afirma? A razão por que nenhum escritor carismático permanece no que as Escrituras afirmam é que a Bíblia nunca nos diz como proceder para recebermos o Espírito Santo; ela tão-somente informa aos crentes que eles já estão batizados com o Espírito.

Uma das maiores realidades da vida cristã está contida em duas declarações breves e completas: uma, de Paulo; a outra, de Pedro:

“Também, nele, estais aperfeiçoados” (Cl 2.10).

“Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade” (2 Pe 1.3).

Como? Mediante “o pleno conhecimento de Deus e de Jesus, nosso Senhor” (2 Pe 1.2). É inútil procurarmos o que já nos pertence.

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Notas:
[1] Hunter, Charles. Receiving the baptism with the Holy Spirit. Charisma, July 1989, p. 54.
[2] Por que Hunter acredita que conhece detalhadamente o espírito das pessoas? Ele escreveu: “Em 1968, vi meu espírito saindo do corpo; ele era idêntico ao corpo; até o rosto era o mesmo. A exceção é que eu podia enxergar através do meu espírito, pois ele era como uma névoa ou nuvem fina” (Ibid.). Hunter comete o erro típico dos carismáticos, o erro de extrair doutrina de sua experiência.

Fonte:
O Caos Carismáticos, John MacArthur Jr., Editora Fiel, págs. 254-256.

Extraído do blog: [ Blog dos Eleitos ]

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A Apologética Reformada, as Seitas e o Livre-Arbítrio

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Por Allan Myatt

Depois de ler a obra de Erasmo defendendo a doutrina de livre arbítrio, Martinho Lutero escreveu uma resposta com o título Da Vontade Cativa. Neste volume ele respondeu a Erasmo da seguinte maneira:

…elogio e gabo muito de ti o seguinte: és o único que atacou a questão em si. Isso é, a questão essencial, e não me fatigaste com aqueles assuntos secundários sobre o papado, o purgatório, as indulgências e outras coisas deste tipo que mais são frivolidades do que questões [sérias], pelas quais até agora quase todas tentaram caçar-me em vão. Tu foste o único que reconheceu o ponto central de toda [controvérsia] e pegaste a coisa pela gola; por isso te agradeço de coração.(1)

Com estas palavras, Lutero afirmou que a coisa essencial que separa os protestantes dos católicos é que a doutrina protestante rejeita a noção do livre arbítrio e os católicos a aceitam. Lutero entendeu a doutrina de livre arbítrio como a base das heresias dos católicos e teria entendido o arminianismo como uma volta em direção a Roma. Neste ensaio nós examinaremos o livre arbítrio como é definido pelos arminianos, e veremos que o estudo das seitas revela que essa doutrina é muitas vezes central nas suas teologias.

A palavra de Lutero acerca do catolicismo pode ser aplicada muito bem à maioria das seitas. Mas se isso for verdade, então, para montar uma apologética suficiente contra as seitas será necessário também refutar essa doutrina chave. Isso significa que, no fim das contas, somente uma apologética plenamente reformada é adequada para conseguir a derrota das teologias e heresias das seitas. Uma apologética comprometida com o arminianismo já concorda com as seitas sobre a questão central da autonomia metafísica do ser humano. Veremos que isso tem implicações graves que inevitavelmente solapam tal apologética. Por outro lado, a apologética reformada é capaz de detonar a base das heresias e mostrar que todas elas levam logicamente ao irracionalismo e, finalmente, o niilismo. Neste trabalho estudaremos o mormonismo como exemplo para demonstrar a eficácia da apologética reformada contra as seitas.

I. Definições: dois posicionamentos em contraste

A. O Arminianismo

Primeiro é preciso determinar exatamente o que está em jogo. A questão é o relacionamentoentre a soberania de Deus e a vontade do ser humano. Nós enfrentamos nesta questão duas visões distintas da natureza humana, e finalmente, da natureza de Deus também. Começaremos com a descrição do livre arbítrio segundo o arminianismo atual.

Clark Pinnock é talvez o defensor do arminianismo mais conhecido atualmente. Ele é um bom representante das correntes do arminianismo porque ele, na sua teologia, trabalha conscientemente para esclarecer e defender as implicações lógicas da teologia arminiana. No seu livro Grace Unlimited (Graça ilimitada), ele define o livre arbítrio como a capacidade original do homem de "escolher entre a obediência de amor e a desobediência da rebeldia, gozando o livre arbítrio no sentido mais pleno, sem nenhuma coerção".(2) Na mesma página ele diz que o homem tem o poder de um desempenho ativo na produção da história e da sua própria vida. O ser humano tem o poder de literalmente criar o futuro do nada.

O significado disso é que os arminianos não estão apenas apoiando o conceito da capacidade do ser humano de escolher livremente segundo os seus desejos, mas ainda limitada pelos parâmetros da sua natureza humana e pecaminosa. A posição arminiana diz que a vontade humana é independente de qualquer predeterminação. Mesmo admitindo a existência de influências, os arminanos fazem questão de dizer que elas não determinam as ações do arbítrio humano. Assim, o arbítrio não é limitado nem pela condição humana, nem pelo conselho eterno de Deus. Ele é indeterminado. Para eles, "livre arbítrio" quer dizer que o arbítrio atua como uma causa sem causa. Ele pode causar eventos, mas as suas escolhas não são o resultado de outros eventos prévios. O ser humano, portanto, tem a capacidade de iniciar na história algo totalmente novo, ou, nas palavras de John Sanders, nossa resposta a Deus é, num sentido real, ex nihilo.(3) O ser humano é um criador tanto como Deus.

Assim, Pinnock pode negar que a vontade de Deus seja sempre cumprida. Ele assevera que ela é algo que pode ser rejeitada e anulada. A história é o palco de uma luta contra Deus e as potestades e o ser humano é um dos lutadores. Deus não está dirigindo os dois lados, mas o lado do mal tem independência metafísica de Deus, e assim, não está sob o controle soberano dos decretos de Deus.(4)

Essa definição breve basta para mostrar que nos bastidores do conceito do livre arbítrio encontrase a noção de um ser indeterminado, que é o pano de fundo dos eventos da história. Em outras palavras, todos os seres, inclusive Deus, são participantes num drama cujos atores geram o roteiro a cada momento, sem nenhuma força que determina previamente qual será o resultado. É um roteiro sem autor, mas sim com muitos autores que estão contribuindo com sua parte, criando, do nada, a história. As escolhas e ações dos atores são indeterminadas, ou seja, não causadas por condições prévias. Cada uma é totalmente livre e autônoma. O palco onde o drama está sendo realizado é o do ser em geral, no qual todos participam, mas que é impessoal, caótico, e indeterminado. Mesmo Deus é sujeito às suas mudanças aleatórias, embora Ele esteja fazendo o melhor que seja possível para assimilar e controlá-lo.

O arminianismo nos apresenta uma criação que não é totalmente criada ainda. Cabe ao ser humano funcionar como co-criador com Deus. Assim, o futuro está totalmente aberto. Isso leva alguns arminianos, como Pinnock, a negar que Deus tem conhecimento do futuro.(5) O que não existe ainda não pode ser conhecido. Se Deus conhecesse o futuro, ele seria determinado e essa necessidade não seria consistente com o livre arbítrio. Para preservar a autonomia do homem é preciso negar a onisciência de Deus, segundo Pinnock.

As implicações e problemas que se seguem dessa visão do livre arbítrio são enormes. Eles são expostos por R. K. McGregor Wright no seu livro A Soberania Banida.(6) Dr. Wright mostra claramente que o arminianismo implica que o universo é controlado por acaso e que isso leva ao irracionalismo e a destruição de qualquer base para a responsabilidade do homem por suas ações.Além disso, o deus dos arminianos é essencialmente finito. Ele é limitado pelo ser em geral, do qual ele faz parte e que é maior que ele. O que nos interesse agora é o fato, também notado por Dr. Wright, de que essa visão de acaso ou caos atrás de tudo é essencialmente a visão pagã do mundo que se encontra nas várias religiões e filosofias não-cristãs. O que elas têm em comum é o desejo de proteger a autonomia metafísica (livre arbítrio) do homem de qualquer intrusão do Deus soberano. Várias das seitas defendem a doutrina do livre arbítrio como o mesmo resultado.

