Quebra de maldições Hereditárias?

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Reconheço que existe uma maldição na vida de alguns crentes que devemos quebrar. E esta maldição é a “quebra de maldições hereditárias”, propriamente dita. Algo que está impregnado em muitas igrejas pelo Brasil e pelo mundo afora.


Para abordar este tema, gostaria de colocar um pouco de minha vida para justificar que eu vivi essa realidade no passado. Portanto, conheço bem os parâmetros colocados pelos defensores de tal prática.

Eu me converti em uma igreja onde é praticada a quebra de maldições hereditárias, fui ensinado com base nessa doutrina e durante alguns anos também preguei a mesma para muitas pessoas, até mesmo ministrei cultos de quebra de maldições hereditárias (para a minha vergonha).

Mas, na época, eu sempre questionei sobre a autenticidade dessa doutrina, pois apesar de ter aprendido em minha igreja (na época) sobre a necessidade de se quebrar maldições hereditárias e também ministrar sobre isto, sempre quando me deparei com algumas passagens bíblicas eu ficava com muita dúvida. A Bíblia diz em II Co 13:8 que “nada podemos contra a verdade se não pela verdade”. Portanto, não podemos ir contra a Bíblia jamais. Ela é a nossa única regra de fé e conduta. E a Bíblia estava me confrontando...

Um exemplo de passagem confrontadora está em Romanos 14:12, onde diz: “Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus”. Como poderia alguém fazer quebra de maldições de antepassados se cada um de nós prestará contas de si mesmo á Deus?

Outra passagem que sempre me deixava preocupado era Romanos 8:1, diz: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.” Como posso ter alguma condenação de maldição se estou em Cristo?

Mais uma passagem, 2 Co 5:17: “E assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura: as cousas antigas já passaram; eis que se fizeram novas. Se estamos em Cristo e tudo se fez novo, as coisas antigas já passaram, como poderei ter maldições sobre a minha vida?

E o que dizer desta passagem: E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos; tendo cancelado o escrito de dívida que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando na Cruz. Cl 2:13-14

Diante destas e outras passagens que veremos a seguir, levou-me a buscar um aprofundamento teológico sobre este assunto. O conteúdo do estudo e a conclusão que eu cheguei na época, você verá a seguir.

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O EVANGELHO DA MALDIÇÃO

Uma das distorções doutrinárias mais difundidas entre o povo de Deus ultimamente é o ensino das “maldições hereditárias”, conhecido também como “maldição de família ou “pecado de geração”. Estes conceitos circulam bastante através da televisão, rádio, literatura e seminários nas igrejas. Muitos líderes, ministérios e igrejas, antes sólidos e confiáveis, acabaram sucumbindo a mais esse ensino controvertido e importado dos Estados Unidos.

Os pregadores da maldição afirmam que se alguém tem algum problema relacionado com alcoolismo, pornografia, de­pressão, adultério, nervosismo, divórcio, diabete, câncer e muitos outros, é porque algum antepassado viveu aquela situação ou praticou aquele pecado e transmitiu tal pecado ou maldição a um descendente. A pessoa deve então orar a Deus a fim de que lhe seja revelado qual é a geração no passado que o está afetando. Uma vez que se saiba qual, pede-se perdão por aquele antepassado ou pela geração revelada e o problema estará resolvido, isto é, estará desfeita a maldição.

Marilyn Hickey, autora norte-americana e que já esteve várias vezes no Brasil em conferências da Adhonep (Associação de Homens de Negócios do Evangelho Pleno), promove constantemente este ensino. Note suas palavras:

Se você ou algum de seus ancestrais deu lugar ao diabo, sua família poderá estar sob a “Maldição Hereditária”, e esta se transmitirá a seus filhos. Não permita que sua descendência seja atingi­da pelo diabo através das maldições de geração. Os pecados dos pais podem passar de uma a outra geração, e assim consecutiva­mente. Há na sua família casos de câncer, pobreza, alcoolismo, alergia, doenças do coração, perturbações mentais e emocionais, abusos sexuais, obesidade, adultério’? Estas são algumas das características que fazem parte da maldição hereditária nas famílias. Contudo, elas podem ser quebradas!

Um dos textos bíblicos mais usados pelos pregadores da maldição hereditária para defender este ensino é Êxodo 20:4-6: “Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o SENHOR teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem, e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos”.

É preciso que se leve em consideração o assunto do texto aqui citado. De que trata, afinal, tal passagem? Alcoolismo, pornografia, depressão, ou problemas do gênero? É óbvio que não. O texto fala de idolatria e não oferece qualquer base para alguém afirmar que herdamos maldições espirituais de nossos antepassados em qualquer área das dificuldades humanas.

A narrativa do Antigo Testamento nos informa que sempre que a nação de Israel esteve num relacionamento de amor com Deus, ela não podia ser amaldiçoada. Vemos a prova disso em Números 23:7, 8, quando Balaque pediu a Balaão que amaldiçoasse a Israel. A resposta de Balaão aparece no versículo 23: “Pois contra Jacó não vale encantamento, nem adivinhação contra Israel”. Por outro lado, sempre que a nação quebrou a aliança de amor com Deus, ela ficou exposta a maldição, calamidades e cativeiro.

É verdade que os filhos que repetem os pecados de seus pais têm toda a possibilidade de colher o que seus pais colheram. Os pais que vivem no alcoolismo têm grande possibilidade de ter filhos alcoólatras. Os que vivem blasfemando, ou na imoralidade e vícios, estão estabelecendo um padrão de comportamento que, com grande probabilidade, será seguido por seus filhos, pois “aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6:7). Isso poderá suceder até que uma geração se arrependa, volte-se para Deus e entre num relacionamento de amor com ele através de Jesus Cristo. Cessou aí toda a maldição. Não deve ser esquecido também que o autor da maldição ou punição é Deus e que ela é a manifestação da sua ira. Note que, no final do versículo cinco do capítulo vinte de Êxodo, a Palavra de Deus declara que a maldição viria apenas sobre aqueles que aborrecem a Deus, algo que não se passa com o cristão.

A Bíblia ensina uma responsabilidade individual pelo pecado, como pode ser observado no livro do profeta Ezequiel:

“Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Que tendes vós, vós que, acerca da terra de Israel, proferis este provérbio, dizendo: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram? Tão certo como eu vivo, diz o SENHOR Deus, jamais direis este provérbio em Israel. Eis que todas as almas são minhas; como a alma do pai, também a alma do filho é minha; a alma que pecar, essa morrerá” (Ez 18:1-4). Seria o mesmo que afirmar nos dias atuais: os pais comeram chocolate e os dentes dos filhos criaram carie.

O capítulo 18 de Ezequiel dá a entender que havia se tornado um costume em Israel colocar a culpa dos fracassos pessoais nos antepassados ou em outros. Isso faz lembrar o que aconteceu no jardim do Éden, quando, por ocasião da Queda, o homem colocou a culpa na mulher e a mulher na serpente. Parece ser próprio do ser humano não admitir seus erros, buscando evasivas para não tratá-los de forma responsável à luz da Palavra de Deus. Infelizmente, alguns acham mais fácil culpar os antepassados do que enfrentar suas tentações.

O ensino da maldição de família mais escraviza do que liberta. Até crentes que há vários anos viviam alegres, evangelizando, servindo ao Senhor e dando frutos, agora estão preocupados, deprimidos, pensando que talvez as tentações, as dificuldades e lutas pelas quais estão passando sejam de fato reflexo de pecados ou do comportamento dos seus ancestrais. Não faz muito tempo, numa grande igreja pentecostal, um diácono, que havia participado de um desses seminários para quebra de maldições hereditárias, me procurou para aconselhamento. Tal irmão encontrava-se confuso e deprimido com as informações que recebera e queria saber o que a Bíblia tinha a dizer sobre tudo isso. Depois de uns dez minutos de conversa, ele respirou aliviado. Temos encontrado e ajudado a muitos outros em situações semelhantes pelos lugares por onde passamos, em diferentes partes do Brasil.

Ora, todo cristão é tentado, de uma forma ou de outra, uns mais, outros menos. Se um cristão enfrenta problemas em relação à pornografia, ao alcoolismo, ao adultério, à depressão ou a qualquer outro aspecto ligado às tentações, os métodos para vencer tais lutas devem ser bíblicos. O caminho para a vitória tem muito mais a ver com a doutrina da santificação, com o cultivo da vida espiritual através da oração, do jejum, da comunhão saudável numa determinada parte do Corpo de Cristo e do contato constante com a Palavra de Deus. O ensino da quebra de maldições hereditárias aparece como um atalho mágico e ilusório para substituir a doutrina da santificação, que é um processo indispensável a ser desenvolvido pelo Espírito Santo na vida do cristão, exigindo dele autodisciplina e perseverança na fé.


DOENÇA OU MALDIÇÃO?

Um outro aspecto incorreto desse ensino é confundir as doenças transmitidas por herança genética com maldições hereditárias espirituais. Isto pode ser observado nas declarações de Marilyn Híckey:

Será que você já observou uma família na qual todos os membros usam óculos? Desde o pai e a mãe até a criança menor, todos estão usando óculos, e geralmente os do tipo de lentes grossas. Essas pobres criaturas estão debaixo de uma maldição, e precisam ser libertas.

Não se pode construir uma doutrina em cima de uma observação, experiência ou somente porque uma família toda usa óculos! Existem muitas famílias em que apenas um ou outro membro usa óculos. O que aconteceu? Por que só alguns herdam a maldição e outros não? E se as doenças são maldições transmitidas de pais para filhos através dos genes (geneticamente), por que os pregadores dessa doutrina não quebram, por exemplo, a maldição da calvície, transmitida geneticamente? Até hoje não há notícia de que alguém tenha feito isso.

O Senhor Jesus nunca ensinou tal doutrina. Quando perguntado sobre o cego de nascença: “Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?”, ele respondeu: “Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus” (Jo 9:2-3). Alguns usam este texto para afirmar que os discípulos acreditavam na maldição de família, procurando dar assim legitimidade a tal ensino. É preciso lembrar que os discípulos nem sempre estiveram certos no período de treinamento que passaram juntos a Jesus. Certa vez, em alto-mar, quando Cristo se aproximava, eles pensaram ser ele um fantasma (Mt 14:26). Felizmente, os discípulos estavam errados em suas conclusões, pois eram humanos, sujeitos a erros. É óbvio que não erraram quando falaram e escreveram inspirados pelo Espírito Santo. Quanto ao cego de nascença, Jesus destruiu qualquer superstição ou crença que os discípulos pudessem ter de que a cegueira fora provocada pelos pecados de seus antepassados, e o próprio Jesus nunca ensinou tal doutrina.

