Marcas de uma Igreja Apostólica - Parte I: Eleição Popular

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Leia o post de introdução à série Marcas de uma Igreja Apostólica.

Estudando as Escrituras, encontramos quatro tipos de oficiais na Igreja Apostólica: apóstolos, evangelistas, bispos (também chamados de pastores, presbiteros ou mestres) e diáconos. Apenas dois desses ofícios (apóstolos e evangelistas) eram temporários, necessário apenas para o estabelecimento da igreja primitiva, mas não eram para ser perpetuados.

Os apóstolos foram testemunhas oculares da ressurreição de Cristo, dotados de poder para operar milagres e conferir o Espírito Santo através das imposições das mãos. Ao atingir o propósito para o qual foram enviados, saíram de cena, não deixando sucessores.

Os evangelistas eram missionários - homens que viajavam de um lugar para o outro anunciando o evangelho e sendo assistentes dos apóstolos na organização das igrejas. Sua atividade não era restrita a uma determinada igreja local, mas era extensiva à igreja como um todo.

Os bispos e diáconos foram criados para serem perpétuos na igreja. Os bispos (presbíteros, pastores ou mestres) são oficiais cuja responsabilidade é instruir e governar a igreja. Já os diáconos tinham a obrigação de se ocuparem das questões temporais e eram encarregados do dever de suprir as necessidades dos pobres. A igreja sempre precisará destes dois ofícios enquanto seus membros tiverem necessidades espirituais e materiais a serem supridas.

Devemos observar que os presbíteros e diáconos eram oficiais que atuavam, na maioria das vezes, em congregações locais, diferentemente das responsabiliades dos apóstolos, profetas e evangelistas cuja atividade se expandia por várias igrejas.

Todos os ofícios na igreja têm sua origem no Senhor Jesus. Os apóstolos foram os únicos oficiais escolhidos pelo próprio Senhor. O chamado pessoal de Jesus era, e é, a primeira e maior autoridade sob a qual alguém pode legitimamente assumir um ofício na igreja. Mas, desde que Jesus subiu aos céus, nenhum homem pode dizer que "ouviu" a voz de Jesus para assumir um ofício na igreja, com exceção de Paulo somente. Vemos nas Escrituras um novo princípio sendo operado para preencher uma vaga deixada por Judas no colégio apostólico.

Em Atos 1.13-26 temos uma exposição completa dos fatos. Após uma breve reflexão de Pedro sobre a vaga no grupo dos apóstolos e as características e qualidades que deve acompanhar o futuro apóstolo. Então lemos no verso 23:

Então, propuseram dois: José, chamado Barsabás, cognominado Justo, e Matias.

Note que Pedro não decidiu sobre a escolha do novo apóstolo, e sim os irmãos a quem ele tinha dirigido a palavra. Depois da reflexão de Pedro, os irmãos exerceram o direito de apontarum homem para o cargo de presbiterato e para tomar parte no ministério.

E, orando, disseram: Tu, Senhor, que conheces o coração de todos, revela-nos qual destes dois tens escolhido para preencher a vaga neste ministério e apostolado, do qual Judas se transviou, indo para o seu próprio lugar. E os lançaram em sortes, vindo a sorte recair sobre Matias, sendo-lhe, então, votado lugar com os onze apóstolos (vs. 24-26).

Veja, então, que houve uma votação para escolher o novo apóstolo. A decisão não coube a Pedro. A decisão não coube ao líder da igreja, e sim aos cento e vinte pessoas que estavam presentes aquela assembléia (verso 15). Vemos uma outra ocasião em que os apóstolos incentivaram a eleição de presbíteros nas igrejas em Atos 14.23:

E, promovendo-lhes, em cada igreja, a eleição de presbíteros, depois de orar com jejuns, os encomendaram ao Senhor em quem haviam crido.