B. O calvinismo

Uma visão radicalmente diferente de Deus, do universo e do homem existe na cosmovisão do calvinismo. Calvino declara nitidamente a posição reformada nas Institutas. As Escrituras, segundo Calvino, negam que as coisas aconteçam por acaso. Embora a razão carnal sempre atribua ao acaso o destino das pessoas, o crente não deve pensar assim. Sejam bons, sejam maus, os eventos são todos governados pelo plano secreto de Deus. A mão de Deus está dirigindo todas as coisas para cumprir os seus propósitos.(7) O Deus onipotente é ativo e está envolvido em tudo o que acontece. Deus não é apenas a causa primária das coisas, o motor imóvel, mas sim o agente que regula todas as coisas de tal maneira que nada acontece sem a sua deliberação. Por causa disso, o crente não tem que temer as estrelas e outros sinais dos céus como os não-crentes temem. Todas essas coisas são governadas pelo plano secreto de Deus de modo que nada aconteça que não é conscientemente e livremente decretado por Deus.(8) A presciência de Deus é compreensiva, mas não é apenas fundamentada no olhar de Deus para o futuro. Deus conhece o futuro porque é ele que determina o futuro. Assim, todos os eventos procedem do plano fixado de Deus e nada acontece por acaso.(9)

O controle de Deus inclui especificamente a vontade do homem. Os homens são sujeitos totalmente à vontade de Deus e nada podem fazer sem o poder de Deus.(10) O ser humano não é autônomo, e a sua vontade não é independente da determinação de Deus. O acaso e o destino são palavras pagãs e o povo de Deus nem deve gastar tempo pensando nelas.(11)

O Deus testemunhado por Calvino e a teologia reformada é radicalmente diferente do Deus dos arminianos. O Deus afirmado pela teologia reformada não faz parte do ambiente ontológico comum com os seres humanos e as demais criaturas. Deus é o seu próprio ambiente porque não existe uma realidade atrás dele ou além dele no qual ele existe. Em hipótese alguma a ontologia bíblica permite que o homem e Deus sejam incluídos juntos num ser geral. Se existisse, tal serseria necessariamente impessoal e mais fundamental na natureza da existência do que o próprio Deus. Deus seria apenas mais um elemento no universo assim como o homem.

O Deus de Calvino e da teologia reformada não existe como só um elemento num ser comum com a criação. Este Deus é o Deus que a Bíblia afirma como o Criador de todo ser além de si mesmo. Pelo poder de sua palavra Deus falou e criou o universo do nada, "pois ele falou, e tudo se fez; ele mandou, e logo tudo apareceu" (Sl. 33.9). Assim, a Bíblia afirma a doutrina da distinção entre o Criador e a criatura. Essa doutrina é um dos pressupostos fundamentais da cosmovisão cristão, sem o qual não existe mais o cristianismo. A negação dessa doutrina e a confusão da criatura com o Criador que se segue dessa negação é a característica básica do pensamento pagão que Paulo condena em Romanos 1.22-25.

Enquanto a ontologia arminiana postula que Deus e o homem são igual mente participantes num ser impessoal geral, que seria necessariamente superior e independente dos dois, a ontologia bíblica, afirmada pelo calvinismo, diz que Deus é o Ser original, independente, derradeiro, e altamente pessoal, que livremente criou o ser e o universo. Este ser, com "s" minúsculo, é totalmente dependente do decreto criativo de Deus. A história dos eventos deste ser é também criada e dependente no decreto de Deus. Portanto, toda ação criativa do ser humano e todas as suas escolhas, são derivadas e dependentes do decreto de Deus também.

Deus é a causa primária do universo, pois ele o criou. O decreto de Deus não apenas deu origem ao universo como tal, mas também estabeleceu a realidade da causalidade entre todos os eventos da história, ou seja, a causalidade secundária.(12) Portanto, os eventos que acontecem não são indeterminados e não acontecem por acaso, como a teoria de livre arbítrio implica. Eles são determinados pela causalidade natural que vincula cada acontecimento, e, finalmente pelo plano de Deus. Quando uma bola de bilhar bate numa outra, o movimento da segunda é causada pela força da primeira, mas tudo dentro do controle soberano de Deus.

As escolhas das pessoas também fazem parte da causalidade secundária. Elas são determinadas pelos eventos anteriores e determinam eventos posteriores. As decisões e ações do ser humano são assim incluídas na causalidade natural que é, finalmente governada pelo plano de Deus. Portanto, as ações das pessoas também não acontecem por acaso.

Mas, isso quer dizer que a pessoa é uma máquina ou robô programado? Uma escolha determinada é significativa? Essas são indagações importantes e a teologia reformada tem resposta adequada. A resposta é encontrada na idéia de livre agência. O agente livre não age fora do conselho determinado por Deus, mas a vontade não é sujeito a uma coerção contra seus desejos. Ela é livre para deliberar e determinar qual caminho é que ela vai seguir segundo seu próprio querer, personalidade, e caráter, no contexto das influências sociais e espirituais que existe na sua vida. As escolhas que ela faz têm significado porque são elos na cadeia de causalidade que vinculam todos os eventos que acontecem. Essas escolhas funcionam como causas reais e concretas dos eventos, circunstâncias e resultados que se seguem delas. As escolhas do agente livre são causadas pelo caráter e os desejos da própria pessoa. Destarte, as personalidades das pessoas participam plenamente na operação da vontade.

No universo dos arminianos isso seria impossível. Num universo indeterminado não poderia existir uma cadeia de causalidade. Cada acontecimento seria um evento independente, sem vinculo com os outros. As escolhas das pessoas, sendo eventos, também seriam indeterminados e sem vinculo com outros eventos. Escolhas indeterminadas não podem determinar nem outros eventos nem as subseqüentes escolhas das pessoas num universo onde tudo é indeterminado. O livre arbítrio significa a negação da responsabilidade e da coerência da personalidade humana. Mas no universo dos calvinistas, o decreto soberano de Deus estabelece e sustenta a livre agência do homem e o significado de toda a sua atividade.

O contraste entre o universo dos arminianos e o dos calvinistas não pode ser mais distinto. De um lado nós temos um ser impessoal que abrange tudo, Deus incluído, numa teia de contingência ou acaso puro. Deus é assim limitado e o homem é deixado boiando num mar de acaso puro que nem ele, nem Deus podem dominar. Do outro lado, nós temos o Deus Trino independente que completamente só constitui o Ser original, pessoal e não criado. Segundo seu plano e decreto ele fez e mantém todas as coisas com todas as suas relações umas com as outras, dando significado a cada fato. Essa criação, na sua totalidade, coisas e eventos, matéria e energia, espaço e tempo, é um ser dependente e distinto de Deus, que encontra o seu propósito em cumprir o plano de Deus pela glória de Deus.

II. Livre Arbítrio e as Seitas

A distinção entre a teoria do livre arbítrio, segundo o arminianismo, e a livre agência, segundo o calvinismo, revela que a questão em jogo é a distinção entre duas cosmovisões diferentes. Com essa distinção em mente, podemos voltar à tese principal deste trabalho, a saber, que a teoria do livre arbítrio segundo arminianismo é basicamente igual da teoria de livre arbítrio que se encontra nas seitas. Assim, existe um pano de fundo ontológico comum entre o arminianismo e as seitas, que está ausente na Bíblia. Portanto, qualquer apologética fundamentada em princípios arminianos será inadequada para confrontar as seitas. É preciso uma apologética conscientemente reformada, alicerçada na soberania de Deus. Essa tese será demonstrada primeiro através de observações da doutrina de livre arbítrio em várias seitas, e depois, uma exposição mais profunda das conseqüências da doutrina de livre arbítrio na teologia dos mórmons. Primeiro, é preciso demonstrar como a doutrina arminiana é parecida à das seitas.

No livro, Reasoning From Scripture, as Testemunhas de Jeová declaram que Deus não predestina os eventos da história. Deus não decretou a queda de Adão. Ele nem previu que a queda aconteceria.(13) Citando Ecl. 9:11 a Torre de Vigília ensina que muitas coisas acontecem puramente por acaso. Esses eventos são desconhecidos de antemão.(14) Jeová, segundo a Torre de Vigia, pode desligar seu conhecimento do futuro. Ele é capaz de conhecer os eventos, mas opta por se limitar a somente poucos eventos, para não violar o livre arbítrio dos seres humanos.(15)

Deus pode conhecer ao futuro mais ele também pode não o conhecer.(16) Ele não predestina alguns a salvação e outros para a reprovação, mas sim respeita o livre arbítrio de cada um. (17)

É óbvio que, quanto a questão do livre arbítrio, a doutrina das Testamunhas de Jeová é igual à dos arminianos. Entretanto, as TJ's não têm o receio de admitir que logicamente isso limita a presciência de Deus, enquanto a maioria dos arminianos prefere ignorar este ponto e continuar crendo que Deus conhece o futuro. Pinnock, ao rejeitar a presciência de Deus, nitidamente se coloca no lado das TJ's. Ele mostra que, logicamente, o paralelo entre o ontologia dos arminianos e o das TJ's permanece intacto.

Albert Pike fala sobre a noção do livre arbítrio na maçonaria. O livre arbítrio é representado pelo símbolo de Satanás, que não é um ser pessoal. Disse ele: "para os iniciados, isso (Satanás) não é uma pessoa, mas uma força, criado para o bem, mas que podia servir para o mal. Ele é o instrumento da liberdade ou o livre arbítrio."(18) A maçonaria, sendo uma religião gnóstica, também coloca Deus num ser comum com o homem.