Tal ensino não encontrou espaço também nos escritos do apóstolo Paulo. Ao contrário, quando escreveu aos coríntios pela segunda vez, declarou com muita certeza: “E assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura: as cousas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2 Co 5:17). Aos efésios, ele afirma: “Bendito o Deus e pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo” (Ef 1:3). Onde existe espaço para maldições na vida de um cristão diante de uma declaração como esta?

Paulo não se deixou prender ao passado. Quando escreveu aos crentes de Filipos, declarou: “Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma cousa faço: esquecendo-me das cousas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus (Fp.3:13, 14).

É importante observar a sugestão do apóstolo Paulo a Timóteo, quando lhe escreveu a primeira carta: “Não continues a beber somente água; usa um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas freqüentes enfermidades” (1 Tm 5:23). Paulo nunca insinuou que a enfermidade de Timóteo fosse uma maldição de seus antepassados, pois sabia que Timóteo vivia numa natureza afetada pela desobediência dos primeiros país (Adão e Eva). Apesar de o Reino de Deus estar entre nós, ele ainda não chegou à sua plenitude, pois até a criação geme, aguardando ser redimida do cativeiro da corrupção (Rm 8: 19-23). Paulo apenas sugeriu que Timóteo tomasse um pouco de vinho como um remédio para suas freqüentes enfermidades estomacais e não que fizesse a quebra das maldições hereditárias.


A CONVERSÃO É A SOLUÇÃO

Ensinar que um cristão tem que romper com maldições ou pactos dos antepassados pedindo perdão por eles é minimizar o poder de Deus na conversão. Isso está mais para o espiritismo ou mormonismo (com sua doutrina anti-bíblica do batismo pelos mortos) do que para o cristianismo. A Bíblia declara com muita ousadia: “Por isso também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb 7:25). O advérbio “totalmente” (panteles, no grego) tem o sentido de pleno, completo e para sempre. Jesus não salva em prestações, mas de uma vez por todas.

Marilyn Híckey chega a afirmar que: “Você pode decidir quanto ao destino exato da sua linhagem. Eles ou vão para Jesus, ou vão para o diabo”. Nada poderia estar mais longe da verdade. Quantos filhos há que hoje vivem uma vida cristã exemplar, são cheios do Espírito Santo, enquanto seus pais permanecem alheios ao Evangelho, rejeitando constantemente a palavra de salvação e até tentando dificultar-lhes a vida espiritual! Comigo também foi assim. Ai de mim se fosse esperar meu pai decidir sobre o meu futuro espiritual. Não sei onde estaria hoje.

É claro que os pais têm grande influência na formação espiritual dos filhos, mas o milagre da salvação é obra de Deus, e é pela graça que somos salvos (Ef 2:8, 9). É o Espírito Santo, o Consolador, quem convence o coração do pecado, da justiça e do juízo, como o próprio Senhor Jesus disse (Jo 16:7, 8). Paulo relatou aos gálatas que foi Deus quem lhe revelou seu Filho (Gl 1:15, 16). Assim, a salvação é uma revelação de Jesus Cristo em nossos corações, e não algo decidido somente pelos pais.

Observe o que aconteceu com os filhos de Samuel, um profeta de Deus e um homem íntegro, como pode ser observado em 1 Samuel 3:19 e 12:3. Apesar da integridade do pai, a Bíblia diz que seus filhos não andaram pelos caminhos dele:

“antes se inclinaram à avareza, e aceitaram subornos e perverteram o direito” (1 Sm 8:3).

Veja os reis de Israel e Judá. A narrativa do Antigo Testamento revela que muitos deles foram ímpios e tiveram filhos piedosos, enquanto outros foram piedosos e tiveram filhos ímpios. Eis alguns exemplos: Abias foi mau (1 Rs 15:3), mas seu filho Asa “fez o que era reto perante o SENHOR” (1 Rs 15:11). Jotão “fez o que era reto perante o SENHOR” (2 Rs.15:34), porém Acaz, seu filho, “não fez o que era reto perante o SENHOR” (2 Rs 16:2). Jeosafá agradou a Deus (2 Cr 17:1-4), enquanto Jeorão, seu filho, “fez o que era mau perante o SENHOR” (2 Cr 2 1:6). Assim, a seqüência de bondade ou maldade que deveria suceder na linhagem dos reis de Israel e Judá, de acordo com o que ensinam os pregadores da maldição de família simplesmente não aconteceu. A esses exemplos certamente não se poderia aplicar o provérbio: “Tal pai... tal filho”.

Inspirado pelo Espírito Santo, Paulo escreveu aos irmãos de Corinto, na sua primeira carta, uma palavra tremendamente elucidativa quanto a esta questão: “Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus. Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados, em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus” (1 Co 6:9-11; leia também Gl.5:17-21).

Pode-se notar que Paulo não afirmou no versículo onze:

“Mas haveis quebrado as maldições hereditárias, mas haveis pedido perdão pelos pecados dos antepassados” ou algo similar. Não, de modo algum, este não é o seu pensamento. Paulo afirma que aqueles que estiveram presos nos pecados haviam sido lavados, haviam sido santificados e justificados, sem qualquer necessidade de quebrar maldições dos antepassados.

Cabem aqui algumas perguntas: Qual é a maior das maldições? Sem dúvida é estar fora de Cristo. Qual a maior das bênçãos? Certamente é o estar em Cristo. Como se elimina a maior das maldições? Introduzindo a maior das bênçãos.

Os pregadores da maldição hereditária não deveriam pedir perdão pelos pecados da décima, nona, oitava ou de qualquer outra geração, mas deveriam, sim, pedir perdão pelos pecados de Adão e Eva, pois se houve brecha, foi ali, na queda do jardim do Éden, onde as maldições tiveram início. Ali está a raiz do problema. Isso, sim, seria um trabalho perfeito e completo. O leitor já imaginou se funcionasse? De repente, ninguém mais precisaria trabalhar para ganhar o pão, a mulher não sofreria mais ao dar à luz e os espinhos desapareceriam da Terra. É claro que não funciona, pois tal ensino não tem base na Palavra de Deus.


TEXTOS MAL INTERPRETADOS

Espíritos Familiares

Para defender o ensino da maldição hereditária, seus pregadores usam a expressão “espíritos familiares”, tradução de Levítico 19:31 e de outras passagens na Bíblia em inglês do Rei Tiago (King James Version). Observe o comentário de Marilyn Hickey quanto a isso:

O que são “espíritos familiares”? São maus espíritos decaídos que se tornaram familiares numa família. Eles a seguem, com suas fraquezas — pecado físico, mental, emocional — por todo caminho, atacando e tentando cada membro seu naqueles aspectos, pois estão cientes de suas inclinações. “Marilyn, como é que você sabe disso?” Porque o Antigo Testamento fala acerca dos “espíritos familiares” (Versão King James).

Usando o mesmo argumento, um certo autor comenta:

Nas traduções em português, usamos as palavras necromantes, adivinhadores e feiticeiros. Mas em inglês usa-se o termo espíritos “familiares” e é esta a base bíblica que temos para demonstrar que estes espíritos de adivinhação, necromancia e feitiçaria passam de geração em geração. Há um acompanhamento, por parte destes demônios, sobre as famílias. E eles transmitem os mesmos vícios, comportamentos e atitudes de que temos falado.

Defender um ensino controvertido com base na tradução de uma Bíblia em inglês (Versão do Rei Tiago) é algo inaceitável à luz da hermenêutica e da exegese bíblica. É preciso ter em mente que a Bíblia Sagrada não foi escrita em inglês. Para se entender o texto bíblico, é necessário que se faça a tradução e interpretação com base na língua em que ele foi escrito. No caso do Antigo Testamento, o hebraico, e não o inglês. Ao afirmar: “Mas em inglês se usa o termo espíritos familiares, e é esta a base bíblica que temos para demonstrar que estes espíritos de adivinhação, necromancia e feitiçaria passam de geração em geração”, o autor demonstra exatamente o contrário: não ter base bíblica para tal ensino.

Robert L.Alden, Ph.D., professor do Velho Testamento no Seminário Teológico Batista Conservador de Denver, Estado do Cobrado, nos Estados Unidos, esclarece:

A palavra ‘ob (original hebraico) aparentemente se refere àqueles que consultavam os espíritos, pois 1 Samuel 28 descreve alguém assim em ação. A famosa “feiticeira” de Endor é uma ‘ob. Ao povo de Deus foi ordenado ficar longe de tais ocultistas (Levítico 19:31). A punição por se envolver com tais “médiuns” era morte por apedrejamento (Levítico 20:27). Naturalmente ‘ob é incluída na lista de abominações semelhantes em Deuteronômio 18:10,11. Todas essas ocupações têm a ver com o ocultismo. Isaías desconsidera estes “necromantes” e sugere, pela sua escolha de palavras, que os sons dos espíritos assim emitidos não são nada mais do que ventriloquismo: “os necromantes e os adivinhos que chilreiam e murmuram” (Isaías 8:19).

É importante observar ainda que a Septuaginta (a versão grega do Antigo Testamento) emprega o termo eggastrímithoi (ventríloquo) para traduzir a palavra ‘ob de Levítico 19:31. A Bíblia informa em 1 Samuel 28:3 que Saul havia banido de Israel os adivinhos e os encantadores e não os espíritos familiares. Assim, a palavra hebraica ‘ob significa o “vaso” ou instrumento dos espíritos, portanto o médium ou necromante, conforme aparece na maioria das traduções da Bíblia, não oferecendo tal vocábulo base para quebra de maldições hereditárias na vida do cristão.

A crença de que a violência é provocada por espíritos familiares também não tem base bíblica. O apóstolo Paulo foi um homem violento. A Bíblia diz que “Saulo, porém, assolava a igreja, entrando pelas casas, e, arrastando homens e mulheres, encerrava-os no cárcere” (At 8:3). O apóstolo João, antes de se tornar o discípulo do amor, não hesitava em dar vazão à sua ira. Certa vez ele chegou a desejar que caísse fogo do céu para consumir os samaritanos que se recusaram a receber Jesus (Lc 9:52-54). Como abandonou Paulo sua violência e João deixou de ter um espírito ou temperamento vingativo? Sem dúvida, através da conversão e do viver com Cristo foi que eles foram transformados e libertos, e não através da quebra de maldição de família, algo que nunca fez parte de seus escritos.


