Não pregamos a nós mesmos

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"Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor e a nós mesmos como vossos servos, por amor de Jesus."(2 Co 4.5)

Há um sentido no qual nunca devemos ser modestos na nossa pregação. Certamente não devemos fazer grandes afirmações sobre nós mesmos, mas em primeiro lugar não devemos pregar a nós mesmos. Na proclamação do evangelho, apresentamos Cristo como o merecedor de confiança e adoração. Declaramos Jesus Cristo como supremo. E se pregamos a ele e não a nós mesmos, seremos modestos sobre o quê? Nós o louvamos sem restrições, e sem medo de exageros.

Existe um lugar para a humildade, e isso está no fato de dirigirmos a atenção para ele e para longe de nós. Essa humildade é invisível, porque sempre que está presente e é bem sucedida, dirige o foco para o Senhor. Um constante autorrebaixamento, de tal forma que ninguém pode deixar de notar, é sinal que a pessoa já falhou. A verdadeira humildade se traduz em uma agressividade em nossa pregação porque se a nossa pregação é fiel ao seu tema, ela irá refletir a qualidade do que é pregado. Dessa forma, quando falamos de Jesus Cristo, temos que ser corajosos e impetuosos.

Ainda que sejamos fracos em nós mesmos, e por vezes nos aproximemos da tarefa com temor e tremor, nele somos fortes, e em nosso discurso exemplificamos a sua força e a sua verdade. Assim, com um tom de voz firme e estável, fazemos ostentações grandiosas. Proclamamos Jesus Cristo com um espírito indomável, não alimentado pela confiança em nós mesmos, mas pela nossa confiança nele. Ele é digno de ser declarado o Senhor de todos, e ele vive à altura das alegações que fazemos sobre ele.

No ministério do evangelho pregamos a Jesus Cristo como o Senhor, mas nos fazemos servos daqueles que nos ouvem. Existem falsas noções quanto ao que significa ser servos daqueles que recebem o nosso ministério. Elas se levantam de uma falha ao distinguir entre ser servos de homens e servos de Deus. “Servo” pode se referir a duas coisas diferentes. Jesus se fez servo de homens – ele disse que veio para servir e não para ser servido – mas nunca permitiu aos homens que o controlassem. Ele serviu aos homens, mas não obedeceu aos homens. Ele serviu aos homens no sentido que fez o que era bom para eles, mas só o fez sob a direção do Pai, e muitas vezes contra a vontade dos homens.

Um pai emprega um tutor para educar o seu filho, assim o tutor trabalha duro para o benefício da criança, mas a criança não tem autoridade para estabelecer o horário e currículo das lições. Antes, a criança tem que cooperar com o tutor ou enfrentar o desagrado do pai. Da mesma forma, quando pregamos o evangelho, nos tornamos servos daqueles que nos ouvem no sentido que trabalhamos duro em benefício deles, a salvação de suas almas. Mas ainda que sejamos servos deles, eles não são nossos senhores. Nós trabalhamos para o benefício deles, sob a direção do Senhor. É ele quem dita a nossa mensagem, nosso método e os nossos movimentos. Assim, a autoridade do pregador não é anulada, porém, mas antes estabelecida pelo seu papel como servo aos homens sob o comando de Jesus Cristo.

Alguns têm aplicado erroneamente a ideia de servidão a negócios, paternidade e liderança em geral, com consequências ridículas. O ensinamento bíblico implica que devemos ser gentis e condescendentes? Não. Ele implica que devamos ouvir a contribuição das pessoas? Ainda que em muitos casos seja bom receber contribuições, isso não vem da ideia de ser um servo aos homens. Servir não quer dizer algumas das coisas que as pessoas pensam que isso significa. Em todo caso, servir significa que devemos trabalhar com empenho para o benefício dos outros, e isso muitas vezes implica um exercício de poder de comando forte, mesmo contra os desejos e as sugestões daqueles a quem servimos. Somos servos de todos os homens, mas somente Jesus Cristo é o nosso senhor. A incapacidade de compreender essa simples distinção tem produzido inúmeros resultados antibíblicos e grotescos.

Por Vincent Cheung, via Monergismo.com; adaptação para o blog: Rev. Ronaldo Mendes
Fonte: [ Solus Christus ]

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O que é mortificação?

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Por John MacArthur
Os cristãos têm uma obrigação — não para com a carne, mas em relação ao novo princípio de justiça personificado no Espírito Santo. Eles lutam, pelo poder do Espírito Santo, para mortificar o pecado na carne — "para mortificardes os feitos do corpo". Se você estiver fazendo isso, ele diz, "[viverás]" ( Rm 8.13).

É claro que Paulo não está sugerindo que alguém pode obter vida, mérito ou favor de Deus pelo processo da mortificação. Mas está dizendo que é uma característica de crentes verdadeiros o fato de mortificarem os feitos do corpo. Nada é mais natural para pessoas que são "guiadas pelo Espírito de Deus" (v.14) do que mortificar seu pecado. Uma das provas da nossa salvação é que fazemos isso. Espera-se isso dos crentes. É a expressão da nova natureza.

Em outras palavras, o crente verdadeiro não é como Saul, que queria mimar e preservar Agague, mas como Samuel que o despedaçou sem mercê e sem demora. Saul pode ter querido fazer de Agague um animal de estimação, mas Samuel sabia que isso era totalmente impossível. Da mesma maneira, nunca domesticaremos nossa carne. Não podemos afagar nosso pecado. Devemos tratá-lo com rapidez e de um modo severo. Foi o que disse Jesus:

Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não seja todo o teu corpo lançado no inferno. E, se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não vá todo o teu corpo para o inferno (Mt 5.29,30).

É óbvio que Jesus não estava falando no sentido literal, embora muitos tenham entendido mal essa passagem. Ninguém menos que o próprio grande teólogo Orígenes castrou-se, num esforço mal orientado de cumprir esse mandamento literalmente. Jesus não estava proclamando a automutilação, mas sim a mortificação dos feitos do corpo. Mortificação, nas palavras do puritano John Owen significa que a carne, "com [suas] faculdades e proprie¬dades, [sua] sabedoria, astúcia, sutileza, força, deve, segundo o apóstolo, ser morta, afligida, mortificada — isto é, ter seu poder, vida, vigor e força para produzir seus efeitos, afastados pelo Espírito".

Romanos 8.12, 13, versos que Paulo usa para introduzir a idéia de mortificação do pecado, sinalizam para um grande ponto de alteração na linha de pensamento que percorre esse capítulo. Martyn Lloyd-Jones disse:

É aqui, pela primeira vez, nesse capítulo, que entramos no campo da aplicação prática. Tudo o que vimos até agora foi uma descrição geral do cristão — seu caráter, sua posição. Mas agora o apóstolo realmente explicita a doutrina da santificação. Aqui nos é dito exatamente como, na prática, o cristão se torna santificado. Ou, dizendo isso de uma outra maneira, aqui nos é dito em detalhes e na prática como o cristão deve travar a batalha contra o pecado.

Paulo não promete uma libertação imediata do assédio do pecado. Não descreve uma crise momentânea de santificação, quando o crente imediatamente se tornaria perfeito. Ele não diz aos romanos para deixarem as coisas na mão de Deus enquanto eles não fazem nada. Não sugere que uma "decisão em momento crítico" resolverá a questão de uma vez para sempre. Ao contrário, ele fala de uma luta contínua com o pecado, que devemos, de forma persistente e perpétua, "mortificar os feitos do corpo".