O Reverendo Sun Myung Moon, da Igreja de Unificação, ensina que há um sincretismo entre a ação de Deus a ação do homem para cumprir o propósito de Deus. O homem não depende totalmente de Deus para alcançar a perfeição, mas ele depende no seu próprio desempenho.(19) O ser comum, compartilhado por Deus e as criaturas, na teologia de Moon, é mais pronunciado do que no caso dos arminianos, porque Deus, segundo Moon, gerou as criaturas do seu próprio ser. Mas mesmo assim, a noção de autonomia é igual.

L. Ron Hubbard, o fundador da Cientologia, também defendeu o livre arbítrio do seu livro, Dianetics. Segundo Hubbard, o homem é organismo auto-determinado. Se ele não fosse assim, ele seria reduzido ao nível de animal.(20) Por isso, ele precisa da terapia oferecida pela Igreja de Cientologia. Somente isso pode livrá-lo das influências externas que limitam o livre arbítrio.

A Ciência da Mente, um precursor do Movimento da Nova Era, ensina o panteísmo e a divinidade de todas as pessoas. Esta seita acredita que "o homem deve ser criado com a possibilidade de liberdade ilimitada e deixado em paz para descobrir a si mesmo". (21) Se ele sofrer, não é por causa de algum decreto divino, mas simplesmente por que ele violou a Lei da Realidade na sua ignorância.(22) Essa cosmovisão põe o ser humano entre a liberdade absoluta de um lado e um destino impessoal e rígido no outro lado.

Nestas breves citações nós temos uma amostra das idéias sobre o livre arbítrio que se encontram nas seitas. Apesar de algumas diferenças, a noção da autonomia metafísica do homem de qualquer causalidade anterior é um elemento comum. Podemos ampliar a lista com outras seitas, mas isso não é necessário para sustentar o argumento. Devemos refletir sobre o fato de que o calvinismo é declarado o inimigo tanto pelas seitas quanto pelos arminianos. Será que isso é acidente? Qual poderia ser a fonte dessa declaração comum? Devemos refletir nisso enquanto continuamos nosso estudo. Faremos isso através de um exame mais profundo de mais uma seita que também defende o livre arbítrio, a saber, o mormonismo.

III. A Cosmovisão dos Mórmons

Segundo o autor mórmon, LeGrande Richards,

As escrituras sagradas não sustentam a posição extrema de muitos do tipo de pensamento: (1) que alguns são predestinadas a vida eterna é apesar de suas ações, eles a alcançarão, enquanto outros são predestinados à reprovação eterna, e se predestinados assim, não podem fazer coisa alguma sobre isso.(23)

É claro que Richards deturpou a doutrina da predestinação, mas é igualmente claro que ele negou qualquer predestinação divina. O líder mórmon, Bruce McConkie, escreveu que a "agência é a capacidade de escolher o bem ou o mal. Ela é um princípio eterno que existira com Deus desde toda eternidade".(24) Essa agência é o poder de escolha.(25) McConkie não permite nenhuma dúvida quanto à oposição da doutrina da agência segundo mormonismo, ao calvinismo. As igrejas que ensinam que os homens são predestinados a receber a salvação ou maldição, segundo a eleição de Deus, não encontram nenhum lugar na sua teologia de agência. Seu raciocínio é assim: por que há a necessidade da agência, para ser capaz de fazer boas obras que levam à salvação, se a salvação é determinada pela Divinidade na base da predestinação apesar das obras? Portanto, segundo McConkie, a "falsa" doutrina da predestinação dá luz à falsa doutrina que os homens não são livres para efetuar a sua própria salvação, como é feito possível pelo sacrifício expiatório de Cristo.(26) Assim, a noção do livre arbítrio, ou a autonomia do homem de Deus, é defendida de forma semelhante a dos arminianos. A presença desta doutrina na teologia mórmon é central para seu conceito de Deus, homem, salvação e o universo.

A. Deus e Homem

Joseph Smith estabeleceu os parâmetros da doutrina de Deus que ainda prevalece entre os mórmons no seu King Follet Discourse (Discurso do Rei Follet). Ele disse que

o próprio Deus foi uma vez como nós somos agora, e é um homem exaltado, e assenta no trono lá nos céus! Isso é o grande segredo. Se o véu fosse rasgado hoje, e o grande Deus que segura este mundo na sua órbita, e que sustenta todos os mundos e todas as coisas por seu poder, fosse se tornar visível, - eu digo, se vocês vissem-no hoje, vocês o viriam na forma de homem - igual a vocês na pessoa, imagem, e mesmo a forma de homem.(27)

Obviamente, a implicação lógica dessa noção é que Deus é um ser finito. Sterling McMurrin, filósofo mórmon, explica a natureza do Deus dos mórmons no seu livro The Theological Foundations of the Mormon Religion (O alicerce teológico da religião mórmon). Segundo McMurrin, os mórmons descrevem Deus com "linguagem não-absoluta como um ser condicionado por e relacionado ao mundo do qual ele faz parte e que, desde que ele [o mundo] não é, no fim das contas, a sua criação, não é completamente sob o seu domínio". (28) Este Deus não é o criador nem dos elementos fundamentais do universo nem do espaço e tempo. Ele é mais parecido com o demiurgo de Platão. Ele é um artesão que trabalha com a matéria crua do universo para dar-lhe forma. Deus existe no ambiente do universo físico, junto com os demais seres e mentes. Os princípios que estruturam o universo fazem parte deste ambiente. McMurrin afirma que é um artigo fundamental da teologia dos mórmons que Deus se relaciona com um ambiente mundial do qual ele não é o alicerce e pelo que ele mesmo é condicionado. Deus é somente um ser entre outros seres, não a origem de todo ser, e assim ele é finito em vez de ser absoluto.(29)

A distinção entre o Criador e a criação é negada pela doutrina de Deus do mormonismo. McMurrin nota que isso é muito parecido com a posição do naturalismo filosófico, como se encontra na filosofia dos gregos antigos e dos humanistas de hoje.(30) A existência do universo não é atribuída ao ato criativo de Deus. O universo apenas existe; ponto final. Deus não é a totalidade do ser original e não é a fonte derradeira de todo ser. McMurrin corretamente diz que isso é um desvio radical do teísmo tradicional, seja teísmo cristão, judaico ou islâmico. Portanto, há uma negação fundamental da distinção entre o sobrenatural e o natural na teologia mórmon. Deus é apenas mais um ser natural entre todos os outros porque tudo que existe é o universo natural. Não existe nenhuma ordem divina que é distinta da ordem física da experiência normal. Deus existe no tempo e espaço. Não existe substância imaterial. Deus tem um corpo tanto quanto o homem.(31)

Ontologicamente, Deus e homem existem como seres finitos numa realidade, um ambiente ontológico, comum. A distinção entre os dois pode ser descrita mais como uma distinção quantitativa do que qualitativa. A limitação de Deus ao universo temporal quer dizer que Deus está em processo, como todos os seres conscientes. Diz McMurrin:

Deus é colocado, portanto, nem por cima nem por fora, mais por dentro do processo continuo do universo. A imutabilidade da realidade é assim negada, e a história mundial, a historia humana, o desempenho humano, as coisas que os seres humanos conseguiram, e a liberdade humana, ganham um significado novo, porque o futuro é real e único, não apenas da perspectiva do homem, mas também da ótica de Deus.(32)

Dessa visão da realidade, irrestivelmente se segue à noção da "grande cadeia do ser", que diz todo ser está evoluindo através de uma escala de existência para as regiões mais altas. O conceito da "grande cadeia do ser" é a tentativa pagã de resolver o problema do Um e do Múltiplo (o Um e os Muitos).(33) Este problema lida com a necessidade de descrever a relação entre a diversidade de coisas que existem e a unidade aparente atrás de todas as coisas. Por exemplo, existem muitos cachorros, mas o que é o conceito comum de "cachorro" que serve para unificar todos eles numa classe só de animais? O que é último, a unidade ou a diversidade? Sendo sem resposta, a mente não-cristã resolve a tensão entre a unidade absoluta, que absorve e destrói a individualidade, e a diversidade absoluta, que reduz tudo a entidades caóticas e sem vinculo umas com as outras, através da criação desta cadeia. A diversidade - e o caos do não-ser - fica em baixo, e a unidade - o ser perfeito - fica por cima. Todas as coisas têm seus lugares como elos na cadeia, com as mais perfeitas, que participam no ser absoluto, nos lugares superiores.

A cadeia é também vista como uma escada cujos vários níveis levam os seres cada vez mais perto da divindade. Todas as criaturas têm seus lugares na escada que começa no caos do não-ser e ascende para a unidade do ser absoluto. Este conceito, que vem do ocultismo, valoriza os seres mais altos, e, geralmente, as várias religiões pagãs incluem algum mecanismo cujo propósito é levar as criaturas e entidades caídas de volta para cima. No hinduismo e espiritismo o mecanismo é a reencarnação. No catolicismo romano é o sistema sacramental. No mormonismo é a progressão eterno, que é o plano de salvação dos mórmons.