ARVORE GENEALÓGICA

Embora haja quem sugira às pessoas para que desenhem árvores genealógicas a fim de facilitar a quebra das maldições, tal prática não encontra apoio na Bíblia. É verdade que encontramos genealogias nos Evangelhos de Mateus e de Lucas, as quais tinham a intenção de apresentar a linhagem de Jesus como o Messias de Israel. Não há, depois disso, em todo o Novo Testamento, preocupação com tal ensino. Ao contrário, o apóstolo Paulo até recomendou a Timóteo e a Tito que não se envolvessem com esse assunto (1 Tm 1:4 e Tt 3:9). Os mórmons, sim, na tentativa de resolver os problemas espirituais de seus falecidos através do batismo pelos mortos (uma prática antibíblíca), gastam muito tempo e dinheiro com genealogias, contrariando assim as Escrituras Sagradas.

Há os que dizem que devemos pedir perdão pelos pecados de P. C. Farias e de políticos acusados como corruptos. Outros estão sugerindo que, ao se encontrar uma pessoa negra na rua, deve-se chegar a ela e pedir perdão pelos pecados dos que promoveram a escravidão no Brasil. Há até aqueles que afirmam que os carros roubados no Brasil e levados ao Paraguai são uma maneira de Deus fazer os brasileiros pagarem aos paraguaios pelo mal que lhes fizeram em guerras passadas. Que absurdo!

Os que isto sugerem gostam de citar as orações de Esdras (capítulo nove), Neemias (capítulo nove) e Daniel (capítulo nove), em que eles fizeram confissão a Deus, citando os pecados de seus antepassados. Sabemos que as bênçãos do antigo pacto eram condicionadas à obediência do povo de Israel. Quando desobedecia, as maldições de Deus vinham sobre ele. Esdras, Neemias e Daniel de fato reconheceram o pecado de seus antepassados, mas pediram perdão pelos pecados do presente, da geração atual. Embora seja possível alguém sofrer as conseqüências dos pecados de terceiros, o mesmo não acontece com a culpa. A Palavra de Deus não culpa ninguém pelos pecados dos outros. A Bíblia em nenhum lugar ensina a interceder por quem já morreu, uma vez que após a morte segue-se o juízo, não oração ou pedido de perdão pelos mortos (Hb 9:27).

É preciso lembrar ainda que, à luz da Bíblia, ninguém pode se arrepender por outra pessoa. O arrependimento é algo pessoal, que se faz diante de Deus. A idéia de que “temos que até interceder, pedir perdão por pecados que aqueles antepassados cometeram, e quebrar os pactos que fizeram”, contradiz a Palavra de Deus, que afirma: “Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus” (Rm 14:12).


PROVÉRBIOS 26:2

Eis aqui outro texto freqüentemente mal usado pelos pregadores da maldição de família. Allen P Ross comenta que era comum acreditar que as bênçãos e as maldições tinham existência objetiva — uma vez proferidas, produziam efeito. Ele acrescenta: “As Escrituras esclarecem que o poder de amaldiçoar e de abençoar depende do poder daquele que está por trás dele (por exemplo, Balaão não pôde amaldiçoar o que Deus havia abençoado; Nm 22:38 e 23:8). Este provérbio realça a correção da superstição. A Palavra do Senhor é poderosa porque é a Palavra do Senhor — ele a cumprirá”. Nota-se então que não existe base para se usar tal texto a fim de defender a transferência de maldições de geração em geração.


MALDIÇÃO DE NOMES PRÓPRIOS

É o que ensina o livro Bênção e Maldição quando afirma:

A verdade é que há nomes próprios que estão carregados de maldição —já trazem prognóstico negativo (...) Por isso não convém dar aos nossos filhos nomes que tenham conotação negativa, que expressem derrota, tristeza, dureza: Maria das Dores, Mara (amargura), Dolores (dor e pesar), Adriana (deusa das trevas), Cláudio (coxo, aleijado), Piedade, Aparecida (sem origem, que não se sabe de onde veio).

Este é mais um ensino que vem acrescentar cargas desnecessárias sobre os crentes que passam a acreditar nele. Existem muitas pessoas hoje vivendo preocupadas devido ao nome que receberam ao nascer, algo sobre o que não tiveram controle e nem escolha. E, de novo, não há base bíblica para isso.

É verdade que há na Bíblia alguns nomes de pessoas que corresponderam às suas personalidades e às circunstâncias em que viveram. O próprio Deus mudou o nome de Abrão para Abraão, que significa “pai de uma grande multidão”. (“A mudança de Abrão para Abraão teve por fim reforçar a raiz da segunda sílaba para dar maior ênfase à idéia de exaltação”, J. D. Davis, Dicionário da Bíblia, p. 11.) O nome de Jacó foi ligado à “usurpador”, e ele assim se comportou por um bom período de sua vida (ver estudo "falácia da maldição nos nomes") , O legislador de Israel recebeu o nome de Moisés por que foi salvo das águas. Contudo, não se pode criar uma regra baseada em tais exemplos pelas razões que veremos em seguida.

A Bíblia está cheia de exemplos de pessoas ímpias com nomes de bons significados, enquanto outras são boas, mas com nomes de significados nada recomendáveis. Veja o caso de Abias, que quer dizer “Jeová é pai”, filho de Samuel, um homem de Deus. Apesar de ter um bom nome e um bom pai, a Bíblia diz que ele não andou nos caminhos de Samuel e se corrompeu (1 Sm 8:3).

Já Absalão quer dizer “pai da paz”. Embora tendo um nome tão pacífico, ele tentou usurpar o trono de seu pai Davi, teve uma vida turbulenta e morreu de forma trágica (2 Sm.3:3; 13-19).

Daniel e seus amigos tiveram os nomes mudados pelo rei de Babilônia (Dn 1:7). Mesmo depois de receberem nomes ligados a deuses pagãos, isso não impediu que desfrutassem da bênção de Deus e permanecessem firmes na fé em Jeová. Logo, pode-se notar que o nome não influiu em nada.

Judas quer dizer “louvor”, um significado muito piedoso, mas isso não impediu que ele traísse o Senhor (Mt 26:48,49). Por outro lado, um outro Judas foi fiel e deixou uma carta escrita no Novo Testamento.

Bar-Jesus é um nome fantástico, que quer dizer “filho de Jesus”. Apesar do nome, ele era um mágico, um falso profeta, e resistiu a Paulo quando este pregava ao procônsul Sérgio Paulo (At 13). Apenas o nome não faz o homem. Se fizesse, as prisões no Brasil não estariam cheias de presidiários chamados de Abel, Moisés, Isaías, Daniel, Pedro, Lucas, Paulo e outros nomes bíblicos.

Há também homens e mulheres na Bíblia que serviram a Deus fielmente e foram vencedores na fé cristã, apesar dos nomes que tiveram com significados nada recomendáveis.

Apolo foi um homem de Deus, poderoso nas Escrituras (At 18:24-28), mas seu nome significa “destruidor”.

Hermes é um dos irmãos a quem Paulo envia saudações cristãs (Rm 16:14), porém seu nome é de um deus mitológico.

O interessante é que Paulo nunca instruiu esses irmãos para que fizessem oração de renúncia pelos nomes que possuíam, pois eles terão um novo nome no céu (Ap 2:17).

Alguns crentes até dão testemunho em público depois de pensar que foram bem-sucedidos ao amaldiçoar uma pessoa, uma empresa ou organização. Contam, por exemplo, que por não terem sido bem servidos num restaurante, o amaldiçoaram e o restaurante faliu. A Bíblia, porém, ensina que o cristão não deve amaldiçoar, mas, sim, abençoar. Ouçamos o conselho de Paulo: “Abençoai, e não amaldiçoeis” (Rm 12:14).

Alguns têm dito que a quebra das maldições hereditárias é bíblica, já que deu certo ou funcionou para um ou outro. O fato de ter dado certo não quer dizer que seja bíblica. Há muita coisa que funciona no espiritismo, na umbanda e na Ciência Cristã que ne m por isso é bíblica. Geralmente, as distorções no seio da Igreja são muitas vezes baseadas apenas nas experiências, no subjetivo. Ora, não importa quão maravilhosa tenha sido a experiência; se ela contradiz as Escrituras e não tem base na Palavra de Deus, deve ser rejeitada, prevalecendo somente a Bíblia Sagrada, única regra de fé e prática para o cristão.

Para maiores informações, veja o estudo: A falácia da maldição nos nomes



PODE UM CRISTÃO TER DEMÔNIOS?

Um dos temas mais polêmicos que a batalha espiritual tem gerado é se um cristão pode ter demônios. Muitos ministérios de libertação incluíram algum ritual para expulsar demônios de crentes em seus programas e isso tem acontecido em simpósios de batalha espiritual em muitas igrejas. Alguns teólogos também passaram, nos últimos anos, a aderir a tal posição e muitos deles reconhecem que o assunto é controvertido. De qualquer forma, a Bíblia Sagrada tem a palavra final sobre esta questão ou sobre qualquer outro assunto relacionado com a vida espiritual e o cristão. 

Merrill F. Unger, um autor lido e seguido por várias pessoas que hoje desenvolvem ministérios de libertação espiritual no Brasil, reconhece a dificuldade de se tratar do assunto, ao declarar: A verdade da questão é que as Escrituras em nenhum lugar declaram que um verdadeiro crente não pode ser invadido por Satanás ou seus demônios. Naturalmente, a doutrina deve sempre ter precedência sobre a experiência. Nem pode a experiência jamais oferecer base para a interpretação bíblica. Apesar disso, se experiências consistentes chocam com uma interpretação, a única conclusão possível é de que há alguma coisa errada, ou com a própria experiência ou com a interpretação da Escritura que vai contra ela. Certamente a Palavra inspirada de Deus nunca contradiz a experiência válida. Aquele que procura a verdade com sinceridade deve estar preparado para consertar sua interpretação a fim de traze-la em conformidade com os fatos como eles são.

Unger já ensinou e escreveu, no passado, que somente os incrédulos estão sujeitos a endemoninhamento ou possessão demoníaca. Mais tarde ele mudou de idéia, e diz por que:

Em Biblical Demonology (Demonologia Bíblica), publicado primeiramente em 1952, a posição tomada era de que somente os incrédulos são expostos ao endemoninhamento. Mas, através dos anos, várias cartas e relatórios de casos de invasão demoníaca de crentes têm chegado a mim de missionários em várias partes do mundo. Como resultado, em meu estudo sobre a explosão atual do ocultismo intitulado Demons in the World Today (Demônios no Mundo de Hoje), que apareceu em 1971, a confissão é feita livre­mente de que a posição tomada no Biblical Demonology (Demonologia Bíblica) “foi assim entendida, pois a Escritura não resolve claramente a questão”.