Essa linguagem é frequentemente mal-entendida. Paulo não está chamando as pessoas a uma vida de autoflagelação. Ele não está dizendo que os cristãos deveriam ser subjugados pela fome, literalmente torturarem o corpo, ou privarem-se das necessidades básicas da vida. Não está lhes dizendo para se mutilarem, abraçarem uma vida monástica ou qualquer coisa do tipo. A mortificação de que Paulo fala não tem nada que ver com uma autopunição exterior. E um processo espiritual realizado pelo "Espírito". Paulo está descrevendo uma forma de vida para sufocar o pecado, aniquilá-lo de nossa vida, sugar suas forças, extirpá-lo e impedir sua influência. Isso é o que significa mortificar o pecado.

Qual é o antídoto para a divisão secular/sagrado?

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Qual é o antídoto para a divisão secular/sagrado? Como ter a certeza de que nossa caixa de ferramentas conceituais fundamentadas na Bíblia para cada assunto que encontramos? Temos de começar estando completamente convencidos de que perspectiva bíblica sobre tudo, não apenas sobre assuntos espirituais. O Antigo Testamento nos fala diversas vezes que "o temor do SENHOR é o princípio da sabedoria" (Sl 111.10; Pv 1.7; 9.10; 15.33). De modo semelhante, o Novo Testamento ensina que em Cristo "estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência" (Cl 2.3). Interpretamos estes versículos no sentido de sabedoria espiritual, porém o texto não estabelece limitação ao termo. "A maioria das pessoas tem a tendência de ler estas passagens como se dissessem que o temor do Senhor é o fundamento do conhecimento religioso", escreve Clouser. "Mas o fato é que fazem afirmação radical - a afirmação de que, de alguma maneira, todo o conhecimento depende da verdade religiosa."

Esta afirmação é mais fácil de entender quando nos damos conta de que o cristianismo não é único sob este aspecto. Todos os sistemas de crença trabalham do mesmo modo. Como vimos, o que quer que um sistema proponha como auto-existente é, em essência, o que se considera divino. E esse compromisso religioso funciona como o princípio controlador para tudo o que vem depois. O temor de algum "deus" é o princípio de cada sistema de conhecimento proposto.

Assim que entendermos como o primeiro princípio trabalha, fica claro que toda a verdade tem de começar em Deus. A única realidade auto-existente é Deus, e tudo o mais depende dEle para sua origem e existência contínua. Nada existe separado da sua vontade; nada está fora do escopo dos pontos decisivos centrais na história bíblica: a criação, a queda e a redenção.

Fonte: Nancy Pearcey. Verdade Absoluta: libertando o cristianismo de seu cativeiro cultural. Editora CPAD, Edição 1, p. 48,49, 2006.
Via: [ UMPCGYN ]

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Glorificados por Deus

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Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou; aos que justificou, também glorificou. Rm 8:29-30


Chegamos ao último artigo da série que considerou as cinco bênçãos de Deus "para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito" (Rm 8:28). Depois de havermos discorrido sobre Deus conhecer de antemão, predestinar, chamar e justificar os Seus, consideremos a declaração "aos que justificou, também glorificou" (Rm 8:30) e a maravilhosa certeza que ela encerra. O que significa ser glorificado por Deus?

O termo utilizado é derivado de dexazo, que pode ser traduzido "tornar glorioso, adornar com lustre, vestir com esplendor; conceder glória a algo, tornar excelente" (Strong). O termo, ainda segundo esse erudito, vem da raiz doxa que quando aplicado aos crentes refere-se à "condição de gloriosa bem-aventurança à qual os cristãos verdadeiros entrarão depois do retorno do seu Salvador do céu". Portanto, glorificação é o estado final dos crentes, no qual seremos semelhantes a Cristo: "amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser, mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, pois o veremos como ele é" (1Jo 3:2). No mesmo capítulo 8 Paulo já havia se referido à "glória que em nós será revelada" (Rm 8:18) afirmando que "se de fato participamos dos seus sofrimentos, para que também participemos da sua glória" (Rm 8:17).

A surpresa fica por conta de que, embora essa glorificação seja futura, pois no presente somente "nos gloriamos na esperança da glória de Deus" (Rm 5:2), Paulo na passagem em foco a considera como já realizada: "aos que predestinou, também glorificou" (Rm 8:30). O verbo está no aspecto aoristo, que não leva em consideração o tempo passado, presente ou futuro, embora a tradução no passado simples satisfaça a maioria dos casos. O elemento de certeza é reforçado pelo modo indicativo, o qual implica que uma ação realmente ocorreu, ocorre ou ocorrerá. Portanto, a glorificação, ainda que futura, era tão inexoravelmente certa para Paulo que ele a expressa como se já tivesse ocorrido! De fato, sendo a corrupção da natureza humana vencida no chamamento eficaz e toda culpa pelo pecado eliminada na justificação, nada mais pode se interpor entre o regenerado e a glória! Paulo estava convencido, e nós também podemos estar, "de que Aquele que começou boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus" (Fp 1:6).

"Que diremos, pois, diante dessas coisas?" (Rm 8:31). Que podemos ter absoluta certeza de nossa salvação. Não cabe aqui a mais ínfima desconfiança de que um crente, uma vez salvo, venha ao final ser vencido e condenado. "Se Deus é por nós, quem será contra nós?" (Rm 8:31), vale dizer, se Deus, começando na eternidade, nos "predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho" (Rm 8:29) e no presente "age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito" (Rm 8:28), como deixaria perecer alguém por quem Cristo morreu? "Aquele que não poupou a seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos dará juntamente com ele, e de graça, todas as coisas?" (Rm 8:32).

Romanos 8:29-30 é a corrente dourada da graça, a qual não pode ser quebrada por nenhuma força da terra ou do inferno. Um indivíduo que foi conhecido desde a eternidade por Deus, que foi predestinado a ser feito à imagem de Jesus, que foi chamado de forma sobrenatural e poderosa pelo Espírito Santo em tempo oportuno, que teve lançado a seu crédito a perfeita justiça de Cristo, será inevitavelmente recebido na glória por Deus. Aleluia!

Soli Deo Gloria

Autor: Clóvis Ribeiro
Fonte: [ Cinco Solas ]

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O que vem primeiro: fé ou arrependimento?

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Por John Murray

O que vem primeiro: o arrependimento ou a fé? Essa é uma pergunta desnecessária; e fútil, a insistência de que um é anterior ao outro. Não há qualquer anterioridade. A fé para a salvação é uma fé de arrependimento; e o arrependimento para a salvação é um arrependimento de fé… A interdependência entre a fé e o arrependimento pode ser vista quando lembramos que a fé é a fé em Cristo para a salvação do pecado. Mas, se a fé é direcionada à salvação do pecado, tem de haver ódio do pecado e desejo de ser salvo do pecado. Esse ódio do pecado envolve arrependimento, que consiste essencialmente em converter-se do pecado para Deus. Ora, se lembramos que o arrependimento é o volver-se do pecado para Deus, esse volver-se para Deus implica fé na sua misericórdia revelada em Cristo. É impossível separar a fé do arrependimento. A fé salvadora é permeada de arrependimento, e este é permeada de fé. A regeneração se torna expressiva em nossa mente por meio do exercício da fé e do arrependimento.

