Minha dor

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Não me canso...

Cada vez que olho para uma criança, tento extrair de suas vidas algo que possa ser reintroduzida à minha. Aprecio-as com uma forte dor no coração; minha alma esvazia-se, cria-se um buraco negro dentro de mim, e meus pensamentos vagam em um passado transcendente, intocável. Parece algo patético, repetitivo, e irrelevante falar sobre elas. Pois existem vários textos, artigos, poesias, até mesmo livros, que são inspirados inteiramente nas crianças. É exatamente isto que me prende a atenção, o que me amarra a elas. Repare: observar crianças não enjoa, não enfada, não irrita. Suas vidas refletem ensinamentos simples e inesgotáveis; seja em seus sorrisos, suas brincadeiras, seus choros, suas manhas, enfim. Todas estas características do mundo infantil, incansavelmente nos arremetem a uma veracidade inquestionável e invejável por nós adultos, a saber: a inocência.

É por isto que nós, adultos, cansamos.

Nós causamos náuseas, pois perdemos a inocência. Perdemos a simplicidade nos relacionamentos, nas conversas, nas brincadeiras, enfim, na vida. Buscamos a superioridade uns dos outros constantemente. Isto é o mais puro reflexo da nossa perda da inocência. Inocência é ausência de rivalidade, rixas, contendas, fofocas, e inveja. Entendo as palavras de Jesus a respeito do louvor perfeito das crianças, apartir deste prisma: inocência. Enquanto Jesus caminhava entre fariseus e escribas, as crianças o seguiam gritando inocentemente, sem se deixar constranger por qualquer risco iminente por parte dos religiosos, dizendo: Hosana ao Filho de Davi! Quando os religiosos, sem um mínimo de inocência, pelo contrário, cheios de inveja e rancor (diga-se nós!), quiseram calá-los ou ates mesmo questionar Jesus por tal atitude por parte das crianças. O Senhor lhes respondeu em um outro questionamento revelador: Da boca de pequeninos e crianças de peito tiraste perfeito louvor? (Mt 21: 16). A resposta de Cristo estava na subjectividade de sua pergunta: deles é que vem o perfeito louvor.

Porque?

Insisto… por causa de sua inocência.

Por isto as crianças são fascinantes, e constantemente nos enchem de graça com sua presença, mesma sem fala alguma; apenas com balbúcias e brincadeiras.

O que me dói?

É saber que um dia eu já fui um deles!

Autor: Vitor Hugo da Silva
Fonte: [ Perícopes do cotidiano ]


Brilhante texto do Vitor! Confesso que me levou à lágrimas "infantis"...
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4 comentários

Olá, querido Ruy!
Estou divulgando o banner do seu blog lá no meu, pois o achei muito bom.
Já sou sua seguidora e aos poucos vou lendo seus textos.
Se quiser dar uma força conhecendo o meu e divulgando ou não, fique à vontade.
Estou lá no pastoragente.blogspot.com

Abraço.

Responder

Caros,
Não compartilho da noção de que crianças são inocentes. Sim, há alguma espécie de "inocência" por contraste com o que um adulto é. Mas essa inocência está muito longe de significar "ausência de pecado". Não é verdade, por exemplo, que em crianças, mesmo nas mais novas não haja "rivalidade, rixas, contendas, fofocas, e inveja".
A meu ver, o louvor perfeito das crianças e o delas ser o Reino dos Céus tem a ver, não com a inocência, mas com a fé simples que elas apresentam. Pois quando elas crêem em algo, elas crêem com todo o seu ser, com uma força e uma intensidade que raramente vemos em adultos.
Abraço, nEle,
Roberto

Responder

Olá irmão Roberto.

Muito obrigado pela sua participação no Blog Bereianos.

Ao meu ver, a fé intensa de uma criança por algo vem através de sua inocência - não no sentido semântico de "isenção de culpa", mas no sentido de "ingenuidade, pureza, simplicidade" (vide dicionário). Pois, como você mesmo falou, as crianças quando crêem em algo, elas crêem com todo o seu ser. Um adulto geralmente não age assim, não há nenhum tipo de inocência, pelo contrário, há exatamente o que o autor do texto cita: rivalidades, contendas, rixas, inveja, etc.

Creio que a "inocência" em questão não é a ausência de pecado, mas a maneira em que uma criança se expressa em seus sentimentos infantis - pura ingenuidade.

Este é o ponto contextual em que o autor quiz expressar.

Soli Deo Gloria!

Ruy Marinho

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Pura ingenuidade pode bem ser. Mas não ingênua pureza! Este é o ponto.
NEle,
Roberto

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