Há alguns problemas com as declarações de Unger. Primeiro, ele diz que a Bíblia não afirma com clareza que um cristão não pode ser invadido por demônios. Ora, se a Bíblia não diz isso com clareza (o que não é verdade), como pode alguém então afirmar e ensinar sobre aquilo que não está claro na Palavra de Deus? Seria o mesmo que tentar ensinar escrever sobre o sexo dos anjos quando a Bíblia nada fala a questão. Se a Bíblia não é clara sobre a possessão de crentes, como pode alguém desenvolver então, biblicamente, uma prática de expulsar demônios de crentes? Simplesmente impossível.

Pode-se perceber também que Unger, que no passado ensinava que crentes não podiam ficar possessos, depois mudou de posição. A mudança veio não pela avaliação bíblica, mas, como ele mesmo conta, através de cartas e relatórios de missionários baseados em experiências dos campos de missões. Mas Unger não está só ao basear a possessão de crentes em experiências e não na Bíblia. Veja a opinião de Bill Subbritzky sobre o assunto: “Pode um cristão ter demônios? A resposta é enfaticamente sim! Se você tem sido informado de que isso não acontece, continue lendo e deixe o Espírito Santo guiá-lo nesta questão. Estou ciente do muito que se tem ensinado a respeito de os cristãos não poderem ter demônios. Contudo, através de minha experiência no ministério há quatorze anos, constatei que tal opinião é totalmente incorreta”.

Uma autora no Brasil demonstra ter também opinião semelhante ao declarar:

Muitos defendem que, uma vez que o crente é habitação do Espírito (1 Coríntios 6:19), torna-se impossível um demônio habitar onde o Espírito habita (...) o fato de o nosso corpo ter-se tornado o templo do Espírito Santo não quer dizer que jamais poderá ser ocupado por maus espíritos. Não deveria, mas é possível (...) Todos quantos se envolvem no ministério de libertação testemunham a manifestação de demônios em cristãos.

Certa líder na área da batalha espiritual segue a mesma linha desses autores e conclui:

Se partirmos do pressuposto de que os crentes não podem ter demônios ou não podem ficar endemoninhados, corremos o risco de deixar muitos crentes opressos dentro da igreja, vivendo uma vida de grande prisão, mornidão, com uma dificuldade tremenda para crescer. Afinal, o inimigo deseja uma vida cristã medíocre. E aqui é preciso esclarecer a questão da terminologia usada. De acordo com dezenas de estudiosos do grego, daimonozomenai significa “ter demônios” e é melhor traduzido pela palavra “endemoninhado”, nunca possesso, pois no Novo Testamento não vemos o uso do termo (...) Endemoninhado tem um significado lato, indicando o estado da pessoa que tenha um demônio ou até muitos demônios perturbando ou oprimindo sua vida. Quanto ao local onde ele fica, não é o mais importante. Ele pode ficar no corpo, fora do corpo, na alma da pessoa.”(Neuza Etioka).

Dois outros autores norte-americanos, John e Paula Sanford, acrescentam também:

Há aqueles que crêem que o cristão cheio do Espírito Santo não pode ser ocupado pelo poder demoníaco. Temos descoberto que isto não é um fato histórico, ainda que a teologia diga que o Espírito Santo e os demônios não podem habitar a mesma área. E o que tem acontecido. Temos expulsado demônios de centenas de crentes cheios do Espírito Santo, alguns deles não apenas cheios do Espírito Santo, mas poderosos servos do Senhor! Como isso acontece eu não posso explicar, mas tem sido para nós um fato incontestável de muitos anos de experiência exaustiva.’

Este é o segundo problema de Unger e é também o problema dos demais autores aqui mencionados: experiência, experiência, experiência. Na última citação, os autores até informam que nem sabem explicar como pode acontecer a expulsão de demônios de crentes, mas continuam levando tal prática adiante.


CRENTES NÃO FICAM POSSESSOS

Não creio na possessão demoníaca em crentes, pelas seguintes razões bíblicas:

1o - razão: o crente é santuário do Espírito Santo. “Acaso não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo.” (1 Co 6:19, 20.)

O Espírito Santo não é um visitante esporádico na vida do crente. É morador definitivo, e não se ausenta de sua morada.

Paulo garante que não há possibilidade de convivência entre Cristo (Rm 8:9) e o maligno (Ef 2:2.) “Que harmonia entre Cristo e o maligno?” (2 Co 6:15.)

2o - razão: o Espírito Santo é zeloso pelo seu santuário. “Ou supondes que em vão afirma a Escritura: Ë com ciúme que por nós anseia o Espírito, que ele fez habitar em nós?” (Tg 4:5.).

O Espírito Santo é a pessoa da trindade santa para a qual Jesus mais reivindicou o nosso cuidado na análise de fatos ou no evitar de palavras precipitadas. “Por isso vos declaro: Todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoada. Se alguém proferir alguma palavra contra o Filho do homem, ser-lhe-á isso perdoado; mas se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será isso perdoado, nem neste mundo nem no porvir.” (Mt 12:31, 32.)

Atribuir as obras de Jesus ao poder de Belzebu, o maioral dos demônios, já era pecado e blasfêmia contra o Espírito Santo, que estava sobre Jesus (Lc 4:18, 19), pois o Espírito Santo não pode ser veículo usado por Satanás. Diante de tal santidade e zelo será possível admitirmos que o Espírito Santo permitiria a entrada de força maligna em seu santuário? Louvado seja o seu nome porque ele não permite.

3o - razão: o crente é propriedade de Deus. É maravilhosa a declaração, de Paulo em Efésios 1:13, 14: “Em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor da nossa herança até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória.” No verso 14, os crentes são chamados de “propriedade de Deus”. O sublime de tudo isto é que o Espírito Santo é o “penhor” da nossa ressurreição futura, ou seja, a garantia de que não estamos órfãos (Jo 14:18) e de que seremos transformados na ressurreição (1 Co 15:52.). A presença do Espírito Santo em nós é a garantia de que somos propriedade de Deus.

“Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.” (1 Pe 2:9.) 

A propriedade é exclusiva. Essa “propriedade” não será loteada e vendida ao diabo.

4o - razão: Jesus é o valente que tomou posse da propriedade.

“Quando o valente, bem armado, guarda a sua própria casa, ficam em segurança todos os seus bens. Sobrevindo, porém, um mais valente do que ele vence-o, tira-lhe a armadura em que confiava e lhe divide os despojos. (Lc 11:21, 22.)”.

O Senhor Jesus veio ao mundo “para destruir as obras do diabo.” (1 Jo 3:8.)

Jesus me fascinou pela sua valentia e coragem diante da cruz. Essa valentia é a mesma no que diz respeito a guardar os seus filhos das investidas do diabo na tentativa de possuí-los.

Jesus é o Senhor absoluto de sua casa (1 Pe 2:5) e de seu tabernáculo (2 Co 5:1), que são os nossos corpos.

5o - razão: O Espírito Santo intercede pelos crentes em suas fraquezas.

“Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira com gemidos inexprimíveis.” (Rm 8:26.)

É porque o Espírito Santo perscruta até mesmo as profundezas de Deus que Ele pode interceder por nós de acordo com a vontade perfeita do profundo e humanamente insondável coração de Deus. “Porque, qual dos homens sabe as cousas do homem, senão o seu próprio espírito que nele está? Assim também as cousas de Deus ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus.” (1 Co 2:11.)

Davi invocava o Espírito Santo para ajudá-lo a viver na perfeita vontade de Deus. “Ensina-me a fazer a tua vontade, pois tu és o meu Deus; guie-me o teu bom Espírito por terreno plano”.(Sl. 143:10.)!

O cristão não é um super-homem, mas é superprotegido graças à intercessão do Espírito Santo nas horas de maior fraqueza e necessidade.

6ª - razão: O imutável amor de Cristo garante a segurança.

“Em todas estas cousas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem morte, nem vida, nem anjos, nem principados, nem cousas do presente, nem do porvir, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.” (Rm 8:37-39.)

O que nos dá segurança é o fato de o amor ser o de Cristo Jesus. Seu amor é sublime e leal, “é forte como a morte” (Ct 8:6) e a sua fidelidade está para além da fidelidade do crente, porque “se somos infiéis, ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo”. (2 Tm 2:13.)

“Bem-aventurado o homem que confia no amor de Cristo por sua vida”. A promessa para ele é: “O Senhor é quem te guarda; o Senhor é a tua sombra à tua direita. De dia não te molestará o sol, nem de noite a lua, O Senhor te guardará de todo o mal; guardará a tua alma. O Senhor guardará a tua saída e a tua entrada, desde agora e para sempre.” (Sl 121:5-7.)

O crente jamais será esquecido pelo amado Senhor Jesus, pois o seu nome está nas palmas de Sua mão. “Acaso pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti. Eis que nas palmas das minhas mãos te gravei; os teus muros estão continuamente perante mim.”(Is 49:15, 16.)

O crente pode reivindicar todas as promessas da Palavra de Deus, “Porque quantas são as promessas de Deus tantas têm nele o sim; porquanto também por ele é o amém para a glória de Deus, por nosso intermédio” (2 Co 1:20.)

Um filho de Deus jamais ficará possesso por espíritos malignos. Esta é a confiança.

Fonte: [ CACP

Esta é a minha conclusão e afirmação teológica: Não existem maldições hereditárias, muito menos um crente pode ficar possesso! A afirmativa contrária a esta conclusão é herética, maligna e carece de respaldo bíblico. Portanto, fujam de pessoas que ensinam essas heresias destrutivas e aprisionadoras. Se você, de fato, estiver em Cristo, o maligno não pode lhe tocar (1 Jo 5.18)!

Soli Deo Gloria!

Ruy Marinho
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Crer também é pensar!




Deus existe? Esta é a pergunta que muitos céticos e ateus fazem para questionar a existência de Deus.

Para falar de um ser existente, temos que saber onde começou a existência.

Assim,veremos onde tudo começou.


Tudo existe, e dizemos que o tudo existente é conseqüência divina mas, e o que não existe?

Bem , o que não existe é justamente o inicio dos seres existentes.

Assim, tudo que existe um dia não existiu, e por uma forma milagrosa veio a existência, logo, o que existe tem como início à INEXISTÊNCIA e como fim EXISTÊNCIA.