O arrependimento consiste essencialmente em mudança de coração, mente e vontade. Essa mudança de coração, mente e vontade diz respeito, em especial, a quatro coisas: é uma mudança que diz respeito a Deus, a nós mesmos, ao pecado e à justiça. Sem a regeneração, os nossos pensamentos sobre Deus, nós mesmos, o pecado e a justiça são drasticamente pervertidos. A regeneração muda a mente e o coração. Ela os renova por completo. Há uma mudança radical em nossa maneira de pensar e sentir. As coisas velhas passaram, e todas as coisas se tornaram novas. É importante observar que a fé para a salvação é a fé acompanhada por mudança de pensamento e atitude. Com muita freqüência, nos círculos evangélicos e, em particular, no evangelismo popular, a relevância da mudança que a fé sinaliza não é entendida nem apreciada. Há dois erros. Um destes é excluir a fé do contexto que lhe dá significado. O outro é pensar na fé em termos de decisão e, com isso, baratear a decisão. Esses erros estão relacionados e condicionam um ao outro. Enfatizar o arrependimento e a mudança profunda de sentimento e de pensamento envolvida no arrependimento é o elemento necessário para corrigir esse conceito distorcido da fé, o qual destrói a alma. A natureza do arrependimento serve para acentuar a urgência dos assuntos que estão em jogo nas exigências do evangelho, enfatizar a separação do pecado incluída na aceitação do evangelho e ressaltar a perspectiva totalmente nova que a fé no evangelho transmite.

Não devemos pensar no arrependimento como que constituído meramente de uma mudança genérica da mente. O arrependimento é bem especifico e concreto. E, visto que é uma mudança da mente em referência ao pecado, é uma mudança da mente em referência a pecados específicos, pecados em toda a particularidade e individualidade peculiares dos nossos pecados. É muito fácil falarmos sobre o pecado, sermos denunciatórios em relação ao pecado e aos pecados específicos de outras pessoas e não nos mostrarmos arrependidos quanto aos nossos próprios pecados. A prova do arrependimento é a genuinidade e a resolução de nosso arrependimento em referência aos nossos próprios pecados, pecados caracterizados pelos agravamentos peculiares a nós mesmos. O arrependimento, no caso dos tessalonicenses, manifestou-se em que eles se converteram dos ídolos para servirem o Deus vivo. A idolatria dos tessalonicenses evidenciava, de modo específico, a sua alienação de Deus; e foi o arrependimento dessa idolatria que provou a genuinidade da fé e da esperança deles (1 Ts 1.9-10).

O evangelho é não somente a mensagem de que pela graça somos salvos, mas também a mensagem de arrependimento. Quando Jesus, após a ressurreição, abriu o entendimento dos discípulos, para que entendessem as Escrituras, Ele lhes disse: “Assim está escrito que o Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia e que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as nações, começando de Jerusalém” (Lc 24.46-47). Quando Pedro pregou à multidão, no Dia de Pentecostes, os ouvintes foram constrangidos a perguntar: “Que faremos, irmãos?” Pedro respondeu: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados” (At 2.37-38). Posteriormente, Pedro interpretou a exaltação de Cristo como uma exaltação à função de “Príncipe e Salvador, a fim de conceder a Israel o arrependimento e a remissão de pecados” (At 5.31). Alguma outra coisa poderia assegurar mais claramente que o evangelho é o evangelho do arrependimento do que o fato de que o ministério celestial de Jesus como Salvador é um ministério de outorgar arrependimento para o perdão dos pecados?

Quando Paulo apresentou aos presbíteros de Éfeso um relato de seu próprio ministério, ele disse que testificara “tanto a judeus como a gregos o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus [Cristo]” (At 20.21). O autor da Epístola aos Hebreus indicou que “o arrependimento de obras mortas” é um dos princípios elementares da doutrina de Cristo (Hb 6.1). Não poderia ser diferente. A nova vida em Cristo Jesus implica que os laços que nos prendiam ao domínio do pecado foram destruídos. O crente está morto para o pecado por meio do sangue de Cristo. O velho homem foi crucificado para que o corpo do pecado seja desfeito e o crente não sirva mais o pecado (Rm 6.2, 6). Esse rompimento com o passado se registra na consciência por meio do converter-se do pecado para Deus, “com pleno propósito e empenho por uma nova obediência”…

O arrependimento é aquilo que descreve a resposta de converter-se do pecado para Deus. Este é o caráter específico do arrependimento, assim como o caráter específico da fé é receber a Cristo e confiar somente nEle para a salvação. O arrependimento nos recorda que, se a fé que professamos é uma fé que nos permite andar nos caminhos deste mundo mau, na concupiscência da carne, na concupiscência dos olhos, na soberba da vida e na comunhão das obras das trevas, a nossa fé é apenas zombaria e engano. A verdadeira fé é permeada de arrependimento. Assim como a fé é um ato momentâneo e uma atitude permanente de confiança e descanso direcionada ao Salvador, assim também o arrependimento resulta em contrição constante. O espírito contrito e o coração quebrantado são marcas permanentes da alma que crê… O sangue de Cristo é o instrumento da purificação inicial, mas é também a fonte à qual o crente pode recorrer continuamente. É na cruz de Cristo que o arrependimento começa; é ali que ele tem de continuar derramando seu coração, em lágrimas de confissão e contrição.


Tradução:
Pr. Wellington Ferreira © Editora FIEL 2009.
Extraído de Redemption:
Accomplished and Applied, publicado por Wm. B. Eerdmans Publishing Company.
Permissões da Fiel:
O leitor tem permissão para divulgar e distribuir esse texto, desde que não altere seu formato, conteúdo e / ou tradução e que informe os créditos tanto de autoria, como de tradução e copyright. Em caso de dúvidas, faça contato com a Editora Fiel.
Fonte: [ Voltemos ao Evangelho ]

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O bizarro mundo do neopentecostalismo

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Por Renato Vargens

Volta e meia eu recebo emails de pessoas dizendo que estão experimentando um avivamento em suas igrejas. Segundo estes, os sinais que confirmam o derramamento do Espírito Santo são sobrenaturais, como sapateado, profecias, revelações, dentes de ouro, e muito mais. Infelizmente em nome de uma espiritualidade saudável muitos têm cometido verdadeiras aberrações. Sei da história de gente que urinou nos quatros cantos da cidade, derramou de um helicóptero óleo ungido em uma favela do Rio de Janeiro, fez voto de nazireu raspando a cabeça, enterrou bíblias nos extremos do Brasil, além de cometer inúmeros atos de loucura espiritual.

Caro leitor, vamos combinar uma coisa? A igreja de Jesus não é um circo. Chega de ouvirmos absurdos como os ensinados por falsos profetas que ao longo dos anos tem propagado doutrinas que se contrapõem em muito a ortodoxia cristã.

Confesso que estou cansado disso. Não me interessa as elucubrações nem tampouco as viagens esquizofrênicas daqueles que comecializam a fé, a Palavra de Deus me basta!

Fala sério! falta-me palavras para retratar minha indignação! O que fizeram do cristianismo? Que evangelho louco é esse? Ora, este não é, não foi e nunca será o Evangelho do meu Senhor.

Prezado amigo, diante do exposto acredito piamente que os conceitos pregados pelos reformadores precisam ser resgatados e proclamados a quantos pudermos, até porque, somente assim, poderemos novamente sair deste momento preocupante e patológico da Igreja evangélica.
Uma nova reforma já,

Fonte: [ Blog do autor ]
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Joyce Meyer, a Cinderela Americana

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Joyce é uma líder da Teologia da Fé/Prosperidade que, como a maioria dos seus mestres, tem transformado o sangue de Cristo em um líquido viscoso e dourado e este, por sua vez, é cunhado em barras de ouro para enriquecer os pregadores e embalar em sonhos dourados os que acreditam nessa teologia.