O homem, segundo mormonismo, foi colocado na terra para progredir de seu estado inferior até ele se tornar um ser divino, um deus. Isso foi o que o Deus fez. O homem é um filho espiritual de Deus, mas mesmo isso significa apenas que a atividade criativa de Deus somente organizou e deu forma à essência individual de cada ser humano nesta terra. Essa essência essencial existia sempre e segundo mormonismo, é, como McMurrin relata, não-criada, não-derivada e sem início. Neste esquema, a diversidade é a realidade ulterior (como a unidade é no hinduismo). A realidade é vista como uma pluralidade de particulares indeterminados.(34) Destarte, o universo é contingente, ou indetermindado, e o futuro está aberto, sendo um mistério tanto para Deus quanto para o homem.

B. O problema do mal

Os mórmons asseveram que a sua teologia resolve o problema do mal porque seu Deus não pode ser acusado de o ter criado. A liberdade (livre arbítrio) é uma propriedade da pessoa não-criada e a probabilidade da existência do mal moral faz parte da estrutura original das coisas.(35) Deus enfrenta o mal como um fato do universo, e a natureza divina luta contra ele. Segundo Joseph Smith, o mal moral é uma das existências eternas tanto como espaço e tempo.(36) O bem moral também existe independente de Deus. O bem e o mal existem como duas realidades iguais segundo o Livro de Mórmon, porque na natureza do universo há a necessidade de uma oposição em todas as coisas (2 Nefi 2:11-17). McMurrin mostra que isso não significa apenas que o mal existe para possibilitar o bem, mas, e isso é uma idéia muito mais forte, que o mal deve existir simplesmente porque ele existe inevitavelmente. McMurrin é certo ao afirmar, que a noção da existência do mal assim desenvolvida no Livro de Mórmon é inconciliável com a doutrina de criação ex nihilo como na teologia de Agostinho.(37) Obviamente a visão dos mórmons tem muito mais em comum com o maniqueísmo que Agostinho abandonou e refutou do que a doutrina de criação que ele defendeu e que se encontra na teologia reformada também.

C. Mormonismo e Arminianismo

Nós vimos nas citações acima que os mórmons defendem a noção de autonomia, o livre arbítrio, igual ao conceito arminiano. 2 Nefi:2, no Livro de Mórmon, desenvolve as implicações do livre arbítrio na teologia dos mórmons. O argumento começa com o dualismo ético e afirma que a queda do homem no pecado foi na verdade uma coisa boa, desde que o homem carecia do conhecimento do bem e do mal que ele precisava para atingir a sua divindade. No fim, o argumento chega ao clímax com a afirmação da glória da autonomia humana. McMurrin explica que isso é uma rebelião contra a doutrina do pecado original, e que o homem, na teologia dos mórmons, não sofre de uma natureza pecaminosa.(38) O Livro de Mórmon, segundo McMurrin, reflete a reação arminiana contra calvinismo - e contra qualquer forma de predestinação!(39) O livre arbítrio é supremo e deve ser defendido em tudo.

O livre arbítrio afirmado pelo mormonismo é o poder pleno de escolhas contrárias, no mesmo sentido que é defendido por Pinnock. Essa visão é exatamente igual ao conceito arminiano e subentende uma visão metafísica que é similar também. É somente por falta de consistência lógica que os arminianos não vão tão longe no seu desvio da ortodoxia cristã como os mórmons. O mórmon admite que a sua posição em prol do livre arbítrio destrói completamente a distinção entre o Criador e a criação enquanto o arminiano tenta ignorar essa dificuldade óbvia.

Não deve ser uma surpresa que o arminianismo, no fim das contas, não pode refutar o mormonismo com êxito. Eles têm pressupostos comuns acerca da autonomia do ser humano. Nos dois sistemas Deus enfrenta um mistério último que dá cabo de sua onisciência e presciência (apesar das reclamações de alguns arminianos ao contrário). Existe uma área de ser sobre o qual tanto Deus quanto o homem não podem conhecer coisa alguma. Existe a possibilidade que algum fator ainda desconhecido possa surgir e acabar com o plano de Deus. Algum fato ainda não descoberto poderia demonstrar que todo nosso conhecimento e o conhecimento de Deus seja falso. Assim, o alicerce da revelação na Bíblia está em dúvida. Como é que o arminiano pode argumentar que a revelação que ele recebeu na Bíblia é superior ao Livro de Mórmon quando nem todos os fatos são conhecidos e nunca serão? O domínio do ser desconhecido pode romper e destruir todo que nós achamos que é verdadeiro hoje. O empirismo da apologética arminiano, e também o próprio arminanismo devem ser abandonados o mais rápido possível!

IV. Uma resposta Reformada

O esboço de uma resposta reformada mostra que somente uma apologética alicerçada na soberania de Deus, como é apresentada na teologia da reforma, é capaz de refutar as heresias do mormonismo. O argumento depende das obras de Cornelius Van Til e Gordon H. Clark, dois dos três apologetas mais importantes do século 20 (o terceiro é o batista Carl F. H. Henry - Van Til e Clark eram presbiterianos). Ficará nítido que somente uma filosofia enraizada no Deus Trino da Bíblia cujos decretos controlam tudo que há de acontecer pode defender a fé cristã e erguer uma cosmovisão adequada.

O método é a argumentação através dos pressupostos. Isso quer dizer, indicar os pressupostos que formam a base metafísica e epistemológica da sua cosmovisão e demonstrar que estes pressupostos, e somente estes, podem sustentar uma interpretação do universo que não termina no irracionalismo. O argumento revela os pressupostos da posição não-cristã e mostra que ela acaba destruindo a possibilidade de conhecimento e qualquer interpretação racional da realidade.

A. Deus e homem

O conceito reformado de Deus afirma que Deus é absoluto. Os seus atributos são atributos de um ser infinto. O significado disso é que nem o ser de Deus, nem o plano de Deus são condicionados por qualquer coisa fora do próprio Deus. Deus é eterno porque ele transcende o tempo e é onipresente porque ele transcende o espaço, embora ele esteja presente em todo lugar no espaço. O conhecimento de Deus é auto-referêncial. O seu conhecimento não é derivado de uma outra fonte, fora de Deus, mas é original com Deus.(40) Ele não conhece o futuro porque ele olhou para frente e o assistiu como se fosse um vídeo. Ele conhece o futuro porque ele conhece os seu plano original e exaustivo e determinou o futuro segundo este plano.

Van Til também explica que Deus é personalidade absoluta. Os atributos de Deus não são abstratos, mas refletem a atividade moral de Deus. Não existe nenhum princípio de verdade, do bem, ou da beleza ao lado de Deus ou por cima de Deus segundo cujo padrão ele fez ou organizou o mundo. Os princípios de verdade, bem e beleza são idênticos com a essência de Deus e essa essência é puramente pessoal. Nós somos pessoas também, mas pessoas somente num sentido finito. Há uma distinção qualitativa, não apenas quantitativa entre nós e Deus.(41)

A personalidade de Deus implica a doutrina da pluralidade de pessoas no único ser de Deus. As três pessoas são "co-substanciais" ou seja, nenhuma é derivada das outras. A unidade e a diversidade são igualmente originais. Isso é um ponto importante para resolver as dificuldades que os arminianos e mórmons não conseguiram resolver. Como Van Til nota, "para nós tudo depende por seu significado neste tipo de Deus". (42)

Mais um pressuposto essencial na fé reformada é a distinção entre o Criador e a criação. Como foi descrito acima, a Bíblia defende uma distinção absoluta entre a criação e o Deus criador. O Deus Criador é o Ser original, não-criado, eterno, absoluto, etc. Ele criou o ser dependente do universo, que é distinto da sua própria essência. A fé reformada nega que existe um ser geral que abrange Deus e a criação juntos. Deus não existe no ambiente de um universo maior que ele, que inclui os outros seres também. Deus conhece seu próprio Ser completamente e também o ser do universo que ele criou. Para ele, não há mistério, nem no seu Ser, nem na criação.

O Deus finito dos mórmons supostamente revela várias informações através das escrituras dos mórmons e dos profetas. Tais revelações são necessariamente limitadas às porções do universo que este Deus finito já pesquisou, conquistou e está manipulando. Existem áreas vastas no espaço que ainda têm de ser organizados por outros deuses. Portanto, as revelações de mormonismo são nada mais do que as interpretações de seres finitos de um universo que é finalmente um mistério. A sua essência nunca pode ser penetrada por seres finitos porque isso exigiria um conhecimento verdadeiramente exaustivo de todos os fatos, passados, presentes e futuros. Para os deuses dos mórmons, muito sempre permanecerá desconhecido. Logicamente, o mórmon não tem garantia nenhuma contra a possibilidade de que em algum lugar distante no universo ainda não conhecido serão encontrados outros deuses, mais poderosos, que não concordam com o plano dos mórmons, e que derrotarão os deuses dos mórmons e botarão todos eles, com os próprios mórmons, no lago de fogo eterno. McMurrin nota que alguns teólogos mórmons reconhecem o problema, mas escondem este fato atrás de linguagem absoluta. Os mórmons freqüentemente falam de Deus como se fosse eterno, infinito e absoluto, mais isso é realmente somente relativo à condição do ser humano.(43)

Obviamente, tal "deus" não pode garantir a segurança do futuro de ninguém. O uso da linguagem absoluta é ou um engano, ou desonestidade, mas de forma alguma representa a verdade. Mas essa linguagem serve para apagar o medo do mórmon típico, que nunca ousa fazer perguntas desta natureza sobre a sua fé. Logicamente, a mesma conclusão é aplicável ao arminianismo, quando levado à sua conclusão lógica. Somente um Deus que controla tudo que acontece, o Deus absoluto, pode garantir que não existem outros poderes no universo, maiores que ele mesmo. Somente um Deus que é a origem de todo conhecimento e que não enfrenta mistério no universo pode dar uma revelação infalível e inerrante. E somente se existe tal revelação, conhecimento de qualquer tipo é possível. Embora o homem enfrente mistério no universo, ele pode ter conhecimento verdadeiro e confiável porque ele recebeu a revelação inerrante de Deus na Bíblia. Esta revelação serve como a base epistemológica de todo conhecimento humano.