Veja bem;

Para um ser existir, tem que primeiro não existir, assim é com todas as criaturas, e não com Deus.

Deus é o início, e todos os seres precisam, precisou e precisará desse início, (INEXISTÊNCIA).

Não esqueça, para um ser existir tem que primeiro não existir, ou seja, tem como início a INEXISTÊNCIA.


Uma pergunta;

A INEXISTÊNCIA EXISTE?

Sim.....

Logo, nos dias de hoje temos seres ainda não existentes que vem a existência por conseqüência desse início.


Outra pergunta;

A EXISTÊNCIA EXISTE?

Sim...

É por conseqüência da EXISTÊNCIA que os seres existem, logo, conseqüência da INEXISTÊNCIA que os seres não existe.

EXISTÊNCIA e INEXISTÊNCIA.


Acabamos de descobrir DEUS.

Você existe?

Claro que "Sim".

A EXISTÊNCIA (DEUS) permite que você venha a existir, é por causa da existência (DEUS) que você existe.

ANTES DE EXISTIR VOCÊ NÃO EXISTIA CERTO?

Claro...
Não existia, graças a INEXISTÊNCIA (DEUS) que permitia que você permanecer-se em forma inexistente.


EXISTÊNCIA e INEXISTÊNCIA,

São as duas faces de DEUS, é por conseqüência da face existente de DEUS que todos os seres vem a existência, da mesma forma é conseqüência da face inexistente de DEUS que todos os seres um dia não existiram, e muitos ainda não existem.

Não fique assustado!

Deus de fato não é como dizem por ai, uma coisa é certa, só DEUS cria a existência dos seres e inexistência dos mesmos.

"DEUS EXISTE NA EXISTÊNCIA E INEXISTÊNCIA DOS SERES EXISTÊNTES E INEXISTÊNTES.”


Gênesis 1:1 “No princípio criou DEUS os Céus e a Terra.”

Gênesis 1:28 “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à sua imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.”

Gênesis 2:7 “Então, formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente.”

Eclesiastes 12:7 “e o pó volte a terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu.”

Provas da Existência de Deus.



DEUS EXISTE?

Introdução

Convenhamos que a pergunta "Deus existe?" está mal formulada. Equivale a perguntar: "a existência existe?", o que se constitui um disparato contra-senso.

Mas este desafio que este artigo decide enfrentar quando procura responder as seguintes perguntas básicas: Por que algumas pessoas não crêem em Deus? Que diz a bíblia sobre a existência de Deus? Quais as cinco evidências racionais da existência de Deus? Deus é uma força cósmica, ou um ser pessoal? Quais são os seus atributos? Qual é a maneira correta de o adorarmos? Por que é importante conhecê-lo?

Conta-se que uma noite, a bordo do navio, os soldados de Napoleão discutiam sobre a origem do nosso mundo, mas passavam por alto o criador. Eram ruidosos e arrogantes em sua incredulidade. Passando por ali e ouvindo por acaso a conversação, Napoleão apontou para as estrelas, que resplandeciam contra o negro firmamento, e fez-lhes uma pergunta simples: "cavalheiros, podem me dizer quem as fez?" Eles emudeceram. A perplexidade que lhes acometeu bem ilustra o que disse Abraham Lincoln: “Posso compreender como seria possível um homem olhar com ares de superioridade para a terra e ser um ateu, mas não posso conceber como poderia levantar os olhos para o céu e dizer que não há Deus".

A EXISTÊNCIA DE DEUS

No entanto, muitas pessoas honestas não conhecem a Deus. Acreditam que ele seja produto das superstições e crenças antigas de um povo primitivo; um Deus de ira e poder, capaz de destruir povos inteiros através de dilúvios e pestilências, um mito. Outras procuram ignorar a existência de Deus devido a má representação de Deus que receberam por parte de religiões pagãs e mesmo pseudo-cristãs.

Decepcionaram-se com a incoerência entre profissão de fé em Deus e a prática dos seguidores desse Deus. Afinal de contas, o mínimo que se espera de um produto é que corresponda à propaganda que dele se fez. Outras pessoas acham que simplesmente podem riscar Deus de suas vidas. "Quem é o Senhor, para que eu ouça a sua voz…? Não conheço o Senhor", dizia o insolente faraó do Egito. E desse brado desafiador tem encontrado eco ao longo dos séculos, nos corações de muitos seres humanos, de sorte que é considerável o número dos que abertamente adotam o ateísmo, hoje em dia. (salmos 14:1; Isaías 45:9-12; II Pedro 3:5).

A existência de Deus nas escrituras, entretanto é algo implícito, uma verdade primária assumida, óbvia, fundamental. Tanto é verdade que elas não apresentam argumentos para afirmá-la ou comprová-la. Para os escritores bíblicos a existência de Deus era realidade inquestionável, acima de toda contestação. Este é o ponto de partida, tanto lógico como escriturístico, de nosso estudo. Lógico porque o fato de Deus existir está implícito em todos os outros ensinamentos da bíblia; escriturístico porque disso nos persuade o 1º verso da bíblia: "No princípio Deus.." Gênesis 1:1.

CINCO EVIDÊNCIAS DE QUE DEUS EXISTE

Podemos encontrar pelo menos cinco evidências racionais da existência de Deus:

1. A CRIAÇÃO INANIMADA ATESTA A EXISTÊNCIA DE DEUS.(Salmos 19:1-2)

Crer que o universo surgiu por acaso faz tanto sentido quanto crer que os livros se formam sozinhos pelas leis da soletração e da gramática. Quando se vê uma bela casa logo se pensa em quem construiu. Se alguém lhe dissesse que ela não foi construída por ninguém, mas que simplesmente apareceu ali, acreditaria nisso? É claro que não. Como disse certo escritor: "porque toda casa é construída por alguém." É uma afirmação óbvia. Todos concordam, então por que não aceitar a conclusão lógica a que chegou o mesmo escritor bíblico: "Mas que edificou todas as coisas é Deus". (Hebreus 3:4).

Qualquer um que tenha bom senso terá de, mais cedo ou mais tarde, admitir a necessidade da existência de um criador. O princípio da causalidade mesmo certifica que todo fenômeno tem uma causa. Esta é uma verdade incontestável, a existência de uma causa primária!

Albert Einstein, o maior físico do século XX, admitiu: "Para mim basta… meditar na maravilhosa estrutura do universo a nós vagamente perceptível, e tentar compreender humildemente nem que seja uma infinitésima parte da inteligência manifesta na natureza."

2. A CRIAÇÃO ANIMADA ATESTA A EXISTÊNCIA DE DEUS.(Romanos 1:20)

Embora exista uma enorme diversificação de seres vivos, o padrão biológico é essencialmente o mesmo, apresentando apenas diversos graus de simplicidade ou complexidade orgânica. Esta é uma forte evidência de que todos os seres vivos procedem de um mesmo projeto.

Está hoje demonstrado cientificamente que a vida só procede de uma vida preexistente. Todos os avanços da nova ciência médica e cirúrgica no tratamento e prevenção de doenças infecciosas baseiam-se nesta grande e inegável lei da biogênese.

Ao consultarem o que poderia ser chamado de livro da criação divina, os cientistas são forçados a reconhecer que uma vida maior deu origem a todos os seres viventes. "Não há a mais leve evidência de que a matéria possa surgir de matéria inanimada." (Prof. Conn).

Deus criou a vida, Ele é a fonte de vida. "Nele nos movemos, vivemos e existimos." (Atos 17:28). Cada respiração, cada pulsar do coração é uma prova do cuidado de Deus. É também dele que depende tudo, desde as mais rudimentares formas de vida até as mais complexas. Não existe outra maneira de explicar a presença de vida sobre a terra. A realidade inevitável do poder e complexidade da criação macroscópica e microscópica aponta, sem dúvida para Deus.

3. A CONSCIÊNCIA HUMANA ATESTA A EXISTÊNCIA DE DEUS.

Entre os povos mais avançados até os mais primitivos e degradados da terra podemos encontrar neles consciência, isto é, a faculdade de aprovar ou condenar ações numa base moral. Diz Paulo: "Os gentios, que não tem lei, fazem por natureza as coisas da lei, eles embora não tendo lei, para si mesmos são lei. Pois mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os." Romanos 2:14,15.

Naturalmente a consciência das pessoas que se encontram longe de Deus, acha-se contaminada, obliterada, cauterizada (I Timóteo 4:2; Tito 1:15), sendo-lhe necessário ser purificada pelo sangue de Cristo (hebreus 9:14; 10:2-10,22). Por mais insensibilizadas que sejam suas consciências, porém, todos os homens possuem um senso comum do direito e do errado, não apenas causa de ensinos morais que tenham recebido, mas porque, como declarou Immanuel Kante, grande filósofo alemão, "há dentro de nosso interior a lei moral". "Há entre os gentios, almas que servem a Deus ignorantemente, a quem a luz nunca foi levada por instrumentos humanos… Conquanto da lei escrita de Deus, ouviram sua voz a falar-lhes por meio da natureza, e fizeram aquilo que a lei requeria." A existência de uma lei implica a existência de um legislador. Foi Deus quem idealizou uma norma de conduta para o homem e a escreveu na mente humana.

4. O PLANO E A ORDEM DO UNIVERSO ATESTAM A EXISTÊNCIA DE DEUS.

Apenas de um criador inteligente poderia derivar-se o universo. Não por acidente que os planetas, os sistemas solares e galáxias, giram cada qual em sua órbita, harmonicamente e guardando entre si relação perfeita; não é por acidente que 107 elementos químicos, diferentes, se combinam, se ligam uns aos outros, nas mais variadas formas, dando origem a todo tipo de matéria encontrada na natureza, não é por acidente que na fotossíntese, as plantas clorofiladas utilizam a luz solar, o dióxido de carbono, a água e os minerais para liberar oxigênio e produzir alimentos, e poderíamos ir mais além, demonstrando por meio sólidos e irrefutáveis argumentos que a ordem natural não foi inventada pela mente humana… A existência da ordem pressupõe a existência de uma inteligência organizadora. E essa inteligência não pode ter sido outra senão Deus.

5. A CRENÇA UNIVERSAL NA EXISTÊNCIA DE DEUS ATESTA SUA EXISTÊNCIA.

A crença de que Deus existe é praticamente tão difundida quanto a própria raça humana, embora muitas vezes se manifeste de forma pervertida ou revestida de idéias supersticiosas. A maior parte dos ateus parece imaginar que um grupo de teólogos se tenha reunido em sessão secreta e inventado a idéia de Deus, apresentando-a depois ao povo. Mas os teólogos não inventaram a Deus como também os astrônomos não inventaram as estrelas, nem os botânicos as flores.