Infelizmente… NEM TUDO QUE RELUZ É OURO!

Conforme o provérbio popular, os ensinos de Joyce Meyer contêm algumas heresias embutidas e disso vamos dar alguns exemplos antes de delinear a vida faustosa que essa “mulher de Deus” tem usufruído graças aos ensinos que agradam os ouvintes e lhe rendem altos dividendos.

Joyce Meyer, como Copeland e Hagin, não crê que Jesus tenha efetuado a completa reparação dos nossos pecados na cruz, conforme a Bíblia ensina. Ela acredita e ensina que Jesus precisou ir ao inferno e ser ali atormentado durante três dias, a fim de completar a reparação dos pecados da humanidade:

Durante o tempo em que Ele permaneceu no inferno, o lugar para onde você e eu deveríamos ir, por causa dos nossos pecados… Ele ali pagou o preço… Nenhum plano seria mais extremo… Jesus pagou na cruz e no inferno… Deus levantou do Seu trono e disse aos poderes demoníacos que atormentavam o Seu Filho impecável: “Deixem-no ir”. Foi então que o poder da ressurreição do Deus Todo Poderoso entrou no inferno e encheu Jesus… E ressuscitou dos mortos o primeiro homem nascido de novo. (“The Most Important Decision You Will Ever Make: A Complete And Thorough Understanding of What It Means To Be Born Again”, 1991, páginas 35-36 do original de Joyce Meyer)

Joyce continua:

Não existe esperança alguma para ir ao céu, a não ser que se acredite de todo o coração nesta verdade… Que Jesus tomou o nosso lugar. Ele se tornou o nosso substituto e sofreu todo o castigo por nós merecido. Ele carregou todos os nossos pecados. Ele pagou o débito… Jesus foi ao inferno em nosso lugar. Ele morreu por nós. (página 45 do mesmo livro)

Joyce Meyer declara ostensivamente que não existe esperança alguma para se chegar ao céu, a não ser que se acredite nesta “verdade” que ela está ensinando, ou seja, que Jesus desceu ao inferno, sofreu nas mãos dos demônios e ali nasceu de novo… Isso é pura heresia!

Mas vejamos outra heresia contida em sua obra: Joyce se considera impecável, conforme podemos escutar em sua fita de áudio intitulada: “What Happened from the Cross to the Throne?”:

… Eu não deixei de pecar, até que finalmente entrou em minha cabeça dura que eu já não sou uma pecadora… Ora, a Bíblia diz que sou justa e não posso ser justa e pecadora ao mesmo tempo. Tudo que me ensinaram a dizer foi: “Sou uma pobre e miserável pecadora”. Ora, eu não sou pobre, nem miserável pecadora. Isso é uma mentira das profundezas do inferno. Isso é o que eu era, antes de nascer de novo, e se continuo sendo isso, então Jesus morreu em vão.

Contudo, a Bíblia ensina:

"Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós." (1 João 1:8)

Quem está mentindo: O Apóstolo João ou Joyce Meyer?

Como todo pregador de heresias, Joyce admite que recebe parte dos seus ensinos dos próprios anjos. Para ela e outros visionários a Palavra de Deus não é suficiente:

Ora, os espíritos não têm corpos e, portanto, não podemos vê-los. Mas eu creio que existem vários anjos aqui, esta manhã, pregando para mim. Creio exatamente que, antes de fazer qualquer declaração, eles se inclinam para mim e me dizem ao ouvido o que eu devo transmitir a vocês. (“Witchcraft and Related Spirits - Fita de Áudio, Parte 1, 2A-27)

Como todo pregador de teologia ao gosto do ouvinte, Joyce Meyer tem uma legião de seguidores e na entrevista abaixo veremos a quanto chegam o seu prestígio e sua fortuna. Eis uma reportagem completa feita pelos repórteres americanos Carolyn Tuft e Bill Smith sobre a vida e riqueza dessa importante figura dos meios carismáticos, a qual, aos 60 anos de idade, ostenta uma fortuna milionária como somente os pregadores da fé/prosperidade conseguem acumular. Têm a palavra os dois repórteres supracitados:

Joyce Meyer garante que tudo que ela possui veio diretamente d’Ele: uma empresa internacional com capital de US$10 milhões; um Sedan Mercedes Benz cinza prata de US$107 mil (do seu marido); uma casa residencial de U$2 milhões e outras casas, (dos pais e dos 4 filhos) cada uma avaliada no mesmo preço, tudo isso, segundo ela diz, constitui-se em bênçãos vindas diretamente das mãos de Deus. (N.T. – Ou, como está claro, dos bolsos dos iludidos pelo desejo de enriquecer facilmente, seguindo a sua teologia).

Ela diz que tem sido uma carreira admirável, nada sem um milagre acoplado e sem um contador que dirige um dos maiores ministérios televisivos do mundo. Seu ministério espera arrecadar este ano nada menos de US$95 milhões.

“Olhem ao redor” - ela disse aos repórteres no mês passado, sentada atrás de sua escrivaninha, no 3º. andar do edifício de escritórios do seu ministério, no Condado de Jefferson – “Aqui estou eu, uma ex-dona de casa de Fenton, com uma educação do segundo grau… Como poderia alguém olhar para isso e ver outra coisa que não fosse de Deus?”

Em muitos aspectos, Joyce Meyer é uma Cinderela americana.

Descrevendo-se como tendo sido sexualmente abusada, negligenciada e abandonada quando era uma jovem esposa (no primeiro casamento), Meyer se transformou numa das mais famosas e bem remuneradas pregadoras da nação americana. Ela obteve sua “prosperidade” por meio da “fé”, que prega a milhões de pessoas: “Se você permanecer firme em sua fé, vai receber o pagamento... Eu agora estou vivendo na retribuição”, disse Meyer a uma audiência em Detroit…

Aos 60 aos de idade, Meyer é uma avó, dirige o ministério junto com o marido Dave e os quatro filhos, com as respectivas esposas. Todos da família, inclusive as noras, recebem salários do ministério.

Mas a maneira pela qual Meyer gasta o dinheiro do ministério com ela e a família pode estar violando uma lei federal, dizem os peritos em leis sobre impostos e taxas. Essas leis condenam os líderes dos grupos religiosos e outros grupos beneficentes que usam o dinheiro arrecadado para benefício próprio, aproveitando a isenção de impostos.

Em outubro de 2003, Wal Watchers, um dos grupos observadores entre os que monitoram as finanças dos grandes grupos cristãos, foi convidado pelo International Revenue Service (IRS) para investigar Meyer e mais seis pregadores da TV, a fim de verificar se o seu status de isentos de impostos deve ser revogado.

Meyer e o seu advogado afirmam que ela está cumprindo escrupulosamente as leis federais.

Conforme a revista Christian Life, Meyer é a mulher mais popular da América. No ano passado, ela foi a preletora principal da Christian Coalition’s Road Victory, um ajuntamento de alguns dos mais influentes líderes da política conservadora.

Hoje em dia, os seus shows na TV, suas conferências regionais e arrecadação de fundos através do seu website, rendem em média U$8 milhões mensais. Desse total, o ministério afirma que despende cerca de 10%, ou uma média de US$880 mil mensais, com obras de caridade através do globo.

A estrela de Meyer tem brilhado tanto que até ela mesma fica admirada:

“Dave e eu nos sentimos quase como: será que esses aí somos nós mesmos? Sentimo-nos como sendo as pessoas mais abençoadas e honradas da terra!”