B. O Problema do mal

A reivindicação de que o mormonismo resolve o problema do mal não tem base ao examinar os fatos. O problema principal é que, no fim das contas, a cosmovisão do mormonismo não dá base nenhuma para distinguir entre o bem e o mal. O bem e o mal se tornam conceitos arbitrários. Os mórmons dizem que o bem e o mal são conceitos absolutos que existem na natureza. Mas eles também dizem que não existem substâncias imateriais. Isso significa que, em algum sentido, o bem e o mal devem ser substâncias materiais. Mas isso é absurdo. O bem e o mal são idéias, e como tal, não podem existir a não ser que nas mentes de seres pessoais.

Agora, se não existisse nenhuma mente absoluta, distinta e soberana sobre toda a criação, então os conceitos do bem e do mal só existiriam em mentes igualmente finitas. Tais mentes seriam igualmente condicionadas pelas forças impessoais, irracionais, e matérias do ser em geral do universo que seria o ambiente comum dessas mentes. Em outras palavras, as idéias de um ser finito não podem ter prioridade sobre os outros seres finitos. Todas são iguais. Assim, no universo dos mórmons, cada ser teria sua própria idéia sobre o bem e o mal, e todo discurso sobre ética seria apenas uma questão das opiniões das várias mentes finitas. Então, o que uma pessoa (ou um deus) acha que é o bem pode ser o que uma outra acha que é o mal. Não haveria tribunal de apelação superior. No fim, a vontade do ente mais avançado e poderoso venceria. Assim, a situação fica pior ainda para o mórmon, porque não é que ele apenas não pode saber se o deus dele pode manter seu poder no futuro e não ser derrotado por algum inimigo, mas o mórmon nem sabe se seu deus é certo ou não! O conceito do bem no mormonismo é puramente arbitrário. Se não estivessem os mórmons levando emprestado os valores bíblicos que eles herdaram da reforma eles não poderiam ter qualquer ética.

Gordon Clark demonstrou que a resposta do problema do mal é que simplesmente não há ser superior a Deus. Por isso não há padrão do bem e mal que é além de Deus. O padrão é o caráter de Deus como é expressado nos seus decretos. Se Deus faz algo, então, isso é, por definição, certo. Não há lugar para o homem pode julgar Deus.(44)

Conclusão

O mórmon se considera um ser livre e capaz de interpretar a realidade sem referência ao Deus Trino que determina tudo. Nesta visão, ele obtém o conhecimento através de meios empíricos, enquanto ele e os seus deuses trabalham para superar o domínio do mistério ulterior do universo. A salvação vem através do trabalho e mérito do indivíduo autônomo. É assim que o homem se torna deus. Mas, para ter essa autonomia, ele paga um preço muito alto. Porque, no fim, ele não pode confiar na sua salvação e ele nunca sabe se as suas obras são suficientes ou se uma força o fator não previsto vai arruinar tudo.

O conceito de autonomia metafísica, o livre arbítrio, é responsável pela bagunça epistemológica e ética demonstrada aqui. O mormonismo pressupõe um universo impessoal e materialístico que produz um deus finito, cego quanto ao futuro e a essência das coisas, e incapaz de se proteger contra o caos do misterioso mar do ser que é seu ambiente comum com o homem. Ele é um deus fraco que não é digno de louvor ou da imitação dos seres humanos. O conceito mórmon de deus é exatamente o contrário do que a Bíblia ensina. Mas, logicamente, é muito parecido com o arminianismo.

O arminianismo é inadequada para refutar os mórmons, porque ele sofre de muitos dos mesmos defeitos. Existendo num ser comum com o homem, igual ao deus mórmon, o dos arminanos também é limitado pela sua criação. Logicamente, o arminano não pode afirmar que a Bíblia é superior ao Livro do Mórmon porque os dois são revelações de deuses limitados pela autonomia do ser humano, e o ser geral que eles não criaram. Os arminianos não têm resposta à limitação do conhecimento de Deus porque seu Deus é circundado pelo mistério tanto quanto o deus dos mórmons. A epistemologia arminiana, em fim, acaba no mesmo lugar da epistemologia mórmon.

Os arminanios também não conseguem propor uma solução ao problema do mal que é superior à dos mórmons. O Deus arminiano, logicamente, não é o ser derradeiro. O ambiente comum, entre Deus e homem, é o ser impessoal do universo. Os princípios do bem e do mal, se viessem de Deus, seriam apenas a opinião de um ser que não é o ser ulterior. Mas se ele não fosse o ser ulterior, porque a opinião dele deve ser o referencial final? Porque não a opinião de um outro ser que também não é derradeiro? A ética em tal sistema seria relativa. Como é que uma ética última e absoluta, como nós encontramos na Bíblia, pode ser derivada de um ser que não é o ser última?

Finalmente, um Deus, como o de Pinnock, que não conhece o futuro, também não pode evitar a possibilidade de uma derrota futura nas mãos de um ser agora desconhecido que seja mais poderoso. Um ser finito não tem como garantir que ele é a força maior no universo. Para onde vão, então, as promessas de Deus e a confiança do cristão na sua salvação? Em qual sentido é isso superior à situação no qual os mórmons se encontram?

Em cada instância, a apologética reformada tem as únicas respostas a essas dificuldades. A apologética reformada começa a partir do Deus soberano, absoluto e último da teologia reformada como é ensinada na Bíblia. Desde que ele tem todo conhecimento e poder sobre a criação, ele não sofre das limitações que enfraquecem a teologia arminana e a teologia dos mórmons. Assim, o crente pode confiar que há uma solução ao problema do mal e que Deus nunca será derrotado por outras forças no universo. O crente calvinista tem boas novas de verdade para o mórmon que está procurando um Deus maior que pode lhe dá esperança e segurança. Agradecemos ao Deus verdadeiro que o "deus" dos mórmons não existe e que o Deus verdadeiro não é como tentam afirmar os arminianos.

- Sobre o Autor: Missionário da Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos, Doutor em Filosofia no estudo de religião e teologia pela Universidade de Denver, leciona Teologia Sistemática na Faculdade Teológica Batista de São Paulo.

NOTAS:

(1) Martinho Lutero. Da Vontade Cativa. em Martinho Lutero: obras selecionados, Vol. 4: Debates e Controvérsias, II. Trad. por Luis H. Dreher, Luis M. Sander, e Ilson Kayes, Comissão Interluterana de Literatura, org. (São Leopoldo: Editora Sinodal e Porta Alegre: Concórdia Editora, 1993), XV:215.
(2) Clark Pinnock, Grace Unlimited (Minneapolis: Bethany Fellowship, 1975), 98. Veja também o capítulo de Pinnock em Predestinação e Livre Arbítrio. David Basinger e Randall Basinger, orgs., (São Paulo: Mundo Cristão, 1989).
(3) John E. Sanders, "God as Personal", em The Grace of God and the Will of Man, Clark Pinnock, org. (Grand Rapids: Zondervan, 1989), 176.
(4) Pinnock, Grace Unlimited, 101.
(5) Veja The Openness of God (Downers Grove: Inter Varsity Press, 1994). Neste livro Pinnock e outras fazem uma nova definição de Deus que nega ousadamente a presciência de Deus de todos os eventos do futuro.
(6) Soberania Banida: redenção para a cultura pós-moderna (SP: Editora Cultura Cristã, 1998).
(7) João Calvino, As Institutas da Religião Cristã, I.xvi.2.
(8) Ibid. , I.xvi.3.
(9) Ibid. , I.xvi.4.
(10) Ibid., I.xvi.6.
(11) Ibid., I.xvi.8.
(12) Veja a Confissão de Westminster capítulo 5.
(13) Reasoning from the Scriptures (Brooklyn: Watchtower Bible and Tract Society, 1985), 142.
(14) Ibid., 139.
(15) Ibid., 141.
(16) Aid to Bible Understanding (Brooklyn: Watchtower Bible and Tract Society, 1971), 596.
(17) Ibid.
(18) Albert Pike, Morals and Dogma: ancient and accepted rite (Washington, DC: House of the Temple, 1950), 102.
(19) Sun Myung Moon (The Divine Principle, New York: Unification Church, 1973), 55.
(20) L. Ron Hubbard, Dianetics (Los Angeles: American Saint Hill, 1950), 229.
(21) Holmes, Science of Mind (New York: Dodd, Meade and Company, 1963), 109.
(22) Ibid.
(23) LeGrand Richards, A Marvelous Work and a Wonder (Salt Lake City: Deseret Books, 1953), 340.
(24) Bruce McConkie, Mormon Doctrine (Salt Lake City: Bookcraft, 1966), 26.
(25) Ibid.
(26) Ibid., 28.
(27) Joseph Smith, "King Follet Discourse", History of the Church: period 1. Vol. 6. (Salt Lake City: Deseret Books), 305.
(28) Sterling McMurrin, The Theological Foundations of the Mormon Religion, Salt Lake City: University of Utah Press, 1965., 29.
(29) Ibid.
(30) Ibid., 2.