É certo que os antigos mantinham idéias erradas acerca dos corpos celestes, mas esse fato não nega a existência dos corpos celestes. E visto que a humanidade já teve idéias defeituosas acerca de Deus, isso implica que existe um Deus acerca do qual podiam ter noções erradas.

Eis em sucintas palavras os argumentos que podemos aduzir. Não fique porém a impressão de que a existência de Deus depende de uma demonstração racional. Nem para provar todas as coisas podemos usar o método científico. Há uma ciência muito mais profunda que precisamos aprender: a ciência da fé.

ATRIBUTOS DE DEUS

Se há uma fonte autorizada e gabaritada para dizer-nos que tipo de pessoa é Deus, esta fonte é, sem dúvida a bíblia. Em suas páginas encontramo-lo descrito como criador, mantenedor, legislador, rei, pai, juiz, senhor, etc. Todos estes termos nos ensinam determinadas verdades sobre ele. São termos que não se demoram em descrições filosóficas sobre sua natureza, mas que singelamente nos mostram quem ele é, revelando-nos o que ele faz. Um ser capaz de criar, comunicar-se e amar. Em toda a escritura encontramos muitas declarações concernentes a Deus e seus atributos:

1-ATRIBUTOS ABSOLUTOS - Dizem respeito a natureza íntima de Deus, independente de qualquer outra coisa.

DEUS É REAL - Ele existe, disse Jesus: "Fui enviado por aquele que de fato existe." (João 7:28). Todos nós dependemos de pelo menos de duas pessoas para existir, nossos pais. Deus não, sua existência é auto-causada, ele existe por si mesmo. Eis porque ele pode, com auto-suficiência, dizer de si próprio: "Eu sou o que sou". (Êxodo 3:14). Apesar de ser uma realidade espiritual, Deus pode assumir qualquer forma visível, entretanto homem algum jamais viu sua face.(Êxodo 33:20; Mateus 1:23; 11:27; João 1:18). Porque existe por si mesmo, é-nos dito que ele é o autor e conservador da vida.(números 16:22). A vida que possuímos não nos pertence, mas é derivada daquele que é a fonte de vida, tanto física quanto a eterna. Em Deus acha-se a vida original, não emprestada nem derivada. Se quisermos, poderemos obtê-la, não em troca de coisa alguma nem por compra, mas nos é dada como dom gratuito pela fé em Cristo, como nosso salvador pessoal.

DEUS É IMUTÁVEL - (Malaquias 3:6) Positivamente ele não muda, tanto na duração, como em natureza, caráter ou vontade. "Pois eu o Senhor não mudo" (Neemias 23:19; I Samuel 15:29; Jó 23:13; salmos 33:11; provérbios 19:21; Isaías 46:10; hebreus 6:17; Tiago 1:17).

DEUS É SANTO - Ele é perfeita excelência moral e espiritual, Ser perfeitamente puro, imaculado e justo em si mesmo (Josué 24:19; Salmos 22:3 ;99:9; Isaías 5:16; João 17:11; I Tessalonicenses 5:23).

DEUS É INFINITO - Ele está além da plena compreensão da mente humana. A criatura jamais poderá tornar-se igual ao criador ou entender-lhe a mente. (romanos 11:33-36). Mas ele é acessível (Atos 17:26; Salmos 145:16), podemos experimentar o poder de seu amor e estar certos de que ele nos responde e cuida de nós.

2-ATRIBUTOS RELATIVOS - Dizem respeito aos predicados divinos, referentes ao tempo e a criação.

DEUS É ETERNO - Deus é descrito na bíblia como existindo de eternidade em eternidade, para sempre (Neemias 9:5; Salmos 90:2; Apocalipse 10:6) e como sendo o rei dos séculos, imortal, invisível e único Deus (I Timóteo 1:17). Ninguém o criou, ele não tem princípio nem fim (Colossenses 1:17). Deus não está condicionado pelo tempo, pelo contrário, o tempo está em Deus. Para ele o passado, o presente e o futuro são uma e a mesma coisa. Parece não haver lógica nisso, não é? E não há mesmo. Deus acha-se acima de toda lógica humana. Como poderia a mente finita compreender um ser infinito?!

DEUS É ONIPRESENTE - Ele está presente em todos os lugares simultaneamente, pelo seu espírito, e permanentemente observa suas criaturas e age sobre elas. Diz-se que habita no céu, por ser ali o lugar onde se faz maior manifestação de sua presença (Salmos 139:7-10; Eclesiastes 5:2; Isaías 57:15; 29:15; Jeremias 23:23,24). Não obstante, não podemos nunca encontrar uma solidão em que Deus não se ache.

DEUS É ONISCIENTE - Ele sabe tudo, conhece todas as coisas (I João 3:20)

DEUS É ONIPOTENTE - Ele tudo pode (Gênesis 18:4), em sua mão há toda força e poder para realizar o que lhe apraz. Por isso recebe muitas vezes, nas escrituras, o título de todo-poderoso. (Salmos 62:11, Efésios 3:20-21; Apocalipse 1:8).

DEUS É VERAZ - Deus sempre fala a verdade, aliás ele próprio é a verdade. Sua palavra não é passível de contestação. Os homens costumam ser mentirosos, mas Deus não. Ele é digno de fé. Apraz-lhe que nele confiemos (Romanos 3:4).

DEUS É ÚNICO E EXCLUSIVO - Existe um só Deus (Isaías 45:5). Como criador do universo somente ele pode dizer com autoridade que o Senhor é Deus, e não há outro. (I Reis 8:60). Nas religiões animistas de algumas tribos, bem como no budismo, hinduísmo e xintoísmo, há milhões de deuses, que de fato não são deuses, mas caricaturas pagãs surdas, mudas, cegas e mortas. É muito fácil criar um deus, quando uma pessoa rejeita o verdadeiro Deus, ela cria o seu próprio. E esse deus é exatamente como essa pessoa gostaria de ser, no seu íntimo. Seu deus é a corporificação de seus desejos e paixões sob forma de imagens, estátuas, credos e religiões. Deuses irascíveis, vingativos, sanguinários, invejosos, imorais, mesquinhos, feitos a imagem e semelhança do homem. Nada que se compare a descrição dos desejáveis característicos do Deus verdadeiro, fornecido pela bíblia "Deus misericordioso e compassivo, tardio em irar-se e grande em beneficência e verdade, que usa de beneficência com milhares, que perdoa a iniqüidade, a transgressão e o pecado.Êxodo 34:6,7. Unicamente o Senhor é Deus, portanto só ele deve ser adorado, nada e ninguém a não ser Deus merece nossa adoração e reverência, nem mesmo os santos homens e mulheres da bíblia, nem mesmo os anjos. (Apocalipse 22:9).

A EXISTÊNCIA DE DEUS

"Ninguém afirma: ‘Deus não existe' sem antes ter desejado que Ele não exista".

Esta frase, de um filósofo muito suspeito, por ser esotérico - Joseph de Maistre -tem muito de verdade.

Com efeito, o devedor insolvente gostaria que seu credor não existisse. O pecador que não quer deixar o pecado, passa a negar a existência de Deus. Por isso, quando se dá as provas da existência de Deus para alguém, não se deve esquecer que a maior força a vencer não é a dos argumentos dos ateus, e sim o desejo deles de que Deus não exista. Não adiantará dar provas a quem não quer aceitar sua conclusão. Em todo caso, as provas de Aristóteles e de São Tomás a respeito da existência de Deus têm tal brilho e tal força que convencem a qualquer um que tenha um mínimo de boa vontade e de retidão intelectual.

É para essas pessoas que fazemos este pequeno resumo dos argumentos de São Tomás sobre a existência de Deus, tendo por base o que ele diz na Suma Teológica I, q.2, a.a 1, 2, 3 e 4.

Inicialmente, pergunta São Tomás se a existência de Deus é verdade de evidência imediata. Ele explica que uma proposição pode ser evidente de dois modos:

* em si mesma, mas não em relação a nós;

* em si mesma e para nós.

Uma proposição é evidente quando o predicado está incluído no sujeito. Por exemplo, a proposição o homem é animal é evidente, já que o predicado animal está incluso no conceito de homem.

Quando alguns não conhecem a natureza do sujeito e do predicado, a proposição - embora evidente em si mesma - não será evidente para eles. Ela será evidente apenas para os que conhecem o que significam o sujeito e o predicado. Por exemplo, a frase: "O que é incorpóreo não ocupa lugar no espaço", é evidente em si mesma e é evidente somente aqueles que sabem o que é incorpóreo.

Tendo em vista tudo isso, São Tomás diz que: A proposição "Deus existe" é evidente em si mesma porque nela o predicado se identifica com o sujeito, já que Deus é o próprio ente.

Mas, com relação a nós, que desconhecemos a natureza divina, ela não é evidente, mas precisa ser demonstrada. E o que se demonstra não é evidente. O que é evidente para nós não cabe ser demonstrado. Portanto, a existência de Deus pode ser demonstrada. Contra isso, São Tomás dá uma objeção, dizendo que a existência de Deus é um artigo de fé. Ora, o que é de fé não pode ser demonstrado. Logo, concluir-se-ia que não se pode demonstrar que Deus existe.

São Tomás ensina que há dois tipos de demonstração:

1) Demonstração propter quid (devido a que)

É a que se baseia na causa. Ela parte do que é anterior (a causa) discorrendo para o que é posterior ( o efeito).

2) Demonstração quia (porque)

É a que parte do efeito para conhecer a causa.

Quando vemos um efeito mais claramente que sua causa, pelo efeito acabamos por conhecer a causa. Pois o efeito depende da causa, e é, de algum modo, sempre semelhante a ela. Então, embora a existência de Deus não seja evidente apenas para nós, ela é demonstrável pelos efeitos que dela conhecemos.

A existência de Deus e outras verdades semelhantes a respeito dele que podem ser conhecidos pela razão, como diz o Apóstolo Paulo em Romanos. 1:19, não são artigos de fé. Deste modo, a fé pressupõe o conhecimento natural, assim como a graça pressupõe a natureza e a perfeição pressupõe o que é perfectível. Entretanto, alguém que não conheça ou não entenda a demonstração filosófica da existência de Deus, pode aceitar a existência dele por fé.