Cada Nação, Cada Cidade

O ministério de Meyer se estende por todo o globo: de uma área de shows radiofônicos, em 1983, distante cinco minutos de St. Louis, ele se expandiu por transmissão via satélite e pela Internet.

Nos EUA, o show de TV “Life in the Word” chega ao ar a 43 estados, através de canais locais, desde Pembina, N.D., e Crowley, LA, até Boston, Detroit, Los Angeles e St. Louis.

Meyer se tornou o modelo da dona de casa nas áreas do Canadá, México, América do Sul, Europa, África, Austrália - uns 70 países ao todo, conforme está escrito na revista do seu ministério.

Ela diz que o ministério recebe 15 mil cartas por mês, somente da Índia!

Em setembro, a tradução do seu programa na língua árabe já começou com seis transmissões diárias na rede de TV Life Channel, no Oriente Médio. Meyer espera usar a rede de TV para levar a mensagem do Cristianismo a 31 nações islâmicas.

“Vocês precisam colocar em mente que pessoa alguma jamais conseguiu fazer isso… quando uma mulher do Ocidente se apresenta em trajes ocidentais pregando o evangelho de Jesus na língua árabe pode ser bem interessante!”

Além disso, ela e seu marido afirmam que o ministério tem o potencial para atingir 2,5 milhões de pessoas em cada dia da semana.

Apesar de tanto sucesso no ministério o casal afirma que ainda tem muito trabalho para fazer: “Cada vez que nos sentimos como se tivéssemos chegado ao ápice, Deus nos abre mais portas”, diz Meyer.

O recente slogan do casal, impresso em um pôster colocado no quartel general do ministério e nas flâmulas de suas conferências, estabelece um objetivo ambicioso para o futuro: “cada nação, cada cidade”

Seguidores Fiéis e Críticos Ferozes

A pregação convincente e, às vezes, humilde de Meyer tem angariado uma legião de seguidores, principalmente mulheres, que nela veem tanto uma ministra como uma amiga confiável:

“Ela é tão prática… Ela faz com que tenhamos a impressão de que ela é nossa irmã, que se relaciona e nos compreende sem condenação e sem julgamento”, disse a motorista de ônibus, Eva McLemore, de 43 anos, em uma das conferências de Meyer em Atlanta (N.T. - Aqui está o segredo do sucesso de todo pregador que prega somente o amor de Deus, sem jamais fazer qualquer advertência contra o pecado, ressaltando a necessidade de arrependimento).

O estilo de Meyer tem angariado a crítica dos que a consideram uma propagandista do carnaval do “fique-rico-depressa”, o qual tem como único foco: conseguir o máximo de dinheiro do maior número de pessoas no menor espaço de tempo.

Ole Anthony, líder da Trinity Foundation, uma instituição religiosa de observação, situada em Dallas, diz:

“Ela pertence ao gênero típico dos tele-evangelistas que enriquecem à custa das pessoas pobres a quem supõem estar ministrando.”

Além de ser uma pregadora carismática, Meyer é autora de 50 livros sobre uma variedade de tópicos: desde livros de auto-ajuda, sobre dietas, casamento… até os mais profundos temas filosóficos. Dois dos seus livros – “Knowing God Intimately” (Conhecendo Deus Intimamente) e “How to Hear From God” (Como Escutar Deus) - tratam da edificação de um relacionamento com Deus, embasado na fé.

Ela também vende fitas de áudio e vídeo, em quantidade suficiente para preencher várias páginas do catálogo do seu ministério.

Meyer não se desculpa por oferecer os seus livros e fitas e nem por solicitar, incansavelmente, em seu website, nos shows da TV e em suas conferências, ajuda para o seu ministério, explicando:

“Eles não me dão a TV de graça… O evangelho é grátis, mas os seus meios de divulgação custam caro!”

Uma Inclinação Pelas Coisas Bonitas

Meyer gosta de coisas bonitas e de gastar com as mesmas: desde um relógio francês de US$11 mil, no quartel general em Fenton, até um barco Crownline de US$105 mil, ancorado em sua mansão de férias no Lago Ozarks.

Está claro que o seu gosto tende mais a Perrier (água mineral parisiense de luxo) que para água da bica. Meyer disse:

Você pode ser um rico homem de negócios aqui em St. Louis e todo mundo vai achar isso maravilhoso, mas quando você é um pregador, isso logo se transforma em problema… Mas a Bíblia diz: “Daí e dar-se-vos-á”.

O quartel general do ministério é uma joia de três andares construída em tijolos vermelhos, com um esmeraldino gramado na parte externa, assemelhando-se a um luxuoso hotel resort.

Construído em 2000, ao custo de US$20 milhões, o edifício e os jardins são um perfeito cartão postal, com canteiros de flores feitos à mão e belas alamedas para se alcançar uma cruz iluminada.

A entrada para o complexo de escritórios é ladeada por bandeiras das nações já alcançadas pelo ministério. Uma grande escultura representando a Terra está no alto do edifício, com uma Bíblia aberta, perto do estacionamento.

Do lado externo da entrada principal, vê-se a escultura de uma águia pousada no galho de uma árvore, próxima a uma queda d’água artificial. Uma mensagem em letras douradas saúda os empregados e os visitantes, na via de entrada: “Vejam o que o Senhor tem feito!”

Umas 500 pessoas trabalham ali.

O escritório do ministério é igual a qualquer outro escritório comercial, onde os funcionários abrem a correspondência; os contadores contam o dinheiro; os editores empilham fitas de vídeo a serem enviadas para os clientes… o único sinal de igreja ali dentro é uma capela que permite, exclusivamente aos empregados, o acesso à adoração.

O edifício é decorado com pinturas e esculturas religiosas e móveis de alta qualidade. Muitos desses, diz Meyer, foram escolhidos por ela mesma.

Uma lista de acesso ao Condado de Jefferson oferece um lampejo de muitos desses itens: um par de vasos de Dresden (US$19 mil); seis vasos de cristal da França comprados por US$18.500; uma porcelana de Dresden pintada com a Natividade (US$8 mil); dois gabinetes originais (US$5.800); uma porcelana com a crucifixão (US$5.700); um par de vasos alemães comprados por US$5.200. Somente aqui temos mais de US$60 mil em peças delicadas.

A decoração dos escritórios inclui uma mesa redonda em malacacheta, de US$30 mil; uma cômoda antiga com tampo de mármore de Carrara (US$23.000); uma estante de escritório de US$14.000; uma porcelana de Dresden mostrando a Via Sacra (US$7 mil); a escultura de uma águia sobre um pedestal (US$6.300), uma águia de prata comprada por US$5.000 e inúmeras pinturas adquiridas ao preço de US$1mil e US$4 mil cada uma.

No interior do escritório de Meyer, está uma mesa de conferência com 18 cadeiras, comprada por US$49.000. As obras de madeira em seu escritório e no do seu marido custaram US$44 mil.

O registro total da propriedade pessoal do ministério apresenta uns US$5,700 milhões em móveis, obras de arte, porcelanas, cristais e um equipamento de última geração em maquinaria que enche os 158.000 metros quadrados do edifício.

Até este verão, o ministério também possuía uma frota de veículos no valor médio de US$440 mil.

O assessor do Condado de Jefferson tem-se empenhado para que o complexo e o seu conteúdo entrem no rol dos impostos, mas até agora nada conseguiu.