Passemos agora para o capítulo 6 de Atos. Os apóstolos perceberam que os discípulos haviam crescidos e, conseqüentemente, as necessidades dos pobres eram maiores ainda para serem resolvidos por apenas doze pessoas. Houve, então, a necessidade de uma divisão dos ofícios. Deveriam os apóstolos escolherem algumas pessoas para se responsabilizarem em assistir às necessidades dos pobres?

A resposta é: não! Os apóstolos adotaram um procedimento de tal forma que a igreja pudesse ter uma base para a eleição de oficiais. Desta maneira, abriu-se um precedente. Depois de uma breve reflexão sobre as qualificações dos primeiros diáconos da história da igreja primitiva (v. 3) e da importância dos apóstolos assumirem somente o ministério do ensino (v. 4),

O parecer agradou a toda a comunidade; e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia. Apresentaram-nos perante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos (vs. 5,6).

Note, mais uma vez, que os diáconos também foram ecolhidos pelo povo através de votação.

Concluíndo, temos evidências mais do que suficientes para basearmos um princípio. O primeiro capítulo de Atos nos fornece um exemplo de uma assembléia de irmãos nomeando, para o ofício, um apóstolo e um ministro. O capítulo 14 mostra que os presbíteros da congregação foram escolhidos pelos votos dos membros. O capítulo 6 mostra todo o conjunto dos discípulos escolhendo sete homens para o diaconato.

Diante de incontestáveis e irrefutáveis evidências, temos o princípio da eleição popular que integra a primeira marca, ou característica, da Igreja Apostólica. Na Igreja Apostólica, os oficiais eram escolhidos pelo povo através de votação.

Agora, quero que você reflita o seguinte: a sua igreja observa este princípio? Quem escolhe os homens para assumir algum ofício na sua igreja? É o povo ou algum líder que escolhe sozinho os oficiais? Como é o procedimento para se nomear alguém como oficial na sua igreja? Se a sua igreja não observa o princípio bíblico da eleição popular, então a sua igreja peca neste princípio. Se a primeira marca da verdadeira Igreja Apostólica é a eleição popular, e sua igreja não pratica este princípio, então a sua igreja (pelo menos neste princípio) está demonstrando não ser uma Igreja Apostólica.

Mas se sua igreja observa este primeiro princípio, então parabéns. A sua igreja possui (pelo menos neste princípio) a marca da verdadeira Igreja Apostólica.

Mas ainda há uma segunda marca, um segundo princípio da Igreja Apostólica, que veremos no próximo post da série.

Até mais.
Fonte: [ Blog dos Eleitos ]
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2 comentários

Olá!

Gosto muito desse site, e tenho-o visto frequentemente.

Não concordo com o que foi posto aqui sobre a função dos EVANGELISTAS terem sido temporãos. Concordo que o Apostolado acabou, mas dizer que também os evanglistas foram com eles não condiz com as Escrituras. Ora, o que dizer então dos MISSIONÁRIOS de hoje? creio ser a MESMA COISA, só mudando o termo (usando, aliás, um nome de origem católica cheio de peso histórico NEGATIVO; acho que consigo até prever o que os árabes, chineses, indianos sentem quendo ouvem esse termo! as Cruzadas que o digam...). Quais seriam, então, as credenciais dos EVANGELISTAS "do passado" e quais seriam as dos dias de hoje (ou, nesse caso, a dos MISSIONÁRIOS)? qual a diferença?

Shalom ve-Chachmah.

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Tiago P.da Silva mod

Pelo o que eu entendi, não é que os "evangelistas foram junto com eles", os apóstolos. Mas apenas, que sua missão era anunciar o evangelho. Os missionários de hoje, fazem esse papel de ir anunciar o evangelho.

Pedro foi claro, quando disse que deveria ser uns dos discípulos que estiveram com eles desde o batismo com João Batista até o dia em que Jesus ressuscitou e foi para o céu. Porém, não me recordo, se com isso, Matias podia operar milagres. Creio que, podendo apenas ser como testemunha viva do evangelho.

Concluindo, vendo que hoje, possuimos apenas condições de eleger presbiteros e diáconos ?

Por favor, preciso de ajuda !

Grande abraço !

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