É no artigo 3 dessa questão 2 da 1ª parte da Suma Teológica que São Tomás expõe as provas da existência de Deus. São as famosas 5 vias tomistas:

Iª Via - Prova do movimento

É a prova mais clara.

É inegável que há coisas que mudam. Nossos sentidos nos mostram que a planta cresce, que o céu fica nublado, que a folha passa a ser escrita, que nós envelhecemos, que mudamos de lugar, etc.

Há mudanças substanciais. Ex.: madeira que vira carvão.

Há mudanças acidentais. Ex: parede branca que é pintada de verde.

Há mudanças quantitativas. Ex: a água de um pires diminuindo por evaporação.

Há mudanças locais. Ex: Pedro vai ao Rio.

Nas coisas que mudam, podemos distinguir:

As qualidades ou perfeições já existentes nelas.

As qualidades ou perfeições que podem vir a existir, que podem ser recebidas por um sujeito.

As perfeições existentes são ditas existentes em Ato.

As perfeições que podem vir a existir num sujeito são existentes em Potência passiva. Assim, uma parede branca tem brancura em Ato, mas tem cor vermelha em Potência.

Mudança ou movimento é pois a passagem de potência de uma perfeição qualquer (x) para a posse daquela perfeição em Ato.

M = PX ---->> AX

Nada pode passar, sozinho, de potência para uma perfeição, para o Ato daquela mesma perfeição. Para mudar, ele precisa da ajuda de outro ser que tenha aquela qualidade em Ato.

Assim, a panela pode ser aquecida. Mas não se aquece sozinha. Para aquecer-se, ela precisa receber o calor de outro ser - o fogo - que tenha calor em Ato.

Outro exemplo: A parede branca em Ato, vermelha em potência, só ficará vermelha em Ato caso receba o vermelho de outro ser - a tinta - que seja vermelho em Ato.

Noutras palavras, tudo o que muda é movido por outro. É movido aquilo que estava em potência para uma perfeição. Em troca, para mover, para ser motor, é preciso ter a qualidade em ato. O fogo (quente em ato) move, muda a panela (quente em potência) para quente em ato. Ora, é impossível que uma coisa esteja, ao mesmo tempo, em potência e em ato para a mesma qualidade.

Ex.: Se a panela está fria em ato, ela tem potência para ser aquecida. Se a panela está quente em ato ela não tem potência para ser aquecida.

É portanto impossível que uma coisa seja motor e móvel, ao mesmo tempo, para a mesma perfeição. É impossível, pois, que uma coisa mude a si mesma.

Tudo o que muda é mudado por outro.

Tudo o que se move é movido por outro.

Se o ente 1 passou de Potência de x para Ato x, é porque o ente 1 recebeu a perfeição x de outro ente 2 que tinha a qualidade x em Ato. Entretanto, o ente 2 só pode ter a qualidade x em Ato se antes possuía a capacidade - a potência de ter a perfeição x. Logo, o ente 2 passou, ele também, de potência de x para Ato x. Se o ente 2 só passou de PX para AX, é porque ele também foi movido por um outro ente, anterior a ele, que possuía a perfeição x em Ato.

Por sua vez, também o ente 3 só pode ter a qualidade x em Ato, porque antes teve Potência de x e só passou de PX para AX pela ajuda de outro ente 4 que tinha a qualidade x em Ato. E assim por diante.

PX ---> AX PX (5) ---> AX PX (4) ---> AX PX (3) ---> AX PX (2) ---> AX (1)

Esta seqüência de mudanças ou é definida ou indefinida. Se a seqüência fosse indefinida, não teria havido um primeiro ser que deu início às mudanças. Noutras palavras, em qualquer seqüência de movimentos, em cada ser, a potência precede o ato. Mas, para que se produza o movimento nesse ser, é preciso que haja outro com qualidade em ato.

Se a seqüência de movimentos fosse infinita, sempre a potência precederia o ato, e jamais haveria um ato anterior à potência. É necessário que o movimento parta de um ser em ato. Se este ser tivesse potência, não se daria movimento algum. O movimento tem que partir de um ser que seja apenas ato.

Portanto, a seqüência não pode ser infinita.

Ademais, está se falando de uma série de movimentos nas coisas que existem no universo.

Ora, esses movimentos se dão no espaço e no tempo. Tempo-espaço são mensuráveis. Portanto, não são movimentos que se dão no infinito. A seqüência de movimentos em tempo e espaço finitos tem que ser finita. E que o universo seja finito se compreende, por ser ele material. Sendo a matéria mensurável, o universo tem que ser finito. Que o universo é finito no tempo se comprova pela teoria do Big Bang e pela lei da entropia. O universo principiou e terá fim. Ele não é infinito no tempo. Logo, a seqüência de movimentos não pode ser infinita, pois se dá num universo finito.

Ao estudarmos as cinco provas de S. Tomás sobre a existência de Deus, devemos ter sempre em mente que ele examina o que se dá nas "coisas criadas", para, através delas, compreender que existe um Deus que as criou e que lhes deu as qualidades visíveis, reflexos de suas qualidades invisíveis e em grau infinito.

Este primeiro motor não pode ser movido, porque não há nada antes do primeiro. Portanto, esse 1º ente não podia ter potência passiva nenhuma, porque se tivesse alguma ele seria movido por um anterior. Logo, o 1º motor só tem ATO. Ele é apenas ATO, isto é, tem todas as perfeições.

Este ser é Deus.

Deus então é ATO puro, isto é, ATO sem nenhuma potência passiva. Este ser que é ato puro não pode usar o verbo ser no futuro ou no passado. Deus não pode dizer "eu serei bondoso", porque isto implicaria que não seria atualmente bom, que Ele teria potência de vir a ser bondoso.

Deus também não pode dizer "eu fui", porque isto implicaria que Ele teria mudado, isto é, passado de potência para Ato. Deus só pode usar o verbo ser no presente.

Por isso, quando Moisés perguntou a Deus qual era o seu nome, Deus lhe respondeu "Eu sou aquele que é" (aquele que não muda, que é ato puro).

Também Jesus Cristo ao discutir com os fariseus lhes disse: "Antes que Abraão fosse, eu sou" (Jo. 8:58). E os judeus pegaram pedras para matá-lo porque dizendo eu sou Ele se dizia Deus. Na ocasião em que foi preso, Cristo perguntou: "a quem buscais ?", e, ao dizerem "a Jesus de Nazaré", ele lhes respondeu: "Eu sou". E a essas palavras os esbirros caíram no chão, porque era Deus se definindo.

Do mesmo modo, quando Caifás esconjurou que Cristo dissesse se era o Filho de Deus, Ele lhe respondeu: "Eu sou". E Caifás entendeu bem que Ele se disse Deus, porque imediatamente rasgou as vestes dizendo que Cristo blasfemara afirmando-se Deus.

Deus é, portanto, ATO puro. É o ser que não muda. Ele é aquele que é. Por isso, a verdade não muda. O dogma não muda. A moral não evolui. O bem é sempre o mesmo. A beleza não muda.

Quando os modernistas afirmam que a verdade, o dogma, a moral, a beleza evoluem, eles estão dizendo que Deus evolui, que Ele não é ATO puro. Eles afirmam que Deus é fluxo, é ação, é processo e não um ente substancial e imutável.

É o que afirma hereticamente a Teologia da Libertação. Diz Frei Boff:

" Assim, o Deus cristão é um processo de efusão, de encontro, de comunhão entre distintos enlaçados pela vida, pelo amor." (Frei Boff, A Trindade e a Sociedade, p. 169)

Ou então:

"Assim, Mary Daly sugere compreendermos Deus menos como substância e mais como processo, Deus como verbo ativo (ação) e menos como um substantivo. Deus significaria o viver, o eterno tornar-se, incluindo o viver da criação inteira, criação que, ao invés de estar submetida ao ser supremo, participaria do viver divino." (Frei Boff, A Trindade e a Sociedade, pp. 154-155)

É natural pois que Boff tenha declarado em uma conferência em Teófilo Otono: Como teólogo digo: sou dez vezes mais ateu que você desse deus velho, barbudo lá em cima. Até que seria bom a gente se livrar dele." (Frei Boff, Pelos pobres, contra a pobreza, p. 54)

IIª Via - Prova da causalidade eficiente

Toda causa é anterior a seu efeito. Para uma coisa ser causa de si mesma teria de ser anterior a si mesma. Por isso neste mundo sensível, não há coisa alguma que seja causa de si mesma. Além disso, vemos que há no mundo uma ordem determinada de causas eficientes.

Assim, numa série definida de causas e efeitos, o resfriado é causado pela chuva, que é causada pela evaporação, que é causada pelo calor, que é causado pelo Sol. No mundo sensível, as causas eficientes se concatenam às outras, formando uma série em que umas se subordinam às outras: A primeira, causa as intermediárias e estas causam a última. Desse modo, se for supressa uma causa, fica supresso o seu efeito. Supressa a primeira, não haverá as intermediárias e tampouco haverá então a última.

Se a série de causas concatenadas fosse indefinida, não existiria causa eficiente primeira, nem causas intermediárias, efeitos dela, e nada existiria. ora, isto é evidentemente falso, pois as coisas existem. Por conseguinte, a série de causas eficientes tem que ser definida. Existe então uma causa primeira que tudo causou e que não foi causada.

Deus é a causa das causas não causada. Esta prova foi descoberta por Sócrates que morreu dizendo: "Causa das causas, tem pena de mim". A negação da Causa primeira leva à ciência materialista a contradizer a si mesma, pois ela concede que tudo tem causa, mas nega que haja uma causa do universo.

O famoso físico inglês Stephen Hawkins em sua obra "Breve História do Tempo" reconheceu que a teoria do Big-Bang (grande explosão que deu origem ao universo, ordenando-o e não causando desordem, como toda explosão faz devido a Lei da entropia) exige um ser criador. Hawkins admitiu ainda que o universo é feito como uma mensagem enviada para o homem. Ora, isto supõe um remetente da mensagem. Ele, porém, confessa que a ciência não pode admitir um criador e parte então para uma teoria gnóstica para explicar o mundo.

O mesmo faz o materialismo marxista. Negando que haja Deus criador do universo, o marxismo se vê obrigado a transferir para a matéria as qualidades da Causa primeira e afirmar, contra toda a razão e experiência, que a matéria é eterna, infinita e onipotente. Para Marx, a matéria é a Causa das causas não causada.