Carros Esporte e Aviões de Alto Estilo

Meyer dirige um carro esporte conversível Lexus SC, modelo 2002, avaliado em US$53 mil; seu filho Don, de 25 anos, dirige um Sedan Lexus 2001, do ministério, avaliado em US$46 mil. O marido de Meyer dirige um Sedan Mercedes Benz S 55 AMG e Meyer diz: “Meu marido gosta muito de carros”

Os Meyers mantêm, no Aeroporto de Chesterfield, um jato Canadair CL-600 Challenger, do ministério, o qual, segundo Meyer, vale US$10 milhões.

O ministério emprega dois pilotos em tempo integral, para levarem os Meyers às conferências ao redor do mundo. Meyer chama esse avião de “o salva vidas” dela e da família: “Ele nos capacita em nossa idade a viajar literalmente pelo mundo inteiro, a fim de pregar o evangelho… e com muito maior segurança do que os voos comerciais”.

A segurança é muito importante para Meyer, que declara já haver recebido ameaças de morte.

Ela tem uma divisão do ministério dedicada à segurança: seus oficiais usam pistolas; eles guardam o portão de entrada do quartel general, mantendo lá fora quaisquer pessoas que não sejam empregados ou visitantes convidados.

O ministério comprou uma casa de US$145 mil, onde reside o chefe da segurança, sem pagar aluguel, a fim de que ele fique próximo ao quartel general do ministério.

O Composto Familiar

O ministério também comprou casas para os empregados principais.

Desde 1999, o ministério tem gasto, pelo menos, US$4 milhões em cinco casas para Meyer e seus filhos, perto da Interstate 270 e da Gravois Road, no Condado de St. Louis, conforme registrado no Condado.

A casa de Meyer, a maior das cinco residências, tem 10.000 metros quadrados em estilo Cape Cod, com um anexo para convidados e uma garagem com capacidade para oito veículos, a qual pode ser independentemente aquecida ou resfriada.

A propriedade de três acres tem uma grande fonte e um lavabo alto com vista panorâmica, uma piscina e uma casa anexa, onde o ministério construiu recentemente uma sauna de banho de US$10 mil.

O ministério assume as despesas do uso, manutenção e vista panorâmica das cinco casas. Ele também paga as reformas. Os Meyers autorizaram a principal obra de reforma às custas do ministério, logo depois que o ministério comprou 3 das cinco casas.

Por exemplo, o ministério comprou uma casa, nivelou o terreno e em seguida construiu uma nova casa no sítio, para a filha do casal Meyer - Sandra - e seu marido, conforme registros no Condado.

Até mesmo os impostos da propriedade - US$15,629 anuais - são pagos pelo ministério. Meyer diz que este é um “bom investimento” para o ministério e que ele mantém o custo da posse e manutenção porque a família é ocupada demais para cuidar dessas tarefas: “É duro demais ocupar-se com alguma coisa quando se viaja tanto como nós viajamos” - diz Meyer.

Ela disse que as leis federais permitem que os ministérios comprem habitações para os seus empregados, de modo que esse arranjo não viola qualquer proibição aos benefícios pessoais.

Ela disse ainda que a decisão de manter a família reunida foi a maneira de construir uma barreira de proteção, a fim de assegurar a todos maior privacidade e segurança: “Colocamos boas pessoas ao nosso redor… Obviamente se eu tentasse esconder alguma coisa ou pensasse em fazer algo errado, não residiria na esquina da Gravois e na 270…

Seguro Irrevogável

Meyer diz que espera o melhor de onde ela mora e, como é muito observada, o seu vestuário é talhado em alta escala na loja de roupas do West County.

Em suas conferências sempre usa joias com muito brilho, inclusive um enorme anel de diamante que afirma ter recebido de presente de um dos seus seguidores.

Ela tem um cabeleireiro particular e, há alguns anos, contou a alguns empregados que iria fazer um "lift" facial.

Nem tudo é pago pelo ministério.

No ano passado, os Meyers compraram um rancho por US$500 mil, em frente a um lago, em Porto Cima, no quarteirão de um clube particular de Ozarks.

Algumas semanas depois, eles compraram dois jet-skis idênticos e um barco Crownline de US$105 mil, pintado de vermelho, branco e azul, o qual foi batizado de “Patriota”.

No ano 2000, os Meyers também compraram para seus pais uma casa de US$130 mil, a poucos minutos de onde residem.

Os Meyers colocaram o carro Mercedes, a casa do lago e a residência dos pais num seguro irrevogável, um arranjo que os peritos dizem que ajuda a protege-los de quaisquer problemas financeiros do ministério.

Meyer diz que não precisa defender-se do modo como gasta o dinheiro do ministério. Ela diz: “Nós ensinamos e cremos biblicamente que Deus deseja abençoar o povo que O serve; portanto, não há necessidade de nos desculparmos porque somos abençoados”.

O Pessoal de Confiança

Para a maioria das pessoas, Meyer pode gastar o dinheiro do ministério da maneira que lhe aprouver, pois o pessoal da diretoria é escolhido a dedo.

Esse pessoal consiste de Meyer, seu marido e os 4 filhos - todos eles remunerados - além dos seis amigos mais íntimos do casal (os oficiais do ministério disseram que a filha Laura Holtzmann pediu demissão, mas nos registros estaduais o nome dela ainda consta). Meyer diz: “Nossa família é de ajuda imensa para nós… Jamais poderíamos fazer tudo isso sem ter alguém em quem pudéssemos confiar”.

Os membros do staff - Roxane e Paul Schermann - são amigos tão chegados que durante mais de uma década residiram na casa dos Meyers. O ministério empregou os dois como gerentes de alto nível e, em 2001, comprou para eles uma casa de US$334 mil.

Roxane e Paul Schermann já não trabalham no ministério, embora Schermann continue como gerente remunerado da divisão. Os Schermanns compraram a casa do ministério, pelo mesmo preço, em janeiro.

Delanie Trusty, a contadora do ministério, também serve como secretária da diretoria.

A diretoria decide como deve ser gasto o dinheiro do ministério.

Os salários de Meyer e de sua família são estabelecidos pelos membros da diretoria, que não são membros da família nem empregados do ministério.

O advogado de Meyer diz que os arranjos concordam com os regulamentos do IRS.

“Nós certamente não gostaríamos de ter inimigos nem pessoas desconhecidas na diretoria, pois isso não faria sentido... Qualquer pessoa deseja ter uma diretoria a seu favor”, disse Meyer.

Os salários de Meyer, do marido, dos filhos e respectivos cônjuges é um segredo que o ministério recusa-se a revelar: “Não faço mais do que devo… e estamos definitivamente dentro dos regulamentos do IRS”, disse Meyer.

Os Seguidores Continuam Leais

Os seguidores de Meyer parecem não se preocupar com o que ela gasta consigo mesma, do dinheiro do ministério.

Em entrevistas com alguns desses seguidores, em sua conferência em Atlanta, em Agosto, todos disseram que Meyer os ajuda espiritualmente e, portanto, merece a sua riqueza.

William Parton, 32 anos, policial em Atlanta, disse que as pessoas não deveriam se preocupar com o que Meyer faz com o dinheiro: “Eu acho que os Meyers estão fazendo o que Deus os chamou para ser feito; eles têm os seus seguidores e as pessoas gostam de ouvi-los, mesmo que seja apenas para efeito de entretenimento, exatamente como fazem com os atletas do esporte, e eles merecem viver conforme os seus meios lhes permitam viver”.