(31) Ibid., 2-3.
(32) Ibid., 39.
(33) O problema do Um e o Múltiplo é um dos problemas principais da filosofia que cada cosmovisão tem de resolver. O problema surge no pensamento não-cristão logo no início porque o Deus Trino não é a base da cosmovisão nãocristão. O leitor encontrará uma discussão do problema em Norman Geisler e Paul Feinberg, Introdução à Filosofia: uma perspectiva cristã (São Paulo: Edições Vida Nova, 1983). Infelizmente, o tomismo de Geisler impede que ele resolva corretamente o problema. O Um e o Múltiplo, e também a Grande Cadeia do Ser são tratados, a partir de uma perspectiva reformada, por R. K. McGregor Wright em Soberania Banida, capítulo quatro.
(34) McMurrin, The Theological Foundations of the Mormon Religion , 49-50.
(35) Ibid., 99.
(36) Ibid., 108.
(37) Ibid., 97-98.
(38) McMurrin, The Theological Foundations of the Mormon Religion, 66-67, 71-72.
(39) Ibid., 77-78, 81.
(40) Cornelius Van Til, The Defense of the Faith (2nd ed. Phillipsburg, NJ: Presbyterian and Reformed Publishing Co., 1967), 11.
(41) Ibid., 12.
(42) Ibid., 13.
(43) McMurrin, 106-107.
(44) Gordon H. Clark, Religion, Reason, and Revelation (Nutley, NJ: The Craig Press, 1978), 232-233.

Fonte: [ Monergismo ]

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A Páscoa não é coisa de cristão (postagem atualizada e ampliada)

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Por Fábio Correia, o Filósofo Calvinista

Vivemos num mundo onde tudo pode ser relativizado quando o assunto é dinheiro. Até mesmo as coisas que deveriam ser mais contraditórias acabam convergindo. O sagrado e o profano, por exemplo. Por definição, um deveria ser antítese do outro; um deveria negar e repudiar o outro. Mas, em prol do lucro, caminham de mãos dadas. Um bom exemplo disso é a famosa festa do Morro da Conceição, no Recife.

Cada vez mais, curiosamente, grandes comerciantes têm investido consideráveis somas de dinheiro na religiosidade do povo; mesmo sendo, muitas vezes, ateus ou alheios à fé. A descoberta desse promissor “mercado” acabou despertando a atenção também daqueles que vivem da e na religião, como se dissessem: “se os de fora ganham com a religiosidade do povo porque nós, que vivemos de dentro, não podemos também ganhar”? Assim, muitos (não todos), acabaram aderindo ao grande comércio da fé que vemos hoje.

A páscoa sempre teve um caráter eminentemente religioso, mas os números a seguir confirmam nossa argumentação acima. Segundo a Associação Brasileira da indústria de chocolates e derivados, em 2010, foram produzidos e consumidos 530 mil tolenadas de chocolates. A expectativa de crescimento para a páscoa de 2011 é de 10%, com um faturamento estimado em R$ 1,9 bilhão. O significado religioso da Páscoa quase desaparece por trás dessas incríveis cifras que negam qualquer existência de crise.

Não podemos negar, entretanto, que muitos grupos religiosos cristãos (católicos e evangélicos) tentam resgatar o significado espiritual da páscoa, o que é igualmente problemático: o que os cristãos têm a ver com a Páscoa, no que diz respeito à sua comemoração? Absolutamente nada.

A páscoa é uma festa “estritamente” judaica. É mais que uma festa: é um sacramento (ordenança) do judaísmo, instituído em Êxodo 12:1-28/43, para comemorar a libertação da escravidão do Egito (Dt 16:1-3) e o livramento da décima praga: morte dos primogênitos Egípcios (Ex 12:27).

E para os Cristãos, quais são os Sacramentos?

Para os cristãos Católicos Romanos existem 7 sacramentos: Batismo, Confirmação, Eucaristia, Penitência, Unção dos Enfermos, Ordem e Matrimônio.

Os cristãos Protestantes, por sua vez, consideram que só existe base bíblica para a observância de 2 sacramentos: Batismo e Santa Ceia (Eucaristia).

Percebam quem não existe, nos moldes como era observada no VT, pelos Judeus, e com os mesmos elementos, na lista dos Sacramentos Cristãos, nem da Igreja Católica Romana e muito menos da Igreja Protestante, a Páscoa como um Sacramento a ser observado.

Um conhecido Teólogo da IPB - Rev.Moisés Bizerril, num importante artigo intitulado "Sacramentos e Clericalismo: Sacramentos Bíblicos à Luz das Escrituras" faz a seguinte afirmação:

"A páscoa era somente para Israel e alguns peregrinos estrangeiros que deveriam ser circuncidados para participarem daquele sacramento [...]. Certamente a páscoa não foi continuada e sim a ceia, como celebração característica da nova aliança", publicado em: http://www.monergismo.com/textos/sacramentos/sacramentos_moises_bezerril.htm.

A "Páscoa Judáica" (permita-me a redundância) era e é (para os judeus) um ritual cheio de detalhes, significados e símbolos. Cada elemento que compõe a “ceia páscal” tinha e tem (para os judeus) seu significado: as ervas amargas, por exemplo, servem para lembrar os dolorosos anos de escravidão; os pães asmos (sem fermento), lembram a fuga repentina, além do cordeiro assado.

Judeu comemorando a Páscoa é coerente; é até obrigatório, pelo caráter sacramental envolvido, mas Cristãos insistindo em comemorar o “sacramento judaico” é no mínimo engraçado.

Claro que muitas transliterações têm sido sugeridas, com o objetivo de “cristianizar” a festa judaica, mas isso não justifica a comemoração. Não existe na Bíblia nenhuma recomendação para que os cristãos comemorem esse sacramento do VT. Será que essa insistência dos religiosos cristãos não é motivada simplesmente por fins comerciais? Uma resposta inconsciente aos apelos consumistas? Assim como a Páscoa, existem outros sacramentos judaicos. A circuncisão é um deles (Gn 17:9-14; Lv 12:3). Para ser coerente, todo cristão que quiser comemorar o sacramento judaico da páscoa também deveria cumprir o sacramento igualmente judaico da circuncisão.

Até mesmo a forma de observância da Páscoa - pelos cristãos - está completamente equivocada. Já viram algum cristão, que diz comemorar a Páscoa, comendo ervas amargas, pão sem fermento e cordeiro assado? Isso seria um requisito mínimo para uma comemoração coerente da Páscoa. Ao invés disso, chocolates. Percebe como tudo está relacionado com a questão do consumismo e absolutamente nada com o verdadeiro sentido sacramental instituído por Deus?

Esse erro (cristãos comemorando a páscoa) tem ocorrido porque a maioria deles desconhece que esses dois sacramentos judaicos do VT (páscoa e circuncisão) foram substituídos, no NT, pelo próprio Cristo, por outros dois novos (porém correlatos aos do VT) sacramentos:

A páscoa (que comemorava a libertação e a nova vida) foi substituída pela Santa Ceia ou Eucaristia (Lc 22:14-27; I Cor 11:23-28), que comemora a ressurreição de Cristo (o cordeiro Pascal da páscoa do VT era uma prefiguração do que aconteceria com Cristo), e a circuncisão (que era o rito externo de entrada no povo de Deus, no VT) pelo Batismo (Mt 28:19, Col 2:11), que igualmente é um rito de entrada na igreja visível do NT.

Paradoxalmente, muitos cristãos não fazem a menor questão de observar esses dois novos sacramentos instituídos pelo próprio Cristo, para sua igreja observar: Batismo e Santa Ceia ou Eucaristia.

Se você é Cristão, nunca deseje Boa Páscoa a outro Cristão, ele não tem nada a ver com essa comemoração!