IIIª Via - Prova da contingência

Na natureza, há coisas que podem existir ou não existir. Há seres que se produzem e seres que se destroem. Estes seres, portanto, começam a existir ou deixam de existir. Os entes que têm possibilidade de existir ou de não existir são chamados de entes contingentes. Neles, a existência é distinta da sua existência, assim o ato é distinto da potência. Ora, entes que têm a possibilidade de não existir, de não ser, houve tempo em que não existiam, pois é impossível que tenham sempre existido. Se todos os entes que vemos na natureza têm a possibilidade de não ser, houve tempo em que nenhum desses entes existia. Porém, se nada existia, nada existiria hoje, porque aquilo que não existe não pode passar a existir por si mesmo. O que existe só pode começar a existir em virtude de um outro ente já existente. Se nada existia, nada existiria também agora. O que é evidentemente falso, visto que as coisas contingentes agora existem.

Por conseguinte, é falso que nada existia. Alguma coisa devia necessariamente existir para dar, depois, existência aos entes contingentes. Este ser necessário ou tem em si mesmo a razão de sua existência ou a tem de outro. Se sua necessidade dependesse de outro, formar-se-ia uma série indefinida de necessidades, o que, como já vimos é impossível. Logo, este ser tem a razão de sua necessidade em si mesmo. Ele é o causador da existência dos demais entes.

Esse único ser absolutamente necessário - que tem a existência necessariamente - tem que ter existido sempre. Nele, a existência se identifica com a essência. Ele é o ser necessário em virtude do qual os seres contingentes tem existência. Este ser necessário é Deus.

IVª Via - Dos graus de perfeição dos entes

Vemos que nos entes, uns são melhores, mais nobres, mais verdadeiros ou mais belos que outros. Constatamos que os entes possuem qualidades em graus diversos. Assim, dizemos que o Rio de Janeiro é mais belo que Carapicuíba.

Nessa proposição, há três termos: Rio de Janeiro, Carapicuíba e Beleza da qual o Rio de Janeiro participa mais ou está mais próximo. Porque só se pode dizer que alguma coisa é mais que outra, com relação a certa perfeição, conforme sua maior proximidade, participação ou semelhança com o máximo dessa perfeição.

Portanto, tem que existir a Verdade absoluta, a Beleza absoluta, o Bem absoluto, a Nobreza absoluta, etc. Todas essas perfeições em grau máximo e absoluto coincidem em um único ser, porque, conforme diz Aristóteles, a Verdade máxima é a máxima entidade. O Bem máximo é também o ente máximo.

Ora, aquilo que é máximo em qualquer gênero é causa de tudo o que existe nesse gênero. Por exemplo, o fogo que tem o máximo calor, é causa de toda quentura, conforme diz Aristóteles. Há, portanto, algo que é para todas as coisas a causa de seu ser, de sua bondade, de sua verdade e de todas as suas perfeições. E a isto chamamos Deus.

Por esta prova se vê bem que a ordem hierárquica do universo é reveladora de Deus, permitindo conhecer sua existência, assim como conhecer suas perfeições.

É o que diz São Paulo na Epístola aos Romanos 1:19. E também é por isso que Deus, ao criar cada coisa dizia que ela era boa, como se lê em Gêneses1. Mas quando a Escritura termina o relato da criação, diz que Deus, ao contemplar tudo quanto havia feito, viu que o conjunto da criação era "valde bona", isto é, ótimo.

Pois bem, se cada parcela foi dita apenas boa por Deus como se pode dizer que o total é ótimo? O total deve ter a mesma natureza das parcelas, e portanto o total de parcelas boas devia ser dito simplesmente bom e não ótimo. São Tomás explica essa questão na Suma contra Gentiles. Diz ele que o total foi declarado ótimo porque, além da bondade das partes havia a sua ordenação hierárquica. É essa ordem do universo que o torna ótimo, pois a ordem revela a Sabedoria do Ordenador. Por aí se vê que o comunismo, ao defender a igualdade como um bem em si, odeia a ordem, imagem da Sabedoria de Deus. Odiando a imagem de Deus, o comunismo odeia o próprio Deus, porque quem odeia a imagem odeia o ser por ela representado. Nesse ódio está a raiz do ateísmo marxista e de sua tendência gnóstica.

Vª Via - Prova da existência de Deus pelo governo do mundo

Verificamos que os entes irracionais obram sempre com um fim. Comprova-se isto observando que sempre, ou quase sempre, agem da mesma maneira para conseguir o que mais lhes convém.

Daí se compreende que eles não buscam o seu fim agindo por acaso, mas sim intencionalmente. Aquilo que não possui conhecimento só tende a um fim se é dirigido por alguém que entende e conhece. Por exemplo, uma flecha não pode por si buscar o alvo. Ela tem que ser dirigida para o alvo pelo arqueiro. De si, a flecha é cega. Se vemos flechas se dirigirem para um alvo, compreendemos que há um ser inteligente dirigindo-as para lá. Assim se dá com o mundo. Lo go, existe um ser inteligente que dirige todas as coisas naturais a seu fim próprio. A este ser chamamos Deus.

Uma variante dessa prova tomista aparece na obra "A Gnose de Princeton". Apesar de gnóstica esta obra apresenta um argumento válido da existência de Deus.

Filmando-se em câmara lenta um jogador de bilhar dando uma tacada numa bola, para que ela bata noutra a fim de que esta corra e bata na borda, em certo ângulo, para ser encaçapada, e se depois o filme for projetado de trás para diante, ver-seá a bola sair da caçapa e fazer o caminho inverso até bater no taco e lançar para trás o braço do jogador. Qualquer um compreende, mesmo que não conheça bilhar, que a segunda seqüência não é a verdadeira, que é absurda. Isto porque à segunda seqüência faltou a intenção, que transparece e explica a primeira seqüência de movimentos. Daí concluir com razão, a obra citada, que o mundo cego caminha - como a flecha ou como a bola de bilhar - em direção a um alvo, a um fim. Isto supõe então que há uma inteligência que o dirige para o seu fim. Há pois uma inteligência que governa o mundo. Este ser sapientíssimo é Deus.

AFIRMAÇÃO : DEUS EXISTE

"A fé é o fundamento da esperança, a certeza daquilo que não se vê." Hb 11,1

Todos nós procuramos a certeza absoluta da existência de um ser superior, criador de tudo. Creio que não há um ser humano que nunca se perguntou: Quem criou o mundo em que vivo?

Muitos desistem dessa procura, pois se acham incapacitados de encontrar a Verdade que está diante de nós, só que as riquezas mundanas não permitem que vejamos a Sua existência com os olhos da fé, mas sim com os olhos da razão.

A fé, como já foi dito logo acima na epístola de Paulo, é a certeza daquilo que não vemos, podendo ser encarada de modo irracional (com os olhos da fé) ou racional (com os olhos da razão). Vejamos:

A fé é irracional, pois como cremos no invisível, não temos razões físicas para provar sua existência, mas graças ao poder de Deus, podemos sentir sua presença através de prodígios que só Ele pode realizar em nossas vidas.

A fé é racional, pois mesmo que não possamos vê-lo, temos a certeza por razões lógicas da sua existência. Exemplo:

Muitos "ateus" acreditam em outras idéias que explicam a criação do universo, como por exemplo a idéia do "Big-Bang", que consiste em uma grande explosão fazendo com que as partículas de um todo se espalhassem por todo o planeta.

Mesmo com esta idéia científica, seria necessário que Alguém agisse para ocasionar a grande explosão. Esse Alguém que menciono é Deus.

Só um Ser muito poderoso poderia fazer coisas tão bonitas e perfeitas (como por exemplo: o corpo humano, os animais, os astros, etc.); obras tão perfeitas como o próprio Construtor.

A Bíblia nos explica de uma maneira simbólica a criação do mundo feita por Deus, onde nos ensina que Deus é o único e verdadeiro criador, que usa de nós como instrumento para o aperfeiçoamento de suas obras.

Através dos fatos mencionados, podemos chegar a uma magnífica conclusão:

DEUS EXISTE!

Basta que abramos os nossos corações para que esse Deus que tudo criou por Amor Eterno aos seus filhos, faça de nós obras divinas cheias de fé e felizes em saber que Deus está no meio de nós.

A existência de Deus é um fato admitido não somente pela revelação, como pela evidência material dos fatos. Nem sempre é necessário ter visto uma coisa para saber que ela existe.

Todo efeito inteligente deve ter uma causa inteligente. A Natureza pela harmonia de suas obras, verificamos que não pode ser controlada pelo homem e muito menos produzida. Há os que contestam dizendo que são produzidas por forças materiais, que agem mecanicamente em conseqüência das leis de atração e repulsão.

As plantas nascem, brotam, crescem e multiplicam-se sempre do mesmo modo, cada uma dentro de sua espécie, em virtude dessas mesmas leis. Os astros se formam pela atração molecular e movem-se em suas órbitas por efeito da gravitação. Tudo isso é exato, porém essas forças são efeito que devem ter uma causa. Citemos como exemplo o relógio, a engenhosidade do mecanismo, demonstra a inteligência e o saber do relojoeiro, e afirma que nunca ninguém lembrou de dizer: aí está um pêndulo muito inteligente! Dá-se o mesmo com o mecanismo do Universo:

Deus não se mostra, mas afirma-se mediante suas obras.

No livro "Que é Deus" seu autor Eliseu F. da Mota Júnior, iniciou o capítulo 3º com uma frase do bacteriologista francês, criador da pasteurização, além de inúmeras vacinas, Louis Pasteur (1822-1895):

"Um pouco de ciência nos afasta de Deus. Muito, nos aproxima."

Essa colocação induz a idéia de que um conhecimento científico superficial serve apenas para distanciar o homem de Deus e, em sentido oposto leva à conclusão de que todos os profundos conhecedores da Ciência estão próximos de Deus. O professor Eliseu discorre no seu livro com muito brilhantismo os mais variados pensamentos de grandes cientistas contemporâneos. Cita trechos do livro de Stephen W. Hawking, coloca também vários trechos do livro "A Mente de Deus" do conceituado cientista inglês, doutorado em física Paul Davies,: - "Não posso acreditar que nossa existência neste Universo seja uma mera peculiaridade do destino, a espécie física Homo não pode importar para nada, mas a existência da mente em algum organismo em algum planeta do Universo é certamente um fato fundamentalmente significativo".

E terminamos este estudo ainda com Paul Davies: - "Sem Deus a Ciência não poderá completar os seus estudos acerca da origem do Universo, da matéria, da vida e do próprio homem".

Você não vê o Oxigênio mas por certo ele existe.

Você não vê o Vento, mas por certo que o sente.