Michael Scott Horton, professor de teologia no Westminster Theological Seminary, em Escondido, CA, disse que atitudes como a de Parton são exatamente as de que tele-evangelistas como os Meyers se aproveitam: “Essa pobre gente do povo deseja acreditar que possui esse tipo de fé… a ponto de arriscar tudo para comprova-la, conforme o ensino de um suposto homem de Deus que está diante dela”.

Nenhum dos seus críticos parece perturbar Meyer: ela garante que o seu sucesso material é um reflexo do seu compromisso com Deus. Conforme ela mesma coloca:

A Bíblia inteira realmente tem uma só mensagem: “obedeçam-me, fazendo o que eu ordenar, e então serão abençoados”.

Conclusão

Concordância entre todos os tradutores e revisores: Onde ficam as mensagens da cruz, do arrependimento e do amor ao próximo?

O Apóstolo Paulo nos diz:

“Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.” (Gálatas 5:14)

Será que um evangelista que prega o espúrio evangelho da fé/prosperidade ama realmente o próximo... ou simplesmente a sua conta bancária?

Fonte: "From Fenton to Fortune in the Name of God” - Joyce Meyer Says God Has Made Her Rich" - Carolyn Tuft e Bill Smith (publicado em 15/11/2003)
Tradução: Mary Schultze (em 20/08/2007)
Adail Campelo de Abreu

Via: [ Theófilo Noturno ]
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Small is Beautiful?

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Por Augustus Nicodemus Lopes

Como eu já disse em outras postagens, sempre achei curioso, para dizer o mínimo, que liberais estejam aderindo ao movimento de "formação espiritual" ou simplesmente "espiritualidade." Não estou dizendo que todo mundo envolvido neste movimento é liberal. Conheço vários que não são. Mas certamente é intrigante ver liberais fazendo palestras sobre espiritualidade e defendendo suas práticas.

Também já mencionei antes algumas razões pelas quais, na minha opinião, isto ocorre. Essa semana pensei em mais duas delas, que permitem ao movimento de espiritualidade justificar a existência de igrejas minúsculas, que não crescem e que são voltadas para obras sociais. Ou seja, igrejas típicas dos liberais. Explico.

Primeiro, o movimento de espiritualidade ataca as igrejas grandes por fomentar o ativismo e o envolvimento dos seus membros em múltiplas atividades, sem lhes deixar tempo para meditar, jejuar, ficar em silêncio ou praticar as disciplinas espirituais. Além disto, estas igrejas grandes, conforme a análise dos espiritualistas, acabam estimulando o materialismo e a busca de posições sociais e financeiras melhores, deixando de enfocar a vida espiritual. Partindo do entendimento de que os cristãos deveriam ser mais contemplativos, alguns adeptos do movimento da espiritualidade defendem uma espécie de retiro espiritual - talvez um pouco semelhante aos monges da idade média - como o modelo ideal de cristianismo para o mundo moderno afogado em materialismo individualista, consumismo e indiferença. Assim, igrejas minúsculas, que não evangelizam, não crescem, e que vão minguando a cada ano, como as igrejas dos liberais, podem justificar esta situação de estagnação. O argumento é este: números não expressam qualidade e melhor do que evangelizar multidões e ganhá-las para Cristo é usar as igrejas como uma espécie de mosteiro evangélico, paraísos de contemplação e meditação, onde os crentes que ainda restam podem praticar os exercícios espirituais e se aperfeiçoar, enquanto esperam a morte chegar.

Segundo, o movimento de espiritualidade critica as grandes igrejas por não darem a devida atenção às questões que consideram realmente essenciais. Os espiritualistas as acusam de prosperidade, prestígio, poder e outras coisas que seriam contrárias à teologia da cruz, do sofrimento, da pobreza e da renúncia. Enquanto ficam pregando avivamento, crescimento, conversão, as grandes igrejas esquecem dos pobres, abandonados, excluídos, marginalizados que povoam as periferias e os centros das grandes cidades. Aqui, os ícones são os padres e monges maltrapilhos, sem vintém, que andam pelas ruas recolhendo os bêbados, os sem teto, os drogados e as prostitutas para lhes dar pão, sabão e abrigo. Para eles, o Evangelho reside nisto. Não Lutero ou Calvino, mas Francisco de Assis e Madre Tereza. Dessa perspectiva, igrejas liberais minguantes, cujos últimos membros ainda saem pelas ruas à noite dando o sopão aos desvalidos, podem justificar o status quo.

Bem, há vários pontos do raciocínio líbero-espiritual que me parecem corretos. Como, por exemplo, a crítica pertinente feita à mega-igrejas voltadas para prosperidade, poder e prestígio, sem tempo e sem interesse em exercícios espirituais. Aprecio também a preocupação para com os pobres e necessitados.

Todavia, algumas outras coisas precisam de reparo, como a teimosia dos liberais em não reconhecer que muito do esvaziamento violento sofrido nas suas igrejas nas últimas décadas se deve ao... liberalismo! Em vez de atacar a causa real da sangria que vem acontecendo nas denominações onde eles dominaram os seminários, as instituições e assumiram a sua direção, alguns liberais preferiram adotar uma concepção de cristianismo que justifique o declínio cada vez maior de jovens e o envelhecimento de suas igrejas locais, que é se isolar do mundo para jejuar e meditar, e depois sair para distribuir sopa.

Eu estaria realmente totalmente errado se fosse contra os exercícios espirituais como oração, meditação e jejum, ou ainda contra socorrer os pobres em suas necessidades. Eu sou contra, todavia, em se usar estas coisas como uma cortina de fumaça que oculta as verdadeiras causas da diminuição anual no rol de membros de igrejas liberais. Sou contra a idéia de que igrejas grandes não podem ser espirituais, comprometidas com questões sociais ou oferecer condições para a comunhão de seus membros. Sou contra o conceito de que small sempre é beatiful. Sou contra a idéia de que se uma igreja decadente virar uma ONG, ou um mosteiro, ela legitimiza sua situação de declínio.

Não estou defendendo o movimento de crescimento de igrejas e nem o movimento de igrejas emergentes. Muitas destas igrejas se tornaram grandes por oferecer um Evangelho distorcido, que apela para as necessidades menores e secundárias das pessoas e que deixa de tratar das maiores. Para mim, igrejas pequenas podem e têm sido uma bênção. Nem sempre igrejas são pequenas porque estão morrendo. Mas quando igrejas dominadas por liberais continuam a minguar ano após ano, enquanto aquelas que pregam o Evangelho bíblico crescem, temos de procurar a causa da estagnação na teologia destas igrejas.

Em resumo, pode haver casos em que liberais se tornam seguidores da espiritualidade dos monges da Idade Média porque mosteiros sempre foram um escape para os que nunca quiseram ir ao mundo e ganhá-lo para Cristo.

Fonte: [ O Tempora, O Mores! ]
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Evitando os erros de Pérgamo

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Apocalipse 2.12-17

INTRODUÇÃO: A maior derrota da igreja é ser tragada pela influência do mundo. Grandes advertências bíblicas são proclamadas a este respeito (Tg. 4.4). E esta era precisamente a situação vivenciada pela igreja de Pérgamo.

Esta cidade era localizada em uma grande montanha, aos pés de um vale circunvizinho. Era a capital da província da Ásia. Ali esculápio, o deus da cura era cultuado, simbolizado por uma serpente, que os cristãos faziam uma analogia com satanás. Lá também havia o grande altar de Zeus, líder do panteão grego. Parece que tudo isso fazia desta cidade um antro de idolatria e libertinagem. Talvez o Senhor tivesse isso em mente quando chamou a cidade de “trono de satanás”.