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Nota do editor: esta postagem é uma ampliação da postagem do mesmo autor publicada aqui no Blog dos Eleitos no dia 02 de abril de 2010.
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O Kardecismo reprovado no seu próprio teste de veracidade

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"Devemos seguir o argumento até onde ele nos levar"

Na sessão II da introdução do livro O Evangelho Segundo o Espiritismo (editora FEB, p. 28, 2008), Allan Kardec, recebendo comunicações mediúnicas de aproximadamente mil centros espíritas sérios espalhados pelos mais diversos pontos do globo*, propõe o seguinte teste de veracidade com relação aos ensinos espíritas:

"O primeiro controle é, incontestavelmente, o da razão, ao qual é preciso submeter, sem exceção, tudo o que venha dos Espíritos. Toda teoria em notória contradição com o bom senso, com uma lógica rigorosa e com os dados positivos que se possui, deve ser rejeitada, por mais respeitável que seja o nome que traz como assinatura."

De maneira equilibrada, justa, devemos ainda dizer que tal teste não é o melhor, segundo Kardec, pois pessoas podem possuir conhecimento insuficiente e serem tendenciosas em seus juízos. Porém o teste "é incontestavelmente" o primeiro se baseado em uma sólida lógica. Assim, o bom senso deverá prevalecer, ou seja, uma doutrina em contradição não pode ser digna de confiança. Crer nela é crer levianamente. Analisemos, então, a seguinte declaração espírita no capítulo I, p. 61:

"... o materialismo foi vencido... É toda uma revolução moral que neste momento se opera e trabalha os espíritos. Após uma elaboração que durou mais de dezoito séculos, chega ela à sua plena realização e vai marcar uma Nova Era para a Humanidade. As consequências dessa revolução são fáceis de prever; deve produzir inevitáveis modificações nas relações sociais, às quais ninguém terá força para se opor, porque estão nos desígnios de Deus e resultam da lei do progresso, que é uma lei de Deus."

O Kardecismo reivindica uma revolução moral fundamentada na lei do progresso. Do século XVIII ao XXI, houveram vários progressos (industrial, trabalhista, científico, tecnológico, etc.), porém nenhum que produzisse divinas modificações nas relações sociais. Não há muito o que comemorarmos no campo da moral quando lemos sobre os campos de concentração nazistas de Hitler; quando sabemos que o materialismo filosófico é dominante nas Academias (Nietzsche, Marx, Darwin, Freud, Sartre, Heidegger...); que os índices de assassinato e suicídio são preocupantes especialmente entre os jovens; quando olhamos para o aumento e facilitação do divórcio matrimonial ou vemos tanto guerras latentes quanto eminentes pelo globo... O clima de otimismo moral deveria ser triunfante ao passo que os espíritos trabalham para isso. Todavia, não é!

Pode-se levantar uma objeção por parte dos espíritas dizendo que a "Terra pertence à categoria dos mundos de expiação e de provas, razão por que aí o homem está exposto a tantas misérias" (p. 79). Esse ensino explicaria o problema da revolução moral se ele condicionasse a Terra a ser um mundo somente de expiação, de provas. No entanto, o próprio Kardec excluiu essa idéia:

"Todavia, não deduzais das minhas palavras que a Terra esteja destinada para sempre a ser uma penitenciária. Não, certamente! Dos progressos realizados podeis facilmente deduzir os progressos futuros e, dos melhoramentos sociais conquistados, novos e mais fecundos melhoramentos. Essa é a tarefa imensa que será realizada pela nova doutrina que os Espíritos nos revelam." (p. 131)

Em uma seção de comentários de um vídeo do YouTube eu discutia com um espírita sobre essa questão da revolução moral. Ele contra-argumentava dizendo que as aflições da vida são de duas espécies: de causa presente ou de passada (daí os judeus terem sofrido tanto no holocausto, pois certamente no passado eles fizeram algo que trouxeram as consequências do antissemitismo!). No entanto, eu disse a ele que isso é a explicação das aflições e não a corroboração sobre a máxima de Kardec conforme citei. O materialismo na minha opinião não foi vencido e o relativismo ou anarquia moral é crasso em qualquer nível da sociedade, inclusive na Igreja.

Não ajuda muito também os espíritas esperarem o tempo passar e terem fé que lá na frente a coisa muda. Isso na verdade é um salto de fé e não seguir as implicações de um dos pilares da Doutrina. Kardec reivindicou uma revolução moral em PLENA REALIZAÇÃO que produziria modificações que NINGUÉM TERIA FORÇA PARA SE OPOR (o que está em caixa alta são citações diretas). A claridade do texto não lança dúvida no que estou dizendo. A questão é a veracidade do cumprimento dessas palavras; e não como e quando elas irão se cumprir ou porque não estão se cumprindo.

Se ciclos de encarnação-desencarnação elevassem os espíritos a estados superiores, purificando-os ainda mais, porque não percebemos as consequências dessa doutrina central do Kardecismo nas manchetes dos jornais e nas newsletters da web? Vivemos uma grande crise moral e não uma revolução pela lei divina do progresso. Involuímos.

No livro A República, Platão atribuí a Sócrates a seguinte frase: "Devemos seguir o argumento até onde ele nos levar". Se a lógica dos dados é positiva, devemos evocar o resultado da aplicação do teste: "toda teoria em notória contradição com o bom senso... deve ser rejeitada". O argumento aqui proposto no mínimo nos leva para o descrédito da revolução moral de Kardec bem como a uma revisão de seus pressupostos filosóficos.

Portanto, o Espiritismo não pode ser aprovado como verdadeiro mediante suas asseverações de moral. O bom senso, nesse caso, não nos convida a uma fé espírita. A coletividade ou conjunto dos fatos mais a lógica contrariam a Doutrina em sua base.

*Não há citações dos nomes dos médiuns nem como se realizou essa tão grande coleta de informações pelo mundo, se é que foi realizada. É interessante notar que tais centros são classificados como "sérios". Sérios com base em quê? Fica a pergunta.

Soli Deo [Jesus] Gloria.

Autor: Danilo Neves de Almeida
Fonte: [ UMPCGYN ]
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O mito da submissão mútua

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De Wayne Grudem. Traduzido por Kamylla Araújo. Original aqui.

Como os que buscam a igualdade entre homens e mulheres revogam a força de Efésios 5:22, “Esposas, sejam submissas aos seus maridos, assim como ao Senhor”? Simples: Eles olham apenas para o verso 21, que diz, “Estejam sujeitos um ao outro no temor de Cristo.” Então eles dizem, “É claro que as esposas devem ser submissas aos seus maridos, mas os maridos também devem submeter-se às esposas.”

O resultado disso é o que eles chamam de “submissão mútua”, “e em seu ponto de vista isto quer dizer que não há liderança ou autoridade única do marido no casamento. Eles redefinem “submissão” como "consideração, cuidado, uma atitude de amor um para com o outro, colocando o interesse da outra pessoa acima do seu próprio.”

Certamente ninguém faz objeção às idéias de consideração mútua, ou cuidado, ou amor! Elas são claramente ensinadas no Novo Testamento. Mas estas idéias são, de fato, o que o verso, Efésios 5:21, quer dizer?

Eu acredito que não. Na verdade, eu creio que a idéia de “submissão mútua” como uma interpretação de “estejam sujeitos um ao outro” em Efésios 5:21 é uma idéia terrivelmente errada. Ela só pode ser defendida se deixarmos de apreciar o significado preciso das palavras gregas para “estar sujeito” e “um ao outro”. Uma vez que esses termos sejam compreendidos corretamente, eu creio que a ideia de “mútua submissão” no casamento será vista como um mito sem qualquer tipo de fundamentação nas Escrituras.


1. O significado de “Ser submisso”

A primeira razão pela qual penso que “uns aos outros” é a melhor interpretação de Efésios 5:21 é o significado para a palavra grega hypotasso (estar sujeito a, submeter-se a). Embora alguns afirmem que a palavra pode significar “ser cuidadoso e considerar o outro; um ato de amor” (para com o outro), não há nenhuma evidência séria que mostre que no século primeiro os gregos entendiam dessa forma, pois o termo sempre implica em um relacionamento de submissão a uma autoridade.

Veja como esta palavra é utilizada em outros lugares no Novo Testamento:

* Jesus está sujeito à autoridade de seus pais (Lucas 2:51)
* Os demônios estão sujeitos aos discípulos (Lucas 10:17: é claro que o significado “ato de amor, consideração” não se encaixa aqui!)
* Os cidadãos devem estar sujeitos à autoridade dos governantes (Rm 13:1,5; Tt 3:1, IPe2:13)
* O universo está sujeito a Cristo (ICo. 15:27; Ef. 1:22)
* Poderes espirituais invisíveis estão sujeitos a Cristo (IPe. 3:22)
* Cristo está sujeito a Deus o Pai (ICo. 15:28)
* Os membros da igreja devem estar submissos aos líderes (ICo. 16:15-16; 1Pe 5:5)
* As esposas devem ser submissas aos seus maridos (Cl. 3:18, Tt. 2:5, IPe. 3:5; compare com Efésios 5:22,24)
* A igreja está sujeita a Cristo (Efésios 5:24)
* Servos devem estar submissos aos seus mestres (Tt. 2:9, IPe. 2:18)
* Os cristãos estão submissos a Deus (Hb. 12:9, Tg. 4:7).