Nós também corremos o risco de nos fazer amigos do mundo tanto quanto eles, mas o que fazer para termos uma fé íntegra, esperada e aprovada por Deus? Para responder esta pergunta sugiro a contemplação de um título: “Evitando os erros de Pérgamo.” Para tanto, sugiro que avaliemos quais foram estes erros e quais são as definições apresentadas para a santidade de acordo com a Bíblia.

I- O erro do mundanismo (v.13)

a) A identificação de Cristo (v.12) – Cristo é apresentado como aquele que tem a espada de dois gumes. Essa era uma temida espada usada na guerra. Sua associação bíblica é à Palavra de Deus (Hb 4.12). Portanto, vemos uma referência direta a ser Cristo o portador dessa Palavra, penetrante como espada de dois gumes.

b) O mundanismo (v.13) – É a perca da identificação da igreja de Cristo. É a maior falha da igreja. A igreja de Pérgamo, afim de não ser perseguida, absorveu a cultura mundana, sendo repreendida pelo Senhor. Antipas provavelmente se refira a um líder local. Esta igreja mesclava fidelidade e abandono das coisas de Deus. Ele deu sua vida em martírio, mesmo vivendo em meio a uma cultura satânica.

II- O erro da doutrina de Balaão (v.14)

a) Em que consistia esta doutrina – De acordo com o próprio texto e com os correlatos de Números 25.1,2; 31.16 era a prostituição com as filhas dos moabitas, elas convidaram o povo para oferecer sacrifícios aos seus deuses, pervertendo estes. O principal incentivador era Balaão (v.31.16).

b) Como isso acontecia em Pérgamo? – Os crentes eram incentivados a participarem dos cultos idólatras, sob o argumento que o ídolo nada é (1 Co 8.4). Estes rituais faziam os crentes escaparem da perseguição e muitos deles se prostituiam nestes rituais.

III- O erro da doutrina dos Nicolaítas (v.15)

a) Nicolaítas – Esta era a mesma heresia da igreja de Éféso Ap. 2.6. Alguns defendem que praticavam a mesma heresia dos discípulos de Balaão.

b) A falta de disciplina – Esta era uma igreja conivente com estes erros (“sustentam” v.14 e 15) . Não se exercia a disciplina eclesiástica, negando uma das marcas de uma igreja verdadeira.

IV- A orientação e Promessa (vv. 16,17)

a) A orientação (v.16) – Novamente a orientação é arrepender-se. Caso contrário o Senhor viria com a força de Sua Palavra e pelejaria contra eles.

b) A Promessa (v.17) – Ao vencedor é feita as seguintes promessas:

- O maná escondido – Uma referência a Cristo, como Pão do Céu.
- A pedrinha branca – Alguns vêem correlação com o urim e tumim dos sacerdotes do A.T. E outros com um diamante transparente.
- O novo nome – Alguns defendem um novo nome para os crentes, enquanto outros defendem que é o novo nome de Cristo dado aos crentes.

Conclusão: Amados a advertência ainda é pertinente. A associação com o mundo ainda hoje tem tragado a muitos. Talvez hoje não te chamem para sacrificar a ídolos, mas quantos são os convites para ser mais parecido com este mundo pagão? Negando a Cristo e sua Palavra e nos abstendo de nossas obrigações para com a santidade. Devemos, portanto, lutar para não sermos tragados com o mundo. Que Deus nos fortaleça para sermos o mais fiéis quanto possível. Amém.

Soli Deo Gloria!!!

Autor: Rev. Fabiano Ramos Gomes
Fonte: [ Evangelismo e Reforma ]

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A medida da espiritualidade

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Para muitos uma igreja espiritual é aquela que é hiper ativa. Muito trabalho, vários ministérios e muito reboliço. Tenho visto igrejas com um calendário tão cheio de atividades que os membros não têem tempo para si mesmos ou suas famílias. Todo feriado prolongado fazem retiros, acampamentos, excursões etc. Isso somente aumenta a angústia existencial e o vazio do homem. Nem sempre o trabalho excessivo é o parâmetro para avaliarmos a espiritualidade de uma igreja.

Para outros a espiritualidade está vinculada a um conjunto doutrinário, onde se lançam em cruzadas contra demônios tentando exorcizar tudo e todos. Este tipo de comportamento é doentio e adoecedor. Tais comunidades entendem que a ênfase em batalha espiritual é o que determina o nível de espiritualidade. Ai vemos as maiores atrocidades em nome do espiritual como por exemplo: endemoninhamento de crianças, objetos de uso pessoal serem destruídos por estarem consagrados aos demônios, mapeamento espiritual de uma cidade para delimitar territórios onde o mal não pode chegar ou entrar, unções esquizofrênicas e mirabolantes como ungir o telefone celular para que somente receba mensagens boas e positivas. Esses comportamentos são regidos por conceitos distorcidos do que seja espiritualidade. Em muitos lugares os demônios sofrem agruras porque os líderes os fazem engolir chumbo fervente, encostam espadas flamejantes em suas costas etc. Em algumas comunidades se permite que algum embusteiro diga que está cheio do Espírito Santo e passe a adivinhar o número da carteira de identidade, endereço e placa de carro de membro da igreja e o povo acriticamente explode em berros achando que Deus esta nisto.

Tais comportamentos dão ibope, mas não produzem libertação nem crescimento pessoal e espiritual.

Outros acham que a espiritualidade pode ser contida dentro de regras litúrgicas ou teológicas. Nada é permitido fora dos padrões estabelecidos pela denominação. Como se tudo pudesse ser previsível. Isso acontece porque fica mais fácil o controle do sistema. Deus opera nos padrões e fora deles.

O padrão bíblico de para se medir a espiritualidade de uma igreja ou comunidade está num comportamento inspirado pelo Espírito Santo. Esse padrão o apóstolo Paulo descreve como o caminho sobremodo excelente.

O nível de manifestação de amor no meio de uma comunidade diz o quanto está é espiritual ou não.

Num mundo cuja marca é o isolamento e o individualismo exacerbado Paulo nos encoraja a termos e demonstrarmos entranháveis afetos de misericórdia.

O amor deve ser a ligadura que nos prende e transforma nossos relacionamentos.

A base para a manifestação dos dons do Espírito Santo é o amor. Onde os dons se manifestam sem o alicerce do amor, encontramos uma igreja carnal, sempre criança, haja vista, a admoestação que Paulo faz aos coríntios por não poder falar-lhes como a espirituais e sim como a carnais, mesmo possuindo efusão de dons. Podemos concluir que dons e suas manifestações não são padrão de espiritualidade de nenhuma congregação local. Os dons podem existir mesmo em um contexto de divisão, discórdia e confusão.

Mais do que nunca precisamos embasar nossa espiritualidade naquilo que realmente pode impactar o mundo, o amor (pelo amor conhecido é o cristão). Isso não implica em um ecumenismo doutrinário com aqueles que distorcem a Sã Doutrina.

Na igreja primitiva o que mais atraia as pessoas era o nível de relacionamento existente dentro dela. Apesar existirem conflitos e desacordos a prevalência era o amor. A ordem havia sido invertida. Um escravo durante a semana era o pastor no domingo e o Senhor de escravos era o diácono no domingo. Isso era algo inconcebível para aquela sociedade.

No entanto, foi com esse padrão de maturidade, amor que a igreja prevaleceu durante os anos posteriores.

Soli Deo Gloria