A questão é a seguinte: Nenhum desses relacionamentos jamais foi revertido. Nunca foi dito aos maridos serem submissos (hypotasso) às suas esposas, nem o governo aos cidadãos, os mestres aos servos, ou os discípulos aos demônios. É claro que nunca foi dito aos pais que sejam submissos aos filhos! Na verdade, o termo hypotasso é utilizado fora do Novo Testamento para descrever a submissão e obediência dos soldados no exército ao escalão superior (veja, por exemplo, Josefo, Guerra de 2.566, 578, 5.309; compare o advérbio de Clemente 37:2) O léxico Liddell – Scott – Jones define hypotasso [passivo] significando “ser obediente” (pg. 1897).

É claro, a forma exata que a submissão toma, como ela funciona na prática, sofrerá uma variação enorme em relação a como ela é aplicada aos soldados, às crianças, aos servos, à igreja e às esposas. Em um casamento cristão saudável, haverá fortes elementos de mútua consulta e busca de sabedoria, e a maioria das decisões virá de um consenso entre marido e esposa.

Ser submissa envolve muitas vezes, não só obedecer a comandos ou a ordens diretas (embora às vezes inclua isto), pois um marido prefere fazer uma solicitação à esposa e buscar auxílio, discutindo com ela sobre o curso de uma ação a ser tomada (compare com Filemom 8-9). Este é, provavelmente, o motivo pelo qual Paulo usou o sentido mais amplo de “estar submisso a” quando fala às esposas, em lugar da palavra específica “obedecer” (hypakouo), que é utilizada para crianças (6:1) e para servos (6:5).

Não obstante, a atitude de submissão da esposa à autoridade de seu marido será refletida nas inúmeras palavras e ações a cada dia que refletem deferência à sua liderança e reconhecimento à sua responsabilidade pós- discussão, sempre que possível, para tomar decisões que afetam toda a família.

A despeito de todas essas diferentes formas de submissão, uma coisa permanece constante em cada uso da palavra: nunca é “mútuo” no que diz respeito ao poder; é sempre unidirecional referindo-se à submissão a uma autoridade.

Então a minha pergunta é: Porque deveríamos dar a hypotasso um significado em Efésios 5:21 que em nenhuma outra parte é mostrado como tal? Mas se hypotasso sempre significa “estar submisso a uma autoridade”, então, certamente há um mal-entendido de Efésios 5:21 em dizer que implica em “mútua submissão.”

2. O restante do Contexto

O mito da “submissão mútua” também falha na adequação ao contexto. Em Efésios 5:22-24, às mulheres não é dito que sejam submissas a todos, ou a todos os maridos, ou a outras esposas, ou a seus vizinhos e filhos. O idioma grego especifica claramente a restrição, “Esposas, sejam submissas a seus maridos (idiois andrasin).” Portanto, o que Paulo tinha em mente não era uma vaga ideia de “mútua submissão” onde todos são “considerados e respeitados” uns pelos outros, mas um tipo específico de submissão a uma autoridade: a mulher é submissa à autoridade do “seu próprio marido”.

Similarmente, não é dito a pais e filhos que sejam submissos mutuamente uns aos outros, mas os filhos devem estar sujeitos (“obedecer”) seus pais (Efésios 6:1-3), os servos devem estar sujeitos aos seus mestres (Efésios 6:5-8). Em cada caso, a pessoa que exerce a autoridade não deve estar submissa àquele sobre quem a autoridade é exercida, mas Paulo sabiamente dá orientações para regular o uso da autoridade pelos maridos (que devem amar as suas esposas Efésios 5:25-33), pelos pais (que não devem provocar em seus filhos a ira, Efésios 6:4), pelos mestres (que devem deixar de ameaçar seus servos lembrando que eles, de igual modo servem a Cristo, Efésios 6:9). Em nenhum dos casos há “mútua submissão”; em cada caso existe submissão à autoridade e uso regulado desta autoridade.

Esta clara evidência no contexto é o motivo pelo qual as pessoas não enxergaram a “submissão mútua” em Efésios 5:21 até que as pressões feministas em nossa cultura levaram as pessoas a procurar uma maneira de evitar a força de Efésios 5:22, “Esposas, sejam submissas aos seus maridos, assim como ao Senhor.” Por séculos ninguém pensou em “mútua submissão” em Efésios 5:21, pois reconhecia-se que o verso ensina que devemos todos estar sujeitos aos homens que Deus colocou em autoridade sobre nós, como maridos, pais ou empregados. Desta maneira, Efésios 5:21 era perfeitamente entendido como estar sujeito um ao outro (isto é, uns para os outros) no temor de Cristo

3. A ausência de qualquer comando dos maridos para as mulheres

Há mais um fato que aqueles que buscam a igualdade entre homens e mulheres não conseguem explicar bem quando da proposição da “mútua submissão” como compreensão deste verso. Eles não conseguem explicar o fato que, enquanto várias vezes às mulheres é dito que sejam submissas aos seus maridos (Efésios 5:22-24; Colossenses 3:18; Tito 2:5, IPedro 3:1-6)a situação nunca é revertida; nunca é falado aos maridos que sejam submissos às suas esposas. Porque isso então, se Paulo queria nos ensinar sobre a “submissão mútua”?

A ordem de que um homem deveria ser submisso à sua mulher teria sido surpreendente em uma antiga sociedade machista. Portanto, se os escritores do Novo Testamento pensavam que no casamento cristão, os maridos deveriam estar submissos às suas esposas, eles teriam que dizê-lo muito claramente, caso contrário, os cristãos mais jovens nunca teriam sabido que era isso que deveriam fazer! Mas em nenhum lugar encontramos tal ordem. É surpreendente que feministas evangélicas possam afirmar que o Novo Testamento ensina isto quando, em nenhum momento isto é ensinado.

4. O significado de “Um ao outro”

Então qual a razão que as pessoas podem dar argumentando em favor da “mútua submissão” na interpretação de Efésios 5:21? Seu argumento é baseado na expressão “um ao outro” (o pronome grego allelous). Vários intérpretes afirmam que o pronome quer dizer “todos a todos” (isto é, que deve ser exaustivamente recíproco, o que significa que se refere a algo que cada pessoa faz uma a outra). Para apoiar este ponto de vista citam-se numerosos versos onde allelous tem esse sentido: “devemos todos amar uns aos outros” (João 13:34) e “sejam servos uns dos outros” (Gálatas (5:13).

Mas aqui está um erro crucial: intérpretes admitem que por allelous significar “todos a todos” em alguns versos, deve significar em todos os versos. Quando eles admitem isso, eles simplesmente não fizeram seu dever de casa - eles não checaram as possibilidades que a palavra pode ser utilizada em distintos contextos, quando não significa “todos a todos”, mas “uns aos outros.”

Por exemplo, em Apocalipse 6:4, “e que os homens se matassem uns aos outros” significa que alguns matariam outros (e não “que todas as pessoas matariam umas às outras”, ou “então que toda a pessoa que foi morta mataria mutuamente aquela que a matou”, o que não teria o menor sentido!). Em Gálatas 6:2, Levai as cargas uns dos outros, não significa que cada um deve trocar a sua carga com o outro, mas “aqueles que são mais capacitados devem ajudar a carregar o fardo daqueles que são menos capacitados.” Em 1 Coríntios 11:33, “Portanto, meus irmãos, quando vos ajuntais para comer, esperai uns pelos outros.” Significa “aqueles que ficaram prontos mais cedo devem esperar por aqueles que estão atrasados.”

Há muitos outros exemplos onde a palavra não pode simplesmente dizer que "todo mundo faz alguma coisa para todo mundo", porque o sentido do contexto simplesmente não permitirá este significado (veja Mateus 24:10; Lucas 2:15; 12:1; 24:32; etc.). Nestes versos allelous significa, uns aos outros. (A versão King James frequentemente traduz estas passagens, “um ao outro” ou “um para o outro”, como em I Coríntios 11:33, Portanto, meus irmãos, quando vos ajuntais para comer, esperai uns pelos outros.” Seguindo este padrão, a KJV traduziu Efésios 5:21, “submetendo-se um ao outro.”)

5. Conclusão

O que então “um ao outro” significa em Efésios 5:21? Significa “uns aos outros” e não “todos a todos”. O significado de hypotasso, que sempre indica submissão unidirecional a uma autoridade, previne o senso de “todos a todos” neste verso. E o seguinte contexto (esposas a maridos, filhos aos pais, servos aos mestres) mostra que este entendimento é verdadeiro. Portanto, não é a “submissão mútua”, mas a submissão às autoridades competentes que é ordenada por Paulo em Efésios 5:21. A ideia de “mútua submissão” nesta passagem é só um mito crido largamente pelo mundo.

Isso é importante? Basta perguntar-se quão importante a idéia de submissão à autoridade é no Novo Testamento. Se hypotassō pode ser esvaziada de qualquer idéia de submissão à autoridade, a capacidade do Novo Testamento para falar com a nossa vida vai ser entravada de forma significativa. Este equívoco igualitário de Efésios 5:21 carrega com ele um preço muito grande.

Fonte: [ Reforma e Carisma ]
Via: [ Cinco Solas ]